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Atualizado em 10/08/2024

Émile Durkheim: O Pai da Sociologia (1858-1917)

Descubra como o clássico pensador francês Émile Durkheim influenciou a sociologia moderna. Saiba mais sobre a vida e obra deste pioneiro na ciência e explore como seus estudos ainda se aplicam hoje. Leve seu conhecimento ao próximo nível!

 
Émile Durkheim nasceu em Épinal, na Alsácia, no dia 15 de Abril de 1858. Descendente de uma família judia, iniciou os seus estudos filosóficos na Escola Normal Superior de Paris, indo depois para a Alemanha. Ainda moço, decidiu não seguir o caminho dos familiares, levando, pelo contrário, uma vida bastante secular. Na sua obra, por exemplo, explicava os fenômenos religiosos a partir de fatores sociais e não divinos. Tal fato não o afastou, no entanto, da comunidade judaica. Muitos de seus colaboradores, entre eles seu sobrinho Marcel Mauss, formaram um grupo que ficou conhecido como escola sociológica francesa. Entrou na “École Normale Supérieure” em 1879 juntamente com Jean Jaurès e Henri Bergson. Durante estes estudos, teve contatos com as obras de Augusto Comte e Herbert Spencer, que o influenciaram significativamente na tentativa de buscar a cientificidade no estudo das humanidades.
Fundou também a revista “L’Année Sociologique”, que afirmou a preeminência durkheimiana no mundo inteiro.
É considerado um dos pais da sociologia moderna. Durkheim foi o fundador da escola francesa de sociologia, posterior a Marx, que combinava a pesquisa empírica com a teoria sociológica. É amplamente reconhecido como um dos melhores teóricos do conceito da coesão social.
Partindo da afirmação de que “os fatos sociais devem ser tratados como coisas”, forneceu uma definição do normal e do patológico aplicada a cada sociedade, em que o normal seria aquilo que é ao mesmo tempo obrigatório para o indivíduo e superior a ele, o que significa que a sociedade e a consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo de terem uma existência tangível. Essa preponderância da sociedade sobre o indivíduo deve permitir a realização deste, desde que consiga integrar-se a essa estrutura.
Para que reine certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o aparecimento de uma solidariedade entre seus membros. Uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de modernidade da sociedade, a norma moral tende a tornar-se norma jurídica, pois é preciso definir, numa sociedade moderna, regras de cooperação e troca de serviços entre os que participam do trabalho coletivo (preponderância progressiva da solidariedade orgânica).
Durkheim formou-se em Filosofia, porém a sua obra inteira é dedicada à Sociologia. O seu principal trabalho é na reflexão e no reconhecimento da existência de uma “Consciência Coletiva”. Ele parte do princípio de que o homem seria apenas um animal selvagem que só se tornou humano porque se tornou sociável, ou seja, foi capaz de aprender hábitos e costumes característicos de seu grupo social para poder conviver no meio deste.
A este processo de aprendizagem, Durkheim chamou de “Socialização”; a consciência coletiva seria então formada durante a nossa socialização e seria composta por tudo aquilo que habita nossas mentes e que serve para nos orientar como devemos ser, sentir e nos comportar. E esse “tudo” ele chamou de “Fatos Sociais”, e disse que esses eram os verdadeiros objetos de estudo da Sociologia.
Nem tudo o que uma pessoa faz é um fato social; para ser um fato social, tem de atender a três características: generalidade, exterioridade e coercibilidade. Isto é, o que as pessoas sentem, pensam ou fazem independente de suas vontades individuais, é um comportamento estabelecido pela sociedade. Não é algo que seja imposto especificamente a alguém, é algo que já estava lá antes e que continua depois e que não dá margem a escolhas.
O mérito de Durkheim aumenta ainda mais quando publica seu livro “As regras do método sociológico”, onde define uma metodologia de estudo que, embora sendo em boa parte extraída das ciências naturais, dá seriedade à nova ciência. Era necessário revelar as leis que regem o comportamento social, ou seja, o que comanda os fatos sociais.
Nos seus estudos, os quais serviram de pontos expiatórios para os inícios de debates contra Gabriel Tarde (o que perdurou praticamente até o fim de sua carreira), ele concluiu que os fatos sociais atingem toda a sociedade, o que só é possível se admitirmos que a sociedade é um todo integrado. Se tudo na sociedade está interligado, qualquer alteração afeta toda a sociedade, o que quer dizer que se algo não vai bem em algum setor da sociedade, toda ela sentirá o efeito. Partindo deste raciocínio, ele desenvolve dois dos seus principais conceitos: Instituição social e Anomia.
A instituição social é um mecanismo de proteção da sociedade, é o conjunto de regras e procedimentos padronizados socialmente, reconhecidos, aceitos e sancionados pela sociedade, cuja importância estratégica é manter a organização do grupo e satisfazer as necessidades dos indivíduos que dele participam. As instituições são, portanto, conservadoras por essência, quer seja família, escola, governo, polícia ou qualquer outra; elas agem fazendo força contra as mudanças, pela manutenção da ordem.
Durkheim deixa bem claro na sua obra o quanto acredita que essas instituições são valorosas e parte em sua defesa, o que o deixou com uma certa reputação de conservador, que durante muitos anos causou antipatia a sua obra. Mas Durkheim não pode ser meramente tachado de conservador; a sua defesa das instituições baseia-se num ponto fundamental: o ser humano necessita sentir-se seguro, protegido e nivelado. Uma sociedade sem regras claras (num conceito do próprio Durkheim, “em estado de anomia”), sem valores, sem limites, leva o ser humano ao desespero. Preocupado com esse desespero, Durkheim dedicou-se ao estudo da criminalidade, do suicídio e da religião. O homem que inovou construindo uma nova ciência inovava novamente preocupando-se com fatores psicológicos, antes da existência da Psicologia. Os seus estudos foram fundamentais para o desenvolvimento da obra de outro grande homem: Freud.
Basta uma rápida observação do contexto histórico do século XIX para se perceber que as instituições sociais encontravam-se enfraquecidas; havia muito questionamento, valores tradicionais eram rompidos e novos surgiam, muita gente vivendo em condições miseráveis, desempregados, doentes e marginalizados. Ora, numa sociedade integrada, essa gente não podia ser ignorada; de uma forma ou de outra, toda a sociedade estava ou iria sofrer as consequências. Aos problemas que ele observou, ele considerou como patologia social e chamou aquela sociedade doente de “Anomia”. A anomia (procura sintetizar a ideia de que o progresso constitui uma ameaça às estruturas éticas e sociais) era a grande inimiga da sociedade, algo que devia ser vencido, e a sociologia era o meio para isso. O papel do sociólogo seria, portanto, estudar, entender e ajudar a sociedade.
Na tentativa de “curar” a sociedade da anomia, Durkheim escreve “Da divisão do trabalho social”, onde ele descreve a necessidade de se estabelecer uma solidariedade orgânica entre os membros da sociedade. A solução estaria em, seguindo o exemplo de um organismo biológico, onde cada órgão tem uma função e depende dos outros para sobreviver, se cada membro da sociedade exercer uma função na divisão do trabalho, ele será obrigado, através de um sistema de direitos e deveres, e também sentirá a necessidade de se manter coeso e solidário aos outros. O importante para ele é que o indivíduo realmente se sinta parte de um todo, que realmente precise da sociedade de forma orgânica, interiorizada e não meramente mecânica.
Émile Durkheim morreu em 15 de Novembro de 1917 em Paris.
Principais Obras
1893   A divisão do trabalho social
1895   As regras do método sociológico
1897   O suicídio
1902   A educação moral
1912   As formas elementares da vida religiosa
1912   Lições de Sociologia
Fonte: Revista Nova escola

Este texto foi publicado na categoria Cultura e Expressão Artística.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

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