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As relações de gênero e a pedagogia feminista: Tomaz Tadeu da Silva

Uma análise da obra de Tomaz Tadeu da Silva sobre as relações de gênero e a pedagogia feminista, abordando temas como a desigualdade social, estereótipos de gênero e a importância da educação.

As relações de gênero e a pedagogia feminista: Tomaz Tadeu da Silva

“A indiferença é o peso morto da história. É a bola de chumbo para o inovador, é a matéria inerte na qual frequentemente se afogam os entusiasmos mais esplendorosos.”

GRAMSCI

As relações de gênero e a pedagogia feminista

A partir da leitura, da discussão e do aprofundamento do texto “As relações de gênero e a pedagogia feminista” (pág. 91 a 97) de Tomaz Tadeu da Silva, opine criticamente sobre os temas abaixo, destacando a contribuição do autor e sua posição sobre cada um deles:

a) Relação entre sexo e gênero

R: A palavra gênero foi utilizada pela primeira vez num sentido bem atual pelo biólogo estadunidense John Money em 1955, especificamente num sentido dos aspectos sociais do sexo. A palavra gênero também foi usada na gramática, designando “sexo” dos substantivos.

Agora, porém, opondo-se a sexo, gênero se refere aos aspectos que são socialmente construídos do processo de identificação social, enquanto sexo é um termo usado para determinar a identidade biológica do sujeito.

EX. Uma pessoa pode ter características totalmente femininas, porém biologicamente ser do sexo masculino.

b) O feminismo em relação às linhas de poder na sociedade

R: O feminismo mostrava que cada vez mais, as linhas de poder da sociedade estavam baseadas não somente no capitalismo, mas também pelo domínio do homem no poder.

Havia, entretanto, uma disparidade muito grande entre homens e mulheres em todos os aspectos: de ordem social, educacional, profissional, inclusive curricular, as mulheres eram tratadas como inferiores. Os homens apropriavam-se de grande parte dos recursos materiais e simbólicos da sociedade.

c) Preocupação da análise da dinâmica do gênero em educação

R: O ponto central era a desigualdade social, mas a análise da dinâmica do gênero em educação preocupava-se com o acesso. O nível de educação das mulheres era mais baixo do que o dos homens, consequentemente, o acesso às instituições educacionais também era desigual. Mesmo nos países que proclamavam a igualdade social, os currículos eram divididos por gênero.

Determinadas matérias eram destinadas apenas aos homens, enquanto outras eram só para mulheres. Certas profissões eram masculinas, inadequadas para as mulheres.

d) Estereótipos de gêneros

R: As próprias instituições de ensino faziam essa diferenciação, tratando o trabalho feminino como inferior ao dos homens.

O próprio currículo educacional refletia e reproduzia o estereótipo da sociedade. As mulheres eram relegadas a profissões e currículos inferiores. Os estereótipos de gênero estavam infiltrados em toda a sociedade, fazendo parte integrante da formação que era oferecida pelas instituições educacionais. Isso fazia com que o currículo difundisse essa diferença na sociedade em geral.

Os próprios livros didáticos refletiam isso claramente quando colocavam a mulher sempre caracterizada em uma profissão inferior à dos homens, dificultando cada vez mais a ascensão da mulher em galgar um nível melhor de conhecimento.

Esse tipo de preconceito partia dos próprios professores que mantinham uma expectativa diferenciada entre os gêneros, reproduzindo inconscientemente as desigualdades entre os dois.

e) Segunda fase da análise de gênero no currículo

R: Na segunda fase, a preocupação maior era dada para o acesso das mulheres nas instituições educacionais. Não se tratava, no entanto, mais do fato de ter ou não ter acesso às instituições e formas de conhecimento.

O fato agora é que o acesso das mulheres poderia transformá-las, igualando-as aos homens, levando em conta uma sociedade extremamente machista.

f) Ênfase das análises feministas de gênero no currículo

R: De acordo com essa análise, o mundo social foi elaborado conforme os interesses e formas masculinas de pensamento e do próprio conhecimento.

Uma possível reivindicação de igualdade de gênero poderia transgredir as normas impostas. O que poderia mudar é a forma como o currículo trata dessa questão, fazendo uma reflexão levando em consideração que homens e mulheres podem e devem ter o mesmo direito perante a sociedade, sendo a forma e o conhecimento passados iguais para todos, sem distinção de raça, gênero ou sexo.

g) A análise de gênero e a Ciência

R: A sociedade é formada basicamente de acordo com as características do gênero dominante (masculino). Na análise feminista, a própria ciência já traz uma carga de neutralidade, pois reflete uma perspectiva eminentemente masculina.

Qualquer instituição social, como a igreja, escola, etc., a análise de masculinidade está incutida, separando sujeito e objeto, partindo de um impulso de dominação e controle.

h) A epistemologia e a perspectiva feminista

R: A perspectiva feminina provoca uma reviravolta epistemológica, ampliando o conhecimento que é desenvolvido em certas vertentes marxistas e na sociologia do conhecimento, onde a epistemologia é questão de posição. A ciência, para se conhecer algo (estudo do conhecimento), nunca é neutra, porém reflete sempre a experiência de quem conhece.

Separando o sujeito do objeto de conhecimento, pode vir a ser concebido numa forma de conhecimento objetivamente neutro.

i) A perspectiva feminista e o currículo masculino

R: A perspectiva feminina provocou uma transformação epistemológica, tornando-se importantíssima para a teorização curricular. Sendo o currículo um reflexo da epistemologia dominante, torna-se nitidamente masculino. O currículo oficial dá valor à separação entre o sujeito e o conhecimento, o domínio e o controle, a lógica e a racionalidade, a ciência e a técnica, o individualismo e a competição. Tudo isso é o reflexo dos interesses masculinos e suas experiências, que desvalorizam o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido.

j) Solução para construção do currículo, contemplando experiências masculinas e femininas

R: Talvez uma intervenção não bastaria; seria necessária a construção de um currículo que pudesse incorporar tanto as experiências masculinas como as femininas.

O ideal seria que qualquer gênero possuísse as mesmas características sem distinção, mas, contudo, existem ainda qualidades que nós mesmos consideramos masculinas, menos desejáveis que as femininas, mas não impede que uma mulher possa tê-las e exercê-las normalmente.

k) Tensão entre as duas posições da perspectiva feminista do currículo

R: Um grupo feminista defende um currículo que englobe as características que são consideradas femininas, pois consideram que essas características são relevantes (desejáveis) do ponto de vista humano (ex: a experiência da maternidade), que também faz parte do mundo dos homens de uma forma indireta.

Já em outras análises, julgam que enfatizar essa característica está reforçando o estereótipo que levaria as mulheres a papéis socialmente inferiores aos dos homens. O primeiro grupo, entretanto, não quer com isso afirmar que as mulheres deveriam apenas fazer papéis femininos que socialmente lhes foram impostos, mas sim transformar toda a sociedade, para que possam pensar de maneira diferente quanto às experiências consideradas femininas e desejáveis.

Autora: Soraya Mendonça Marques

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