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Atualizado em 10/08/2024

Os Caminhos da Educação

Explore as diversas abordagens e teorias que moldam a educação ao longo da história, desde a pré-história até os conceitos contemporâneos de aprendizagem e desenvolvimento infantil.

Os Caminhos da Educação

Financiamento da Educação Básica

A partir da LDB, estabeleceu-se a descentralização da gestão da Educação Básica, passando para os estados e municípios a gestão orçamentária da Educação Básica.

Financiamento X Avaliação

Avaliação da Educação Básica

Avaliação que o estado faz sobre a implantação das políticas públicas de ensino

Referenciais Curriculares Nacionais determinam as competências
e habilidades para os níveis e etapas da Educação Básica.

Os Caminhos da Educação

Desde a pré-história, o homem começou sua busca pelo conhecimento. Observamos na disciplina de Fundamentos Históricos e Políticos da Educação fatores importantes do processo de aprendizagem do homem pré-histórico e sua construção de conhecimento através da troca. A partir disso, a história da educação seguiu sua jornada e sofreu diversas modificações. Os objetivos em relação à educação e conhecimento foram muitos, assim como as relações de poder da palavra e verdade. Esses objetivos ainda são questionados e, provavelmente, continuarão sendo, pelo menos enquanto as pessoas tiverem livre arbítrio e capacidade de questionar.

As Concepções Epistemológicas

Trabalhamos com a professora Clarice Scott, em Teorias Psicogenéticas do Conhecimento, as concepções epistemológicas, que são modelos de “como se dá o conhecimento”. São elas: o empirismo; o apriorismo e o sócio-interacionismo. Analisamos cada uma delas juntamente a uma dinâmica onde compartilhamos lembranças positivas e negativas da escola. Comparamos os relatos com as concepções. Para mais informações sobre as teorias educacionais, consulte Educação x Competência.

Dentro desta análise crítica, percebemos os absurdos do empirismo e sua forma limitada, desrespeitosa, e até pouco humana de educar. Percebemos que frequentávamos escolas com muitos aspectos empiristas. O abuso da autoridade do professor, a falta de interesse no bem-estar emocional do aluno, o tabu de que a criança nada sabe, entre outros. Como diz Eric Berne, psiquiatra norte-americano, “Nascemos príncipes. A educação faz de nós sapos.” Na disciplina de Psicologia do Desenvolvimento, estudamos os complexos e as modificações que as crianças sofrem antes do período escolar se introduzir em suas vidas. São muitos conflitos e conquistas que a escola, seguindo um pensamento empirista, não percebe e nem valoriza.

Na análise, percebemos também a inviabilidade e liberalismo inconsequente do apriorismo, onde o professor, em seu papel de facilitador, pouco estimula seus alunos e espera que a criança desenvolva sozinha seu próprio conhecimento. Acredito que estas duas concepções foram criadas seguindo alguma lógica da qual desconheço. Mas, em teoria, elas tinham um objetivo de educar, porém sem a preocupação sobre o que realmente importa. No empirismo, pouco importava o aluno e seu universo particular como criança e ser humano. No apriorismo, não se considerava o questionamento, a construção do conhecimento.

A partir do descontentamento com estas duas concepções apresentadas anteriormente, que descartavam o desenvolvimento mental e todo seu contexto na vida da criança, sentiu-se a necessidade de criar algo novo, uma nova proposta de ensino. Surge neste momento o sócio-interacionismo, uma prática inovadora e compreensiva de educar. O sócio-interacionismo buscou referências para suas teorias a partir de estudo de teóricos, entre eles Piaget, Wallon, Vygotski, entre outros. Vamos, agora, conhecer Jean Piaget.

Jean Piaget

Jean Piaget estudou inicialmente Biologia na Suíça, tornou-se doutor em Ciências Naturais e, a partir de 1921, dedicou-se aos estudos de psicologia, epistemologia genética e educação. Iniciou sua pesquisa sobre o desenvolvimento mental estudando o comportamento de moluscos e sua adaptação ao serem transferidos de ambiente. Concluiu então que o desenvolvimento não se dá apenas pela maturação, mas também pelas variáveis do ambiente. Deu continuidade ao seu trabalho descobrindo as mudanças ontogenéticas (genéticas ou mudanças internas) no funcionamento cognitivo, do nascimento à adolescência.

Atos cognitivos: organização e adaptação ao meio

Esquemas-estruturas mentais

Processos cognitivos:
•Assimilação (integração de um novo dado)
•Acomodação (integração de novos e velhos dados)
•Equilibração ou Adaptação
(regula e permite incorporação de novas experiências)

Mecanismo de auto-regulação

Desenvolvimento cognitivo:
•Conteúdo
•Função
•Estrutura
•Ação
•Conhec. físico
•Conhec. Lógico matemático
•Conhec. Social

Estágios do Desenvolvimento segundo Piaget e alguns de seus aspectos:

“Conforme vou crescendo, vou mudando e podendo aprender mais”

Estágio sensório motor (0 aos 2 anos):

  • a lógica é motora
  • esquema reflexo
  • jogo circular ou de repetição
  • objeto permanente (representação mental dos objetos)
  • maturação neurológica
  • correspondência termo-a-termo

Estágio pré-operatório (2 aos 7 anos):

  • desenvolvimento da linguagem e outras formas de representação
  • função simbólica ou semiótica
  • jogo de imitação; faz-de-conta; lúdico
  • egocentrismo
  • realismo nominal
  • “o corpo é organizador da linguagem”

Estágio operatório concreto (7 aos 11 anos):

  • desenv. lógico-operatório
  • aplicar o pensamento a situações concretas
  • jogo de regras
  • conservação e reversibilidade
  • pensa no outro, sai do egocentrismo
  • autonomia
  • sabe estabelecer relações de cooperação

Estágio formal (acima de 12 anos):

  • estruturas cognitivas do sujeito alcançam seu nível mais elevado de seu desenvolvimento
  • as crianças tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas
  • capacidade hipotética-dedutiva e possibilidade de cooperação

PENSANDO EM PIAGET...

Percebo, no trabalho de Piaget, a preocupação com o desenvolvimento cognitivo e moral. Seu trabalho é bem amplo e complexo, por isso, demorei um certo tempo para compreender suas etapas. Fizemos atividades práticas em sala que auxiliaram na assimilação do conteúdo, como a confecção de objetos com sucata e a sistematização dos atos cognitivos segundo Piaget. Colocar a mão na massa faz pensar! 🙂

Lev Vygotsky

Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) fez seus estudos na Universidade de Moscou para tornar-se professor de literatura.
O objetivo de suas pesquisas iniciais foi a criação artística. Foi só a partir de 1924 que sua carreira mudou drasticamente, passando Vygotsky a dedicar-se à psicologia evolutiva, educação e psicopatologia.
A partir daí, ele concentrou-se nessas áreas e produziu obras em ritmo intenso até sua morte prematura em 1934, devido a tuberculose.

Conceitos Vygotsky:
1. Processo Sócio-histórico: todo sujeito aprende através da relação

2. Processos Cognitivos ou Psicológicos:
● Superiores: processos construídos na relação de mediação social e cultural. Com mediação.
-Exemplo: ao reconhecer este símbolo como o “M” de Mc Donalds, precisamos ter construído já este conceito (acessar a pastinha ;)).
● Inferiores: processos reflexos; utilizam da lógica motora. Alguns superiores podem se tornar inferiores/reflexos.

– Exemplo de inferior: piscar os olhos quando alguém bate palmas em frente ao seu rosto.
– Exemplo de superior que se torna inferior: frear no trânsito. O que nas primeiras aulas práticas de direção você precisava pensar antes de fazer, após algum tempo você apenas faz, se torna um reflexo.

3. Mediação:
a) Processo de representação mental -> identificação; a mediação se dá como processo de representação mental por imagens, signos ou símbolos definidos sócio-culturalmente, assumidos e compreendidos por todos: linguagem, imagens, pictogramas…
b) Cultura -> sistema de símbolos

A mediação ocorre para auxiliar o indivíduo e, conforme este vai assimilando os fatos, a mediação vai se afastando, até que o indivíduo possa agir sozinho.

4. Zona de Desenvolvimento Proximal:
Distância entre a Zona de Desenvolvimento Real (ZDR) e a Zona de Desenvolvimento Potencial (ZDPT). O processo ocorre da seguinte forma: o desenvolvimento real é aquele que já foi consolidado pelo indivíduo, de forma a torná-lo capaz de resolver situações utilizando seu conhecimento de forma autônoma. O desenvolvimento potencial é determinado pelas habilidades que o indivíduo já construiu, porém encontram-se em processo. Isto significa que a aprendizagem que gerou o desenvolvimento real, gerou também habilidades que se encontram em um nível menos elaborado que o já consolidado. Desta forma, o desenvolvimento potencial é aquele que o sujeito poderá construir.
Observe o gráfico:
5. Linguagem: é o próprio sistema simbólico -> mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento.
Neste momento, Vygotsky e Piaget se chocam: Vygotsky acredita que o sujeito só aprende porque a cultura oferece (social); já Piaget acredita que o corpo organiza a linguagem (motora). Para Vygotsky, a assimilação é de fora para dentro e para Piaget é de dentro para fora, porém ambos na interação com o meio. Neste momento, é importante considerarmos as duas possibilidades, dependendo da situação.
S S

6. Internalização:
1. Processo Intrapsíquico -> superior
2. Processo Interpsíquico -> mediação
7. Formação de Conceitos:
8. Estágio dos Processos de Formação de Conceitos: propõe uma visão de formação das funções psíquicas superiores como internalização mediada pela cultura.
PENSANDO EM VYGOTSKY…
Percebe-se que Vygotsky considera mais a influência sócio-histórico-cultural no desenvolvimento cognitivo. Comparando com Piaget, Vygotsky acredita não apenas na interação, mas também na sócio-interação.
Henri Wallon
Nasceu na França em 1879. Antes de chegar à psicologia, passou pela filosofia e medicina e ao longo de sua carreira foi cada vez mais explícita a aproximação com a educação.
Em 1902, com 23 anos, formou-se em filosofia pela Escola Normal Superior, cursou também medicina, formando-se em 1908.
Viveu num período marcado por instabilidade social e turbulência política. As duas guerras mundiais (1914-18 e 1939-45), o avanço do fascismo no período entre guerras, as revoluções socialistas e as guerras para libertação das colônias na África atingiram boa parte da Europa e, em especial, a França.
Em 1914, atuou como médico do exército francês, permanecendo vários meses no front de combate. O contato com lesões cerebrais de ex-combatentes fez com que revisse posições neurológicas que havia desenvolvido no trabalho com crianças deficientes. Até 1931, atuou como médico de instituições psiquiátricas. Paralelamente à atuação de médico e psiquiatra, consolida-se seu interesse pela psicologia da criança.
(fonte: http://www.centrorefeducacional.com.br/wallon.htm)
Conceitos Wallon:
1. Pessoa como um todo

2. Desenvolvimento descontínuo -> rupturas, retrocessos e reviravoltas

3. Conflitos Exógeno (de fora para dentro) e Endógeno (orgânico/neurológico; de dentro para fora)

4. Passagem de um estágio para outro -> não é uma simples ampliação, mas uma reformulação.

5. No desenvolvimento -> existem etapas alternadas no predomínio da afetividade e cognição.

6. Afetividade -> sem afeto não existe desenvolvimento cognitivo

7. Movimento -> corpo

8. Cognição -> inteligência

Conhecimento, ciência e a pesquisa na educação
Todo este trabalho desenvolvido pelos teóricos que conhecemos acima envolveu a pesquisa. A prática reflexiva na educação exige muita pesquisa. É, então, trabalho do pedagogo buscar fontes, significados, métodos e resultados. Ciência é a produção de conhecimento no sentido de chegar a novas descobertas. Para isso, é necessário observar, experimentar, estabelecer previsões, elaborar teorias e conceitos, escrever e publicar para a socialização dos resultados e utilização na prática. Ou seja, segue-se um processo de pesquisa como o que Jean Piaget nos mostra acima. Porém, existem diversos tipos de pesquisa:

Pesquisa Ação
É uma pesquisa pedagógica que trata a prática educativa como uma ciência. Visa a transformação através da reflexão no processo. Necessita análise, participação e reconhecimento das mudanças ocorridas, pois caminha por processos formativos.

● Qual a origem da pesquisa-ação?
Pesquisa-ação tem suas origens no trabalho de Kurt Lewin, em 1946, no conceito pós-guerra, dentro de uma abordagem experimental, de campo.

● Concepção inicial de pesquisa-ação: é uma abordagem experimental, de campo. Que modifica estruturalmente. Em 1980, quando absorve seus pressupostos e perspectivas dialéticas (relação de ir e vir), na melhoria da prática educativa.

● QUALIFICAÇÃO DA PRÁTICA EDUCATIVA: exige reflexão, estudos e ação-reflexão-ação.
Pesquisa-ação crítica não pretende apenas compreender ou descrever, mas transformar.

Existem pelo menos três conceituações diferentes de pesquisa-ação:
● Colaborativa: pesquisador faz parte do grupo, então avaliam-se.
● Pesquisa-ação crítica: quando visam suas críticas como transformação.
● Pesquisa-ação estratégica: quando o pesquisador acompanha os resultados dos sujeitos para a mudança.

POSTADO POR CAROLINA A. F. DUCATTI


Este texto foi publicado na categoria Formação e Desenvolvimento Profissional.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

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