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Atualizado em 02/08/2023

Práticas Pedagógicas dos Professores de Educação Infantil: Monografia

Descubra as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores de Educação Infantil! Esta monografia discute os fatores que influenciam a prática dos professores e o seu desempenho. Leia agora e saiba mais sobre como os professores podem melhorar o ensino!

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………………………………. 12

2 EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA REFLEXÃO PRELIMINAR ..……………………..14

2.1 Situando a Criança e a Educação Infantil na História…………………………………………………14

2.2 Educação Infantil Sob a Ótica da Legislação………………………………………………………….17

3 POR ENTRE TEORIAS E PRÁTICAS: O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO     INFANTIL……………………………………………………………………………………………………………….20

3.1 O Ensinar e Aprender na Educação Infantil ……………………………………………………………..20

3.2 A indissociabilidade Entre o Cuidar e o Educar na Educação Infantil………………………….23

3.3 Planejamento e Estratégias de Ensino na Educação Infantil………………………………………. 24

3.4 O Papel do Professor de Educação Infantil Frente às Ações Pedagógicas…………………….26

3.5 Avaliação na Educação Infantil…………………………………………………………………………….. 28

3.6 Práticas Pedagógicas Na Nova Sociedade: Inquietações e Desafios Inerentes ao Desenvolvimento……………………………………………………………………………………………………….29

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA…………………………………………………………………….. 31

4.1 Caminhos da Pesquisa…………………………………………………………………………………………………………………………..31

4.2 Caracterização do Campo de Pesquisa…………………………………………………………………………………………………….32

4.3 Perfil dos Sujeitos………………………………………………………………………………………………………………………………..33

4.3.1 Perfil dos Professores………………………………………………………………………………………………………………………….33

4.3.2 Perfil do Coordenador…………………………………………………………………………………………………………………………36

5 ANÁLISES DOS DADOS DA PESQUISA…………………………………………………………………………………………………37

5.1 Desenvolvimento do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil da Escola…………………….37

5.2 Contribuição da Prática Pedagógica no Processo de Ensino Aprendizagem…………………….43

5.3 Principais Dificuldades Subjacentes à Prática Pedagógica…………………………………………… 44

5.4 Como é Feita a Avaliação na Educação Infantil na Escola……………………………………………. 46

5.5 Prática Pedagógica Para a Nova Sociedade………………………………………………………………..47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………………………………………….. 50

6 REFERÊNCIAS……………………………………………………………………………………………………. 52

APÊNDICES…………………………………………………………………………………………………………….54

1 INTRODUÇÃO

A educação é vista como um fator transformador da sociedade, a partir da interação e intervenção dos indivíduos conscientes. Assim, é importante destacar a Educação Infantil, em que há o início da relação indivíduo-sociedade, onde se dá a inserção da criança no ambiente da educação formal, em um local privilegiado. Percebe-se que a infância e o atendimento a ela desenvolvido vêm passando por mudanças positivas, dessa forma, as práticas educativas desenvolvidas nesta etapa devem acompanhar o mesmo ritmo de mudança, e seguir as novas tendências, de forma a adequar-se ao que é exigido pela nova sociedade.

Deste modo, considerando que a Educação Infantil, a base dos conhecimentos da criança, é primordial para o desenvolvimento das etapas subsequentes de sua vida escolar, faz-se necessário uma nova abordagem acerca desse assunto. Pensando nisso, questiona-se a dimensão e a importância de uma prática pedagógica coerente com o bom desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem. Assim julga-se necessário desenvolver este trabalho de pesquisa que tem como tema: As Práticas Pedagógicas dos Professores da Educação Infantil na Escola Municipal Vida Verde de Campo Maior- PI. Considerando que as práticas pedagógicas funcionam como elo principal da aprendizagem, procurou-se conhecer o trabalho dos professores que atuam nessa etapa, suas concepções acerca da Educação Infantil e suas principais dificuldades relacionadas ao exercício da prática. Deste pensamento, surgiu a problemática: Como se dá a Prática Pedagógica na Educação Infantil na Escola Municipal Vida Verde em Campo Maior – PI?

A partir disso, firmou-se como objetivo geral: Analisar as Práticas Pedagógicas dos Professores da Educação Infantil dentro do contexto em que atuam. Para se chegar a essa análise, perpassou-se pelos objetivos específicos, os quais foram: relatar como é desenvolvido o trabalho pedagógico da Educação Infantil da escola observada; evidenciar a contribuição da prática pedagógica no processo de ensino aprendizagem; identificar as principais dificuldades subjacentes à prática pedagógica dos professores; observar como é feita a avaliação na Educação Infantil na escola e investigar a visão dos professores acerca de uma prática pedagógica para a nova sociedade.

A relevância da pesquisa se encontra no fato de que se torna necessário um olhar para as práticas desenvolvidas na educação das crianças, assim, posteriormente, os resultados obtidos podem vir a ser utilizados como forma de reflexão acerca do trabalho desenvolvido nessa etapa de ensino e contribuir para a melhoria das mesmas visando a uma educação de qualidade, para que as crianças possam desenvolver o processo de ensino aprendizagem de maneira satisfatória, sendo concebidas como um ser que pensa e que tem aspirações, tendo valorizadas suas identidade e perspectivas, cumprindo de fato o papel atribuído a essa etapa da educação.

Vale ressaltar que o propósito, ao pensar no desenvolvimento desta pesquisa não foi somente o de investigar a prática docente dos professores de Educação Infantil, mas, principalmente, contribuir para que eles realizem uma reflexão sobre a mesma, a partir de referenciais teóricos, e ainda através desta reflexão, trazer contribuições para a construção de novos caminhos à sua prática. A proposta não é uma crítica à prática existente, mas um trabalho que possa colaborar com ela para tentar melhorá-la.

Dessa forma, o trabalho divide-se em quatro capítulos. No primeiro capítulo foram abordados os aspectos históricos da Educação Infantil, valorização da criança, bem como a legislação que defende esta etapa educativa. No segundo capítulo, desenvolvem-se os aspectos pedagógicos da Educação Infantil, como o ensinar e aprender, as estratégias de ensino, o planejamento, a avaliação na educação infantil, a contribuição das práticas do professor para a vida das crianças, as novas exigências da sociedade, e as principais dificuldades relacionadas à prática, no terceiro capítulo abordou-se a metodologia utilizada e no quarto capítulo a análise de dados. A pesquisa foi fundamentada por autores como: Ariès (1981); Oliveira (2002); Kuhlmann (2010); Craidy (2002); Barbosa e Horn (2001), dentre outros.

No desenvolvimento da pesquisa optou-se pela abordagem qualitativa descritiva em um estudo de caso. No primeiro momento aplicou-se um questionário para fins de conhecimento dos professores da Educação Infantil da Escola Municipal Vida Verde, em seguida foi realizada uma entrevista com os mesmos e posteriormente observação in loco para fins de complementação dos dados coletados. A partir da análise dos dados e da observação realizada, pode-se constatar a necessidade de uma maior reflexão acerca das práticas desenvolvidas na Educação Infantil na escola pesquisada, a fim de que as mesmas possam atender às exigências e os parâmetros de qualidade defendidos pela lei e pelos vários documentos que defendem essa etapa educacional.

EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA REFLEXÃO PRELIMINAR.

Nos primeiros anos de vida a criança possui peculiaridades próprias da sua faixa etária, assim, ao ser inserida em ambiente educativo fora do contexto familiar, exige-se que sejam contemplados objetivos e formas de inserção social propícias à idade e aos momentos dessas crianças, tais como: seu bem estar, segurança, brincadeiras, movimentos e principalmente conhecimentos, enfim, uma gama de especificidades, pois é nesse contexto em que a criança irá desenvolver-se física, social e cognitivamente. É nessa fase que serão desenvolvidas as habilidades, pois os anos iniciais são decisivos, sendo que a base dos conhecimentos começam a se estruturar nessa etapa da vida.

Nesse sentido, ao abordar a temática Educação Infantil, faz-se necessário uma retrospectiva acerca da história da criança, do seu reconhecimento enquanto ser social, sujeito de direitos, e ainda sobre como se efetivou o processo de desenvolvimento educacional das mesmas. Com esse propósito, neste capítulo serão abordados alguns aspectos acerca da Educação Infantil, seu desenvolvimento ao longo da história, desde a aceitação da criança como um ser social, possuidora de direitos, até a consolidação da sua importância com a culminância da mesma como primeira etapa da educação definida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB de 1996.

2.1  Situando a criança e a Educação Infantil na história.

A aceitação da criança como um sujeito de direitos é algo que foi construído socialmente a partir de vários fatores, percebe-se que a própria visão acerca da mesma tem sofrido diversas modificações, nesse aspecto observa-se que a história é carregada de discriminação, marginalização, estas não eram vistas como cidadãs, apenas um ser que se transformaria em um adulto. E essa visão da criança perdurou por um bom tempo na sociedade, conforme podemos observar nas palavras de Ariès (1981):

A descoberta da infância começou sem dúvida no século XVIII, e sua evolução pode ser acompanhada na história da arte e na iconografia dos séculos XV e XVI. Mas os sinais de seu desenvolvimento tornaram- se particularmente numerosos e significativos a partir do fim do século XVI e durante o século XVII. (ARIÈS, 1981, p. 65)

Dessa forma, como destaca o autor, o conceito de infância começou a surgir, então, no final do século XVII, consolidando-se a sua descoberta no final do século XVIII. Ainda segundo Ariès (1981), a preocupação em entender o mundo infantil e suas particularidades levou ao surgimento de pesquisas sobre a psicologia infantil e a educação, procurando compreender melhor a mentalidade das crianças, a fim de buscar métodos de ensino.             Compreende-se que a partir do momento em que a criança passa a ser vista como um ser em formação, com características diferentes das dos adultos, surge também a preocupação em procurar maneiras de inseri-las na sociedade, procurando metodologias adequadas ao ensino das mesmas. Acerca dessas mudanças, pode-se observar que:

Após a década de 1870, o desenvolvimento científico e tecnológico consolida as tendências de valorização da infância que vinham sendo desenvolvidas no período anterior, privilegiando as instituições como a escola primária, o jardim de infância, a creche, os internatos reorganizados, os ambulatórios e as consultas às gestantes e lactantes, as Gotas de Leite.

(KUHLMANN, 2010, p. 27)

Logo, observa-se o início das preocupações com a forma de educação destinada às crianças, valorizando assim a escola primária, os jardins de infância, embora ainda não de forma sistematizada, mas já havia uma valorização dos pequeninos. Pode-se perceber, a partir das palavras de Oliveira (2002), que:

Autores como Comênio, Rousseau, Pestalozzi, Decroly, Froebel e Montessori, entre outros, estabeleceram as bases para um sistema de ensino mais centrado na criança. Muitos deles achavam-se compromissados com questões sociais relativas a crianças que vivenciam situações sociais críticas […]. Embora com ênfases diferentes entre si, as propostas de ensino desses autores reconheciam que as crianças tinham necessidades próprias e características diversas das dos adultos […]. (OLIVEIRA, 2002, p.63)

A partir de então, ocorre a consolidação da valorização da infância, das necessidades próprias de cada criança e das instituições relacionadas a elas, estendendo esse direito também aquelas mais pobres, o que até então não era bem visto naquela época, pois havia uma rejeição para com essas crianças.

Desse modo, as transformações começam a surgir no cenário da educação na fase da infância, entretanto, para se chegar ao que é hoje foram necessárias mudanças mais significativas, como se pode perceber mais adiante.

O próprio termo Educação Infantil é recente na literatura, durante muito tempo perdurou a visão assistencialista nas instituições dedicadas ao atendimento das crianças, as quais funcionavam como um local onde as mesmas eram deixadas para que os pais pudessem trabalhar. Entende-se que o atendimento a essas crianças não valorizava o papel educativo.

No Brasil, a expansão da Educação Infantil ocorreu da mesma forma que em outros países, acompanhando a crescente urbanização e inserção da mulher no mercado de trabalho e consequentemente mudanças na estrutura familiar. Kuhlmann Jr (2010), fala a respeito das primeiras instituições pré-escolares no Brasil, segundo ele:

No ano de 1899, ocorreram dois fatos que permitem considerá-los como marco inicial. Em primeiro lugar, fundou-se o Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Rio de Janeiro. (…) Em segundo lugar, foi o ano da inauguração da creche da Companhia de Fiação e Tecidos Corcovado (RJ), a primeira creche brasileira para filhos de operários de que se tem registro. (KUHLMANN JR, 2010, p.79).

Assim, percebe-se o início de uma rede assistencial que passou a se espalhar por muitos lugares do Brasil e que, se observadas dessa forma, possuíam caráter puramente assistencialista, embora o próprio autor defenda nesse mesmo livro a ideia de que “as creches e pré-escolas assistencialistas foram concebidas e difundidas como instituições educacionais.” (p.182) Para ele, o fato de se estar prestando assistência a essas crianças já seria uma forma de educar, e ainda na sua visão não eram as instituições que não possuíam caráter educacional, e sim os órgãos responsáveis, os cursos de pedagogia e as pesquisas na área que não foram dotados desse caráter. (p.184). Assim, a partir do exposto, observa-se outro ângulo no atendimento às crianças, que de acordo com o autor não possuía somente sentido assistencialista.

Com essa mesma ideia, Craidy (2002) explica:

É equivocado afirmar que só agora as creches e pré-escolas se transformaram em instituições educativas, já que é impossível cuidar de crianças sem educá-las. O que é novo é a exigência de normatização que assegure propostas pedagógicas de qualidade para todos. (…). (CRAIDY, 2002, p.61)

Observa-se que o pensamento da autora vai ao encontro do exposto por Kuhlmann Jr (2010), no que se refere ao caráter puramente assistencialista a que foi imposta ao atendimento das crianças nas instituições. Ambos defendem o mesmo ponto de vista de que prestar assistência seria também uma maneira de educar.

Por outro lado, algumas mudanças ocorreram ainda nesse cenário. De forma que, atualmente se constrói por parte de muitos uma visão diferenciada acerca da Educação Infantil, que vem passando por um longo e permanente processo de transformação em que se procura valorizar todos os aspectos inerentes a esta etapa, fugindo desse caráter, puramente ou não, mas de certa forma assistencialista a que eram submetidas.

Por um bom período da história da humanidade, não houve nenhuma instituição responsável por compartilhar esta responsabilidade pela criança com seus pais e com a comunidade da qual estes faziam parte, isso nos permite dizer que a Educação Infantil, como nós conhecemos hoje, realizada de forma complementar à família, é um fato muito recente. Nem sempre ocorreu do mesmo modo, tem, portanto, uma história. (BUJES, 2001.p.14)

A partir de agora a criança sai do anonimato e lentamente ocupa um espaço de maior destaque na sociedade. Essa evolução traz algumas modificações em relação à educação, esta teve que procurar atender as novas demandas que resultaram da valorização da criança.

O que se pode notar, do que foi dito até aqui, é que as creches e pré-escolas surgiram a partir de mudanças econômicas, políticas e sociais que ocorreram na sociedade: pela incorporação das mulheres à força de trabalho assalariado, na organização das famílias, num novo papel da mulher, numa nova relação entre sexos, para citar apenas as mais evidentes. Mas também, por razões que se identificam com um conjunto de ideias novas sobre a infância, sobre o papel da criança na sociedade e de como torná-la, através da educação, um indivíduo produtivo e ajustado às exigências desse conjunto social. (BUJES, 2001.p.15)

Assim, a partir das modificações ocorridas na sociedade, e na visão das pessoas com relação à infância, foi possível, aos poucos, ir construindo uma imagem diferente acerca da educação das crianças. É de extrema importância dar-se conta destas transformações para que seja compreendida a dimensão que a infância ocupa atualmente na sociedade. Se antes as escolas, instituições responsáveis pelo atendimento da criança, adquiriam caráter de assistência, agora já é possível definir que estas são voltadas para a Educação, isso devido à sua fundamentação em documentos legais e em orientações propostas, os quais poderão ser vistos a seguir.

2.2  Educação Infantil sob a ótica da legislação.

Observando a legislação educacional, notam-se as diferentes concepções de como as crianças e sua educação eram vistas, e ainda, que não possuía até antes de 1961 nenhuma lei que as defendesse, sendo tratadas na legislação, como se pode constatar, na primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei nº 4.024 de 20 de dezembro de 1961, em que:

A educação pré-escolar era tratada em dois artigos, os de número 23 e 24, que fixaram sua finalidade: a de destinar aos menores de até sete anos; e o local a ser ministrada: em escolas maternais e jardins de infância, também estimulava as empresas que tivessem a seu serviço mães de menores a organizar e manter instituições de educação primária. (SANTOS, 2003.p.57)

Nesse contexto, pode-se observar que a criança começou a ser valorizada no aspecto legal, a partir destes artigos, os quais tratam da educação pré-escolar, sendo que era destinado aos menores de sete anos em locais específicos. Dessa forma, já se entendia a necessidade de desenvolver uma educação específica para essas crianças, embora só tenham passado a ser vistas como cidadãs de fato a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, em que a lei maior definia no seu artigo 227 o seguinte:

[…] É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, violência e opressão. (BRASIL, 1988. Art. 227)

Assim, observa-se que a Constituição de 1988 foi a primeira no Brasil a reconhecer os direitos das crianças de 0 a 6 anos[1] à educação, afirmando o dever do Estado e da família. Foi a partir daí que a Educação na creche e na pré-escola passou a ser vista como um direito da criança, facultativo à família, e não como direito apenas da mãe trabalhadora.

Nesse contexto, houve também a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, no ano 1990, que de acordo com Craidy e Kaercher (2001), “explicitou cada um dos direitos da criança e do adolescente bem como os princípios que devem nortear as políticas de atendimento.” O ECA foi um auxílio a mais para a construção de uma educação específica dedicada às crianças. A partir daí a Educação Infantil passou a ser objeto de planejamento, legislação e de políticas sociais e educacionais, o que culminou com o seu reconhecimento como a primeira etapa da educação básica a partir das determinações da LDB, Lei nº 9.394/96 que dedicou os artigos 29 a 31 a essa etapa da educação, como se pode observar:

Art.29. A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos[2] de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (BRASIL, LDB 9.394/96)

Nesse artigo, a lei define a Educação Infantil e sua finalidade. Pode-se observar que a educação das crianças deixou de ser responsabilidade unicamente da família, e passou a ser responsabilidade dos municípios, cabendo à família complementar as ações educativas. A importância da Educação Infantil surge a partir do momento em que a criança passa a ser vista como alguém que pensa e que tem sentimentos, a esse respeito, Arroyo (1994), afirma que:

Durante muitos séculos a infância não foi sujeito de direitos, ela era simplesmente algo à margem da família, considerada como um vir a ser […] Hoje a criança, pelo seu momento social, já é considerada como alguém que tem sua própria identidade, seus direitos. (ARROYO, 1994, P.89)

Nesse sentido, pode-se ver que à medida que se avançam as concepções de vida na sociedade, passa-se a valorizar a infância, a criança vem a ter um espaço social, um momento para seu desenvolvimento intelectual e pessoal em um ambiente próprio para a sua aprendizagem, que são as Instituições de Educação Infantil. Nessa mesma perspectiva, dentre os documentos elaborados em prol da educação das crianças surge o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) [3], afirmando que “a criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico.” Assim sendo, pensa-se a Educação Infantil como uma forma de desenvolver habilidades e socializar a criança por meio de vivências que possibilitem a construção de conhecimentos necessários à sua realidade.

Dessa forma, seguindo o mesmo pensamento, o Plano Nacional de Educação (PNE, 2000 p.36) [4] defende que: “A educação é elemento constitutivo da pessoa, e, portanto, deve estar presente desde o momento em que ela nasce, como meio e condição de formação, desenvolvimento, integração social e realização pessoal”.

Compreende-se daí que a Educação Infantil é um período de extrema importância para o crescimento da criança, onde se devem oferecer a elas possibilidades de desenvolvimento de habilidades e competências capazes de construir um alicerce para as etapas subsequentes da sua vida, sendo que o processo de desenvolvimento da inteligência ocorre a partir do momento em que a criança nasce como se percebe através dos estágios de desenvolvimento definidos por Piaget (1989). Assim é fundamental que haja a socialização dessas crianças com o meio escolar desde cedo, como forma de garantir o desenvolvimento intelectual, social e pessoal das mesmas, respeitando suas especificidades, pois se sabe que cada criança possui seu tempo de desenvolvimento.

Como se pode perceber, um longo caminho foi percorrido até o reconhecimento da criança como um ser social e histórico, e a construção de pensamentos que atribuíssem à educação uma maneira de valorizar e entender as exigências da aprendizagem infantil, o que legitimou a Educação Infantil como uma etapa de ensino que deve ser priorizada e oferecida com qualidade, como defende o Plano Nacional de Educação (2001), ao dizer que é na infância que são determinadas as inteligências e que “descuidar desse período seria um desperdício de potencial humano.”.

Desse modo, pode-se observar que a Educação Infantil recebe um novo enfoque, é ela que forma a base de todo o conhecimento, por isso é defendida por vários documentos que possuem afinidades entre si na medida em que explicitam às crianças o direito de desde o nascimento estar em contato com o meio educacional.

3  POR ENTRE TEORIAS E PRÁTICAS: O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO       INFANTIL

Trabalhar na Educação Infantil requer práticas significativas, que promovam uma aprendizagem efetiva, propiciando resultados satisfatórios na vida das crianças, desse modo, exige-se uma postura dinâmica no processo de ensino aprendizagem, procurando ter sempre como princípio conhecer os interesses e necessidades de cada criança, para que dessa forma possa ser desenvolvida uma prática educativa adequada, sempre observando que a relação educação/infância deve ser um processo cultural, na qual a educação, por meio dos métodos, didáticas e técnicas coerentes faça com que a criança desenvolva relações de respeito mútuo, justiça, solidariedade, igualdade e autonomia, para poder futuramente atuar na sociedade.

Desta forma, nesse capítulo serão abordados os aspectos pedagógicos da Educação Infantil.

3.1 O Ensinar e Aprender na Educação Infantil.

A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, como é assim definida pela LDB 9.394/96, momento em que ocorre o desenvolvimento das primeiras aprendizagens, as crianças estão começando a descobrir o mundo e compreender certas ações. Possibilitar a elas práticas condizentes com suas realidades e a inserção em ambiente propiciado para essas aprendizagens é uma meta a ser atingida. Assim, propor o convívio com outras crianças sob orientação dos adultos contribui para o desenvolvimento de habilidades e é uma forma de as crianças estarem construindo seus próprios percursos e a partir deles iniciarem o desenvolvimento da autonomia. Nesse sentido:

Piaget, Vygotsky e Wallon tentaram mostrar que a capacidade de conhecer e aprender se constrói a partir das trocas estabelecidas entre o sujeito e o meio. As teorias sociointeracionistas concebem, portanto, o desenvolvimento infantil como um processo dinâmico, pois as crianças não são passivas, meras receptoras das informações que estão à sua volta. […]. (FELIPE, 2001, P.27).

As situações que envolvem interação entre as crianças e o meio social são bastante prazerosas e reveladoras de aprendizagens, pois as crianças nessa faixa etária correspondente de 0-5 anos de idade, desenvolvem as relações de compreensão, através de práticas dinâmicas no convívio com outras crianças. Assim, o saber se desenvolve a partir da reconstrução do que é compartilhado: é nesse ambiente que a criança vivencia experiências e descobertas e cada momento é importante para o desenvolvimento da aprendizagem.

Muitas vezes, o processo de ensinar e aprender nas instituições educacionais é baseado em conteúdos prontos, construídos e acumulados ao longo da história. Daí a necessidade de se buscar alternativas e repassar esses conhecimentos de forma diferenciada, para que possa ser bem assimilado pelas crianças, assim a visão de que a função do professor é transmitir saberes ou ainda, proporcionar aos alunos o contato com o conhecimento envolve mais do que o simples domínio do que irá ser transmitido, tendo em vista que na Educação Infantil as metodologias devem ser diferenciadas e o professor tem que adquirir uma função polivalente, buscar sempre novas formas de se trabalhar, levando em consideração as especificidades do público infantil e considerando sempre que a construção da aprendizagem acontece a partir da troca de conhecimentos e vivências.

Vygotsky parte de uma concepção de indivíduo geneticamente social, o crescimento e o desenvolvimento da criança estão, nesta perspectiva, intimamente articulados aos processos de apropriação do conhecimento disponível em sua cultura – portanto, ao meio físico e social – ou seja, aos processos de aprendizagem e ensino. (MACHADO, 2010, p.30).

Desta maneira, o processo de desenvolvimento da aprendizagem está ligado aos meios de desenvolvimento pelos quais as crianças estarão em contato. A aprendizagem dependerá das experiências a que a criança será exposta. Cabendo ao professor, proporcionar momentos de interação com as outras crianças e o ambiente em que estão inseridos.

Já a visão de Piaget (1989) a respeito da aprendizagem, remete-se ao fato de que o conhecimento ocorre a partir de fatores biológicos, por aceitar que os fatores internos preponderem sobre os externos, postula que o desenvolvimento segue uma sequência fixa e universal de estágios, acredita que os conhecimentos são elaborados espontaneamente pela criança, de acordo com o estágio de desenvolvimento em que esta se encontra. E o professor, nesse sentido teria a função de mediar o conhecimento.

            Tomando o ponto de vista educacional, as duas teorias divergem. Embora Vygotsky e Piaget considerassem o conhecimento como uma construção individual, para Vygotsky toda construção era mediada pelos fatores externos sociais de forma que a criança constrói o seu próprio conhecimento interno a partir do que é oferecido. Atribui-se a isto, um processo de transmissão de cultura, em que o professor é o facilitador dessa aprendizagem. Já Piaget considerou a construção do conhecimento como um ato individual da criança através de fatores internos. O papel do professor é visto basicamente como o de encorajar, estimular e apoiar a exploração, a construção e invenção.

Entretanto, apesar das divergências as teorias são válidas ao abordar o desenvolvimento da aprendizagem e conceberem a criança como um ser ativo, atento, que constantemente cria hipóteses sobre o ambiente em que está inserido e que necessita de métodos adequados para que se desenvolva o conhecimento.

Finalmente, é preciso sublinhar que é da interação de diferentes tipos de conhecimentos, sua elaboração pelas crianças e em termos de conceitos nas distintas sociedades e, especialmente, nas instituições de caráter educativo, que se abrem novas possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem individuais e sociais, de transformação e superação dos níveis anteriores destes conhecimentos. A elaboração dos conceitos pelas crianças irá depender da diversidade, não só quantitativa, mas especialmente, qualitativa, das experiências interacionais que vivenciará nos espaços institucionais nos quais se encontrar. (MACHADO, 2010, p.39)

Dessa forma, a organização do trabalho pedagógico visando alcançar os objetivos educacionais pode assumir várias formas, e serem expressas a partir de diferentes métodos, o importante é que principalmente, tem de ser fundamentada em uma postura de respeito à criança, ao seu ritmo de desenvolvimento, à sua origem social e cultural, às suas relações e vínculos afetivos, à sua expressão e às suas ideias, desejos e expectativas.

Nesse contexto, a definição do trabalho do professor como transmissor de saberes, envolve muito mais que isso, envolve um olhar reflexivo no sentido de se pensar formas de responder às expectativas das crianças e colocá-las no centro do processo educativo, promover a aprendizagem em um ambiente próprio, com interação entre as mesmas, para que se desenvolvam conhecimentos a partir de suas próprias ações, dessa forma, o professor tem o papel de mediar o processo de aprendizagem das crianças.

Segundo o RCNEI (1998), cabe às instituições de Educação Infantil, oferecer às crianças condições para aprendizagens que decorram de brincadeiras e de situações pedagógicas intencionais e orientadas por adultos. Assim, as ações educativas devem propiciar às crianças a aquisição de conhecimentos, levando em consideração que a aprendizagem nessa fase deve ser construída em um ambiente propício à sua faixa etária, através de atividades que envolvam brincadeira, jogos, enfim, atividades que promovam interação entre as crianças.

Dessa forma, a rotina das crianças na Educação Infantil se define como instrumento construtivo, pois permite o desenvolvimento de aprendizagens além de desempenhar um papel socializador. Nesse sentido Barbosa e Horn (2001), afirmam que:

O cotidiano da Escola Infantil tem de prever momentos diferenciados que certamente não se organizarão da mesma forma para crianças maiores e menores. Diversos tipos de atividades envolverão a jornada diária das crianças e dos adultos: o horário da chegada, a alimentação, higiene, o repouso, as brincadeiras – os jogos diversificados, os livros de histórias, as atividades coordenadas pelos adultos. (BARBOSA e HORN, 2001 p. 68).

Então, como se pode ver acerca do posicionamento das autoras, a rotina proporciona às crianças momentos de alegria, amizade, curiosidade e socialização. E essas atividades realizadas diariamente estimulam o desenvolvimento das crianças em seus aspectos pessoal, social e intelectual. E é nesse ambiente que o ensinar e aprender acontece.

3.2 A indissociabilidade entre o Cuidar e o Educar na Educação Infantil.

Como se pode observar nas considerações feitas, durante muito tempo, a Educação Infantil foi vista como um meio de somente cuidar das crianças, uma forma de assistencialismo. Com o passar do tempo houve a necessidade de além de cuidados, proporcionar às crianças formas de desenvolver aprendizagens, passando assim a ser vista como uma etapa educativa. Modificar essa concepção de educação assistencialista significa direcionar a visão para várias questões que vão além dos aspectos legais. Cabe então atentar-se às especificidades da Educação Infantil e rever concepções sobre a infância, de forma que as creches e pré-escolas enfatizem mais a educação em si, não apenas os cuidados, passando a não mais serem vistas como um local para se deixar as crianças enquanto os pais trabalham, mas um espaço em que ocorre o desenvolvimento de atividades educativas.

Hoje já não é possível desintegrar o cuidar e o educar, pois estes são o centro da Educação Infantil, e o desenvolvimento da criança depende desses fatores. A esse respeito, o RCNEI (1998), afirma que: “contemplar o cuidado na esfera da Educação Infantil significa compreendê-lo como parte integrante da educação.” Dessa forma sendo que é na Educação Infantil que as crianças iniciam a construção da sua identidade é imprescindível o comprometimento do profissional com seu trabalho, realizando-o de forma a auxiliar a criança no desenvolvimento de suas capacidades.

A indissociabilidade entre a relação cuidar/educar significa propor uma ação pedagógica integrada ao desenvolvimento da criança baseada em concepções que respeitem a diversidade, o momento e a realidade específica da infância. Tanto o cuidar como o educar são bem desenvolvidos na ação pedagógica quando há a valorização da criança por parte do professor, que precisa interagir de forma criativa e dinâmica, respeitando os momentos e espaços característicos da infância, que favoreçam a construção da aprendizagem através de atividades lúdicas e interativas, adequando o tempo e o espaço às crianças, considerando as dimensões essenciais ao desenvolvimento, de modo que se desenvolva a aprendizagem face às múltiplas perspectivas da sociedade.

As atividades que envolvem o cuidado e a saúde são realizadas diariamente nas instituições de educação infantil e não podem ser consideradas na dimensão estrita de cuidados físicos. […] Todos os momentos podem ser pedagógicos e de cuidados no trabalho com crianças de zero a seis anos. Tudo dependerá da forma como se pensam e se procedem as ações. Ao promovê-las proporcionamos cuidados básicos, ao mesmo tempo em que atentamos para construção da autonomia, dos conceitos, das habilidades, do conhecimento físico e social. (BARBOSA e HORN, 2001, p.70).

Nesse sentido, conforme o pensamento das autoras, as atividades de cuidar e educar fazem parte da rotina das instituições de Educação Infantil, e que, dependendo da forma como são desenvolvidos, podem ocorrer de forma simultânea. Nessa faixa etária, inicia-se o processo de inserção da criança no mundo, e para que isso ocorra de forma integral é necessário que o cuidar e o educar estejam de forma indissociável no processo de ensino aprendizagem.

Vale ressaltar que de certo modo, toda forma de educação implica em um cuidado e ao cuidar o professor também está educando, porém o educar vai além de cuidar, é algo mais profundo e mais abrangente, é um processo que se constrói a partir de vários fatores. Cabe explicar que a instituição de Educação Infantil não é apenas um substituto da família, e sim  um local de desenvolvimento da criança em todos os aspectos, mas principalmente do cognitivo. Nesse ambiente ensina-se e aprende-se trocando experiências e praticando o cuidar e o educar nas mais diversas atividades que compõem a rotina.

3.3 Planejamento e Estratégias de Ensino na Educação Infantil.

O planejar sempre esteve presente no dia-a-dia, ou seja, as pessoas pensam em planejar o seu dia, em organizar sua rotina, planejar a ação para atingir os objetivos. E na Educação deve ocorrer da mesma forma, o planejamento deve ser algo presente na prática do professor.

Assim sendo, o planejamento na Educação Infantil compreende a reflexão acerca do que fazer, como fazer e com o que fazer, considerando ainda quem vai receber a ação, ou seja, significa traçar as ações que serão desenvolvidas e a intencionalidade de todas as atividades. O planejamento se constitui como uma bússola que possui a finalidade de orientar o trabalho do professor na sala de aula.

É importante salientar que o planejamento deve estar atento às diversas situações de aprendizagens, assim, uma característica marcante é a flexibilidade, a qual permite adequar as ações às necessidades cognitivas dos alunos. Planejar nestas condições é dar sentido às atividades, pôr intenção educativa nos momentos na sala de aula.

O professor ao planejar o ensino antecipa de forma organizada, todas as etapas do trabalho escolar. Cuidadosamente, identifica os objetivos que pretende atingir, indica os conteúdos que serão desenvolvidos, seleciona os procedimentos que utilizará como estratégia de ação e prevê quais os instrumentos que empregará para avaliar o progresso dos alunos. (TURRA, Apud HAIDT, 1999, p. 98).

Tomando por base o pensamento citado pela autora, pode-se compreender a dimensão do processo de planejar as ações educativas, planejar é entendido como a organização dos momentos do processo de ensino aprendizagem, em se tratando de Educação Infantil, é a organização de todas as atividades e materiais da rotina escolar, sem desconsiderar as características próprias da faixa etária e as dimensões de seu desenvolvimento, ou seja, as atividades devem ser elaboradas de acordo com a contribuição que podem oferecer ao desenvolvimento da criança em todos os seus aspectos.

Muitas vezes os professores podem considerar essa tarefa de planejar incômoda, trabalhosa, porém é essencial para o bom desenvolvimento das práticas educativas. A esse respeito, observa-se a visão de Angotti (2010):

O planejamento não deve ser visto como peça burocrática prevista para encher pastas e gavetas da instituição na ilusão de um trabalho realizado. Deve, antes, ser o espelho real do processo e produto organicamente construído para ser executado ao longo de um período de trabalho, em compasso com o que veio anteriormente e o que virá depois. (ANGOTTI, 2010 p. 71)

Assim, ao se planejar deve ser levado em consideração todo o processo de ensino aprendizagem. O planejamento deve ser visto como um auxílio para o desenvolvimento das práticas e não como um fardo. Atento a isso, sejam quais forem as estratégias utilizadas para a realização do planejamento, estas devem ser intencionais e devem demonstrar a clareza do que se pretende alcançar.

No que concerne às estratégias de ensino na Educação Infantil, é importante ressaltar o fato de que algumas instituições valorizam apenas o treino da coordenação motora. Para isso se utilizam de tarefas repetitivas e descontextualizadas, porém se sabe que esse não é um método adequado para o desenvolvimento do cognitivo da criança e, aos poucos, essa realidade vem sendo modificada.

A Instituição de Educação Infantil deve assim dispor de diversas atividades como atividades livres, em que as crianças possam escolher o que querem fazer, desde que seja compatível com o ambiente e materiais disponíveis e, sempre, sob acompanhamento do professor. Nessa fase a criança tem necessidade de estar em contato com esse tipo de atividade, em que se encaixam as brincadeiras, as pinturas, os desenhos, as músicas são formas de trabalhar com as crianças, porém estas atividades não devem substituir as atividades de finalidade pedagógica.

Passeios, conversas, leituras com as crianças são também ótimas estratégias para se trabalhar. O ideal é utilizar todo o espaço da instituição a favor da aprendizagem. Para que se possa desenvolver boas estratégias de ensino, é necessário “que haja, por parte dos adultos, uma vontade de experimentar, criar outra forma de ver, entender, conviver com as crianças”. […] (Barbosa e Horn, 1998, p.79), ou seja, uma boa estratégia de ensino aprendizagem vai depender da vontade e compromisso do professor para com aquela atividade. Assim o professor precisa ter conhecimento do que deve ser desenvolvido com a criança, respeitando as necessidades e os níveis de desenvolvimento intelectual, físico e emocional, a fim de que não se cometa equívocos e nem se elabore práticas que possam desrespeitar a infância.

Cabe ao professor individualizar as situações de aprendizagem oferecidas às crianças, considerando suas capacidades afetivas, emocionais, sociais, cognitivas assim como conhecimentos que possuem dos mais diferentes assuntos e suas origens socioculturais diversas. Isso significa que o professor deve planejar e oferecer uma gama variada de experiências que responda, simultaneamente, as demandas do grupo e as individualidades de cada criança. (BRASIL, 1999, p.32)

Como se pode perceber, deve-se considerar a diversidade de cada criança, os ritmos de aprendizagens e a promoção de estratégias que se baseiam nessas condições de aprendizagem, considerando as singularidades. O bom uso das estratégias de ensino é o que irá determinar uma aprendizagem satisfatória.

3.4 O papel do professor de Educação Infantil frente às ações pedagógicas.

O professor exerce função tão importante quanto a dos pais no desenvolvimento da educação formal da criança, pois nas suas práticas não oferece apenas aquilo que sabe, mas também aquilo que é, através das interações com os alunos, na observação e compreensão, na ação e na configuração do pensamento. Seu papel não se restringe a transmitir uma informação, mas propõe desafiar a criança a continuar pensando, a encontrar sua identidade. Principalmente na educação infantil, a criança vai passar boa parte de seu tempo na companhia do professor; é ele que será o exemplo para a mesma.

O professor precisa avivar em si mesmo o compromisso de uma constante busca do conhecimento como alimento para o seu crescimento pessoal e profissional. Isto poderá gerar-lhe segurança e confiabilidade na realização do seu trabalho docente. (ANGOTTI, 2010, p.69)

Nestas condições, exige-se uma postura polivalente por parte do professor, ou seja, cabe a ele desenvolver diversas formas de aprendizagem, em que possa abranger as diversas áreas do conhecimento, considerando cada criança individualmente. Assim, uma ação pedagógica capaz de contemplar todas as dimensões da criança é um desafio para os educadores, que devem possuir uma vasta bagagem de conhecimentos e uma formação capaz de lhes assegurar que tais ações alcancem resultados favoráveis.

O professor deve ter bastante claro que os princípios que regem seu fazer estão diretamente relacionados com os princípios de cidadania que estarão sendo construídos pelas crianças. Desta maneira é fundamental buscar a coerência entre o ideal de formação que se quer alcançar e os procedimentos assumidos pelo docente enquanto ser individual, social, profissional e político na efetivação de seus objetivos (…). (ANGOTTI, 2010 p. 72).

Dessa forma, o professor deve ter consciência de que exerce grande influência sobre a personalidade da criança como um todo e assim procurar desenvolver seu trabalho o mais coerente possível com o tipo de pessoa que ele pretende formar e ainda manter essa postura, ou seja, o professor é visto como exemplo para as crianças. É necessário, portanto,  que mantenha uma boa postura, coerente com os princípios defendidos em sala de aula.

Ainda acerca dos papéis a serem desenvolvidas pelos professores na Educação Infantil, cabe destacar que se faz imprescindível nesta etapa a contribuição para a formação dos valores. É de extrema importância que todo educador tenha a consciência de transmitir princípios para seus alunos, visto que esses serão norteadores de sua própria vida, inclusive colocando seu ponto de vista diante de uma determinada situação e é essencial que essa prática tenha início nesta fase, em que as crianças estão em processo de desenvolvimento. A relação professor-aluno se faz essencial nessa transmissão de princípios. A esse respeito, Gonçalves (2010) diz:

A relação professor-aluno, como qualquer relação entre pessoas não é unidirecional, nem mesmo quando se trata de crianças pequenas como em uma pré-escola. A relação supõe participação ativa de ambas as partes, o que envolve acordos e desacordos. É através deste embate entre parceiros que a criança vai construindo sua visão de mundo, conforme os significados que ela já vem elaborando, desde que nasceu (sentimentos, interpretações, valores) são confrontados com os significados que circulam pela escola. (GONÇALVES, 2010 p. 175)

Nesta visão, percebe-se que o professor se constitui na ponte mais importante da passagem do mundo infantil para o mundo adulto, pois junto com os pais, eles são responsáveis pelo encorajamento ao crescimento e independência das crianças e por influenciar na formação do caráter, da personalidade e dotá-las de valores e conhecimentos, não só pedagógicos, mas também preparar para a convivência na sociedade. A prática educacional deve despertar os alunos e direcioná-los para caminhos mais solidários, considerando suas relações em convívio com a sociedade. É necessário que esses profissionais tenham compromisso ético ao dar limites à criança, não as expondo a situações constrangedoras. Todas devem receber tratamento igualitário já que a Educação Infantil é local de desenvolvimento, portanto é um espaço de liberdade de expressão das crianças.

3.5 Avaliação na Educação Infantil

            A avaliação funciona como uma forma de o professor verificar o andamento das suas ações educativas, bem como o efeito causado na aprendizagem de seus alunos. Assim deve ser realizada de maneira processual, o que irá permitir uma visão individual de cada criança.

A técnica mais apropriada para avaliar na educação infantil é a observação. Antes de observar, será necessário pensar o que queremos observar e para quê. Será de grande utilidade elaborar uma escala descritiva para coletar as informações de uma maneira sistemática e precisa. (ALCUDIA, 2002 p.82)

Desta forma, na Educação Infantil a melhor forma de avaliar se dá através da observação, por meio de anotação de avanços conseguidos pelas crianças. A própria LDB em seu artigo 31 faz referência à avaliação: “Art. 31. Na Educação Infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.” (BRASIL, 1996). Ou seja, nesta etapa da educação não se deve considerar os aspecto mensurável da avaliação, e sim observar o desenvolvimento, a evolução da criança em todos os aspectos do conhecimento. Com isso, não há seletividade e, portanto, as crianças não podem ser reprovadas. De acordo com Hoffmann (2000):

É preciso re-significar a avaliação em Educação Infantil como acompanhamento e oportunização ao desenvolvimento máximo possível de cada criança, assegurando alguns privilégios próprios desta instância educativa, tais como: o não atrelamento ao controle burocrático do sistema oficial de ensino em termos de avaliação e autonomia em relação à estrutura curricular. (HOFFMANN, 2000)

Nestas condições, a avaliação na Educação Infantil deve ser vista como uma forma de acompanhar o desenvolvimento da criança, respeitando as especificidades de cada uma. Nesta etapa de educação, não faz sentido os modelos de avaliação tradicionais, o desempenho de cada criança deve ser observado a cada atividade proposta e o professor trabalhar melhor os aspectos que merecem uma maior atenção.  A avaliação é tida também como uma forma de o professor refletir com relação aos seus métodos de ensino, a partir da observação do desenvolvimento das crianças ele pode estar fazendo uma reflexão sobre a forma que tem trabalhado e assim procurar aperfeiçoar sua prática para uma melhor aprendizagem. Conforme cita o RCNEI:

(…) a avaliação é entendida, prioritariamente, como um conjunto de ações que auxiliam o professor a refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática às necessidades colocadas pelas crianças. É um elemento indissociável do processo educativo que possibilita ao professor definir critérios para planejar as atividades e criar situações que gerem avanços na aprendizagem das crianças. Tem como função acompanhar, orientar, regular e direcionar esse processo como um todo. (BRASIL, 1998, p.59)

Então, observa-se que nessa fase a prioridade é a reflexão sobre a própria prática, em que a forma tradicional de avaliar, buscando os erros, deve ser substituída por uma dinâmica de avaliação capaz de trazer elementos de crítica e transformação ativa para o trabalho docente.

Há diversas formas de estar avaliando, a principal delas, de acordo com o RCNEI, é a observação e os registros. Por meio delas, o professor faz anotações dos avanços das crianças para posterior intervenção. Ainda segundo o documento, as crianças devem acompanhar suas conquistas ao longo do processo, assim, o professor deve compartilhar as observações realizadas.

3.6 Práticas pedagógicas na nova sociedade: Inquietações e desafios inerentes ao desenvolvimento.

Vive-se um momento de grande euforia e avanços na sociedade como um todo e o grande desafio dessa nova sociedade é uma educação que promova e viabilize a formação de indivíduos preparados para essa realidade, com níveis de aprendizado compatíveis com a necessidade social existente. E para que se possa alcançar êxito, é necessário que desde cedo, as crianças estejam em contato com elementos educativos que as preparem para a sociedade que as esperam. Dessa forma, exigem-se práticas pedagógicas diferenciadas, pois os modelos tradicionais não surtirão efeitos. A criança desde cedo deve ter seu senso crítico desenvolvido e nesse sentido, as práticas educativas devem atentar para a construção da autonomia da criança. A respeito das mudanças sociais, Guarnieri (2005) aborda o papel da educação.

Dada a grande importância do papel da Educação para essa tarefa, é necessário que os educadores se preparem, desenvolvendo um posicionamento crítico e reflexivo sobre os saberes e as práticas humanas visando a enriquecer a relação do homem com o conhecimento (GUARNIERI, 2005, p.78).

Dessa forma, os professores têm como alternativa rever suas ações e o seu papel no desenvolvimento da sua prática educativa, sendo que uma análise sobre seus conceitos educacionais precisa ser feita, de forma a adequar sua postura pedagógica ao momento atual. Assim, a prática pedagógica no momento atual, bem como a condução do processo de ensino aprendizagem, precisa ter como princípio a efetivação do conhecimento intelectual que motivará o aluno a participar do processo de desenvolvimento social, não como mero receptor de informações, mas como idealizador de práticas que favoreçam esse processo.

Nesse sentido, práticas pedagógicas arcaicas, que não agucem o senso crítico das crianças, que não as despertem para o mundo que as espera, tornam-se ineficazes e perdem o sentido. A esse respeito, Angotti (2010) aborda o seguinte:

(…) Isto põe em questão o próprio processo de formação pelo qual o professor passou e que deveria ter-lhe dado instrumental para possíveis análises. Descaracteriza-se, assim, a necessária coerência existente entre a fundamentação teórica e a construção de uma prática pedagógica coerente com essa teoria. O que se verifica, então, é a efetivação de um fazer não reflexivo, que se repetem inúmeras vezes entre os pares. (ANGOTTI, 2010, p.62)

Segundo a autora, os professores devem seguir os ensinamentos obtidos em sua formação, ou seja, pôr em prática toda a teoria vivenciada, refletir acerca de uma prática transformadora, capaz de desenvolver realmente a criança. Dessa forma, o trabalho docente teria sua função cumprida de fato. Conforme cita Libâneo (2003):

Quero destacar a necessidade da reflexão sobre a prática para a apropriação e produção de teorias, como marco para as melhorias das práticas de ensino. Trata-se da formação do profissional crítico-reflexivo, na qual o professor é ajudado a compreender o seu próprio pensamento e a refletir de modo crítico sobre sua prática. (LIBÂNEO, 2003)

Então, o que se pode afirmar é que uma prática pedagógica que atenda aos ideais da nova sociedade deve ser pautada na reflexão acerca da ação a ser desenvolvida, nos métodos que serão utilizados para se chegar aos objetivos almejados e, sobretudo, na valorização da criança como ser individual.

Por outro lado, há de se considerar que os desafios a ser enfrentados no campo da Educação Infantil são inúmeros, envolvendo desde condições de infraestrutura às práticas e formação dos profissionais que nele atuam. Apesar do reconhecimento da Educação Infantil pela lei e da defesa da mesma por parte de vários documentos, ainda assim, não é concebida de forma adequada, nesse contexto de desvalorização, o professor sente dificuldades no desenvolvimento do seu trabalho. O professor, desde o momento que opta por sua carreira, se depara com obstáculos que surgem no desenvolvimento de suas práticas, porém é um profissional que tem a grande responsabilidade de formar os cidadãos visando à melhoria da sociedade como um todo. No entanto,

O que tem ocorrido é uma política de desvalorização do professor, prevalecendo as concepções que o consideram como um mero técnico reprodutor de conhecimentos, um monitor de programas pré-elaborados, um profissional desqualificado, colocando-se à mostra a ameaça de extinção do professor na forma atual. A realidade retrata uma carreira quase inexistente, com condições de trabalho aviltadas, pouca retribuição financeira e discutível reconhecimento social. (MARTINS E PEREIRA, 2002, p. 113).

De acordo com o posicionamento das autoras, a desvalorização do professor é um fator corrente na sociedade, o mesmo não possui seu trabalho reconhecido, falta uma política salarial justa, enfim, condições para que se desenvolva um trabalho satisfatório. E todos esses fatores refletem nas suas ações em sala de aula.

O professorado, diante das novas realidades e da complexidade de saberes envolvidos presentemente na sua formação profissional, precisaria de formação teórica mais aprofundada, capacidade operativa nas exigências da profissão, propósito éticos para lidar com a diversidade cultural e a diferença, além, obviamente da indispensável correção nos salários, nas condições de trabalho e de exercício profissional. (LIBÂNEO, 2003 p. 76)

É notória a necessidade da valorização profissional no magistério, os resultados da crescente desvalorização repercutem nas ações realizadas em sala de aula, nas práticas pedagógicas desenvolvidas. Entretanto, a responsabilidade de formar um cidadão é enorme, e se faz necessário que o profissional tenha comprometimento com as suas ações. Deste modo, a ética tem que estar em primeiro lugar, poia a consciência do trabalho, compromisso com a educação e a comunidade escolar são algumas das características indispensáveis a um educador.

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

O presente trabalho de pesquisa abordou a prática pedagógica dos professores na Educação Infantil. Neste tópico serão apresentados o campo de pesquisa, os métodos utilizados e os sujeitos investigados.

4.1 Caminhos da pesquisa.

Esse trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica e de campo, como forma de subsidiar as ideias nele desenvolvidas. Segundo Prestes (2008, p.26), “a pesquisa bibliográfica é aquela que busca adquirir conhecimentos a partir de informações provenientes de materiais gráficos ou de outras fontes”. No caso deste trabalho, foram pesquisadas fontes que abordem a temática estudada, como livros, artigos, documento, de modo a complementar o estudo que foi reforçado com a pesquisa de campo, que segundo Andrade (2009), recebe esse nome por ser realizada no local em que ocorre o problema. Desse modo, pode-se explorar melhor o objeto de estudo, através do contato maior entre pesquisador e ambiente a ser pesquisado, favorecendo a realização da pesquisa. Com esse propósito, utilizou-se o método de abordagem qualitativo descritivo, que segundo Marconi e Lakatos (2009), aproxima melhor o pesquisador do objeto pesquisado, permitindo um contato maior entre eles. Dessa forma esse tipo de método é o que melhor se adequou aos objetivos da pesquisa, já que a mesma buscou estudar a qualidade das práticas pedagógicas dos professores da Educação Infantil.

O trabalho foi desenvolvido em três etapas: Na primeira etapa foi realizada uma visita na escola e coletadas informações através de um questionário a fim de compreender o perfil dos sujeitos a serem pesquisados. A segunda etapa foi realizada através da técnica de entrevista estruturada com os 06 (seis) professores que atuam na Creche, Pré I e Pré II da Escola Municipal Vida Verde, bem como o coordenador da respectiva escola, durante a segunda quinzena do mês de novembro de 2011, com o objetivo de obter informações acerca das práticas pedagógicas desenvolvidas por estes professores e suas implicações na educação das crianças e ainda conhecer a atuação da coordenação no processo educativo.

A escolha por este tipo de técnica de obtenção de dados se deu pela sua facilidade em adquirir informações acerca do problema estudado. Conforme diz Marconi e Lakatos (2009, p.278), “o objetivo da entrevista é compreender as perspectivas e experiências dos entrevistados”. Deste modo, por meio da entrevista foi possível explorar melhor os sujeitos da pesquisa, buscando entender seu posicionamento acerca das praticas pedagógicas desenvolvidas nas salas da Educação Infantil.  A terceira etapa foi desenvolvida através da observação sistemática, momento em que se verificou a rotina das crianças na escola e as práticas desenvolvidas pelos professores, e confrontou-se a realidade com as informações obtidas na entrevista. De acordo com Marconi e Lakatos (2009): “a observação é uma técnica de dados para conseguir informações utilizando os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade.” Portanto, através da observação foi possível verificar a realidade em que se inserem as crianças na Educação Infantil e o trabalho desenvolvido pelos professores dessa etapa de ensino, suas atitudes e comportamentos.

4.2 Caracterização do Campo de Pesquisa.

A pesquisa realizou-se na Escola Municipal Vida Verde, localizada na Praça Antonio Andrade, S/N – Bairro Nossa Senhora de Fátima, Campo Maior-PI. A escola foi fundada em 16 de abril de 1997, na mesma funcionam turmas de Creche, Pré-escola, e Fundamental (1º ao 5º ano), nos turnos manhã e tarde somando um total de 636 alunos, sendo: 253 alunos da Educação Infantil e 383 do Ensino Fundamental.

A escola atende a crianças de vários bairros da cidade e por isso vem se adequando à demanda de alunos, visto que o prédio não foi construído com a finalidade de ser uma escola. Naquele local funcionou primeiramente um motel, depois foi a sede do IBAMA e posteriormente foi adaptada para funcionar a escola, por isso possui salas pequenas, pouco ventiladas. A estrutura física no geral não é das melhores devido ao fato de ser um prédio adaptado. Possui 17 salas de aula, 04 banheiros, 01 depósito, 01 cantina, 01 quadra de areia, 01 diretoria que também funciona como secretaria, 01 sala de professores que também funciona como sala de multimeios e biblioteca e 01 sala de AEE- Atendimento Educacional Especializado.

Quantos aos recursos materiais, a escola possui 01 TV, 01 aparelho de DVD, 01 impressora, 01 caixa amplificada com microfone, 01 máquina de xérox, 02 computadores, 02 impressoras e 01 mimeógrafo. No que se refere aos recursos humanos, a escola conta com um quadro de 74 funcionários, entre professores, pessoal administrativo, merendeiras, zeladoras, vigias e pessoal de apoio.

No que se refere à gestão pedagógica, segundo a diretora, acontece de forma democrática, onde todos os membros participam e procuram se envolver na resolução de possíveis conflitos. O planejamento da escola ocorre mensalmente, logo após as provas e participam a diretora, professores e coordenadores. A avaliação dos alunos é feita mensalmente com prova escrita e levando em consideração também a questão qualitativa. A escola conta com um calendário de 200 dias letivos elaborado pela SEMED, e no mesmo constam feriados e datas comemorativas. Ainda não possui um Projeto Político Pedagógico, somente a proposta unificada, porém estão trabalhando para organizá-lo ainda neste ano. Com relação à manutenção da escola, é feita pelo PDDE – Programa de Dinheiro Direto na Escola, repassado anualmente e pelo PNAE – Plano de Alimentação Escolar, que vem para a prefeitura e esta direciona a escola.

4.3 Perfil dos Sujeitos.

Com o objetivo de conhecer melhor os sujeitos da pesquisa foi elaborado um questionário direcionado aos mesmos, as informações obtidas foram organizadas em gráficos e analisadas a seguir:

4.3.1 Perfil dos professores.

Com relação ao sexo dos sujeitos pesquisados, 100% dos professores da Educação Infantil que foram pesquisados na Escola Municipal Vida Verde são de sexo feminino, o que demonstra uma feminilização dos profissionais da Educação Infantil. Este fator é predominante nessa etapa educacional em que prevalece a figura feminina, o que também se deve à predominância da figura da mulher nos cursos de Pedagogia, os quais formam os profissionais dessa área. A respeito da entrada das mulheres no magistério, Louro (2002) apud Kramer (2005, p.159) mostra que os argumentos a favor do exercício da atividade docente pela mulher apelam para a sua vocação natural à maternidade, exortando-a a ver em cada aluno ou aluna um filho ou filha “espiritual”. Destaca, ainda, que o magistério era apresentado como uma “ocupação transitória, a qual deveria ser abandonada sempre que se impusesse a verdadeira missão feminina de esposa e mãe.” (2002, p.453). Então, nessas condições, a entrada das mulheres no magistério se dava pela vocação materna.

De acordo com as palavras de Kramer (2005):

Há que se destacar, ainda, que essas imagens da mulher/professora de educação infantil têm atendido a interesses políticos, uma vez que a ideia da professora como mãe, que exerce a função quase como um sacerdócio, de forma transitória, serviu para que essas profissionais, ao não se perceberem ou não serem percebidas como tal, desfrutasse de pouco (ou quase nenhum) poder de reivindicação por melhores salários, condições de trabalho e até formação. (KRAMER 2005, p.161).

Dessa forma, a feminilização dos profissionais da Educação Infantil se deve a fatores construídos historicamente, em que, por questões natas, a mulher teria habilidades para tal função, e isso favorecendo a política no sentido de que tendo “o dom” e não sendo vistas como profissionais de fato não possuíam poder de reivindicação por melhores condições, o que se reflete na desvalorização do magistério atualmente, sobretudo, nessa categoria da Educação Infantil.

               

 

                   Gráfico 1: Idade dos sujeitos

                              Fonte Direta: Escola Municipal Vida Verde (2011)

Nota-se a partir do gráfico que quanto à idade dos sujeitos, estas variam, sendo que 33,3% possuem idade que varia entre 40 e 45 anos, 33, 3% variando entre 30 e 35 anos, e os outros 33, 3% com idade entre 24 e 29. Desse modo, os professores variam em idade e, consequentemente, em experiência, desde os mais jovens, os quais possuem uma visão inovadora acerca das atividades a serem desenvolvidas e os mais experientes, os quais retiram ensinamentos da sua trajetória de vida. Fatores que se apresentam de forma positiva, sendo que a experiência de vida contribui para a construção da prática pedagógica, uma vez que é algo inerente ao professor, sujeito desse processo.

Gráfico 2: Formação profissional dos sujeitos

                                 Fonte Direta: Escola Municipal Vida Verde (2011)

Com relação à formação profissional, nota-se que 50% das professoras pesquisadas possuem especialização na área, demonstrando a preocupação das mesmas em estar atualizando seus conhecimentos, 33% possuem o curso superior completo e 17% ainda estão cursando o superior. O gráfico demonstra assim que a maioria das professoras possui uma formação adequada para o exercício em sala de aula e ainda o compromisso das mesmas em estarem procurando aperfeiçoamento para o trabalho, investindo em sua formação profissional e acadêmica. A LDB nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, traça as diretrizes para a formação dos profissionais da educação, demonstrando a necessidade da reconstrução e da ressignificação da identidade do professor, em sua dimensão profissional. Desse modo, o Ministério da Educação procura através de seus programas proporcionar qualificação para esses professores.

Gráfico 3: Experiência profissional dos sujeitos

                         Fonte Direta: Escola Municipal Vida Verde (2011)

Com relação à experiência profissional, nota-se que 33% das professoras possuem experiência que varia entre 10 a 15 anos, outros 33% variam entre 5 a 10 anos, 17% variando entre 3 a 5 anos e outros 17% variando entre 1 a 3 anos de experiência. Percebendo-se então, que a maioria das professoras possui grande experiência na área, fator que contribui para um bom desenvolvimento das atividades pedagógicas, sendo que estas são construídas a partir da vivência em sala de aula, entretanto não se pode afirmar que a experiência em sala de aula determine uma prática satisfatória, pois esta depende de vários fatores.

Gráfico 4: Vínculo empregatício dos sujeitos

                          Fonte Direta: Escola Municipal Vida Verde (2011)

No que diz respeito ao vínculo com a escola, percebe-se que há certo equilíbrio sendo que 50% das professoras são efetivas e 50% são contratadas. O vínculo do sujeito com o ambiente de trabalho é importante no sentido de que, sendo efetivo há um comprometimento maior com a instituição e, assim, possuir um tempo maior para efetivação de práticas pedagógicas e ainda de poder observar os resultados provenientes dessas atividades, o que muitas vezes não ocorre com o contratado, sendo que este possui permanência reduzida na instituição. Porém esse é um dado relativo, nem todos os efetivos podem manter essa relação de compromisso com as atividades e/ou nem todos os contratados possuem essa ausência de relação e compromisso.

4.3.2 Perfil do coordenador

Com relação ao coordenador da escola, este é do sexo masculino, possui idade entre 30 e 35 anos, em sua formação possui especialização e tem entre 5 a 10 anos de experiência profissional, sendo efetivo na escola. O que comprova que o mesmo tem certa experiência na área em que atua e dessa forma pode desenvolver um trabalho de qualidade na escola. O coordenador tem um importante papel no sentido de supervisionar e orientar todas as atividades relacionadas ao processo de ensino aprendizagem. Dessa forma, é essencial sua participação na orientação dos trabalhos realizados pelos professores, a fim de que se possibilite uma prática adequada às necessidades do público alvo.

5 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA

A pesquisa de campo se constitui em uma técnica eficiente para a realização de coleta de informações acerca de determinado fato ou problema. Nessa perspectiva, essa pesquisa teve o objetivo de analisar a prática pedagógica dos professores da Educação Infantil na Escola Municipal Vida Verde, em Campo Maior – PI, na qual foram pesquisados 06 (seis) professores das três etapas da Educação Infantil (Creche, Pré I e Pré II), bem como o coordenador pedagógico da escola.

Dessa forma, foi elaborado um roteiro com perguntas direcionadas ao coordenador e às professoras a fim de se obter informações acerca da temática pesquisada. A seguir, seguem os dados obtidos na pesquisa de campo e sua análise qualitativa, para os quais foram selecionados 03 (três) professores e o gestor, cujas identidades serão preservadas.

Segundo Ludke (1986 p.45) “Analisar os dados qualitativos significa “trabalhar” todo o material obtido durante a pesquisa, ou seja, os relatos de observação, as transcrições de entrevista, as análises de documentos e as demais informações disponíveis.” Assim, a análise a seguir se constitui da junção de todas as informações obtidas durante a pesquisa, em que foram contemplados vários aspectos, seguindo a análise qualitativa.

5.1 Desenvolvimento do trabalho pedagógico na Educação Infantil da Escola.

Com relação à forma como é desenvolvido o trabalho pedagógico na escola, obtiveram-se as seguintes respostas:

Quadro 01 Prática Pedagógica

Gestor Na teoria é muito bom, o problema é que muitas vezes a estrutura da escola não ajuda.
Professor I Primeiramente eu procuro valorizar o que as crianças já sabem e assim vou somando com o assunto abordado.
Professor II Deve-se ter conhecimento do conteúdo, desenvolvendo a aula com material concreto.
Professor III Eu procuro expor os conteúdos interligando a bagagem que eles já têm com o conteúdo abordado, assim eles assimilam melhor e mais rápido.

Fonte Direta: Escola Municipal Vida Verde (2011)

A Prática Pedagógica na Educação Infantil exige um maior comprometimento por parte dos professores, a fim de que se possa alcançar uma melhor aprendizagem. Logo, é nessa etapa da educação que a maioria das crianças terá o seu primeiro contato formal com a escola, o complemento da educação da família. Então, esse nível de ensino exige profissionais com capacidade e habilidade suficiente para que sejam cumpridas as exigências existentes.

Acerca da prática pedagógica desenvolvida na escola, a fala do gestor demonstra a falta de entendimento acerca do que lhe é perguntado, já que sua resposta não satisfaz ao questionamento o mesmo aborda a estrutura da escola como resposta ao questionamento sobre as práticas desenvolvidas. As professoras dizem trabalhar o conhecimento que a criança já traz em si, assimilando os conteúdos a esses conhecimentos prévios com materiais concretos. Na realidade investigada, esta não foi a cena encontrada, utilizando as palavras do próprio gestor, “na teoria é muito bom”, na prática o que se percebe é uma forma tradicional, atividades mimeografadas, em que o professor apenas lê e põe a resposta no quadro para ser copiada pelos alunos, utilização dos jogos de forma aleatória, apenas para ocupar as crianças e aulas descontextualizadas.

Elas mantêm as crianças durante todo o tempo dentro das salas de aula em atividades com lápis e papel, oportunizando a saída das quatro paredes apenas nos poucos minutos diários de recreio, sem condições para que possam explorar e “ler” o ambiente no qual estão inseridas, expondo-se a ele e dele recebendo suas influências. (ANGOTTI, 2010, p.64)

As palavras da autora retratam claramente a situação vivenciada durante as observações realizadas, em que há distanciamento do discurso propagado pelas professoras durante a entrevista em relação à realidade observada, em que se percebe pela forma como as atividades são realizadas, que não há de fato a valorização das experiências e vivências das crianças, pois de acordo com o RCNEI (1998):

A instituição de educação infantil deve tornar acessível a todas as crianças que a frequentam, indiscriminadamente, elementos da cultura que enriquecem o seu desenvolvimento e inserção social. Cumpre um papel socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças, por meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de interação. (BRASIL, 1998)

Dessa forma, conforme defende o documento, na Educação Infantil, as atividades desenvolvidas devem proporcionar o contato entre as crianças e diversos elementos, como meio de socializar e a partir dessas atividades diversificadas, e da interação ir construindo aprendizagem.

No que diz respeito ao planejamento das atividades pedagógicas, obtiveram-se as respostas a seguir:

Quadro 02 Planejamento

 

Gestor É realizado em uma reunião e nessa reunião os professores se reúnem por série e elaboram o planejamento.
Professor I Todas as aulas são planejadas de acordo com o conteúdo em estudo, sempre gosto de usar brincadeiras e materiais didáticos que chamem a atenção deles.
Professor II Com um planejamento da escola, desenvolvo o conteúdo com materiais concretos e atividade escrita e rodada.
Professor III Eu planejo minhas aulas diariamente baseada no roteiro que recebemos da escola.

Fonte Direta: Escola Municipal Vida Verde (2011)

O planejamento é de fundamental importância para o bom desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem, momento em que se definem as atividades e recursos que serão utilizados na prática. A partir dos questionamentos acerca do planejamento, as professoras e o gestor disseram que as atividades são planejadas de acordo com os conteúdos, seguindo o roteiro da própria escola.

Entretanto, durante a observação pode se constatar que os professores não elaboram esse planejamento diário, por isso a prática não se desenvolve em uma sequência, observaram-se momentos soltos, ou seja, momentos em que os alunos ficavam sem atividades, à vontade na sala de aula o que demonstrou uma falta de organização da rotina escolar, ainda foi observado que as práticas das professoras se caracterizam pela troca de materiais e de atividades, desprezando o fato de que mesmo sendo o mesmo nível educacional, elas estão trabalhando com crianças de níveis cognitivos diferenciados. Desse modo, pode se verificar que fica obscuro o papel da intencionalidade das atividades, decorrente da falta de um planejamento construído à luz de concepções claras referentes à educação pré-escolar, ao desenvolvimento infantil, à criança e mesmo ao trabalho docente a ser executado. (ANGOTTI, 2010, p.65).

Quanto aos recursos mais utilizados na prática desses professores, segue abaixo os resultados:

Quadro 03 Recursos mais utilizados

Professor I Cartazes, jogos de montar e encaixar, som e DVD.
Professor II Giz, apagador, quadro de giz, revistas, cola, tesoura e coleção.
Professor III Geralmente é o quadro, cartazes, livro… Eu recorro sempre a estórias, advinhas, parlendas, cantigas.
Fonte Direta: Escola Municipal Vida Verde (2011)

Na Educação Infantil, as práticas devem ser diferenciadas e os recursos pedagógicos devem se adequar ao nível das crianças. Dessa forma, cabe ao professor inovar e buscar sempre materiais criativos para que sua aula tenha um bom proveito por parte dos alunos. Como se percebe na análise do questionamento acerca dos recursos utilizados, as professoras disseram utilizar-se de recursos como: jogos de montar, encaixar, cartazes, etc. Porém ao se observar a prática dos mesmos verificou que alguns desses recursos são utilizados aleatoriamente, como os jogos de montar e encaixar, o que deveria ter uma orientação e ser utilizado de forma contextualizada, mas que na realidade são utilizados como forma de ocupar as crianças.

Desvencilha-se, assim, da intenção de desenvolver a coordenação motora fina, que possibilitaria a manifestação criativa da expressão interior, como sugeria Froebel, para constituir em uma simples atividade “tapa-buracos” em horários sem atividade prevista, mero “macete” para ocupação do tempo. (ANGOTTI, 2010, p.62)

Dessa forma, observou-se que a utilização desses recursos nas salas ocorre sem controle por parte dos professores, como meio de ocupar as crianças após a realização das atividades. Fator esse que prejudica o desenvolvimento motor das crianças, já que utilizam os objetos de forma aleatória, sem intenção de desenvolver, de fato, esses fatores que são imprescindíveis nessa fase da criança. De acordo com o RCNEI (1998), a “organização do ambiente, dos materiais e do tempo visa a auxiliar que as manifestações motoras das crianças estejam integradas nas diversas atividades da rotina.” Desse modo, é imprescindível a organização dessas atividades, para que se possa desenvolver as habilidades necessárias à criança.

Em relação às estratégias de ensino mais utilizadas, foram obtidas as seguintes informações:

Quadro 4 Estratégias de ensino mais utilizadas.

Professor I Gosto muito de inovar, uso a oralidade, a música, cartazes, jogos e outros.
Professor II Atividades rodadas, escritas, pinturas e colagens, filme e passeios.
Professor III A expositiva.

Fonte Direta: Escola Municipal Vida Verde (2011)

As estratégias de ensino na Educação Infantil devem considerar que nessa etapa o uso de atividades repetitivas e fragmentadas com materiais, como papel e lápis, que poucas oportunidades oferecem às crianças de se explorar o conhecimento são ultrapassadas e não possuem retorno. De acordo com entrevista realizada, a fala das professoras demonstra que elas buscam inovar através de músicas, jogos, filmes, passeio, o que chama a atenção é o fato de uma professora destacar como estratégia mais utilizada a aula expositiva, o que vai contra a teoria que se vê acerca das práticas pedagógicas para a Educação Infantil, é algo totalmente contrário ao bom desenvolvimento da aprendizagem, quanto às outras, julgaram trabalhar de forma lúdica.

Porém diante das observações in loco nada se percebeu de inovador na prática da maioria delas, constatou-se a exposição das crianças a variadas atividades mimeografadas de conteúdo mecânico e repetitivo. Nessas condições, o que se percebeu é que aquelas antigas crenças de que o papel da Educação Infantil é brincar com as crianças ou “prepará-las” para ingressar nas séries iniciais prevalece até hoje nas ações da maioria das professoras da instituição pesquisada.

De acordo com Kramer (2005) “A educação da criança de 0 a 6 anos tem o papel de valorizar os conhecimentos que as crianças possuem e garantir a aquisição de novos conhecimentos, mas para tanto, precisa de um profissional que reconheça as características da infância.” E reconhecer as características da infância é disponibilizar às crianças várias formas de estar em contato com o conhecimento, através de atividades  apropriadas à sua faixa etária, deixando em segundo plano as atividades que procuram valorizar apenas o treino e a repetição e buscando proporcionar a elas momentos que possam promover a sua criatividade e estimular a aquisição de conhecimentos de forma dinâmica, tendo suas especificidades respeitadas.

No que diz respeito aos parâmetros utilizados para a escolha dos conteúdos e métodos de ensino na Educação Infantil, foram obtidos os resultados abaixo:

Quadro 05 Parâmetros utilizados na escolha dos conteúdos e métodos de ensino.

Professor I Os conteúdos são seguidos de acordo com um roteiro que recebemos da escola, os métodos vão de acordo com as necessidades dos alunos.
Professor II Plano de curso oferecido pela própria escola.
Professor III Os conteúdos são propostos de acordo com o plano de curso e cada conteúdo requer um método especial.

Fonte Direta: Escola Municipal Vida Verde (2011)

A partir dessa análise, observa-se que os conteúdos da Educação Infantil na Escola Municipal Vida Verde seguem o plano de curso determinado pela própria escola e a partir dele são desenvolvidos os métodos de ensino. Durante a observação, verificou-se que de fato a escola fornece um plano de curso para que a partir dele os professores adequem as suas aulas.

De acordo com Angotti (2010), “assumir o papel de executoras de tarefas preestabelecidas por outrem quebra nas professoras um elo de coerência e responsabilidade frente ao próprio fazer.” Nesse sentido, as ações seriam realizadas de forma coerente se o próprio professor, conhecedor da realidade de seus alunos, participasse dessa escolha de conteúdos.

Quanto à forma como é utilizado o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, foram obtidas as respostas a seguir:

Quadro 06 Utilização do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil na escola:

Gestor A escola faz uso do Referencial como um meio de basear-se para que ocorra o processo de forma eficaz.
Professor I Sempre procuro encaixar nos métodos da minha prática, mas por algumas vezes temos que ver a capacidade de aprender de cada aluno.
Professor II Com aulas expositivas, levando o aluno a assistir filmes, pintura, passeio, e várias brincadeiras.
Professor III Na teoria tudo parece ser muito fácil e belo, porém a prática é bem mais complexa, mas eu as uso na medida do possível.

Fonte Direta: Escola Municipal Vida Verde (2011)

De acordo com os dados obtidos na entrevista, o gestor afirma que a escola utiliza as orientações do documento para ocorra a aprendizagem de forma eficaz, já as professoras afirmam utilizar quando possível. Assim, percebe-se praticamente a ausência do uso desse documento, na fala dos professores a desculpa de que “a prática é bem mais difícil do que a teoria”, o que pode ser constatado durante a observação realizada, em que se presenciou a falta de planejamento de atividades e de uma base para tais ações.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil é um documento que busca orientar os professores na sua prática, orientações que tem o objetivo de “contribuir com a implantação ou implementação de práticas educativas de qualidade que possam promover e ampliar as condições necessárias para o exercício da cidadania.” (BRASIL, 1998 p.13). Assim, o RCNEI é considerado um apoio para a realização de uma prática pedagógica voltada aos interesses das crianças de forma que auxilia ao professor quanto às diversas formas de estar trabalhando os eixos educativos.

5.2 Contribuição da prática pedagógica para o processo de ensino aprendizagem.

Questionados sobre qual o tipo de contribuição que a prática dos professores traz para o desenvolvimento das crianças, obtiveram-se as respostas:

Quadro 07 Contribuição da prática.

Professor I Influencia bastante, mas tudo depende da realidade de cada criança.
Professor II Um bom relacionamento entre aluno e professor, explorando o assunto, citando exemplos concretos.
Professor III Eu espero que influencie positivamente, pois sempre tento fazer uma ligação do conteúdo em si com o lúdico, procurando despertar o interesse e a curiosidade deles.

Fonte Direta: Escola Municipal Vida Verde (2011)

A prática do professor influencia o aluno por toda a sua vida, por isso que principalmente nessa etapa da educação se exige uma maior dedicação por parte do professor na condução do processo de ensino aprendizagem, por se tratar da educação de um ser em desenvolvimento tanto físico, psicológico e, principalmente, intelectual. Por isso as práticas devem ser bem desenvolvidas para que não cause qualquer transtorno nas etapas subsequentes de sua vida. Se o professor de Educação Infantil exerce influência sobre a personalidade de seus alunos, sabe-se que se deve considerar que essa influência pode culminar em resultados positivos ou negativos, dependendo da atuação desse professor.

De acordo com a entrevista, as professoras julgaram influenciar bem a vida dos alunos, procurando manter um bom relacionamento.  A esse respeito durante as observações verificou-se que de fato há essa boa relação entre aluno e professor, que se manifesta pela afetividade presenciada entre ambos.

Em relação a isso, LOPES (1991, p. 146) enfatiza que, “As virtudes e valores do professor que consegue estabelecer laços afetivos com seus alunos repetem-se e intrincam-se na forma como ele trata o conteúdo e nas habilidades de ensino que desenvolve.” Então deve-se criar esse vínculo, onde a relação professor-aluno seja a base para o desenvolvimento cognitivo das crianças.

5.3 Principais dificuldades subjacentes à prática pedagógica.

Com relação às principais dificuldades enfrentadas no exercício da prática, foram obtidos os resultados a seguir:

Quadro 08 Dificuldades relacionadas à prática

Gestor Problemas estruturais, sociais e familiares, os professores não possuem capacitação para lidar com esses problemas.
Professor I Como trabalho com crianças iniciantes a dificuldade que tenho é de “ter” a atenção deles por alguns instantes, no momento só esta.
Professor II Materiais didáticos precários, falta de integração da família na escola, etc.
Professor III A falta de compromisso- ausência da família; o ambiente- as condições físicas precárias; a política- o descaso de algumas autoridades com a educação.

Fonte Direta: Escola Municipal Vida Verde (2011)

Ao trabalhar com Educação Infantil deve-se ter em mente que se está lidando com a formação de personalidades de seres pequeninos, e assim como em qualquer etapa há dificuldades.

Analisar os fatores que os professores determinam como dificuldades é importante para conhecer seus posicionamentos em relação à realidade escolar. Dessa forma, observa-se que a maioria dos professores entrevistados e ainda o discurso do gestor afirmou que as dificuldades vivenciadas estão relacionados a questões de estrutura, em que se percebe que mesmo a Educação Infantil tendo sido reconhecida como uma etapa de educação os investimentos nessa área são precários. Há ainda, como citam as professoras a falta de acompanhamento por parte das famílias, o que torna o processo ainda mais difícil. Nesse sentido, conforme cita (Martins e Pereira, 2002): “A realidade retrata uma carreira quase inexistente, com condições de trabalho aviltadas, pouca retribuição financeira e discutível reconhecimento social.” Essas palavras caracterizam o depoimento das professoras acerca do reconhecimento do seu trabalho, no que se refere à falta de acompanhamento. Pode-se constatar que a família, nesse caso, não cumpre o seu papel que, inclusive, é definido pela LDB (1996), ao afirmar que a Educação Infantil se dá como um complemento à ação familiar, sendo assim, é necessário o acompanhamento dos pais no processo de ensino aprendizagem dessas crianças.

No que diz respeito à visão dos professores acerca da dicotomia cuidar/educar, seguem as informações abaixo:

Quadro 09 Relação cuidar/educar

Gestor Com relação ao cuidado aqui na escola é ótimo, nenhuma reclamação sobre falta de cuidado, portanto acredito acontecer de maneira satisfatória.
Professor I É uma tarefa que requer dedicação e gosto pelo que se faz, apesar de não ser fácil, mas é muito prazeroso.
Professor II Muito difícil, pois para se educar é necessário todo cuidado, integrando a própria família na escola.
Professor III Como eles são muito pequenos, eles dependem muito da gente e isso, às vezes dificulta a educação em si. Em minha opinião ensino infantil teria que ter dois professores por sala.

Fonte Direta: Escola Municipal Vida Verde (2011)

O trabalho com crianças de até 5 anos exige o cuidado e a educação como parte da relação diária entre professor e aluno, pois se sabe que o processo de maturação ainda não está desenvolvido nessas crianças. Dessa forma necessitam do auxílio do professor para a realização dos cuidados e suas tarefas do dia-a-dia, e esses cuidados devem ser interligados à educação.

Observando a resposta do gestor, este garante que essa relação acontece de forma satisfatória na escola, no que se refere às respostas dos professores, estes veem essa relação como algo difícil. No entanto, durante a observação pode-se constatar que falta nos professores entender a essência dessa relação, que dá de forma interligada, pois a partir do momento em que o professor ajuda a criança no desenvolvimento das atividades propostas, ao contribuir para que a criança compreenda determinados assuntos está mantendo a relação cuidar-educar. Essa é a essência da Educação Infantil: manter a integração cuidar/educar em uma única dimensão. “Cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades.” (BRASIL, RCNEI 1998 p.24). Se cuidar é ajudar a desenvolver capacidades, educar tem também de certa forma esse mesmo objetivo, por isso que não se devem tratar esses conceitos na sua individualidade, pois eles são interdependentes.

5.4 Como é feita a avaliação na Educação Infantil, na escola.

Com relação às formas de avaliação da Educação Infantil na escola pesquisada obtiveram-se os dados a seguir:

Quadro 10 Avaliação

Gestor Estamos participando do Projeto Gestão Nota 10, temos fichas de acompanhamento individual das notas, que são dadas observando os aspectos qualitativos e quantitativos.
Professor I Através do conhecimento, da maneira de conviver em grupo, psicológico; como é creche, eles são avaliados por vários fatores.
Professor II Levo em conta não apenas o conteúdo aprendido, mas também atitudes e habilidades alcançadas.
Professor III A avaliação é qualitativa, diariamente, com base no conhecimento que eles já têm o que conseguem fazer (executar), o que entenderam na participação seja escrita ou oral.

Fonte Direta: Escola Municipal Vida Verde (2011)

Analisando os dados obtidos na entrevista, nota-se que o gestor citou a participação da escola no Projeto Gestão Nota 10, o qual avalia individualmente cada criança a partir de dados qualitativos e quantitativos. Percebe-se na fala do gestor, que a escola vai contra ao que é defendido pela legislação e pelo RCNEI (1998) para a avaliação na Educação Infantil, ao afirmar que as crianças são avaliadas qualitativa e quantitativamente, sendo que é defendido que nessa etapa a avaliação se faz de forma qualitativa. Em relação aos professores, estes afirmaram avaliar as crianças através de vários aspectos, de forma qualitativa, observando seus progressos. Durante as observações, verificaram-se momentos em que os professores faziam avaliações superficiais, em que consideravam o certo e o errado nas atividades, o desenho melhor pintado. Observou-se ainda que os trabalhos feitos pelos alunos em algumas turmas eram guardados em pastas formando um portfólio, em outras eram dispostos pela sala, o que permitia uma verificação dos progressos dos alunos.

A avaliação na Educação Infantil deve ser feita observando-se o desenvolvimento do processo de aprendizagem das crianças de forma qualitativa. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação de dezembro de 1996 estabeleceu em seu artigo 31 que: “Na educação Infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental” (BRASIL, Lei 9493/96).

Funcionando, dessa forma, também como reflexão para o professor acerca dos resultados das suas ações educativas. A partir do acompanhamento do desenvolvimento, é possível rever as atividades e procurar adequá-las ao bom desenvolvimento do processo de aprendizagem.

5.5 Prática pedagógica para a nova sociedade.

Esse tópico se constitui, portanto, na quinta categoria, que se relaciona ao objetivo pelo qual se pretende investigar a visão dos professores acerca de uma prática pedagógica para a nova sociedade e compreende os quadros: Prática pedagógica para a nova sociedade e Obstáculos encontrados com relação à prática.

Então, ao questionar sobre como deveria ser uma prática pedagógica que atenda aos ideais da nova sociedade, obtiveram-se os seguintes resultados:

Quadro 11 Prática pedagógica para a nova sociedade.

Gestor É muito difícil. A nova sociedade ela não segue um padrão e não tem como planejar pensando num único modelo. Uma prática não pode ser aplicada da mesma forma. Não existindo padrões, a escola deve se adaptar ao aluno.
Professor I Está em sala de aula com vários pensamentos diferentes não é fácil. O que devemos ser é inovadores, buscar a cada dia chamar a atenção do aluno de forma que ele tenha gosto pelo que faz.
Professor II Uma prática relacionada no mundo atual, voltada pra tecnologia.
Professor III Uma prática que incentive, aguce cada vez mais o senso crítico, e percepção… E os induza a aprender mais e mais.

Fonte Direta: Escola Municipal Vida Verde (2011)

A partir das entrevistas, o que se constata é que tanto as professoras quanto o gestor têm conhecimentos acerca da importância que possui a ruptura com as práticas arcaicas e deixam claro isso nas falas. Entretanto, esse conhecimento não toma proporções práticas, é deixado somente na teoria, pois durante a observação verificou-se a ausência dessas inovações que elas defenderam como importantes para a educação atual.

Em uma sociedade em que a informação chega às pessoas por diversas vias, e em tempo recorde, não existe espaço para práticas pedagógicas arcaicas, pois  a sociedade atual exige que se repense as metodologias e que se faça da escola um local atrativo para que se possa desenvolver o processo educativo.

As grandes mudanças – principalmente tecnológicas – ocorridas nas últimas décadas determinam para os indivíduos formas de ruptura com os padrões vigentes, levando educadores e estudiosos a procurar novos pilares que sustentem o ser da modernidade nesta trajetória e busca de um conhecimento que lhe possibilite transitar com êxito nos inéditos espaços culturais criados pela virtualização, assincronia e digitalização das informações. (GUARNIERI, 2005. p.77)

Assim, se percebe que a nova sociedade exige uma ruptura com o comum, que se busquem sempre novas formas de está possibilitando uma aprendizagem condizente com suas necessidades e que desde cedo a criança possa está em contato com essas práticas como meio de desenvolver a autonomia.

Com relação aos obstáculos existentes para a consolidação dessa prática foram obtidos os dados abaixo:

Quadro 12 Obstáculos encontrados com relação à prática

Gestor As diferenças existentes em cada turma, clientela bem diversificada.
Professor I Muitas vezes a falta de recursos audiovisuais os quais podem enriquecer muito uma aula.
Professor II A falta de meios tecnológicos.
Professor III A falta de recursos, de um espaço adequado, de políticas públicas realmente preocupadas com a educação.

Fonte Direta: Escola Municipal Vida Verde (2011)

A partir das informações acerca dos obstáculos enfrentados em relação à consolidação de práticas atuais de educação, o gestor afirma que a clientela diversificada é um obstáculo. Quanto a isso, é notório que nem todas as crianças poderiam possuir as mesmas características, assim cabe à escola adequar as práticas, de forma a propiciar oportunidades de aprendizagem a todas elas. Já as professoras afirmaram que a falta de recursos e tecnologias se configuram como o principal obstáculo. “Vale ressaltar, primeiramente, que o simples uso de tais tecnologias, por si só, não tem o poder de melhorar a qualidade do ensino.” (GUARNIERI, 2005 p.81). A simples apropriação de informações não quer dizer que houve aprendizagem, é necessário o professor se inserir no processo de ensino. Assim, é necessário que se busque refletir acerca no processo educativo, de forma que o professor possa rever ações e com isso buscar novos métodos de estar desenvolvendo a aprendizagem, sem deixar-se ficar à margem dessa nova sociedade.

Durante a observação, não se presenciou de fato o uso de recursos tecnológicos, tampouco de atividades que fugissem dos aspectos tradicionais. O fato de a escola não dispor de tais recursos, nesse caso, acaba por fazer com que os professores fiquem alienados e não busquem outras formas de organizarem suas práticas.  Não se nega a importância de tais recursos como aliados no desenvolvimento das práticas, entretanto, nada substitui um professor valorizado, criativo e feliz executando um bom trabalho com seus alunos. O professor precisa estar consciente de que sua ação profissional competente não será substituída pelas tecnologias, estas se constituem como um auxílio à sua prática.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Educação Infantil compreende um período extremamente importante, é nessa etapa de ensino que se desenvolvem aspectos relevantes para a formação do indivíduo. Desse modo, os profissionais que trabalham nessa área têm um papel fundamental nesse processo de ensino aprendizagem. Nesse sentido, é necessário que a prática pedagógica destes seja clara e coerente com a educação que se pretende desenvolver.

A prática pedagógica se constitui no aspecto fundamental do cotidiano das crianças na escola, englobando as rotinas e atividades que compõem o seu dia a dia. Dessa forma, exige-se que este trabalho seja conduzido considerando cada momento como uma possibilidade de desenvolver aprendizagens. Várias são as formas que o professor pode utilizar no sentido de promover aprendizagens significativas, envolvendo as crianças através de atividades próprias de suas idades na construção de conhecimentos, como as brincadeiras, os jogos, enfim, através da interação com outras crianças em momentos propícios para a aprendizagem.

A pesquisa foi realizada na Escola Municipal Vida Verde, na cidade de Campo Maior – PI, nas salas de creche e pré-escola que correspondem à Educação Infantil, no turno da manhã, em que do universo de 6 (seis) professoras que trabalham na etapa e no turno pesquisado, foram observados 3 (três), com o objetivo de verificar como são realizadas as práticas das mesmas. Para isso, foi desenvolvida a técnica de entrevista com as professoras, em que as mesmas responderam ao total de 12 (doze) questionamentos e ainda um questionário para fins de conhecimentos pessoais. A entrevista, bem como o questionário, foi aplicada também ao coordenador. Para fins de complementação foram realizadas observações em sala de aula, como meio de estar em contato com as práticas desenvolvidas.

Acerca dos objetivos traçados para esta pesquisa, relatou-se como é desenvolvido o trabalho pedagógico da Educação Infantil da Escola observada, evidenciou-se a contribuição da prática pedagógica no processo de ensino aprendizagem, foram identificadas as principais dificuldades subjacentes à prática pedagógica dos professores. A partir daí compreendeu-se como é feita a avaliação na Educação Infantil na escola, e, posteriormente, investigou-se a visão dos professores acerca de uma prática pedagógica para a nova sociedade, o que proporcionou uma visão acerca do modo como é concebido o trabalho pedagógico na Educação Infantil na escola em estudo.

Portanto, pode-se constatar através da observação que as práticas requerem mudanças, necessitando de uma reflexão por parte dos professores no sentido de estarem adequando-se às reais necessidades educacionais e utilizando-se de metodologias dinâmicas, atrativas para seu público que são as crianças, visto que o que se observou na maioria das turmas foram metodologias descontextualizadas, muitas vezes sem fins pedagógicos, cuja preocupação era em estar ocupando a criança. Entende-se que há a necessidade de esses professores buscarem orientações acerca de práticas motivadoras e lúdicas para melhor desenvolvimento do processo de ensino, visto que se percebe, em todos, o conhecimento acerca da importância de práticas educativas inovadoras.

A experiência obtida com o trabalho foi relevante de modo que os conhecimentos adquiridos através do contato com as práticas pedagógicas desenvolvidas vêm a contribuir para as próprias ações enquanto educadora. Assim evidencia-se a importância da Educação Infantil e, sobretudo, das práticas pedagógicas como possibilitadoras da interação entre as crianças contribuindo, para sua identidade e autonomia. Portanto, espera-se que essas abordagens e reflexões acerca da criança, do desenvolvimento da aprendizagem e das práticas que permeiam esse processo contribuam para uma visão diferenciada da Educação Infantil, em que o fazer pedagógico seja um alicerce para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças no sentido de formar sujeitos capazes de exercer a cidadania.

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Autor: Ioneide


[1] A Constituição Federal foi alterada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006, que definiu a Educação Infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade.

[2]  A resolução Nº 3 de Agosto de 2005, define a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos e consequentemente, a Educação Infantil passou a ser assim definida: Creche até 3 anos de idade, e Pré-escola para 4 e 5 anos de idade.

[3] O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil é um documento elaborado pelo Ministério da Educação, disposto em 3 volumes, como uma forma de dar subsídio às práticas dos professores.

[4] Plano Nacional de Educação (PNE), criado pelo MEC, é um documento que traça as diretrizes e metas para a Educação brasileira, essa citação foi retirada do Plano Nacional de Educação de 2000/2011. O PNE para o decênio 2011/2020 ainda não foi aprovado, tem-se apenas o Projeto de Lei.


[1] A Constituição Federal foi alterada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006, que definiu a Educação Infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade.

[2]  A resolução Nº 3 de Agosto de 2005, define a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos e consequentemente, a Educação Infantil passou a ser assim definida: Creche até 3 anos de idade, e Pré-escola para 4 e 5 anos de idade.

[3] O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil é um documento elaborado pelo Ministério da Educação, disposto em 3 volumes, como uma forma de dar subsídio às práticas dos professores.

[4] Plano Nacional de Educação (PNE), criado pelo MEC, é um documento que traça as diretrizes e metas para a Educação brasileira, essa citação foi retirada do Plano Nacional de Educação de 2000/2011. O PNE para o decênio 2011/2020 ainda não foi aprovado, tem-se apenas o Projeto de Lei.

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