Estimulação precoce
1. INTRODUÇÃO
A estimulação precoce se dá na iniciativa de preparar a criança de 0 a 24 meses para desenvolver os sentidos do seu próprio corpo, preparando-a para dominar suas posições, tonificando-lhe a musculatura e norteando-a para o caminho de conhecer e fazer desabrochar, acompanhando cada etapa da sua vida.
Com gestos do cotidiano, como carregá-la, dar banho, comida e vestir-se, é uma maneira de aproveitar essas situações de forma lúdica para o desenvolvimento psicomotor, aproveitando para descobrir seu próprio corpo.
2. ESTIMULAÇÃO PRECOCE
Consiste no acompanhamento da criança e de seus pais, seguindo regularmente o desenvolvimento psicoafetivo e social deste bebê e sua família, acreditando que isso oferecerá suporte para um melhor desenvolvimento da criança. Busca-se, com isso, abrir um novo campo de comunicação entre os pais e seu filho, campo este interrompido pelas dificuldades impostas pelo próprio diagnóstico. Os pais, através deste trabalho, irão descobrir que sabem mais do que supunham sobre seu filho.
A estimulação precoce deve ser iniciada a partir do momento em que a criança for diagnosticada como bebê de risco ou portadora de atraso no desenvolvimento, onde serão estimuladas as percepções sensoriais, os movimentos normais, o rolar, o sentar, o engatinhar, a deambulação, a coordenação visual e motora, a socialização e a cognição. Também pode ser trabalhada em crianças sem atraso no seu desenvolvimento motor.
Essa educação motora contribui não apenas para prevenir deformações, corrigir a má postura e consolidar as aquisições motoras, mas também é um extraordinário fator de equilíbrio da criança, onde ela se torna calma e dá o que a criança mais busca em um meio desconhecido: segurança.
As atividades motoras contribuem para o desenvolvimento do cérebro e são indispensáveis à organização do sistema nervoso. A ausência de estímulos acarreta a perda definitiva de funções inatas. O trabalho de desenvolvimento se dá em um clima de descontração, brincadeiras e segurança, aproveitando todas as ocasiões para dar-lhe os meios de progredir e adquirir autonomia.
Com muito carinho e espontaneidade, prepara-se a criança para conhecer e dominar seu próprio corpo, como ensiná-la a posição de sentada, tonificando-lhe a musculatura, para posteriormente conquistar a posição de pé, fazendo com que ela perceba o papel e o apoio dos pés para andar, facilitando-lhe a busca de equilíbrio. Essa adaptação ao seu ritmo e personalidade favorece seu desabrochar, deixando-a à vontade no próprio corpo, acompanhando, em certo sentido, seu desenvolvimento.
Essa modificação tão mínima e fundamental na educação da criança fará com que ela se torne uma criança sem traumas, centrada, e enriquecerá cada vez mais a relação mãe-filho. São pequenas tarefas do dia a dia que fazem diferença, como trocá-la, dar-lhe banho, comida e brincadeirinhas. É nessas situações que se deve aproveitar para estimular e suscitar a atividade espontânea da criança, explicando-lhe, apelando à sua participação, procurando não perturbar sua atividade espontânea, dando-lhe tempo para mudar de posição, prolongando os movimentos que ela esboça, deixando-a explorar e descobrir o seu mais novo e bonito brinquedo: o próprio corpo.
3. PERÍODOS DE DESENVOLVIMENTO
Baseando-se nesses fatos, são divididos quatro períodos de desenvolvimento, cujas idades cronológicas são indicações aproximadas. A cada tipo de criança corresponde um perfil de evolução e variedades de movimentos.
3.1. PRIMEIRA FASE: 0 – 3 MESES
Durante esse período, a vida do recém-nascido é ritmada pelo sono e pela alimentação, ritmo que deve ser respeitado.
Desde esta idade, a personalidade de cada um se revela. Alguns são muito vivos (hipertônicos), outros de reação lenta (hipotônicos), mas todos têm necessidade de carícias, de palavras ternas, de estímulos e de movimento.
Nessa idade, o corpo do bebê é mais rígido, com braços e pernas dobrados e punhos cerrados. Depois dos movimentos de descontração global e analítica, os membros e o corpo conseguirão relaxar-se. A mão do pai é extremamente tranquilizadora, a criança dorme melhor e chora menos. Seguem alguns exemplos de exercícios para membros superiores e inferiores.
Sugestões de exercícios:
- Virar e revirar a criança toda vez que for trocá-la (induz movimento global).
- Um móbile brilhante acima da cama, um chocalho sonoro (brinquedos ajudam a estimular).
- Evitar movimentos bruscos; os gestos devem ser suaves, sustentar-lhe a cabeça, servir-se do movimento esboçado pela criança para continuá-lo na mesma direção.
- Colocar a criança nua de costas sobre uma bola não muito cheia, com a finalidade de distensão corporal, aguçando o tato e evitando o sentimento de insegurança.
- Deitar a criança de costas no chão para obter a abertura da mão através da descontração do ombro e tomar consciência do corpo, obtendo a extensão completa dos braços.
- Ainda deitada de costas no chão ou mesa, pode-se fazer o alongamento das pernas, tornando-as mais flexíveis e mais longos os músculos das pernas.
- O jogo do rolo ajuda a criança a sustentar a bacia ligeiramente, como também a libertar seus braços.
3.2. SEGUNDA FASE: 3 – 6 MESES
As reações ao mundo exterior são ativas: o bebê vira a cabeça quando ouve barulho, usa os reflexos de equilíbrio, orienta-se no espaço, brinca com o corpo e depois olha a mão, em breve chegará à coordenação entre olhar e preensão.
A contração do corpo diminui, sendo substituída por uma maior tonicidade da nuca e do tronco. A passagem de uma fase para outra deve ser feita progressivamente e pode ser prosseguida além dos três meses se a criança continuar hipertônica. Nessa fase, é importante tonificar os músculos para preparar para a posição de sentar e devem continuar os movimentos globais.
Sugestões de exercícios:
- Usar uma grande bola de praia facilita a busca de equilíbrio.
- Na hora do banho, deixar a criança à vontade, lavar cada parte do corpo dizendo como se chama, utilizando gestos.
- O espaço deve permitir a atividade motora da criança.
- Segurar a criança pelos joelhos com uma mão e pelo peito com a outra, para reforçar os músculos da nuca e costas para a preparação do engatinhar e desenvolver sua amplitude respiratória.
- A utilização do rolo também prepara para engatinhar, estimulando músculos dos braços e das costas.
- Deitar a criança de costas com as pernas esticadas, com a finalidade de reforçar a musculatura abdominal.
3.3. TERCEIRA FASE: 6 – 12 MESES
A criança pode servir-se dos brinquedos, pegá-los, a preensão está adquirida e ela participa desses movimentos ativamente. Reconhece o meio onde se encontra e sabe distinguir as pessoas a seu redor, toma consciência de si e dos outros. É o período em que é preciso responder a essa angústia, transmitindo segurança à criança no seu próprio corpo.
Sugestões de exercícios:
- Brincar com bolas de cores e tamanhos diferentes.
- Brincadeiras com cubos.
- Baldinhos para encher de areia no jardim.
- Copinhos para encher de arroz em casa.
- Brinquedos de empurrar e puxar.
- Fantoches.
- Livros com figuras.
O espaço deve corresponder à curiosidade e às possibilidades da criança.
3.4. QUARTA FASE: 9 – 15 MESES (e além)
Esta é a idade em que a criança experimenta de fato o prazer que lhe proporciona a atividade motora. Ela tem vontade de alcançar tudo e agarrar tudo. Mas para ela continuar progredindo, precisa da presença carinhosa, estimulante e tranquilizadora do pai e da mãe; é a idade do prazer compartilhado.
Sugestões de exercícios:
- Os movimentos globais serão jogos que precisam da adesão total da criança.
- Objetos como bastões, arco e carrinho permitem à criança libertar-se da mão do adulto.
- Subir no escorregador, escadas, descer degraus, cair e levantar-se.
- Colocar a criança de quatro facilita a independência do tronco em relação às pernas.
- Primeiro passo: deixá-la sentir essa sensação de ficar em pé pela primeira vez, sabendo esperar o momento certo em que a criança entende, descobre e adquire.
Le Boulch (1982) salienta que os movimentos espontâneos, mesmo não sendo pensados, dependem das experiências vividas anteriormente. Não se trata de uma memória intelectual, mas sim de uma verdadeira memória corporal, toda ela carregada de afeto e orientada por ele. O corpo não está simplesmente dotado de eficácia; ele está presente no mundo como uma unidade fundamentalmente original, como “corpo próprio”.
4. CONCLUSÃO
Os pais e os profissionais exercem uma influência ímpar no desenvolvimento da criança.
A estimulação, basicamente feita com brincadeiras, faz com que a criança conheça a si e ao espaço que vive, reconhecendo objetos, meio e pessoas, contribuindo com algo essencial para seu desenvolvimento físico, afetivo e intelectual.
Certamente, feito todo esse processo, juntamente com afeto, paciência e respeitando os limites da criança, a mesma crescerá tornando-se uma pessoa equilibrada, calma, antecipando suas reações, sorrisos e retribuindo com gestos a cada dia, levando esse conhecimento para o resto da vida.
Explore também as garrafas sensoriais como uma forma divertida de estimular o desenvolvimento do seu bebê.
Descubra brinquedos que podem ajudar na estimulação precoce.
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