Planos de Aula BNCC

A Importância da Psicomotricidade na Educação

Descubra como a psicomotricidade pode ajudar na educação das crianças, desenvolvendo suas habilidades cognitivas e afetivas e melhorando suas capacidades motoras. Aprenda a como promover o desenvolvimento integral das crianças em sala de aula.

A Importância da Psicomotricidade na Educação

Escrever, marchar, correr, dançar, são atividades fundamentadas no movimento de uma atividade motriz. Simples em aparência, necessita constantemente da intervenção coordenada por um conjunto neuromuscular em função de cada uma das situações em que se enquadra o sujeito ativo.

A psicomotricidade é a capacidade psíquica de realizar movimentos. Não se trata da realização do movimento propriamente dito, mas da atividade psíquica que transforma a imagem para a ação em estímulos para os procedimentos musculares adequados.

O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da personalidade da criança. É a representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo. A própria criança percebe-se e percebe as pessoas e as coisas que a cercam, em função de sua pessoa. Sua personalidade se desenvolverá graças a uma progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, de suas possibilidades de agir e transformar o mundo à sua volta.
É muito comum que, visando garantir uma atmosfera de ordem e de harmonia, algumas práticas educativas procurem simplesmente suprimir o movimento, impondo às crianças de diferentes idades rígidas restrições posturais. Isso se traduz, por exemplo, na imposição de longos momentos de espera – em fila ou sentada – em que a criança deve ficar quieta, sem se mover, ou na realização de atividades mais sistematizadas, como de desenho, escrita ou leitura, em que qualquer deslocamento, gesto ou mudança de posição pode ser visto como desordem ou indisciplina.

Além do objetivo disciplinar apontando, a permanente exigência de concentração motora pode estar baseada na ideia de que o movimento impede a concentração e a atenção da criança, ou seja, que as manifestações motoras atrapalham a aprendizagem. Todavia, a julgar pelo papel que os gestos e as posturas desempenham junto à percepção e à representação, conclui-se que, ao contrário, é a impossibilidade de mover-se ou de gesticular que pode dificultar o pensamento e a manutenção da atenção.

Criada há 25 anos pelo Prof. André Lapierre, a Psicomotricidade Relacional trouxe uma nova visão científica e prática da relação psicotônico-afetiva da criança com o adulto e com o mundo ao seu redor. Propagando-se com sucesso por vários países da Europa, a Psicomotricidade Relacional vem despertando interesse nos profissionais de educação, saúde e terapia mais atentos.

As principais funções psicomotoras são: um bom desenvolvimento da estruturação do esquema corporal que mostre a evolução da apresentação da imagem do corpo e o reconhecimento do próprio corpo, evolução de preensão e da coordenação óculo-manual que nos proporciona a fixação ocular e prensão e olhar e desenvolvimento da função tônica e da postura em pé e reflexos arcaicos da estruturação espaço-temporal (tempo, espaço, distância e retina).
Não podemos esquecer de citar a importância dos sentimentos da criança na fase do conhecimento de seu próprio corpo, pois um esquema corporal mal estruturado pode determinar na criança um certo desajeitamento e falta de coordenação, fazendo-a sentir-se insegura, e isso poderá desencadear uma série de reações negativas como: agressividade, mau humor, apatia que, às vezes, parece ser algo tão simples, poderá originar sérios problemas de motricidade que serão manifestados através do comportamento.

A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu corpo ocupa um espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens, recebe sons, sente cheiros e sabores, dor e calor, movimenta-se. A entidade corpo é centro, o referencial. A noção do corpo está no centro do sentimento de mais ou menos disponibilidade e adaptação que temos de nosso corpo e está no centro da relação entre o vivido e o universo.

Para Jean LeBouch (1986), o esquema corporal é a organização das sensações relativas ao seu próprio corpo em relação com os dados do mundo exterior.
Hurtado (1991) no dicionário de psicomotricidade, define esquema corporal como elemento básico indispensável na criança para construção de sua personalidade. É a representação mais ou menos global, mais ou menos específica e diferenciada que ela apresenta do seu próprio corpo.

Etapas do Desenvolvimento do Esquema Corporal

1 – Etapa do corpo submisso (0 a 2 meses)

Os movimentos são estritamente automáticos, dependendo de bagagem inata (reflexos e automatismos de alimentação, de defesa e de equilíbrio). Daí resulta comportamento inteiramente dominado pelas necessidades orgânicas e ritmado pela alternância alimentação-sono. Nesta fase de impulsividade motora (ver desenvolvimento psicomotor segundo Wallon), os gestos são explosivos, não são orientados e se parecem mais a crises motoras do que a movimentos coordenados.

2 – Etapa do corpo vivido (2 meses a 3 anos)

Caracterizada por comportamento motor global com repercussões emocionais fortes e mal controladas. A criança vai tomando consciência de seus movimentos. E, à medida que vai tomando a noção de lugar, vai virando também para os lados. A atividade traduz a expressão de uma necessidade fundamental de movimento e investigação (ver Pavlov).
A criança participa de tudo, de todos os movimentos ao seu redor. Dois aspectos a serem observados nessa fase:
a – atividade espontânea da criança – (movimentos não pensados). Levantar a barriga, rolar pelo berço, pegar objetos e levar à boca. Dessas atividades espontâneas é que ela vai adquirindo experiências.
b – importância da experiência vivida pela criança – Pela experiência vivida, enquanto distingue seu próprio corpo do mundo dos objetos, é que se estabelece o primeiro esboço da imagem do corpo e a criança parte para a descoberta do mundo exterior.

3 – Etapa do Corpo Descoberto (3 a 6 anos)

A criança vai descobrindo seu corpo, começando a estruturar seu esquema corporal. Durante a fase do corpo vivido, a experiência emocional do corpo e do espaço permite à criança sentir seu corpo como objeto total no mecanismo de relação. O reconhecimento de um objeto pelo lado dos sentidos vai, por sua vez, ser submetido a uma evolução rápida.
É nesta etapa que se desenvolve:
a) função de interiorização – É uma forma de atenção perceptiva centralizada sobre o próprio corpo, que permite à criança tomar consciência de suas características corporais e verbalizá-las.
b) interiorização e localização –
c) interiorização e controle do desenvolvimento temporal do movimento –

4 – Etapa do Corpo Representado (6 a 12 anos)

Por volta dos 5-6 anos, as experiências tônicas e dados visuais produzem a primeira imagem sintética do corpo. Daí a representação de uma imagem mental do corpo em movimento.
No início, ela poderá controlar voluntariamente sua atitude sem empregar tensões inúteis, a partir de um esquema postural, verdadeira imagem do corpo estático. Mas é preciso atingir a idade de 10 a 12 anos para que, no momento das aprendizagens praxiológicas, ela possa dispor de uma imagem mental do corpo em movimento, permitindo uma verdadeira representação mental de uma sucessão motora.

Esquema Corporal Mal Definido

Apresenta-se sobre os planos da:

  • Percepção – deficiência da estruturação espaço-temporal

Motricidade – lentidão, coordenação psicomotora deficiente, atitudes inadequadas.
Relação com o outro – insegurança nas relações com o outro. A criança não conhece as partes do seu corpo, ignora o vocabulário corporal, não situa bem seus membros ao gesticular ou por falta de concentração, ou porque não descobriu todas as possibilidades espaciais de seu corpo. Seus gestos não são harmônicos; é lenta e não consegue agir rapidamente.

Transpondo para a prática, o professor precisa cuidar de sua expressão e posturas corporais ao se relacionar com as crianças. Não deve esquecer que seu corpo é um veículo expressivo, valorizando e adequando os próprios gestos, mímicas e movimentos na comunicação com as crianças através de jogos, brincadeiras, histórias, refletindo sobre os tipos de movimentos, ajudando as crianças a desenvolverem uma motricidade harmoniosa.

Psicomotricidade na Matemática

A matemática pode ser considerada uma linguagem cuja função é expressar relações de quantidade, espaço, tamanho, ordem, distância, etc. À medida que brinca com formas, quebra-cabeças, caixas ou panelas, a criança adquire uma visão dos conceitos pré-simbólicos de tamanho, número e forma. Ela enfia contas no barbante ou coloca figuras em quadros e aprende sobre sequência e ordem; aprende frases: acabou, não mais, muito, o que amplia suas ideias de quantidade.
A criança progride na medida do conhecimento lógico-matemático, pela coordenação das relações que anteriormente estabeleceu entre os objetos. Para que se construa o conhecimento físico (referente a cor, peso, etc.), a criança necessita ter um sistema de referência lógico-matemático que lhe possibilite relacionar novas observações com o conhecimento já existente; por exemplo: para perceber que um peixe é vermelho, ela necessita de um esquema classificatório para distinguir o vermelho de todas as outras cores e outro esquema classificatório para distinguir o peixe de todos os demais objetos que conhece.

Psicomotricidade na Alfabetização

As habilidades psicomotoras são essenciais ao bom desempenho no processo de alfabetização. A aprendizagem da leitura e da escrita exige habilidades tais como:
• dominância manual já estabelecida (área de lateralidade);
• conhecimento numérico suficiente para saber, por exemplo, quantas voltas existem nas letras m e n, ou quantas sílabas formam uma palavra (área de habilidades conceituais);
• movimentação dos olhos da esquerda para a direita, domínio de movimentos delicados adequados à escrita, acompanhamento das linhas de uma página com os olhos ou os dedos, preensão adequada para segurar lápis e papel e para folhear (área de coordenação visual e manual);
• discriminação de sons (área de percepção auditiva);
• adequação da escrita às dimensões do papel, reconhecimento das diferenças dos pares b/d, q/d, p/q etc., orientação da leitura e da escrita da esquerda para a direita, manutenção da proporção de altura e largura das letras, manutenção de espaço entre as palavras e escrita orientada pelas pautas (áreas de percepção visual, orientação espacial, lateralidade, habilidades conceituais);
• pronúncia adequada de vogais, consoantes, sílabas, palavras (área de comunicação e expressão);
• noção de linearidade da disposição sucessiva de letras, sílabas e palavras (área de orientação têmporo-espacial);
• capacidade de decompor palavras em sílabas e letras (análise);
• possibilidade de reunir letras e sílabas para formar novas palavras (síntese).

A psicomotricidade é imprescindível na educação para o desenvolvimento físico, cognitivo e afetivo da criança. O professor deve ter o cuidado de elaborar suas aulas fundamentando-se nestes aspectos para proporcionar ao aluno um desenvolvimento integral. Neste aspecto, a escola que acompanha as mudanças de um mundo onde os conhecimentos evoluem rapidamente deve priorizar os pilares que a sustentam (aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser, aprender a conviver juntos) de forma lúdica e prazerosa.

Referências Bibliográficas

1. Hurtado, J.G.G.M. (1991). Dicionário de psicomotricidade. Porto Alegre: Prodil.
2. Aucouturier, B. e LaPierre, A. (1985). As Nuanças: da vivência à abstração através da Educação Psicomotora. São Paulo: Manole.
3. Le Bouch, J. (1986) . O desenvolvimento psicomotor: do nascimento até os 6 anos. Porto Alegre: Artes Médicas

Autora: Rosimar Nádila O. Saraiva, Pedagoga da Educação Infantil


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