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Atualizado em 10/08/2024

Depressão em crianças e adolescentes: o transtorno mental que preocupa

Descubra tudo sobre depressão e como tratar esse transtorno mental que está assombrando mais e mais crianças e adolescentes. Saiba mais agora.

DEPRESSÃO: O TRANSTORNO MENTAL QUE ASSOMBRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

por Roberto Giancaterino*

O termo Depressão pode significar um sintoma que faz parte de inúmeros distúrbios emocionais, sem ser exclusivo de nenhum deles. Pode significar uma síndrome traduzida por muitos e variados sintomas somáticos ou ainda, pode significar uma doença, caracterizada por marcantes alterações afetivas (Cass, 1999). Apesar de ser bem mais comum em adultos, estudos populacionais mostram que cerca de 20% das crianças e adolescentes com idade entre 9 e 17 anos têm algum transtorno mental diagnosticável. Em relação à depressão especificamente, estima-se que a doença atinja, nos Estados Unidos, 0,9% das crianças em idade pré-escolar, 1,9% em idade escolar e 4,7% dos adolescentes (Cândida 2005).

Este mal atinge inclusive as crianças e adolescentes. A rotina que as crianças têm a cumprir pode ser um desgaste não apenas físico, mas também mental, que começa, desde cedo, a exigir demais de si mesmas. O excesso de atividades também é um dos causadores do estresse na classe média e, na classe menos favorecida, existem situações desgastantes como: trabalhar para ajudar os pais, cuidar dos irmãos menores, ir para a escola com fome, ter que tirar boas notas sem contar com ninguém para ajudar nas tarefas escolares e vários outros fatores que acarretam o estresse, que pode culminar na depressão infantil. Embora na maioria das crianças a sintomatologia da depressão seja atípica, algumas podem apresentar sintomas clássicos de depressão, tais como tristeza, ansiedade, expectativa pessimista, mudanças no hábito alimentar e no sono ou, por outro lado, problemas físicos, como dores inespecíficas, fraqueza, tonturas e mal-estar geral que não respondem ao tratamento médico habitual (Ballone, 2005).

Na criança e no adolescente, a depressão, em sua forma atípica, esconde verdadeiros sentimentos depressivos sob uma máscara de irritabilidade, agressividade, hiperatividade e rebeldia. As crianças mais novas, devido à falta de habilidade para uma comunicação que demonstre seu verdadeiro estado emocional, também manifestam a depressão atípica, notadamente com hiperatividade (Ballone, 2005). Apesar da grande relevância da depressão na infância e na adolescência, as dificuldades de aprendizagem na escola, no trabalho e no ajuste pessoal não têm sido devidamente avaliadas pela família nem adequadamente diagnosticadas pelos médicos.

Conforme Meleiro (2000), a depressão é um dos distúrbios psiquiátricos mais comuns na prática médica. Estima-se que cerca de 9% dos homens irão apresentar alguns de seus sintomas em algum momento ao longo de suas vidas. Entretanto, a depressão pode estar subestimada, visto que a taxa de depressão não detectada e não tratada pode ser mais elevada, especialmente em populações específicas como a de idosos (10%) e a de pessoas com doenças físicas (20% a 50%), nas quais os pacientes podem atribuir, inadequadamente, os sintomas depressivos à própria doença orgânica.

Um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstra que 20% das crianças e adolescentes apresentam sintomas da depressão, como irritabilidade ou apatia e desânimo. Dentro da realidade brasileira, esse número cai para 10%. Segundo o psiquiatra gaúcho Salvador Célia, presidente do Departamento de Saúde Mental da Sociedade Brasileira de Pediatria, se não houver intervenção médica, essas crianças são fortes candidatas a se tornarem adultos depressivos pelo resto da vida (Leite, 2002).

Ainda na visão de Meleiro (2000), a depressão é um dos maiores problemas de saúde do mundo. De uma forma ou de outra, cerca de 17% da população tem um ou mais episódios de depressão suficientemente grave durante sua vida. Para a maioria das pessoas, esses episódios estão relacionados a algum acontecimento adverso, como a morte de uma pessoa próxima, a perda de um emprego, a falta temporária de perspectivas, o sofrimento com doenças crônicas, etc.

Para Jeffrey (2003), a depressão é um distúrbio cíclico, com períodos de alívio ou bem-estar alternando-se com períodos de depressão ou de depressão mania. Às vezes há apenas um episódio de depressão, mas na maioria dos casos, particularmente com crianças, ocorre mais de um. A depressão pode ser considerada uma doença que vem abrangendo grande parte da população, a qual precisa aprender a conviver com este mal e procurar desenvolver mecanismos para combater os problemas gerados pela mesma. Destaca-se ainda que a doença interfere na habilidade pessoal de trabalhar, dormir, se relacionar, comer e de gostar de atividades antes consideradas prazerosas, circunstâncias estas que não ocorrem com as pessoas que não apresentam esta doença. Existem várias pesquisas que buscam encontrar algum determinante em termos de herança genética para que uma pessoa manifeste “depressão”. O que se percebe através de pesquisas realizadas é que mesmo que exista uma predisposição genética, isso por si só não determina a ocorrência de uma crise depressiva (Gasparini, 2000).

A história do indivíduo está ligada à forma como ele se constitui e desenvolve sua maneira de ser. A pessoa que apresenta um quadro depressivo, por diferentes motivos, ao longo de sua vida aprende a não perceber seus próprios limites. Deixa de lado sua capacidade de identificar suas necessidades e sentimentos, e se perde em um emaranhado de introjeções. Gasta muita energia para obter um pouco de gratificação. Na relação com o mundo, o indivíduo não consegue se nutrir emocionalmente de maneira adequada, o que leva gradativamente a uma falta de sentido na relação com o meio externo (Marcelo, 2005).

É importante ressaltar ainda que pessoas gravemente deprimidas podem tirar a própria vida. Enquanto a maior parte delas guarda os seus pensamentos consigo mesma até cometerem o ato, outras, na verdade, realmente falam sobre eles com amigos e familiares. Parentes e amigos precisam levar as ameaças de suicídio a sério e não vê-las como meros subterfúgios para chamar a atenção.

Referências Bibliográficas

BALLONE, G. J. Dificuldades de aprendizagem ou dificuldades escolares. Disponível em: http://www.psiqwed.med.br/infantil/aprendiza.html, 2005.
CÂNDIDA, T. O drama da depressão infantil. Disponível em: http://saude.terra.com.br/interna/0,OI124091-EI1507,00.html, 2005.
CASS, H. Erva de São João: o antidepressivo natural. Tradução: Renata Cordeiro. São Paulo: Madras, 1999.
GASPARINI, S. R. Depressão, gênero feminino. São Paulo: Ática, 2000.
JEFFREY, A. M. Depressão infantil. São Paulo: M. Book do Brasil, 2003.
LEITE, E. P. Depressão infantil. Publicado em 19 de fevereiro de 2002. Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=43.
MARCELO, Márcia. Depressão. Disponível em: http://www.marcelomarcia.na-web.net/depressaoCorpo.html, 2005.
MELEIRO, C. J. Depressão humana. Disponível em: www.medic.com.br, 2000.

Roberto Giancaterino*

Pós-Doutorado em Educação, Doutor em Filosofia e Mestre em Ciências da Educação e Valores Humanos. Filósofo, Físico, Matemático e Pedagogo.

Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional; Valores Humanos Transdisciplinares; Tecnologia Educacional; Docência do Ensino Superior; Administração e Supervisão Educacional.

Docente no Departamento de Pós-Graduação em Educação nas Faculdades Interlagos de Educação e Cultura, São Paulo. Professor de Física e Matemática da Rede Pública Estadual em São Bernardo do Campo, São Paulo. Escritor, Pesquisador, Palestrante conferencista e Seminarista na Área Educacional.

CONTATO: [email protected]

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Este texto foi publicado na categoria Saúde Mental e Psicológica.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

2 respostas para “Depressão em crianças e adolescentes: o transtorno mental que preocupa”

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