A Influência da Alfabetização Emocional no Aprendizado
Este artigo explora como a alfabetização emocional impacta o desenvolvimento cognitivo e o sucesso escolar, apresentando técnicas para ajudar alunos a alcançarem seus objetivos acadêmicos e profissionais.
Afetividade e Aprendizado
TEMA: Afetividade e Aprendizado
TÍTULO: A Influência da Alfabetização Emocional no Aprendizado
DELIMITAÇÃO TEMÁTICA: A importância da alfabetização emocional no aprendizado de crianças pequenas.
OBJETIVO GERAL:
Conhecer as influências da afetividade na alfabetização emocional.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Compreender a importância do profissional em educação ser capacitado para trabalhar com crianças com problemas de afetividade;
- Identificar quais os fatores que mais influenciam a falta de afetividade;
- Relacionar atividades capazes de aumentar a afetividade e o aprendizado em sala de aula.
PROBLEMATIZAÇÃO:
Os professores estão preparados para enfrentar a falta de afetividade na sala de aula?
Quais influências o aprendizado sofre pela falta de afetividade?
Qual o papel do professor e da escola na formação do aluno? Como alfabetizar emocionalmente?
Fundamentação Teórica
Afetividade e Aprendizado
Atribuir o afeto como suporte ao aprendizado infantil já não é nenhuma novidade. Piaget, Vigotsky e Wallon já há muito tinham suas teorias sobre a relação afetividade/aprendizado e sua importância, estes, abriram caminhos para novos estudos e novas teorias como a Teoria das Inteligências Múltiplas (Gardner, Howard), Inteligência Emocional (Goleman, Daniel), e ainda podemos citar a Teoria da Inteligência Multifocal (Cury, 2000). Segundo Cury, a memória não é apenas o armazém de informações e experiências, mas uma “função psicológica” que deve ser usada como base para a arte de pensar, para a criatividade e destaca sua importância na formação da inteligência.
Cury, em sua teoria, diz que para o educador é fundamental conhecer o papel e as funções da memória, pois em sua jornada ele poderá ajudar seus alunos de maneira completa. Ressalta ainda a relação da memória com a emoção, dizendo que o que determina a qualidade da memória é a emoção, é ela que “fixa” na memória os registros de conhecimentos e experiências, mais tarde relaciona estes registros a fatos novos e informações, gerando novas emoções e pensamentos.
Nesse processo “memória + emoção = fixação”, chegamos a um múltiplo comum: o “aprendizado”.
O aprendizado tem sido o grande desafio dos educadores nos dias atuais, apesar de tantas informações, tantos meios de comunicação e o fácil acesso a eles, o educador tem tido dificuldades em ensinar para crianças da educação infantil.
Mas como ensinar? Como chegar à memória, carregá-la de informações e fixá-las no aluno?
Várias técnicas pedagógicas são desenvolvidas todos os dias, algumas delas baseadas na emoção e afetividade. O que se espera dessas novas técnicas é a formação de um elo entre o professor e aluno, na qual o primeiro tenta aumentar a motivação e o interesse pelo registro de novas informações.
Se a emoção positiva melhora o interesse e concentração, ora, o que dizer das emoções negativas como: medo, vergonha, ansiedade, timidez, depressão? Para o educador é muito mais que uma modalidade, é uma necessidade trabalhar com as emoções, de maneira que o aluno aprenda a definir o que está sentindo e o professor lhe ensine a gerenciar essas emoções: “… pensar antes de reagir, a não ter medo do medo e a ser líder de si mesmo, autor de sua história, a saber filtrar os estímulos estressantes e a trabalhar não apenas com os fatos lógicos e problemas concretos, mas também com as contradições da vida.” (Cury, 2003, p.66).
Antes de tudo, o bom profissional em educação tem que fazer um trabalho investigativo, descobrir quais as causas da falta de afetividade em sala de aula, seja ela revelada em formas agressivas, timidez ou ansiedades. A criança tem mais facilidade em aprender, mas não tem qualquer noção de controle das emoções, esse descompasso gera dificuldades no aprendizado.
O professor pode trabalhar técnicas que valorizem a emoção, pois se a mesma é usada segundo o psicólogo Fernando B. de Monte-Serrat em seu artigo: “A emoção como catalisadora do processo ensino/aprendizagem” (Revista Abceducatio, nº42, fev/2005), o educador poderá usar técnicas como: exposição interrogada, exposição dialogada, a arte de contar histórias, a humanização do conhecimento, a humanização do professor, etc.
Reconhecer o valor das técnicas pedagógicas, aprendendo e desenvolvendo, usando a emoção para atingir maiores níveis de aprendizagem, determina uma capacidade maior no educador.
No seu livro “Alfabetização Emocional – Novas Estratégias/1999”, Celso Antunes sugere a Alfabetização Emocional.
Mas, o que vem a ser Alfabetização Emocional?
Segundo essa teoria, são procedimentos que envolvem estímulos para o desenvolvimento das inteligências inter e intrapessoais.
A Alfabetização Emocional se baseia em descobertas no campo da neurologia e estudos como os de Howard Gardner, que nos fala sobre “Múltiplas Inteligências”. Essas inteligências, recebendo os estímulos adequados pelos professores e psicólogos, vão se expandindo.
Para isso, Celso Antunes desenvolveu uma série de jogos (estratégias), que podem ajudar de forma significativa o autoconhecimento e a empatia, a administração das emoções, automotivação, enfim, elementos que ajudarão o professor a transpor barreiras até então não quebradas entre aluno e professor.
O professor que deseja ser capacitado para dar “aulas” de Alfabetização Emocional precisa reunir as melhores condições para tal cargo segundo Celso Antunes em seu livro:
- “Mentalidade aberta: aceitar inovações com entusiasmo;
- Acentuada Inteligência Interpessoal: …ter prazer de se relacionar com outras pessoas, o professor não ensina posturas emocionais, mas ajuda a construí-las. Geralmente, o bom discursador é mau ouvinte, e o bom professor de Alfabetização Emocional é um ótimo ouvinte;
- Atitude Investigativa: …estar em permanente estado de pesquisa e sempre disposto a aprender a aprender…;
- Senso Crítico: …ter segurança para aceitar a crítica construtiva e para reformular-se a partir da convicção de que sua mudança conduz ao crescimento efetivo…;
- Desprendimento Intelectual: …incapaz de “guardar” seus eventuais sucessos como conquista pessoal, estimulando-se a crescer a partir de intercâmbio com outros profissionais…;
- Sensibilidade às mudanças: …estar preparado para assumir seus erros, corrigindo-se e também reconstruindo a partir da identificação de falha…;
- Empatia e Inteligência Intrapessoal: serenidade para superar as críticas perversas dos descrédulos ou desanimados; alguém capaz de se sentir “o outro” em seus sentimentos e mágoas; livre de estereótipos ou preconceitos que rotulam as pessoas…”
Enfim, para estar capacitado, o professor tem que estar envolvido plenamente e engajado nesse processo de construção desse “novo perfil”.
A falta de afetividade em sala de aula na Educação Infantil é um desafio a ser vencido, mas se formos buscar as causas, num primeiro momento, veremos que essas crianças com problemas de aprendizado, a grande maioria é agressiva ou muitas vezes tímida e ansiosa. Na realidade, essas atitudes são reflexos do que essa criança vive em seu ambiente doméstico, ou até mesmo a falta desse ambiente. Num mundo tão capitalista e consumista, pai e mãe saem para trabalhar, no fim do dia chegam estressados e desgastados também fisicamente, e que não dispõem de tempo e atenção para seus filhos. Chega a ser natural as atitudes das crianças, pois se não recebem essa afetividade, como ser afetivo?
“É a afetividade que constitui o alicerce sobre o qual se constrói o conhecimento racional. É possível observar na prática como as crianças portadoras de bloqueios afetivos apresentam também inibições intelectuais, e como as que possuem uma boa relação afetiva: segurança, sentido de realidade, interesse pelo mundo exterior, têm o seu desenvolvimento intelectual facilitado” (Barsa, 2000. CD-ROM).
Muitos pais levam seus filhos à escola, mas mostrando a eles que isso é uma obrigação. Ao contrário, se fizessem uma exaltação mostrando os benefícios e o prazer que os conhecimentos podem trazer, certamente a criança veria a escola com outros olhos, com mais segurança e autoconfiança. A criança chega em casa afoita para mostrar uma tarefa bem executada, uma descoberta ou uma boa nota e os pais não estão em casa ou não revelam nenhum interesse pelas novidades do filho, não querem ou não podem escutá-lo naquele momento. A decepção da criança é muito grande, e fatos como esses podem gerar um grande desinteresse pelos estudos.
É muito importante para a Alfabetização Emocional a presença dos pais na escola, para conhecerem e ajudar na elaboração de um projeto pedagógico e atividades que possam desenvolver e aumentar a capacidade de aprendizado da criança. Cada pai e mãe conhecem seu filho como ninguém e essa presença na escola aumentaria ainda mais o relacionamento entre professor/aluno/pais, melhorando em todos os sentidos, sejam eles cognitivos, emocionais e afetivos. Seria uma espécie de “mutirão” onde o principal objetivo seria a total integração do aluno na comunidade escolar, e em contrapartida, a comunidade escolar contribuindo para a reestruturação da afetividade e da família, desenvolvendo sua inteligência emocional, aumentando sua autoconfiança para mais tarde, esta criança se torne um adulto feliz e realizado.
Resumindo, a realização de projetos pedagógicos que trabalhem a afetividade é muito importante neste contexto, na identificação de fatores que influenciam a falta de afetividade, na produção de atividades que aumentam a afetividade em sala de aula e pesquisar incansavelmente, conhecer profundamente a mente e os meios de chegar até ela. As escolas, por sua vez, necessitam de uma mudança muito grande no sentido de desenvolver projetos em que reaproxime família/escola/aluno e que essas vislumbrem um novo caminho para o sucesso de suas crianças.
Analisando a implantação da Educação Emocional nas escolas, Goleman diz: “A alfabetização emocional implica num mandato ampliado para as escolas, entrando no lugar de famílias com falhas na socialização das crianças. Essa temerária tarefa exige duas grandes mudanças: que os professores vão além de sua missão tradicional e que as pessoas na comunidade se envolvam mais com as escolas.”
REFERÊNCIAS:
MONTE-SERRAT, Fernando. A emoção como catalisadora do processo de ensino/aprendizagem.
ANTUNES, Celso. Alfabetização Emocional: Novas Estratégias. Petrópolis – RJ: Editora Vozes, 1999.
Autor: Valnice Bastos de P. Nagem
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