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Atualizado em 09/08/2024

Uma Análise do Pensamento de Foucault

Este artigo oferece uma análise detalhada do pensamento de Michel Foucault, explorando como suas ideias moldaram a filosofia moderna e suas repercussões até os dias de hoje.

RESUMO

Esse artigo permite ao leitor ter uma visão panorâmica do pensamento de Foucault, fazendo um paralelo entre a Filosofia Antiga e Moderna até chegar ao pensamento contemporâneo de Foucault. Pretendo mostrar porque Foucault critica a forma como os Antigos e Modernos fundamentavam suas teorias filosóficas. Como a Filosofia se transformou de teorias, que partem de dogmas, a teoria que considera como princípio de todo conhecimento as próprias manifestações do indivíduo. Para os primeiros, o conhecimento é garantido por um ser transcendente ao mundo sensível, passível de ser conhecido somente por iluminação (Teoria da Iluminação de Santo Agostinho). Já a moderna parte da ideia de que está na natureza humana o princípio do conhecimento. E principalmente mostrar que a Filosofia evoluiu através dessas teorias até chegar na visão crítica da filosofia contemporânea de Foucault.

Palavras-chave: Razão. Sujeito. Objeto. Fenômeno.

1 INTRODUÇÃO

Várias interrogações movimentaram os filósofos ao longo do tempo a ir em busca da verdade, uns provocados pelo mundo sensível, outros pelo mundo das ideias. Cada qual partindo do ponto de vista diferente para tentar alcançar a verdade sobre a relação entre o homem e a natureza. Donde se deve partir para alcançar o conhecimento inquestionável? Já que cada teoria parte de concepções diferentes, como é possível ter um conhecimento absoluto?

Essas interrogações foram transformando cada vez mais a filosofia a questionar a sua pretensão em obter um conhecimento absoluto e questionar as suas próprias metodologias para que o conhecimento, aparentemente universal, mas que para alguns chamados de individualismo, se amplie e considere o objeto em sua totalidade. Para uma análise mais aprofundada sobre a relação entre o homem e a natureza, consulte Raízes do Brasil: Uma Abordagem Antropológica.

2 ABORDAGEM HISTÓRICA

2.1 Abordagem Histórica do Pensamento de Foucault

Foucault mudou a forma de pensar a filosofia, que era vista na Idade Moderna e durante a Idade Antiga, como o conhecimento transcendente ao mundo sensível, ao devir. Os fatos históricos passam a ser considerados como necessários a qualquer argumento que pretende apresentar uma verdade acerca do conhecimento humano, seguindo um método analítico que possibilita chegar na origem do conhecimento, apresentando uma tese a partir desses dados. A filosofia passa da teoria para a prática, não se produz conhecimento apenas no campo teórico, o conhecimento acerca do homem não pode ser determinado por uma teoria, deve ser considerado o objeto em sua própria existência, e em toda a existência deve ser considerada a relação temporal entre ser e tempo, fazendo uma síntese a partir dessa relação, a partir daí definir a verdade sobre o homem, a partir da sua existência. A filosofia passa a cumprir uma função de crítica social, enquanto análise crítica da condição humana.

O conhecimento, não é mais com Foucault, linear e igual para todos, como por exemplo Descartes, que estabeleceu uma base racional sem levar em conta a existência concreta, portanto sem considerar os conteúdos históricos como um método para alcançar a verdade acerca do indivíduo. Antes de Foucault, a filosofia não fazia uma análise das teorias científicas que tentavam determinar o homem partindo da natureza humana, não se analisava a origem dessas ideias enquanto conteúdo histórico. Mas Foucault problematizou essa forma clássica de pensar que considerava a consciência como único método para se alcançar a verdade e a que todos deveriam se submeter (um sistema de pensamento). Essa forma de pensar sistemática teve origem na Idade Média, que ficou dividida entre Racionalistas e Empiristas. Essas teorias tinham em comum o fato de que a consciência é fonte de conhecimentos universais capaz de determinar como o homem deve agir, ou seja, esses princípios se aplicavam não somente para estabelecer a verdade no que se tratava do mundo natural como no que se tratava do conhecimento acerca do entendimento humano (morais, religiosos, sociais, históricos) partindo de um único princípio.

3 UMA VISÃO PANORÂMICA DA FILOSOFIA

3.1 Um paralelo entre as diferentes concepções filosóficas

Esse pensamento contemporâneo nasceu com os estruturalistas, não para definir uma única verdade, mas analisar o sujeito em sua própria existência e questionar “os sistemas” que desejavam definir o sujeito partindo de uma teoria ou um método absoluto que excluía outras formas de pensar, considerando apenas um princípio capaz de definir o homem, a saber o “eu pensante”, excluindo as diferenças, o outro, necessários para compreender o ser humano em sua totalidade, o que contemporaneamente Foucault chamaria de repressão.

Diferente dos idealistas, que tentavam determinar o cotidiano através de uns pensamentos subjetivos que consideravam como o ideal aquilo que partia da consciência individual. Autores contemporâneos, como Foucault, através de vários livros escritos, como Arqueologia do Saber, por exemplo, pretendem questionar as ciências que tentam determinar a natureza humana a partir de um pensamento absoluto, ideal:

“Temos que tratar de acontecimentos de tipos e de níveis diferentes, tomados em tramas históricas distintas; uma homogeneidade enunciativa que se instaura não implica de modo algum que de agora em diante e por décadas ou séculos, os homens vão dizer e pensar a mesma coisa, não implica tão pouco, a definição, explícita ou não, de um certo número de princípios de que todo resto resultaria como consequência” . (Foucault, pág.167)

A filosofia até a Idade Moderna tentava definir o modo de ser do indivíduo humano a partir de um princípio, descobertas e teorias, deixando de lado as diversidades culturais. Durante a Idade Moderna, o humanismo (doutrina que considera o homem como objeto e beneficiário de seus esforços intelectuais) foi predominante, mas essa forma de pensar, que partia do pressuposto de que o homem é o centro de todo o conhecimento, partindo dessa concepção sem que esse sistema fosse questionado. Tal sistema tinha que ser visto como o princípio para todas as verdades, inclusive para determinar o modo de ser do indivíduo. O filósofo era aquele que fazia descobertas para determinar como o indivíduo devia agir.

Hegel, por exemplo, o último dos idealistas, que de certa forma influenciou o pensamento marxista (síntese-antítese), mas, diferente de Hegel, Marx parte de uma dialética de todas as diferentes realidades da existência social, enquanto Hegel (2001) acredita somente no conhecimento que parte das ideias sem considerar o temporal, a razão estaria voltada para a autonomia do indivíduo de articular as ideias, e pouca importância se dava à existência empírica, pela oposição entre mundo empírico e o mundo ideal, entre teoria e prática. Esse foi um problema que autores contemporâneos a Foucault tiveram que resolver. A heideggeriana trata do ser ontológico, o que para os gregos seria a existência que transcende a realidade sensível, alcançável somente por uma busca da razão ao espiritual, não mais como uma realidade transcendente que escaparia ao tempo, pelo contrário, o ser em si mesmo faz parte da própria existência, não está além da temporalidade e da intencionalidade. Para Heidegger, ser é a maneira como se torna presente, manifesto, entendido, percebido, compreendido, e finalmente conhecido para o ser humano, para o “ser-aí” ou “Dasein”. Essa visão de Heidegger rompe com a visão tradicional da filosofia de resolver problemas políticos sociais através de um ideal, os problemas são encarados por Heidegger como fenômeno social, ou seja, ele fez uma abordagem fenomenológica da vida social e esses fenômenos seriam determinados pelas previsões humanas: “uma das características fundamentais do ser humano é a ‘perspectiva futura’, que podemos compreender, por exemplo, através das perspectivas a respeito das mudanças de tempo. Quer dizer, o que seria verdade absoluta para os gregos, transcendente ao mundo sensível, com Heidegger (2007) essa verdade em si parte da perspectiva humana e das previsões acerca dos fenômenos temporais, privilegiando a capacidade humana de fazer previsões que determina a existência dos fenômenos, como prever o tempo certo para plantar, não ir à praia porque faz frio, essas previsões constituem o ser em si mesmo, ou seja, o que determina a existência é a própria perspectiva humana acerca do futuro.

Já não tem mais, após o pensamento heideggeriano, a pretensão da verdade absoluta, a verdade para todos, por se tratar de verdades que estariam ligadas às ideias perfeitas e atemporais, como o idealismo absoluto de Hegel que parte de uma dialética que não considera os fatos empíricos, mas somente o campo das ideias fora do temporal, ou seja, sem considerar os fenômenos temporais como Heideggeriano fez.

A filosofia, então, começa a utilizar a história para questionar o conhecimento positivista acerca do homem, que o definia a partir da psicologia, e usava esses mesmos conhecimentos para definir o homem, por exemplo, como um ser racional, sem considerar a diferença entre um “grupo social”:

“As formas culturais, morais, religiosas, sociais, estéticas) que são as mais afastadas daquelas às quais nos identificamos: repousando provavelmente em sólidas bases psicológicas (“a cultura que me formou é forçosamente a melhor”), essa atitude se encontra em quase todas as sociedades. Porém, revela-se particularmente perigosa quando chega a negar o direito do outro à diferença: resulta então no racismo; no genocídio (extermínio sistemático de populações humanas) ou no etnocídio (destruição da identidade cultural de um grupo étnico)” (Dicionário de Filosofia, pg. 171).

A filosofia, com Foucault, então deixa de buscar a verdade no objeto positivamente, e parte da análise que determina esse objeto, um conhecimento que é capaz de dar sentido ao mundo, uma vez que essas realidades apresentam a condição humana. Para uma análise mais aprofundada sobre a crítica social, consulte O Aparelho Ideológico da Família.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • ABAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Revista ampliada: Martins Fontes, 2007. 1026 P.
  • FOUCAULT, Michel. Arqueologia do Saber. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. 236 P.
  • HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo, 5. ed: vozes, 2007. 598 P.
  • HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. A Razão na História: Uma Introdução Geral à História da Filosofia. 2. ed. São Paulo: Centauro.

 

Autor: Maciel Gomes Santos


Este texto foi publicado na categoria Cultura e Expressão Artística.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

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