O ato de roer as unhas, também conhecido por onicofagia, é um hábito comum em crianças a partir dos três anos que pode se prolongar durante a infância, adolescência ou mesmo na vida adulta.
Pode conduzir a deformações dos dedos, desgaste do esmalte dos dentes, maloclusão dentária e infecções da boca, das unhas e da pele.
Este hábito afeta também o aspecto inestético que tem na criança, com consequente impacto na autoestima. Este comportamento inconsciente e repetido pode ter origem genética, mas, sobretudo, ambiental, muitas vezes por imitação e desencadeado por situações de ansiedade ou tédio.
Para evitar este hábito no seu filho, tome as seguintes medidas:
- Pergunte-lhe por que rói as unhas, tente perceber em que circunstâncias acontece e identifique um padrão.
- Não o castigue ou penalize, porque dessa forma reforçará o vício e piorará a autoestima do seu filho.
- Tente arranjar uma distração quando isso acontece, como atividades que ocupem as mãos (bola antistresse, um jogo ou um desenho) ou a boca (cantar, contar histórias, beber um copo de água e/ou oferecer uma pastilha sem açúcar).
- Mantenha as unhas curtas e arranjadas.
- Proteja-as com esmaltes coloridos, use cores atrativas, nas meninas, ou esmaltes transparentes, não tóxicos. Evite produtos com álcool ou com pimenta. Uma outra estratégia, também no caso das meninas, é estimular através da utilização das unhas decoradas, seja com carimbo de unha ou outros métodos.
Roer as unhas é um tique frequente, pouco grave e transitório, mas caso tenha grande impacto social ou se perpetue no tempo, pode justificar aconselhamento por um profissional de saúde e recurso a terapias comportamentais e, por vezes, farmacológicas.
Revisão científica: Ana Serrão Neto (médica pediatra e coordenadora do Centro da Criança do Hospital Cuf Descobertas em Lisboa)
O hábito de roer unhas pode começar a partir dos três ou quatro anos de idade. A onicofagia, como esse costume é chamado, pode ser considerado normal para essa fase do desenvolvimento da criança, já que o roer tem certa relação com a “independência” do pequeno.
Explicamos: é na faixa dos 3 ou 4 anos que a criança começa a fazer coisas sozinhas. É o início dos desafios, pois já não recebe tudo prontinho como na fase de bebê. Acontece que às vezes ele consegue passar pelos obstáculos apresentados. Mas outras não. E quando não consegue executar algo, o pequeno pode ficar ansioso. O que ele pode fazer para minimizar a tensão? Isso mesmo: roer a unha.
Esse hábito pode ser passageiro ou então durar até os 16, 18 anos, com picos de melhora e piora. Para alguns, pode permanecer durante toda a vida.
Além da tensão e ansiedade, outros fatores contribuem para esse péssimo hábito. O tédio, o cansaço e o estresse. Pouca atividade ou em excesso são prejudiciais.
Muitas vezes, o roer de unhas pode ser uma imitação dos pais, do irmão ou de um amiguinho da escola e nem sempre provém de alguma ansiedade. É bom estar de olho nos modelos que a criança copia. Normalmente, a imitação é um hábito passageiro.
Algumas dicas auxiliam os pais a ajudar os filhos a cessarem o roer de unhas. Uma das mais importantes é não reforçar. Portanto, não adianta chamar a atenção ou dar bronca quando a criança estiver roendo a unha. Com isso, os pais chamam a atenção para o hábito, reforçando-o, dando a atenção que toda criança gosta – mesmo sendo uma advertência. Que coisa, né.
Castigos, colocar pimenta ou outra substância amarga nos dedos também não resolve. Para a criança, parece que os pais estão punindo-a. Não há motivo para punição, já que roer as unhas é um ato compulsivo e não porque a criança quer.
Se os pais perceberem que os filhos roem as unhas em momentos de tensão, evitem que assistam a filmes ou desenhos que contenham perseguições, suspenses ou terror.
Driblando esse mau costume
A melhor maneira de acabar ou diminuir a onicofagia é conversar e conscientizar a criança sobre o mau hábito. Dizer que é perigoso para a saúde, já que as unhas estão normalmente sujas e pode entortar os dentes. A criação de gestos para ser usado na frente de outras pessoas que só você e o seu filho saibam para que ele retire a mão da boca é importante para que não se sinta envergonhado.
Realizar atividades relaxantes com a criança e oferecer um espaço para que expresse seus medos, angústias e dúvidas são muito importantes. Promova elogios a todas as atividades que a criança consiga realizar e incentive as que não consegue. Nunca deprecie ou humilhe na frente de outras pessoas.
Se a criança estiver roendo as unhas, não chame a sua atenção. Simplesmente lhe dê um brinquedo, peça para que te ajude em alguma atividade ou peça para que cantem uma música juntos. A criança, sem perceber, cessará o hábito.
A preocupação pode aumentar quando a criança rói as unhas e ainda apresenta um comportamento incomum, como agressividade, medos exagerados, choro e baixa tolerância à frustração. Nesses casos, é melhor procurar ajuda especializada de um psicólogo, pois mostra que a criança não está conseguindo sozinha resolver seu conflito.
Autor: Bruno Rodrigues
Para mais informações sobre o desenvolvimento infantil, você pode conferir o artigo sobre a importância da psicomotricidade no processo da aprendizagem.
Além disso, atividades que promovem o relaxamento, como a bola antistresse, podem ser úteis para ajudar a criança a lidar com a ansiedade.
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