Apelidos Pejorativos: Consequência na Construção da Autoestima
Introdução
Os apelidos acompanham a vida de qualquer pessoa normal. Existem tantos tipos de apelidos que é possível até dividi-los em categorias e subcategorias. O que podemos tomar como exemplo são os gordinhos, um dos grupos que mais sofrem com essas situações:
Categoria: Tipo físico baseado na característica peso
Subcategorias:
- Objetos: barril, bujão, bola.
- Animal: Elefante, baleia, hipopótamo.
- Paisagens: Montanha, lua cheia.
- Personalidades: Jô, Faustão, Homer Simpson.
- Comida: Pão de queijo, porpeta, azeitona.
- Metafóricos: Chupeta de baleia, rolha de poço, tampa do Vesúvio.
Estabelecidas essas categorias, podemos dividir os proprietários dessas alcunhas entre os que aceitam o apelido numa boa, os que aceitam mas logo contra-atacam chamando o outro de coisas piores, e os que não aceitam. Não é necessário dizer que os que mais sofrem são aqueles que não aceitam, pois essa é a regra básica para um apelido pegar ou não: o quanto ele afeta a pessoa a quem é dado.
Várias pessoas têm a mania de olhar para as outras e logo em seguida começar a buscar alguma personalidade parecida, seja esta personalidade um cantor, esportista, ator nacional ou internacional, e até mesmo políticos influentes. Essa mania tende a se espalhar facilmente entre um grupo de amigos.
Desde já, peço desculpas aos gordinhos por tê-los utilizado como exemplo e possivelmente ter dado ideias para novos apelidos.
Para tal, existe até uma lei que permite a mudança de um nome para um apelido. Devemos tomar muito cuidado, afinal, o que não queremos para nós não deveríamos desejar para o próximo.
Lei nº 9.708, de 18/11/1998
Altera o art. 58 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, que dispõe sobre Registros Públicos, para possibilitar a substituição do prenome por apelidos públicos notórios.
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º – O Art. 58 da Lei 6.015, de 31 de dezembro de 1973, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 58 – O prenome será definido, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios” (NR)
“Parágrafo único – Não se admite a adoção de apelidos proibidos por Lei” (NR)
Art. 2º – Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 18 de novembro de 1998.
Fernando Henrique Cardoso
Metodologia
Para a realização deste trabalho, utilizamos um questionário de perguntas abertas (ver anexo 1), onde o próprio entrevistador anotava as respostas obtidas, mesmo porque eram crianças da Educação Infantil. Este entrevistador fez todos os questionários (ver anexo 2).
Depois de todos os dados necessários colhidos, tabulamos e pudemos então avaliar os resultados obtidos.
Dos entrevistados, 17 deles responderam que sim, têm apelidos. Apenas 03 dos entrevistados responderam que não tinham apelidos. A nossa amostragem foi de 20 entrevistados (n=20), porém para análise e interpretação dos resultados, utilizamos apenas os 17 ou 85% dos entrevistados. Em função das suas respostas, tivemos que “descartar” 03 entrevistados, portanto o nosso n será de 17 (n=17); a nossa amostra será considerada apenas os entrevistados que responderam sim à primeira pergunta.
Resultados
Os resultados encontrados estão na tabela abaixo:
* Outros = xingo, não atendo, revido, normal, bravo, choro, triste.
Discussão
De acordo com os resultados obtidos, pudemos analisar que a maioria dos nossos entrevistados tem apelidos.
Destes, a maioria sabe porque tem esse apelido, porém o que mais nos chamou a atenção é o fato de que, embora a grande maioria tenha apelido, 10 deles (ou 58,83%) não gostam de seu apelido e se pudessem mudariam. Outro dado que nos chamou a atenção foi que, na maioria, em casa são chamados pelos nomes, ficando divididos entre serem chamados pelo apelido em casa e pelos dois.
Fica constatado em nossa pesquisa que, embora a maioria dos entrevistados tenha apelidos, preferem quase que em sua totalidade serem chamados pelos nomes e ainda dizem que não acham o seu apelido carinhoso.
A importância da autoestima nas crianças é um tema que merece atenção, pois pode ajudar a entender como os apelidos pejorativos impactam a formação da identidade.
Desenvolvimento
O que é Bullying?
O termo bullying compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são as características essenciais que tornam possível a intimidação da vítima.
Por não existir uma palavra na língua portuguesa capaz de expressar todas as situações de bullying possíveis, o quadro a seguir relaciona algumas ações que podem estar presentes:
- Colocar apelidos
- Ofender
- Zoar
- Gozar
- Encarnar
- Sacanear
- Humilhar
- Fazer sofrer
- Discriminar
- Excluir
- Isolar
- Ignorar
- Intimidar
- Perseguir
- Assediar
- Aterrorizar
- Amedrontar
- Tiranizar
- Dominar
E onde o Bullying ocorre?
O bullying é um problema mundial, encontrado em toda e qualquer escola, não estando restrito a nenhum tipo específico de instituição: primária ou secundária, pública ou privada, rural ou urbana. Pode-se afirmar que as escolas que não admitem a ocorrência de bullying entre seus alunos, ou desconhecem o problema, ou se negam a enfrentá-lo.
De que maneira os alunos se envolvem com o Bullying?
Seja qual for a atuação de cada aluno, algumas características podem ser destacadas, relacionadas aos papéis que venham a representar:
- Alvos de bullying – são os alunos que só sofrem bullying;
- Alvos/autores de bullying – são os alunos que ora sofrem, ora praticam bullying;
- Autores de bullying – são os alunos que só praticam bullying;
- Testemunhas de bullying – são os alunos que não sofrem nem praticam bullying, mas convivem em um ambiente onde isso ocorre.
Os autores são, comumente, indivíduos que têm pouca empatia. Frequentemente, pertencem a famílias desestruturadas, nas quais há pouco relacionamento afetivo entre seus membros. Seus pais exercem uma supervisão pobre sobre eles, toleram e oferecem como modelo para solucionar conflitos o comportamento agressivo ou explosivo. Admite-se que os que praticam bullying têm grande probabilidade de se tornarem adultos com comportamentos anti-sociais e/ou violentos, podendo vir a adotar, inclusive, atitudes delinquentes ou criminosas.
Os alvos são pessoas ou grupos que são prejudicados ou que sofrem as consequências dos comportamentos de outros e que não dispõem de recursos, status ou habilidade para reagir ou fazer cessar os atos danosos contra si. São, geralmente, pouco sociáveis. Um forte sentimento de insegurança os impede de solicitar ajuda. São pessoas sem esperança quanto às possibilidades de se adequarem ao grupo. A baixa autoestima é agravada por intervenções críticas ou pela indiferença dos adultos sobre seu sofrimento. Alguns acreditam ser merecedores do que lhes é imposto. Têm poucos amigos, são passivos, quietos e não reagem efetivamente aos atos de agressividade sofridos. Muitos passam a ter baixo desempenho escolar, resistem ou recusam-se a ir para a escola, chegando a simular doenças. Trocam de colégio com frequência ou abandonam os estudos. Há jovens que, em extrema depressão, acabam tentando ou cometendo suicídio.
As testemunhas, representadas pela grande maioria dos alunos, convivem com a violência e se calam em razão do temor de se tornarem as “próximas vítimas”. Apesar de não sofrerem as agressões diretamente, muitas delas podem se sentir incomodadas com o que veem e inseguras sobre o que fazer. Algumas reagem negativamente diante da violação de seu direito a aprender em um ambiente seguro, solidário e sem temores. Tudo isso pode influenciar negativamente sobre sua capacidade de progredir acadêmica e socialmente.
Quais são as consequências do Bullying sobre o ambiente escolar?
Quando não há intervenções efetivas contra o bullying, o ambiente escolar torna-se totalmente contaminado. Todas as crianças, sem exceção, são afetadas negativamente, passando a experimentar sentimentos de ansiedade e medo. Alguns alunos, que testemunham as situações de bullying, quando percebem que o comportamento agressivo não traz nenhuma consequência a quem o pratica, poderão achar por bem adotá-lo.
Alguns dos casos citados na imprensa, como o ocorrido na cidade de Taiúva, interior de São Paulo, no início de 2003, nos quais um ou mais alunos entraram armados na escola, atirando contra quem estivesse à sua frente, retratavam reações de crianças vítimas de bullying. Merecem destaque algumas reflexões sobre isso:
- Depois de muito sofrerem, esses alunos utilizaram a arma como instrumento de “superação” do poder que os subjugava.
- Seus alvos, em praticamente todos os casos, não eram os alunos que os agrediam ou intimidavam. Quando resolveram reagir, o fizeram contra todos da escola, pois todos teriam se omitido e ignorado seus sentimentos e sofrimento.
As medidas adotadas pela escola para o controle do bullying, se bem aplicadas e envolvendo toda a comunidade escolar, contribuirão positivamente para a formação de uma cultura de não violência na sociedade.
Quais são as consequências possíveis para os alvos?
As crianças que sofrem bullying, dependendo de suas características individuais e de suas relações com os meios em que vivem, em especial as famílias, poderão não superar, parcial ou totalmente, os traumas sofridos na escola. Poderão crescer com sentimentos negativos, especialmente com baixa autoestima, tornando-se adultos com sérios problemas de relacionamento. Poderão assumir, também, um comportamento agressivo. Mais tarde, poderão vir a sofrer ou a praticar bullying no trabalho (workplace bullying). Em casos extremos, alguns deles poderão tentar ou cometer suicídio.
E para os autores?
Aqueles que praticam bullying contra seus colegas poderão levar para a vida adulta os mesmos comportamentos anti-sociais, adotando atitudes agressivas no seio familiar (violência doméstica) ou no ambiente de trabalho. Estudos realizados em diversos países já sinalizam para a possibilidade de que autores de bullying na época da escola venham a se envolver, mais tarde, em atos de delinquência ou criminosos.
E quanto às testemunhas?
As testemunhas também se veem afetadas por esse ambiente de tensão, tornando-se inseguras e temerosas de que possam vir a se tornar as próximas vítimas.
O bullying é tema de várias discussões não só em torno do ambiente escolar, mas nos prendemos a esse, pois é o que mais nos interessava. A revista Nova Escola deste mês também abordou tal tema, que também nos ajudou no desenvolvimento do trabalho. (Ver anexo 3).
Projeto
Objetivo:
- O resgate da valorização do eu;
- Revelar de diversas maneiras a autoestima;
- Promover a socialização;
- Respeitar o sentimento alheio;
- Desenvolver o raciocínio e a memória;
- Desenvolver a criatividade;
- Pesquisar a origem do seu nome e de seu apelido;
- Pesquisar nomes de pessoas ilustres e seus apelidos.
2-Quem sou?
Porque sou eu e não o outro?
Como e por que foi escolhido o meu nome?
Apelidos, usá-los ou não?
Quais as consequências que um apelido poderá causar?
3-Entrevistas com os pais?
Pesquisa em sala de aula;
Palestra com Psicóloga
4-Sentimos a necessidade de trabalhar este tema, pois em uma sala de aula ocorrem casos como estes:
Uma criança insiste em se auto denominar por um apelido pejorativo dado pela sua mãe, o que lhe tem causado vários constrangimentos.
Na 1ª fase do projeto, com duração de uma semana, buscaremos a socialização das crianças levantando outros apelidos em sala, sua relação com as características físicas, sua origem e que sentimentos geram em cada um. A apresentação de nomes de pessoas ilustres e seus apelidos, como por exemplo: Alexandre “O Grande”.
Na 2ª fase, com duração de duas semanas, faremos pesquisas com os pais sobre a origem do nome (estudo semântico), e também utilizaremos outros métodos de pesquisa, como livros e internet. Buscaremos também mais nomes de pessoas ilustres e seus apelidos pelos meios acima citados. Entrevista com a equipe escolar se eles tiveram ou têm apelido e o sentimento em relação a eles.
Estórias como: “O Patinho Feio”, “Gigi e o Girassol” e “A Abelha Abelhuda” trabalharão as diferenças físicas entre os seres humanos e, a partir daí, serão feitas atividades de recorte e colagem.
5-Conceituar com clareza a ideia de como o nome de cada um é importante. Relação afetiva com o nome, resgate da autoestima e a questão do racismo e do preconceito.
6-Pesquisar em sala de aula, nome dos colegas que possuem nome dos avós, pais e outros parentes.
Iniciais dos nomes, comparação de iniciais.
7-Montagem de um “Álbum da Minha Vida”, como era, como sou.
Aula de artes, criar uma capa para o projeto.
O processo avaliativo se dará diariamente.
3ª e 4ª semana.
Os resultados serão registrados em uma espécie de álbum contendo peso, altura, fotos quando era bebê etc.
Palestra com Psicólogo;
Dramatização da historinha do Patinho Feio e a apresentação para as outras crianças da escola, com gravação do evento em vídeo para posterior apresentação aos pais, que registrarão suas opiniões sobre o projeto.
Conclusão
Os antropônimos estão documentados e registrados em todas as raças e línguas, fazendo parte da cultura de todos os povos desde as eras mais primitivas.
Apelidos ou nomes foram a forma encontrada pelos seres humanos para distinguir as pessoas da família e da comunidade, facilitando assim a identificação de cada um de seus membros.
Inicialmente, apenas um nome era suficiente para a identificação, mas com o crescimento das famílias e a população das comunidades, alguns nomes começaram a se popularizar e a serem também usados por descendentes de outras famílias, gerando assim dificuldades na distinção de cada pessoa. Houve então a necessidade da criação de um segundo nome que, acrescentado ao primeiro, identificasse melhor as pessoas.
O segundo nome foi surgindo naturalmente, aliado a peculiaridades referentes à pessoa, identificando-a imediatamente: João Oliveira, ou João, que planta, cuida ou vende olivas; Paulo Ferreira, ou Paulo, o ferreiro ou aquele que trabalha com ferro; Luiz Serra, ou Luiz, o que mora na serra ou no alto da montanha; Pedro Carneiro, ou Pedro, o que cria carneiros; Sérgio Fortes, ou Sérgio, o forte, o musculoso, de aparência forte; Luiz Guimarães, ou Luiz, nascido ou procedente da cidade de Guimarães; Antônio Lago, ou Antônio, o que pesca ou mora próximo a um lago; Cláudio Branco, ou Cláudio, o de cor bem clara, branca; João Batista dos Reis, em veneração aos três reis magos da história cristã; Carlos Pontes, ou Carlos, o que constrói pontes. Assim, desta forma simples de apelidos, foram surgindo nomes que seriam adotados como sobrenomes, simplificando a identificação dos indivíduos e das famílias dentro das comunidades.
Na formação dos antropônimos brasileiros, houve a influência de vários povos e idiomas.
Neste trabalho, pudemos perceber a importância de um simples apelido. Ele pode ou não ser aceito pela pessoa em questão. Vimos, por meio deste simbólico trabalho, afirmar que na maioria dos “apelidados”, não concordam ou não gostam do apelido que lhes fora dado.
Desta forma, vale ressaltar que os apelidos não aceitos por todos e devemos respeitar a vontade de cada um para não criarmos atritos.
Bibliografia
Revista Veja, agosto de 2003.
Revista Nova Escola, Dezembro de 2004.
www.escotiros.org.br
www.diariocarioca.com.br
www.npd.org.br
www.melhornome.com.br
www.bullying.com.br
- Instituição: Ceunsp
- Autor: Vanessa
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