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Atualizado em 10/08/2024

O TDAH em crianças do ensino fundamental e o conhecimento de seus professores acerca das características comportamentais e emocionais desse transtorno

Este artigo investiga o conhecimento dos professores do ensino fundamental sobre o TDAH em crianças, abordando suas características comportamentais e emocionais, além de oferecer insights para pais e educadores.

O TDAH em Crianças de Ensino Fundamental e o Conhecimento de seus Professores Acerca das Características Comportamentais e Emocionais desse Transtorno


1.0 INTRODUÇÃO

O Transtorno do Déficit de Atenção / Hiperatividade é conhecido há aproximadamente cem anos, contudo, sua caracterização clínica não está finalizada. Em 1902, o médico inglês, G. Still descreveu pela primeira vez as características desse transtorno, desde então denominado de Disfunção Cerebral Mínima, passando posteriormente a ser chamado de Hipercinesia ou Hipercinese. Logo a seguir, Hiperatividade, nome que ficou mais conhecido e perdurou por mais tempo. Em 1987, passou a ser chamado de Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH), segundo a quarta Edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM IV), da Associação Americana de Psiquiatria (APA).

Segundo Silvares (2000), esse transtorno envolve a apresentação de níveis acima da média de desatenção, impulsividade e hiperatividade. É um transtorno de início precoce, ou seja, os sintomas geralmente se apresentam antes dos sete anos, e são notáveis na maioria dos ambientes como lar, escola e comunidade. O TDAH afeta aproximadamente 3 a 5% de uma média de aproximadamente 3:1 a 5:1 (Barkley, 1990), e tende a ser crônico, sendo que 50% ou mais das crianças com TDAH continuarão a apresentar sintomatologia significativa na adolescência e idade adulta (Barkley, Fischer, Edelbrock e Smallish, 1990; Gittelman, Manuzza, Shenker e Bonagura, 1985; Weiss e Hechtman, 1993). Além disso, as crianças com esse transtorno têm um risco acima da média de apresentarem problemas educacionais, comportamentais e sócio-emocionais.

Muito se tem discutido a respeito da causa do TDAH. Estudiosos concordam que não há uma causa única, e sim uma combinação de fatores, em que dentre eles, a genética aparece como fator básico na determinação do aparecimento dos sintomas.

As crianças com TDAH possuem características que as diferenciam de outras. Na escola, a criança comumente se torna um estorvo a mais numa classe já tumultuada. E, provavelmente, não só deixará de receber atenção adequada, como também será marginalizada pelos colegas, educadores e pais dos seus colegas. Com a progressão do quadro, não é raro que a criança seja convidada a se retirar da escola e que, ao ingressar em outra, o ciclo se repita. Neste quadro, notamos que a formação dos educadores brasileiros pode ser deficitária e, em função disso, a maioria deles possivelmente não está preparada para diagnosticar e/ou encaminhar adequadamente as crianças com o TDAH.

Com isso, este projeto de pesquisa tem a finalidade de conhecer teoricamente as características comportamentais e emocionais dessas crianças, discorrendo sobre essas no decorrer desse trabalho, e ainda avaliar o nível de conhecimento de seus professores acerca das características do TDAH, pois será que estes professores possuem algum conhecimento sobre o assunto? Se possuem, qual a capacidade destes de identificar uma criança com TDAH?

É de suma importância para os educadores possuírem esse conhecimento, pois avaliações errôneas sobre o comportamento de crianças com TDAH são feitas frequentemente, havendo uma grande rotulação dos alunos.


2.0 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVOS GERAIS

  • Conhecer teoricamente as alterações comportamentais e emocionais de uma criança com TDAH.
  • Avaliar o nível de conhecimento dos professores de Ensino Fundamental a respeito dessas alterações.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Definir TDAH, descrevendo as suas principais características e possíveis causas.
  • Entrevistar professores do Ensino Fundamental da rede pública e privada, constatando o nível de conhecimento destes acerca do assunto pesquisado.
  • Examinar a capacidade desses professores de reconhecer um possível caso de TDAH em sala de aula.


3.0 JUSTIFICATIVA

Tenho como primeira justificativa a esse projeto a busca de conhecimento sobre o assunto tratado, visto que este é frequentemente encontrado em escolas e clínicas psicológicas. Segundo bibliografia lida, o TDAH atinge de 3% a 6% de crianças de todo o mundo e é muitas vezes o responsável pelo baixo rendimento escolar, que ocasiona repetência e problemas sérios de aprendizagem. Tenho ainda a curiosidade em pesquisar o nível de conhecimento dos profissionais da educação que lidam diretamente com a criança acerca do tema proposto e como eles estão identificando e lidando, dentro da sala de aula, com possíveis casos de TDAH, pois pode-se observar que muitas crianças são rotuladas de “endiabradas” e “sem educação” por seus professores, que ao contrário disso, são crianças que possuem limitações e necessitam de um acompanhamento especial para a realização de atividades.

A nível acadêmico, justifico-me por esse projeto a intenção de participar de propostas extracurriculares, especificamente na área da qual sou monitora, disciplina de PEPA, visto que essas propostas representam um papel de suma importância para a formação do aluno, levando a um amadurecimento pessoal e profissional, o que é muito desejoso e esperado.


4.0 DESENVOLVIMENTO

4.1 ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS E EMOCIONAIS

O TDAH é caracterizado por uma série de sintomas nem sempre claros e facilmente distinguíveis de outras patologias. “A característica essencial do TDAH é um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade, mais frequente e severo do que aquele tipicamente observado em nível equivalente de desenvolvimento” (APA 1994, p.7). Este padrão aparece em pelo menos dois contextos diferentes do cotidiano da criança (exemplo: na escola e em casa), com evidência clara de interferência no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional. Na escola, há um comprometimento no desempenho, dificultando as relações interpessoais e provocando baixa autoestima com o passar do tempo.

Segundo Ênio Roberto de Andrade (1999), o TDAH é uma síndrome, um quadro caracterizado basicamente por distração e inquietação na criança ou adolescente, dificuldade com o controle inibitório manifestada por impulsividade comportamental e cognitiva. É relativamente frequente e está presente em todas as áreas do mundo. Ocorre mais com o sexo masculino, numa proporção variável de 4:1 a 9:1, dependendo da população e da cultura.

Em indivíduos com TDAH, logo nos primeiros anos de vida, notam-se alterações no processo de desenvolvimento neurológico e emocional. Algumas crianças, desde cedo, mostram-se mais irritadiças, choram muito nos primeiros meses de vida, mexem-se muito durante o sono e acordam várias vezes durante a noite. Quando começam a andar, os pais passam a perceber que elas são mais agitadas e necessitam ser constantemente vigiadas, pois vivem “fazendo arte”, quebram com frequência os seus brinquedos, perdem rapidamente o interesse por brinquedos ou situações, necessitando sempre de novos estímulos. Outra manifestação que pode estar associada ao quadro é a inabilidade motora, o que leva essas crianças a serem rotuladas de desajeitadas ou desastradas.

Muitas das crianças com TDAH, especialmente os meninos, apresentam certa lentidão no desenvolvimento da fala e uma expressão fonoarticulatória manifesta por meio de trocas, omissões e distorções fonéticas. Também pode estar associada à alteração no ritmo da fala, especialmente num ritmo mais acelerado, caracterizando uma taquilalia (fala sem parar). Quando não diagnosticadas e tratadas o mais precocemente possível, tais alterações poderão, mais tarde, acarretar dificuldade ou mesmo alteração no processo de alfabetização da criança. Além disso, não é raro que as crianças com TDAH desenvolvam de forma inadequada a noção de tempo e espaço. Essas funções, que nas demais crianças são desenvolvidas quase naturalmente, naquelas com TDAH, são difíceis de serem adquiridas, levando a um desgaste emocional nelas próprias e em seus familiares.

Geralmente, mesmo se o comportamento da criança passa despercebido pelos pais, quando ela entra na escola até os casos mais leves tornam-se evidentes, uma vez que lá sua atenção é mais exigida e torna-se necessário ficar por mais tempo parada num mesmo local.

Os problemas na área afetivo-emocional geralmente estão associados ao insucesso escolar e à dificuldade de relacionamento com outras crianças. Afinal, os portadores de TDAH têm mais dificuldade em aguardar a sua vez e não resistem à intromissão frequente em assuntos dos outros. Tais hábitos podem colaborar para que o indivíduo seja, no futuro, um desajustado social e cometa atos delinquentes.

Em resumo, os “espertos”, os “hiperativos”, “agitados”, “diabinhos” e “pestinhas” parecem ter uma fonte quase infinita de energia. São crianças que parecem estar sempre em movimento e que não conseguem ficar paradas mesmo que outras pessoas exerçam uma força enorme nesta direção.

4.2 SINAIS DE ALERTA

Segue abaixo um quadro com as alterações comportamentais e emocionais mais frequentes em crianças com TDAH:

  • desatenção
  • dificuldade em perceber detalhes
  • dificuldade em manter a atenção
  • dificuldade em aprender tarefas novas
  • dificuldade em organizar tarefas ou atividades
  • perde objetos com facilidade
  • distraibilidade com estímulos externos
  • esquecimento de atividades diárias
  • inquietação
  • fala excessiva
  • dificuldade em aguardar sua vez quando é devido
  • se intromete ou interrompe a atividade ou diálogo dos outros
  • mudança de humor
  • repele tudo o que exige atividade mental prolongada
  • corre ou pula excessivamente em situações inapropriadas
  • não segue instruções e falha em terminar os deveres da escola e tarefas rotineiras.

OBS: A criança deve ter pelo menos seis dos sintomas descritos nos itens abaixo, durante pelo menos seis meses, antes dos sete anos de idade e em pelo menos dois ambientes diferentes.

4.3 DIAGNÓSTICO

Muitas das pessoas com TDAH passam a sua vida toda sendo acusadas injustamente de serem mal educadas, preguiçosas, loucas, desequilibradas e temperamentais, quando na verdade, são portadoras de uma síndrome que simplesmente as fazem agir de maneira impulsiva, desatenta e às vezes até mesmo caótica.

Crianças, pela sua própria natureza, são em sua maioria extremamente ativas e enérgicas, e é bem difícil de se manter sob controle. Por isso, deve-se ter cuidado para não se diagnosticar como TDAH comportamentos apropriados à idade em crianças ativas. O desinteresse em uma sala de aula pode decorrer de um QI elevado em comparação com seus colegas, o que torna as aulas pouco estimulantes, ou, ao contrário, por um QI menor que dificulta acompanhar o ritmo dos amigos. Em outras ocasiões, indivíduos que apresentam comportamento oposicional nas salas de aula podem vir a ser confundidos com aqueles que apresentam TDAH, pois muitas vezes se opõem a realizar tarefas escolares que exigem deles atenção e quietude por um longo período.

Também é possível que se confunda o TDAH com Transtornos do Humor (Depressão ou Euforia, Ansiedade) ou Autismo, Intoxicação por Drogas Ilícitas e Transtorno Psicótico, por terem como característica o comportamento inquieto e desatento. É importante o diagnóstico ser correto, uma vez que os tratamentos são diferentes para cada caso.

4.4 CAUSAS DO TDAH

Embora o conhecimento sobre as causas do TDAH ainda seja muito limitado e grande parte dele seja especulativo, algumas descobertas recentes ajudaram os pesquisadores a levantar algumas hipóteses para o surgimento do TDAH. Acredita-se que não há uma causa única, mas sim uma combinação de fatores, que incluem dano cerebral, nutrição pré-natal deficitária, consumo de álcool ou drogas durante a gestação, alto nível de estresse, condições físicas, neurobiológicas ou psiquiátricas, intoxicação por certos medicamentos.

Já foi sugerido que essas possíveis causas afetam o funcionamento do cérebro e, como tal, o TDAH pode ser considerado um distúrbio funcional do cérebro. No entanto, atualmente sabe-se que há um componente genético envolvido na causa desse transtorno, ou seja, o TDAH é transmitido de pais para filhos. Pesquisas mostram que crianças com pais hiperativos têm risco cinco vezes maior de ter o transtorno. Porém, o fator genético isolado não é suficiente para o aparecimento do TDAH. Fatores sociais também vêm sendo estudados como possíveis causas para o transtorno. A intensidade dos problemas experimentados pelos portadores pode variar de acordo com suas experiências de vida. Situações como pai ou mãe alcoólatra, famílias desestruturadas e pobreza criam um ambiente favorável para que o distúrbio se manifeste.

Com os estudos estruturais e metabólicos, somados a estudos genéticos e sobre a família, bem como a pesquisas sobre reação a drogas, pode-se perceber claramente que o TDAH é um transtorno neurobiológico.

4.5 TRATAMENTO

O tratamento de crianças com TDAH exige um esforço coordenado entre profissionais das áreas médica, saúde mental e pedagógica, em conjunto com os pais, porém, não existe “cura” para o transtorno, no sentido de normalizar totalmente o comportamento da criança.

Uma intervenção multidisciplinar pode envolver treinamento aos pais quanto à verdadeira natureza do TDAH e, quando necessário, aconselhamento individual e familiar, para evitar o aumento de conflitos na família. Um programa pedagógico adequado é essencial ao tratamento, pois o sucesso na sala de aula frequentemente exige uma série de intervenções. A maioria das crianças com TDAH pode permanecer na classe normal, com pequenos arranjos na arrumação da sala. Utilização de um auxiliar e/ou programas especiais a serem utilizados fora da sala de aula. O uso de medicamentos também pode ser necessário, porém deve ser sempre um coadjuvante e utilizado com parcimônia. Dentre os mais utilizados para o controle dos sintomas do TDAH, estão os psicoestimulantes, como o metilfenidato (Ritalina), administrado preferencialmente na parte da manhã para não interferir no sono.

Os efeitos colaterais mais comuns são a diminuição do apetite e do sono, sendo necessário a monitorização do peso, insônia, labilidade emocional, ritmo do crescimento e precipitação de tiques. O tratamento com antidepressivos tricíclicos, como imipramina (Tofranil) ou amitriptilina (Tryptanol), devido ao seu baixo custo, tem sido usado como uma segunda escolha, mas deve-se ter cuidado com pacientes cardíacos. Já as psicoterapias entram em cena para ajudar a criança a se auto valorizar e encontrar alternativas para se adaptarem socialmente. Todas as linhas de tratamento dinâmicas, que não se restrinjam ao verbal, são mais indicadas.

4.6 DICAS PARA LIDAR COM PORTADORES DO TDAH

Segue abaixo um quadro com dicas importantes para pais e professores de como lidar melhor com crianças diagnosticadas de TDAH.

PROFESSORES

  • evite colocar os alunos nos cantos da sala, onde a reverberação do som é maior. Eles devem ficar nas primeiras carteiras das fileiras do centro da classe, e de costas para ela.
  • faça com que a rotina da classe seja clara e previsível. Mudanças de rotina são difíceis de serem ajustadas por crianças com TDAH.
  • afaste-as de portas e janelas, para evitar que se distraiam com outros estímulos.
  • deixe-as perto de fontes de luz, para poder enxergá-las bem.
  • não fale de costas, mantenha sempre o contato visual.
  • repita ordens e instruções, faça frases curtas e peça ao aluno para repeti-las, certificando-se de que ele entendeu.
  • o aluno deve ter reforços positivos quando for bem-sucedido. Isso ajuda a elevar sua autoestima. Procure elogiar e incentivar o que aquele aluno tem de bom e valioso.
  • esteja sempre em contato com os pais: anote no caderno do aluno as tarefas escolares, mande bilhetes diários ou semanais e peça aos pais que leiam as anotações.
  • procure inserir essas crianças em salas de aula pequenas. Um professor para cada oito alunos é o mais indicado.

PAIS

  • fale um pouco mais alto e dê ênfase às palavras mais importantes, que designem tempo, espaço e modo.
  • seja breve e evite dar várias ordens ao mesmo tempo.
  • não os mande fazer algo gritando de outro cômodo da casa. Eles não vão atendê-lo.
  • prepare um local de estudo adequado, com horários e rotina estabelecida para fazer as tarefas escolares.


5.0 METODOLOGIA

5.1 SUJEITO

Esta pesquisa foi realizada com professores de Ensino Fundamental da rede pública e privada, da cidade de Birigüi, tendo como número exato, dez sujeitos. Não houve delimitação de faixa etária, assim como não foi considerado o tempo de serviço, ou seja, o grau de experiência. Coincidentemente, todos os sujeitos foram do sexo feminino, pois não houve discriminação de sexo.

5.2 INSTRUMENTO

Foi utilizado como instrumento de pesquisa, um caso clínico, que segue em anexo, juntamente com um questionário composto de três questões, sendo uma delas fechada e duas abertas, possibilitando ao professor expor seus conhecimentos sobre o TDAH.

5.3 PROCEDIMENTO

A partir de um levantamento bibliográfico, foi construído o instrumento e entregue pessoalmente a cada professor. A pesquisa foi realizada em três dias. No primeiro dia, ocorreu a apresentação do projeto aos professores, enfatizando a importância destes no trabalho, e a entrega dos questionários. O segundo e terceiro dia foram usados para recolher o questionário e fazer os agradecimentos.

5.4 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Os questionários foram analisados de maneira minuciosa, chegando a conclusões referentes a cada questão. Diante da primeira, que se refere à capacidade do professor de identificar o caso descrito no questionário como um caso de TDAH, o resultado apresentou respostas “SIM”, ou seja, que existe a capacidade de identificar casos de TDAH, e respostas “NÃO”, que não existe a capacidade de identificar casos de TDAH. Nove dos dez entrevistados responderam que sim, que seriam capazes de identificar a criança do caso clínico como portadora do transtorno. Apenas um dos sujeitos respondeu que não seria capaz de identificar. De um modo geral, foi possível constatar que 90% dos professores entrevistados seriam capazes de identificar um aluno, dentro da sala de aula, como portador do TDAH, embora os 10% não capazes sejam de muita significância, “…eu posso suspeitar se o seu comportamento for muito anormal comparando-o com o restante da sala, e encaminhá-lo para que um profissional analise o caso…”.

Referente à questão dois, que trata do conhecimento que os professores possuem sobre o transtorno, houve uma análise de forma a perceber que o conhecimento do professor pode ser teórico ou prático. Sete sujeitos responderam ter apenas um conhecimento teórico sobre o assunto. Dos dez entrevistados, dois responderam ter um conhecimento prático e apenas um dos sujeitos respondeu a pesquisa de forma a perceber que possui um conhecimento prático e teórico. Desta forma, foi possível constatar que há um conhecimento predominantemente teórico, ou seja, 70% dos professores não possuem na prática um conhecimento sobre o assunto.

Diante da questão três, que diz respeito à reação de um professor frente a um caso de TDAH, foi possível constatar diferentes atitudes. Em primeiro lugar, pediriam auxílio a um profissional. Em segundo, trabalhariam com a criança de modo especial, preparando aulas a partir de seu interesse, ou ainda, em terceiro lugar, reagiriam com firmeza, persistência e paciência. Dos dez entrevistados, cinco responderam que diante de um caso de TDAH, pediriam ajuda a um profissional especializado. Dois deles responderam que trabalhariam com a criança de modo especial, preparando aulas a partir do seu interesse. Um dos professores agiria com firmeza, persistência e paciência “…firmeza e amor em minhas decisões e jamais deixar-me vencer ou dominar pelo cansaço…” e, finalmente, dois dos entrevistados, além de tratar a criança de modo especial, preparando aulas a partir de seu interesse, pediriam auxílio a um profissional especializado.

Embora a maioria dos professores tenha respondido ser capaz de identificar um aluno com TDAH e ainda reagir de forma adequada, houve respostas significativas que mostram discordância “Apesar de saber da falta de preparo dos professores e coordenadores em relação a esse assunto, eu prepararia aulas a partir do interesse do aluno…”.


6.0 CONCLUSÃO

Diante da realização da pesquisa, baseada no levantamento bibliográfico e nos objetivos propostos, e após organização e análise dos dados, foi possível perceber que os professores de Ensino Fundamental possuem um conhecimento significativo a respeito do Transtorno do Déficit de Atenção / Hiperatividade. Foi possível perceber ainda que, frente a esse conhecimento, esses professores saberiam identificar um caso de TDAH dentro da sala de aula e reagiriam de forma coerente. Porém, como discorrido durante o desenvolvimento deste trabalho, mesmo para profissionais especializados, o TDAH é um transtorno de difícil diagnóstico. Devido algumas de suas características, esse transtorno pode ser confundido com outros, o que nos gera uma grande incógnita. Será que, por mais conhecimentos que os professores tenham sobre o assunto, possuem realmente a capacidade de identificar e lidar com uma criança portadora do TDAH?

Apesar do conhecimento constatado, pode-se supor que, por motivos já mencionados, estes professores de alguma forma estarão identificando de maneira errônea ou até mesmo rotulando seus alunos, não sabendo lidar de maneira correta com estes, podendo comprometer sua aprendizagem.


7.0 BIBLIOGRAFIA

REINECKE, Mark A., DATTILIO, Frank M., FREEMAN, Arthur. Terapia Cognitiva com crianças e adolescentes. Manual para a prática clínica. Apresentação Aaron T. Beck. Artmed, 1999.

SILVARES, Edwiges Ferreira de Mattos (org.). Estudos de caso em Psicologia Clínica Comportamental infantil. Editora Papirus, 2000.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. Editora Cortez, 2000.

ANDRADE, Ênio Roberto de. Atenção Redobrada. Viver, São Paulo, 10-12, fevereiro 1999.

COUTO, Cristiana. Eles são fogo. Educação, São Paulo, 30-39, abril 1999.

HIPERATIVIDADE.

BASTOS, Fernando L. & BUENO, Marcelo C. (2001) Diabinhos: Tudo sobre o Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (ADD).

Autor: Flávia Amoroso Boatto

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Este texto foi publicado na categoria Educação Inclusiva e Especial.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

Uma resposta para “O TDAH em crianças do ensino fundamental e o conhecimento de seus professores acerca das características comportamentais e emocionais desse transtorno”

  1. O livro infantil JOÃO AGITADÃO, editora Caravansarai, destinado à faixa etária de 4 a 7 anos, ajuda a elevar aautoestima das crianças com TDAH.

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