Princípio da Incerteza de Heisenberg
Por Luiz Bruno Vianna |
Medições
Para efetuarmos qualquer tipo de medição, precisamos interagir com aquilo que queremos medir. Durante a medida do tamanho de um tecido, por exemplo, é necessário tocá-lo e compará-lo com uma fita métrica; para medir a velocidade de um carro, o radar rodoviário emite ondas que atingem o carro e voltam, permitindo calcular sua velocidade; para simplesmente descobrirmos a posição de qualquer objeto, geralmente precisamos enxergá-lo e, se o enxergamos, significa que a luz iluminou este corpo e chegou aos nossos olhos.
Por melhor que sejam os nossos aparelhos de medição, sempre haverá uma possível diferença entre a medida que avaliamos e a medida real. Por exemplo, se usarmos uma régua graduada apenas em centímetros, nunca teremos certeza sobre os milímetros daquela medida. A possível diferença entre o valor que medimos e o valor real é chamada de incerteza.
Quanto mede o lápis acima? Se dissermos 6,5 cm, não podemos ter certeza sobre os 0,5 cm além dos 6 cm marcados na régua. Não existe qualquer indicação na régua que mostre esses 0,5 cm a mais. Por isso, dizemos que a incerteza dessa medida é + 0,5 cm.
Momento ou Quantidade de Movimento
Na Mecânica Clássica, aprendemos que a quantidade de movimento (P) é o produto da velocidade (V) pela massa (m) de um determinado objeto:
P = m x V
Acreditava-se que, se soubermos a posição inicial e o momento (massa e velocidade) do corpo, seríamos capazes de prever como ele se comportará. Imagine um jogo de bilhar. Se conhecermos a massa, a velocidade e a posição inicial da bola, podemos calcular o que vai acontecer no jogo.
A ideia parece correta, desde que possamos realmente calcular esses valores com a precisão necessária.
O Princípio da Incerteza
Quando começamos a lidar com corpos muito pequenos, como os elétrons, determinar valores como posição e momento torna-se uma tarefa um pouco mais complicada. Como saber a posição de um elétron? Poderíamos lançar contra ele um feixe de luz com alguns fótons (partículas de luz) e, ao recebê-los novamente, calcular onde estava.
Se tentarmos, porém, determinar a quantidade de movimento da mesma forma, alteraremos a quantidade de movimento original com os fótons que lançamos. Podemos então criar uma cuidadosa experiência para tentar calcular o momento do elétron. A quantidade de movimento da partícula necessária para esse cálculo muda a posição do elétron, de modo que não conseguimos descobrir a posição com boa precisão. Resumindo, quanto maior a precisão com que medimos a posição, menor a precisão com que mediremos o momento e vice-versa. A isso chamamos de Princípio da Incerteza de Heisenberg.
Essa incerteza não se deve aos aparelhos que usamos, mas à própria natureza das partículas. Segundo as leis da Mecânica Quântica, quanto mais fácil for encontrar uma partícula, maior o momento necessário para interagir com ela, o que torna mais difícil determinar a sua quantidade de movimento. Algo parecido ocorre se conseguirmos determinar o momento com precisão e tentarmos descobrir a posição.
Como podemos perceber, muitos conceitos da Mecânica Quântica são bastante diferentes da Mecânica Clássica. Porém, a maior parte da Ciência desenvolvida antes do século XX encontra aplicações em nossa vida diária e nas situações com que estamos acostumados. Esta mesma Ciência Clássica começa a perder sua utilidade quando estudamos objetos extremamente pequenos, como átomos, extremamente grandes, como estrelas, ou extremamente rápidos, próximos da velocidade da luz.
Fontes:
A estrutura quântica da matéria – do átomo pré-socrático às partículas elementares. José Leite Lopes – UFRJ Editora/Academia Brasileira de Ciências/ERCA-Editora e Gráfica limitada – Rio de Janeiro
http://www.gta.ufrj.br/grad/07_1/quantica/PrincpiodaIncertezadeHeisenberg.html
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