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Atualizado em 10/08/2024

Ideias e práticas correntes da presença do movimento na educação infantil

Descubra como o movimento pode influenciar positivamente a educação infantil! Esta postagem oferece ideias e práticas correntes que demonstram como a presença do movimento pode ter um grande impacto na vida dos alunos na sala de aula. Acesse agora para começar a se beneficiar!

ARTIGO

O movimento é parte integrante da vida humana.

As crianças, desde o seu nascimento, movimentam-se e este vai se aprimorando a cada dia por intermédio das experiências, como, por exemplo: correm, saltam, manuseiam objetos, etc.

O movimento humano não se resume apenas a um deslocamento, mas sim a uma forma de linguagem corporal em que expressamos nossos sentimentos, emoções e pensamentos.

O modo como se processa o movimento é o resultado da interação do homem com o meio, interações sociais e, através do tipo de movimento, expressamos as necessidades, interesses, entre outros.

O movimento está intimamente ligado à cultura na qual a criança está inserida.

As instituições de educação infantil devem propiciar um espaço adequado para que as crianças se sintam seguras para desenvolverem seus movimentos, vencendo os desafios.

O trabalho com o movimento deve propiciar à criança um desenvolvimento dos aspectos da motricidade e a ampliação da cultura corporal de cada criança.

Presença do movimento na educação infantil: ideias e práticas correntes.

As práticas pedagógicas na educação infantil definem variadas concepções da utilização e finalidade do movimento trabalhado em creches, pré-escolas e outras instituições.

Algumas escolas, em suas práticas educativas, visando manter a ordem e a disciplina, impõem às crianças regras e limites no que diz respeito aos movimentos, por exemplo: formar filas, realizar atividades sistematizadas, entre outras.

Outro objetivo na manutenção do controle dos movimentos é que estes impedem a concentração e a atenção da criança, atrapalhando a aprendizagem, o que é o contrário, ou seja, o impedimento do movimento pode dificultar o pensamento e a atenção. As consequências desse controle dos movimentos da criança podem ocasionar a passividade, perda do controle do corpo, entre outros.

Outras atividades realizadas nas escolas, com o intuito da manutenção da disciplina, exigem das crianças movimentos controlados, tolindo sua liberdade.

No berçário, normalmente são realizadas atividades mecânicas com os bebês, por exemplo:

Movimentos de estimulação mecânicos que acabam por ocasionar na criança uma atitude de passividade, desvalorizando seu grande potencial de descobertas e desafios, e também desprezando a troca de atividade que estes momentos proporcionam.

Para a criança pequena, o movimento é algo mais do que mecânico e sim uma forma de expressão e comunicação através dos gestos faciais e da utilização do corpo. Quanto mais nova a criança, mais necessita dos adultos para a compreensão dos seus gestos para o atendimento de suas satisfações e necessidades, e já a partir do momento em que a criança vai crescendo, passa a tornar-se cada vez mais independente.

No início do desenvolvimento da criança, predomina a dimensão subjetiva da motricidade, que se torna eficaz com as pessoas com as quais ela interage diretamente. A partir do momento em que a criança vai crescendo, ela ganha autonomia para interagir diretamente.

Os pais e os adultos que interagem diretamente com o bebê têm a grande responsabilidade de identificar os significados dos seus movimentos, e essa identificação torna-se possível através das observações no cotidiano.

A primeira função da motricidade é a expressão das necessidades, desejos e estados; isso ocorre não apenas no bebê, como em crianças maiores, através das brincadeiras.

O corpo é um importante meio para expressar os sentimentos, inclusive até nos adultos, em expressões faciais através das falas, gestos, entre outros, que variam de cultura para cultura.

O trabalho pedagógico deve respeitar a expressividade e o movimento próprio da criança, pois um grupo disciplinado, onde todos participam com envolvimento e mobilidade nas atividades propostas, facilitará ao professor planejar melhor a sua aula e não será interpretado meramente como falta de disciplina.

A criança e o movimento

O primeiro ano de vida

Neste período, predomina a dimensão subjetiva, pois as relações do bebê com as pessoas que interagem com ele são através das emoções.

Através das expressões de outras pessoas, as crianças imitam e criam suas próprias, ocorrendo, com isso, possibilidades de aprendizagens constantes.

Através dos inúmeros movimentos realizados pelo bebê, vai-se aumentando o campo das conquistas até chegar propriamente na locomoção independente.

O bebê dedica bastante tempo ao conhecimento do seu próprio corpo e à investigação dos efeitos causados pelos seus próprios gestos sobre os objetos do mundo exterior, o que lhes permite a descoberta dos limites e a unidade do próprio corpo, que é uma importante conquista no plano da consciência corporal.

A descoberta do bebê do efeito de seus gestos sobre outros objetos lhe propicia a coordenação sensório-motora, e a grande conquista com as relações com os objetos é o gesto de preensão, que se constitui no movimento das mãos, que opõe o polegar aos outros dedos, utilizado para segurar, agarrar, etc.

Conquistas como a preensão e a locomoção são importantes fatores no plano da motricidade objetiva e vão se aprimorando através de atividades diversificadas e desafiadoras dos bebês.

Antigamente, o bebê era mantido praticamente em estado de imobilidade; não lhe era oferecida nenhuma oportunidade de movimentar-se livremente, pelo fato de evitar que ele se machucasse, o que lhe dificultava o desenvolvimento de sua independência de expressar-se e o desenvolvimento de suas habilidades.

A aceitação da importância da corporeidade do bebê é recente.

Crianças de um a três anos

Após aprender a andar, a criança se diverte em locomover-se sem uma finalidade, o que lhe proporciona um amadurecimento e, consequentemente, o aperfeiçoamento e a segurança do andar, propiciando também a exploração dos objetos através das mãos.

Através da exploração, a criança tem a possibilidade de adequar seus gestos e movimentos à realidade.

A criança, ao manipular determinado objeto, não restringe seu uso cultural, mas sim na exploração de várias outras possibilidades de uso, como, por exemplo: a criança ao pegar uma xícara para beber água, também pode pegá-la simplesmente para brincar.

Outro aspecto importante da expressividade do ato motor é o desenvolvimento dos gestos simbólicos, ligados ao faz-de-conta ou aos que possuem função indicativa.

No faz-de-conta, podemos observar que as crianças revivem uma determinada cena através de gestos, onde a imitação é um fator de grande importância.

No plano da consciência corporal, a criança começa a reconhecer a imagem do seu próprio corpo através, principalmente, de interações sociais e brincadeiras diante do espelho, o que lhe proporciona a construção de sua identidade.

Crianças de quatro a seis anos

Nesta fase, ocorre a ampliação do repertório de gestos instrumentais que contam com progressiva precisão, por exemplo, dos atos de recortar, colar, encaixar pequenas peças, etc., que se sofisticam.

Mesmo nesta fase, a criança permanece com a tendência lúdica da motricidade, onde é comum observar que as crianças, durante a realização de uma atividade, desviam a atenção de seus gestos para outra atividade.

Neste período, a criança começa a pensar antes de agir, planejando suas ações, por exemplo, contando para outra criança o que irá realizar, e ocorre também a contenção motora, que se caracteriza pelo aumento do tempo em que a criança consegue manter-se na mesma posição, que se dá em virtude da diminuição da impulsividade motora, que predominava nos bebês.

As práticas culturais e as possibilidades de exploração oferecidas pelo meio do qual a criança está inserida proporcionam-lhe o desenvolvimento de suas capacidades e a construção de seus próprios repertórios, o que varia de região para região.

Objetivos

Crianças de zero a três anos

A prática educativa deve ter a finalidade do desenvolvimento das seguintes capacidades das crianças:

  • Reconhecimento do próprio corpo;
  • Exploração das possibilidades de gestos e ritmos corporais para expressar-se em brincadeiras e outras interações;
  • Segurança e confiança em suas capacidades motoras;
  • Exploração e utilização dos movimentos de preensão, encaixe, etc. no uso de objetos diretos.

Crianças de quatro a seis anos

Nesta fase, deve-se ter uma aprofundidade e ampliação dos objetivos estabelecidos no período de zero a três anos para que as crianças sejam capazes de:

  • Ampliação das possibilidades de expressão do próprio movimento para utilizações em diversas situações;
  • Conhecimento das potencialidades e limites do próprio corpo;
  • Controlar e aperfeiçoar gradativamente o próprio movimento;
  • Utilização dos movimentos de preensão, encaixe, lançamento, etc., para a ampliação de suas possibilidades em diferentes situações;
  • Conhecimento, interesse e cuidado da imagem do seu próprio corpo.

Conteúdo

A organização dos conteúdos para se trabalhar o movimento deve respeitar as diferentes capacidades das crianças em cada faixa etária e as diferentes culturas presentes nas regiões do país.

Os conteúdos devem priorizar capacidades expressivas e instrumentais do movimento, permitindo que as crianças ajam cada vez mais com intencionalidade.

Devem ser organizados de maneira contínua e integrada, envolvendo múltiplas atividades realizadas pela criança sozinha e em situações de interação, através de diferentes espaços e materiais.

Os conteúdos são organizados em dois blocos:

  • Possibilidades expressivas do movimento;
  • Caráter instrumental.

Expressividade

Nas instituições de educação infantil, deve-se possibilitar condições para que as crianças utilizem gestos, posturas e ritmos para expressar-se e comunicar, e abrir oportunidades para a apropriação dos significados expressivos do movimento.

A expressividade do movimento engloba expressões e comunicações relacionadas com a cultura. A dança manifesta a cultura corporal dos diferentes grupos sociais e não pode ser determinada por macacão e definição de coreografias pelos adultos.

Crianças de zero a três anos

  • Exploração dos segmentos do próprio corpo;
  • Expressão de sensações e ritmos corporais;

Orientações didáticas

Atividades de exploração do próprio corpo podem ser desenvolvidas no banho, massagem, entre outros.

A percepção rítmica, a identificação de segmentos do corpo e o contato físico podem ser desenvolvidos em brincadeiras que envolvam o canto e o movimento simultaneamente.

Para que a criança tenha um conhecimento maior do seu corpo e de seus movimentos, é importante ter nos berçários e salas espelhos situados ao lado de colchonetes, almofadas, etc.

As mímicas faciais e gestos são de grande importância na expressão de sentimentos e em sua comunicação, levando as crianças ao conhecimento de suas próprias capacidades expressivas e aprender as das outras pessoas, e a ampliação de sua comunicação.

Brincadeiras de roda ou de danças circulares proporcionam às crianças o desenvolvimento da noção de ritmo individual e coletivo e de expressar suas emoções.

O professor deve cuidar de sua expressão e postura ao lidar com seus alunos, pois ele é um modelo para as crianças.

O conhecimento de jogos e brincadeiras são condições importantes para as crianças desenvolverem sua motricidade harmoniosa.

Crianças de quatro a seis anos

  • Utilização expressiva intencional do movimento em diversas situações.
  • Percepção de estruturas rítmicas para a expressão corporal.
  • Valorização e ampliação dos movimentos através dos diversos tipos de danças.
  • Percepção de sensações, limites, potencialidades, sinais vitais e integridade do próprio corpo.

Orientações didáticas

Através de maquiagem, fantasias diversas, roupas velhas de adultos, sapatos, bijuterias e acessórios são importantes instrumentos que, diante do espelho, as crianças brincam de faz-de-conta percebendo que sua imagem modifica-se sem mudar a pessoa.

O professor pode propor a seus alunos jogos envolvendo interação, imitação, reconhecimento do corpo e observação de partes do corpo de seus colegas, usando-os como modelo, como, por exemplo, para: moldar, pintar ou desenhar.

Nestas atividades, não há necessidade de se estabelecer uma hierarquia prévia entre as partes do corpo trabalhadas, e sim deixar livre a criatividade da criança. O professor deve estar atento aos conhecimentos prévios da criança para uma melhor adequação em seus projetos educativos.

O trabalho de conhecimento dos sinais vitais e suas alterações pode ser realizado através de atividades como correr, rolar, e quando são massageadas, amplia o conhecimento do próprio corpo e da expressão harmoniosa do movimento, o que pode se transformar em atividades divertidas e significativas para as crianças.

No Brasil, existem inúmeras atividades que, além de socializar, trazem para a criança inúmeras possibilidades de realização de movimentos de diferentes qualidades expressivas e rítmicas que se diversificam de região para região.

Equilíbrio e coordenação

O ato de brincar envolve aspectos ligados à coordenação do movimento e do equilíbrio.

As instituições de ensino devem fornecer, em seu cotidiano, atividades que promovam a coordenação dos movimentos e o equilíbrio das crianças.

Crianças de zero a três anos

  • Exploração através de diversificadas atividades da exploração de diferentes posturas corporais.
  • A ampliação da destreza em movimentar-se no espaço através de atividades onde há a abertura de possibilidades.
  • Aperfeiçoamento dos gestos relacionados com a preensão através de diversas situações onde há o desenvolvimento das habilidades manuais.

Orientações didáticas

Quanto menor a criança, mais responsabilidade tem o adulto em lhe proporcionar atividades em que haja o desenvolvimento de experiências posturais e motoras variadas.

O professor deve organizar seu ambiente de trabalho de maneira a oferecer para as crianças diversos materiais para lhes proporcionar a descoberta, exploração do movimento e seu aperfeiçoamento.

Crianças de quatro a seis anos

  • Participação em diversas brincadeiras que lhe proporcionem a ampliação do conhecimento, controle sobre o corpo e o movimento.
  • Utilização de recursos de deslocamento e das habilidades em brincadeiras das quais ele participa.
  • Valorização das conquistas corporais.
  • Manipulação de diversos materiais para o aperfeiçoamento de suas atividades manuais.

Orientações didáticas

É de grande importância oferecer para a criança uma grande diversidade de movimentos, mas tomando sempre o cuidado de enquadrar em modelos pré-estabelecidos que causem qualquer tipo de discriminação.

A brincadeira de pular corda proporciona à criança uma intensa pesquisa corporal em relação aos movimentos.

Os primeiros jogos de regra são importantes para o desenvolvimento das capacidades corporais de equilíbrio, coordenação, situações competitivas, onde o professor deve ajudar a criança a desenvolver uma atitude de competição saudável através do acompanhamento.

Existe uma grande diversidade de jogos e brincadeiras nas regiões do Brasil que desenvolvem a descoberta, exploração de capacidades físicas e a expressão de emoções.

Cabe ao professor pesquisar junto às crianças, familiares e comunidade, aqueles mais significativos, possibilitando às crianças a maneira positiva de lidar com os limites e as possibilidades do próprio corpo.

Orientações gerais para o professor

  • O professor deve perceber os diversos significados que a atividade motora possa ter para a criança para dar-lhe melhores condições de expressarem com liberdade e aperfeiçoarem sua motricidade.
  • Refletir sobre solicitações corporais das crianças e sua atitude diante das manifestações da motricidade infantil, compreendendo seu caráter lúdico e expressivo.
  • Planejar situações de trabalho voltadas para aspectos específicos do desenvolvimento corporal e motor, adequando as atividades de tempo, de concentração motora ou de manutenção postural às possibilidades das crianças de diversas idades.
  • Reflexão sobre a lateralidade.
  • Organização do ambiente, materiais e do tempo visando o auxílio das manifestações motoras das crianças, estejam integradas nas diversas atividades de rotina.

Observação, registro e avaliação formativa

Para se ter condições de avaliação se uma criança está desenvolvendo sua motricidade de forma saudável e necessária, primeiro é necessária uma reflexão sobre o ambiente da instituição e o trabalho desenvolvido.

A avaliação do movimento deve ser contínua, levando em consideração os processos vividos pela criança, resultando do trabalho intencional do professor.

Devem ser documentados e sempre atualizados aspectos referentes à expressividade do movimento e sua dimensão instrumental da criança.

É importante informar para as crianças a respeito de suas competências, sempre valorizando seu empenho e conquistas, evitando a comparação com outras crianças.

Conclusão

Este artigo sobre “Pensamento do movimento na educação infantil: ideias e práticas correntes” é de suma importância para todos educadores, pais e outras pessoas envolvidas diretamente no dia a dia das crianças.

Temos por hábito moldar o comportamento das crianças de acordo com nossos moldes.

Muitas vezes, não nos damos conta da importância que o movimento tem para as crianças no desenvolvimento de sua criatividade, autonomia, entre outros.

É principalmente nesta fase inicial que a criança precisa de liberdade de expressão para o desenvolvimento da psicomotricidade, adquirindo com isso a autonomia de seus movimentos. Através das experiências, a criança vai aperfeiçoando seus movimentos.

Autora: Juliana Ridolfi de Lima

REFERÊNCIA:

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular Nacional para educação infantil: conhecimento de mundo. Brasília: MEC/SEF, 1998. v. 3.

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Este texto foi publicado na categoria Maternidade e Desenvolvimento Infantil.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

2 respostas para “Ideias e práticas correntes da presença do movimento na educação infantil”

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