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Atualizado em 10/08/2024

Como Construir Resenhas e Resumos

Aprenda a criar resenhas e resumos de forma prática e eficiente. Este artigo oferece dicas valiosas para escrever resenhas críticas e resumos informativos, além de exemplos e orientações sobre a estrutura adequada.

É comum, no meio acadêmico, a solicitação de resumo de um livro ou artigo. De imediato, surgem dúvidas: alguns têm dificuldade de resumir, outros não conseguem discernir o que é o principal e o secundário – na dúvida, escrevem sobre tudo – não compreendem bem o texto e… e, vai por aí… O primeiro passo é saber o que é um resumo e como resumir um texto.

O resumo é um pequeno texto que destaca as ideias essenciais do artigo, procurando guardar uma fidelidade ao texto original. O resumo é, portanto, uma apresentação concisa e seletiva de um artigo, obra ou outro documento que põe em relevo aspectos de maior interesse e importância.

Destaco aqui três tipos de resumo:

  • Indicativo – que não dispensa leitura pormenorizada do texto completo, faz uma referência às partes mais importantes do texto, descrevendo a natureza, forma e objetivo do texto-base, utilizando-se de frases curtas;
  • Informativo – que contém todas as informações mais importantes apresentadas no texto-base e pode ser feita uma leitura “por cima”. O objetivo deste resumo é informar o conteúdo e as principais ideias do autor, a metodologia adotada e as conclusões obtidas. O resumo informativo possui, no final, um conjunto de palavras-chave;
  • Crítico – é um resumo informativo que formula um julgamento sobre o texto base. Trata-se de uma resenha.

Qualquer que seja o tipo de resumo que você pretenda fazer, atente para as seguintes dicas:

  • Não se esqueça de escrever no seu resumo a referência bibliográfica completa do texto-base. Isto pode ser feito no cabeçalho ou no final;
  • Procure ser fiel ao texto original, buscando reproduzir as ideias do autor;
  • Tente usar suas próprias palavras; quando não o fizer e usar frases ou mesmo partes de frases do autor do texto-base, sempre use aspas;
  • Destaque a ideia principal do texto e os detalhes mais importantes. Preste atenção na estrutura do texto, identificando ideias de consequências, adição, oposição, incorporação de novas questões e complementação do raciocínio. Atente para os exemplos oferecidos, geralmente eles compõem um detalhe importante;
  • Sublinhe. Lembre-se que você deve sublinhar numa segunda leitura, quando tem condições de tudo novamente já tendo uma ideia do geral para poder pontuar as ideias mais importantes. Não precisa sublinhar orações inteiras, aprenda a sublinhar só os termos essenciais;
  • Organize um esquema lógico. Visualizar o texto pode ajudar muito, facilitando uma consulta, a explicitação da relação entre as partes, dentre outros.

Então, uma resenha nada mais é que um resumo crítico.

A resenha

Pedir para um aluno uma resenha é um verdadeiro tormento! Explico: geralmente o professor não diz exatamente do que se trata porque acredita que o aluno já possui informações básicas necessárias; por sua vez, o aluno acha que resenha é isso ou aquilo (um colega disse isso, ele ouviu aquilo e por aí vai…), não consulta nenhuma fonte bibliográfica para esclarecer o termo e nem pergunta ao professor. Na maioria das vezes, entrega-se como resenha alguma coisa parecida com um resumo.

A maioria dos depoimentos de meus alunos é de que sabem fazer resenha, pois já fizeram muitas durante o curso. Um dia, quando coloquei nas mãos deles algumas resenhas de estilos variados, publicadas em revistas especializadas de circulação nacional, um aluno olhou para o colega e disse assustado: “Nossa! Você já fez alguma coisa parecida com isso?” A resposta foi um sonoro não!

A rigor, esse tipo de trabalho não tenderia a ser qualificado como científico. No entanto, é praticamente um consenso na comunidade científica a importância da resenha:

  • Diante da enorme produção bibliográfica, a resenha tem contribuído para uma “atualização” das pessoas interessadas no assunto;
  • Fazer uma resenha, para quem está iniciando no campo da investigação científica, é muito importante porque constitui um passo significativo na elaboração tanto de um projeto como de uma monografia, que impõe a condição, ao aluno, de fazer sínteses e apreciações.

A resenha, como visto acima, nada mais é que um trabalho de síntese, uma apreciação e análise resumida de produções científicas ou não. É como se falou acima, um resumo crítico. Na resenha se elabora um julgamento da obra. Para tanto, se deve fazer dois tipos de crítica:

  • Externa – ressalta a importância da obra no seu contexto histórico, cultural, social e filosófico;
  • Interna – se dedica ao exame do conteúdo da obra, julgando-o.

É bom que você saiba que não existe receita. Mas para que você não se perca, sugiro o roteiro abaixo que contempla alguns pontos importantes e que geralmente são abordados numa resenha. Com o tempo, e após fazer muitas resenhas, você adquirirá seu estilo próprio – você ficará prático.

Dicas para escrever uma Resenha

Aqui, portanto, vão algumas dicas para que você escreva suas resenhas de textos, artigos e livros. Estas dicas também o ajudarão ao escrever seu projeto de ensino. Para escrever uma resenha você deve (muitas das dicas já estão escritas acima na parte de como se faz um resumo). Os pontos mais importantes que devem estar contidos em uma resenha são:

  1. Referência bibliográfica – em algum lugar da resenha você deve registrar o(s) autor(es) da obra, e se for o caso subtítulo, da obra e a referência completa, inclusive o número de páginas. Algumas pessoas colocam logo na primeira frase da resenha, outros chamam uma nota de rodapé. Não importa o lugar, mas esse é um dado indispensável.
  2. Credenciais do(s) autor(es) – é interessante oferecer ao leitor da resenha informações gerais sobre o(s) autor(es) da obra que você está resenhando, como também, se possível, as circunstâncias em que ele fez o estudo (quando, onde e porque).
  3. Conteúdo da obra – aqui é o momento do resumo crítico das principais ideias, sempre lembrando que elas são ideias do autor da obra que você está resenhando. Não deixe o leitor esquecer disso, não tome a obra para você. Pergunte-se o que diz a obra, se ela tem alguma característica especial, a forma como foi abordado o tema, se exige conhecimentos prévios para compreendê-la, que teoria serviu de referência, qual o método utilizado.
  4. Conclusões da obra – é importante registrar se o autor conclui, se sim, em que momento e, finalmente, qual foi a conclusão.
  5. Apreciação – esse é o momento mais trabalhoso, já que exige mais de quem está elaborando uma resenha porque se refere ao julgamento da obra. Você pode se perguntar sobre o mérito da obra (qual a contribuição dada, se as ideias são criativas, se desenvolve novos conhecimentos, se propõe uma abordagem diferente), sobre o estilo (claro, conciso, objetivo, coerente), sobre a forma (lógica, sistematizada, se há equilíbrio entre as partes, se há originalidade), sobre o fundamento teórico de onde fala o autor (onde se situa em relação às diferentes correntes científicas, filosóficas). Nesse momento, também são feitas considerações sobre uma possível indicação da obra. Você aconselha a obra? É dirigida a que público? Mais dicas:
  1. Ler a obra com cuidado. Faça anotações com cuidado e com caneta especial para grifar as principais ideias e conceitos do autor. Faça anotações na lateral pensando em núcleos do tipo “passagens profundas”, “pontos obscuros”, “novidade”, “repetição”, etc.
  2. Destaque com cuidado a tese central que o autor está desenvolvendo. Acompanhe sua argumentação. Essa apreciação tornará o seu julgamento mais denso e criterioso.
  3. Faça uma lista (podendo ser desordenada) dos conceitos e das palavras-chave que deverão constar na resenha;
  4. Depois, refletindo sobre as principais ideias do autor, divida o artigo em partes e assim coloque a lista acima na ordem que você deseja escrever sua resenha.
  5. Tente compor frases pequenas, mas não meteóricas, que contenham uma só ideia colocada claramente. A cada troca total de assunto (não de ideia – várias ideias juntas compõem um assunto) mude de parágrafo.
  6. Na verdade, todo este trabalho que você faz é, nada mais nada menos que, um resumo crítico (sintético) das principais ideias do artigo, comentando o que mais chamou atenção e por quê.
  7. Não se esqueça de, em sua resenha, escrever o objetivo do trabalho de pesquisa relatado no artigo foco de sua resenha, e também a justificativa e importância dada pelo autor para o artigo.
  8. Escreva para que a pessoa que vir a ler a sua resenha tenha uma boa ideia sobre o que versa a obra.
  9. Lembre-se que resenhas são escritas para serem lidas por pessoas que não leram a obra que está sendo resenhada. Então, dê para outra pessoa ler. Pergunte o que ele e/ou ela entenderam. Verifique se o que foi entendido está de acordo com o que você queria dizer. Se não estiver como você quer, reescreva e repita este processo até que tudo esteja como você deseja.
  10. Fique atento às concordâncias verbais. Procure o sujeito (singular ou plural) e procure o verbo (atento para a concordância singular ou plural) de cada uma das suas frases para ter certeza que há concordância verbal.
  11. Após escrever uma frase, pense no seu objetivo. Não escreva nenhuma frase que nada acrescente ao que já foi dito e/ou que não tenha nada a ver com o assunto. Seja objetivo.
  12. Para que você escreva cada vez melhor, tente ler mais e escrever muito; quanto mais lemos, mais melhoramos nosso texto escrito.

Recapitulando, o que escrever na resenha sobre:

O Conteúdo da Obra

Escreve-se o resumo das principais ideias da obra. Para isto, pergunte-se:

  1. O que diz a obra?
  2. A obra tem alguma característica especial?
  3. Como foi abordado o tema? (a forma com que foi abordado o tema)
  4. São necessários conhecimentos prévios para compreendê-la?
  5. Que teoria serviu de fundamentação (referência)?
  6. Se a obra é um relato de pesquisa, qual o método de pesquisa utilizado?

Conclusões do autor

É importante ficar atento às conclusões da obra. Para escrever sobre as conclusões da obra, pergunte-se:

  1. Quais as conclusões?
  2. Em que momento são feitas?

Apreciação (julgamento)

Para apreciar (julgar) a obra, pergunte-se:

  1. Quais as contribuições da obra?
  2. O que a obra acrescentou?
  3. As ideias foram criativas?
  4. Foram desenvolvidos novos conhecimentos?
  5. O autor se apoiou bem na literatura (fundamentação teórica e filosófica)?
  6. A obra propôs abordagens diferentes?
  7. Como é o estilo? Claro? Conciso? Objetivo? Coerente?
  8. Como é a forma da obra? Lógica? Sistematizada? Há equilíbrio entre as partes?
  9. A obra é original?
  10. A obra se dirige a que público? (Isto é a indicação da obra)

Exemplos de Resenha

Abaixo se tem uma resenha de um livro, escrita por Fábio Sanchez.

Título: Manual de Radiojornalismo – Produção, Ética e Internet Autores:: Heródoto Barbeiro e Paulo Rodolfo de Lima Editora: Campus 185 páginas

Regras, mas sem cinismo ético

Ética tornou-se assunto da moda. Até a Câmara dos Deputados, agora dotada de um presidente com gosto pelo marketing, tem falado em votar neste segundo semestre um “pacote ético” de projetos, sem se dar conta que essa classificação deixa sob suspeita os projetos excluídos desse “pacote”, ou seja, o trabalho rotineiro dos deputados. Mas quando o jornalista Heródoto Barbeiro, gerente de jornalismo do Sistema Globo de Rádio, junta-se a Paulo Rodolfo de Lima, editor da Rádio CBN em São Paulo, para escreverem um manual de radiojornalismo utilizando a ética como um dos motes, merecem atenção maior que aquela dada às ondas do marketing.

Logo na primeira página do livro Manual de Radiojornalismo – Produção, Ética e Internet, vê-se uma referência escancarada a um tema incomum na mídia eletrônica: a negociata que no final dos anos 80 deu um ano a mais de mandato ao então presidente José Sarney em troca da distribuição entre deputados e senadores de concessões de canais de televisão e emissoras de rádio. Os autores pretendem ver reduzida a imagem negativa que esse escândalo imprimiu à mídia eletrônica. E chegaram a convidar para os comentários de contracapa Alberto Dines, idealizador do Observatório da Imprensa, dublê de portal na internet e programa de TV que repensa semanalmente a ética nas mídias. Embora ocupe logo as primeiras páginas do livro, o tema “ética” retorna depois, em meio a regras sobre frases duvidosas e a pronúncia correta de palavras (fica-se sabendo, por exemplo, que a pronúncia correta da palavra “circuito” acentua a letra u e não a i). Não devemos esquecer: trata-se de um manual, com direito a lista de palavras evitáveis e procedimentos sobre como escrever para locução de rádio. Não falta a imposição professoral de condutas, e talvez não pudesse ser de outra forma.

Apesar disso, os autores resistiram ao cinismo ético que já se viu em manuais de redação. Reconhecem para começo de conversa que “a imparcialidade não existe. É utópica. O jornalista (…) toma sempre partido, de uma forma ou de outra, nas notícias que divulga ou comenta”. Sobra o que? A busca pela “isenção”, dizem os autores. Que também propõem, num tom bem menos formal que os manuais de redação e por isso mais apetitoso, a discussão de temas que causam calafrios em muitos profissionais da informação. Por exemplo, a credibilidade de algum jornalista que faça comerciais ou que acumule seu trabalho na redação com outro serviço público ou privado.

Esse livro não tem a riqueza de informações que se vê nos manuais de redação, feitos principalmente para a consulta rotineira, nem a organização enciclopédica deles. Mas por ter sido uma produção independente desta ou daquela redação, talvez inaugure uma nova geração de compêndios para jornalistas, em que até desvios éticos dos patrões entram em debate. Junte-se a isso o fato de dedicar-se a radiojornalistas, uma categoria extremamente formadora de opiniões, mas que costuma ser deixada de lado pela literatura especializada.

Para mais informações sobre a construção de resenhas e resumos, você pode consultar Sobre a Pedagogia e A Didática e Metodologia do Ensino.


Este texto foi publicado na categoria Metodologias e Inovação Pedagógica.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

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