Resumo: A Pedagogia de Projetos
Descubra como usar a Pedagogia de Projetos para melhorar o engajamento, desenvolvimento e aprendizagem dos alunos. Esta técnica foi criada para criar ambientes de aprendizagem inovadores que estimulam o crescimento de todos os alunos. Experimente agora e veja os resultados!
A pedagogia de projetos vem sendo posta em prática para demonstrar que a educação pode e deve romper as barreiras do tradicional, usando métodos que englobam várias matérias e conhecimentos que até então vinham sendo deixados de lado pelas técnicas utilizadas. O trabalho com projetos não se trata de uma técnica atraente para transmitir aos alunos o conteúdo das matérias. Significa repensar a escola, seus tempos, seu espaço, sua forma de lidar com conteúdos das áreas e com o mundo da informação; significa pensar na aprendizagem como um processo global e complexo; significa romper com um modelo fragmentado de educação e recriar a escola, transformando-a em espaço significativo de aprendizagem para todos que dela fazem parte, sem perder de vista a realidade cultural específica de seus alunos e professores. O trabalho com projetos aparece como uma das formas de se resgatar a educação que tem se mostrado precária e insuficiente. Talvez a pedagogia de projetos deva ser mais estudada e analisada para ser realmente utilizada, podendo contribuir com todas as suas potencialidades.
Introdução
Projetos de trabalho é a denominação de uma prática educacional que está sendo associada a algumas propostas de reformas no Brasil. Tais reformas pretendem favorecer mudanças nas concepções e modos de atuar dos professores, na gestão das instituições de ensino e nas próprias funções da escola. Os projetos aparecem como um veículo para melhorar o ensino e como distintivo de uma escola que opta pela atualização de seus conteúdos e pela adequação às necessidades dos alunos e dos setores da sociedade aos quais cada instituição se veicula.
A Pedagogia de Projetos visa a re-significação do espaço escolar, transformando-o em um espaço vivo de interações, aberto ao real e às suas múltiplas dimensões, trazendo uma nova perspectiva para se entender o processo de ensino-aprendizagem. Nesse processo, todo conhecimento é construído em estreita relação com os contextos em que são utilizados, sendo impossível separar os aspectos cognitivos, emocionais e sociais, pois a formação dos alunos não pode ser pensada apenas como uma atividade intelectual. É um processo global e complexo onde o conhecer e o intervir no real não se encontram dissociados. “Aprende-se participando, vivenciando sentimentos, tomando atitudes diante dos fatos, escolhendo sentimentos para atingir determinados objetivos. Ensinar-se não só pelas respostas dadas, mas principalmente pelas experiências proporcionadas, pelos problemas criados, pela ação desencadeada” (Escola Plural, 1994).
Nos dias atuais, a formulação de projetos torna-se indispensável, dada a complexidade dos problemas sócio-culturais, políticos e econômicos das sociedades. Nessa perspectiva, profissionais da educação se posicionam diante da necessidade de desenvolver seu trabalho em forma de projetos, que podem ser situados como uma proposta de intervenção pedagógica que dá à atividade de aprender um sentido novo, onde as necessidades de aprendizagem afloram na tentativa de se resolver situações problemáticas (Escola Plural, 1995).
A discussão da função social da escola, do significado das experiências escolares para os que nela participam, foi e continua a ser um dos assuntos mais polêmicos entre os educadores. As recentes mudanças na conjuntura mundial, com a globalização da economia e a informatização dos meios de comunicação, têm trazido uma série de reflexões sobre o papel da escola dentro do novo modelo de sociedade.
Diante desse contexto, são muitos os desafios que se colocam para a escola. Precisa-se formar homens investigadores, autônomos e gerenciadores de informações, conscientes e participativos na sociedade e não acumuladores de conhecimentos.
Nesse sentido, a escola não pode ser um mundo à parte. Enquanto espaço educativo, ela tem que estar vinculada ao mundo real, concreto.
A importância deste estudo se apresenta aqui no sentido de despertar no educador uma reflexão urgente e necessária a respeito de sua prática pedagógica. Ao mesmo tempo em que contribui para a concepção de uma construção de trabalho em que o professor, diante de novas realidades, encontre subsídios para uma postura criadora, profunda e produtiva, também possibilita redimensionar o seu papel no processo educativo.
Este trabalho foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica onde foram consultados autores que discutem a proposta da Pedagogia de Projetos. O trabalho foi dividido em quatro capítulos.
O primeiro capítulo trata da origem e do significado da pedagogia de projetos, onde abordei a sua história e dos seus maiores defensores.
O segundo capítulo trata do aspecto metodológico da pedagogia de projetos, falando da sua organização, da sua aplicabilidade e dos passos de seu desenvolvimento.
O terceiro capítulo aborda a pedagogia de projetos confrontando o currículo; falando na pedagogia de projetos e nos parâmetros curriculares nacionais, defendendo um currículo integrado, trata também da questão da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade.
O quarto capítulo fala das questões que envolvem a implementação da pedagogia de projetos, principalmente nos fatores que dificultam a sua aplicabilidade. A formação dos professores é uma das questões abordadas e a falta de um plano pedagógico, “projeto político pedagógico”, nas escolas seria de vital importância para que a pedagogia de projetos fosse uma alternativa viável para ajudar na educação brasileira.
Pedagogia de Projetos: Origem e Significado
A escola e as práticas educativas fazem parte de um sistema de concepções e valores culturais onde determinadas propostas têm êxito quando se conectam com algumas necessidades sociais e educativas.
Os projetos podem ser considerados como uma prática educativa que teve reconhecimento em diferentes períodos do século XX. O termo “projeto” surgiu pela primeira vez na literatura educacional em 1904, num artigo do educador C. Richards que orientava futuros professores de trabalhos manuais e considerava útil que eles desenvolvessem projetos suscitados por problemas e tarefas práticas. No entanto, foi através do pensamento de John Dewey (1859-1952) e outros representantes da chamada “Pedagogia Ativa” que surgiram as primeiras referências ao trabalho com projetos como meio pedagógico.
John Dewey, filósofo, psicólogo e pedagogo liberal norte-americano, exerceu forte influência sobre toda a pedagogia contemporânea. Ele foi o defensor da “Escola Ativa” que propunha a aprendizagem do aluno através da atividade pessoal.
A escola nova destaca o princípio da aprendizagem por descobertas e estabelece que a atitude de aprendizagem parte do interesse dos alunos, que por sua vez, aprendem fundamentalmente pela experiência, pelo que descobrem por si mesmos. O professor é visto, então, como facilitador no processo de busca do conhecimento que deve partir do aluno. Cabe a ele organizar e coordenar as situações de aprendizagem, adaptando suas ações às características individuais dos alunos para desenvolver suas capacidades e habilidades.
William H. Kilpatrick (1871-1965), professor de Educação da Universidade de Columbia em Nova York, foi o iniciador da reflexão sobre o trabalho de projeto enquanto método educativo e levou, em 1919, para a sala de aula, algumas concepções de Dewey. Este método de ensino tinha como objetivo trabalhar com os alunos as possibilidades de desenvolver o espírito de pesquisa, envolvendo a utilização de várias disciplinas ao mesmo tempo. Trata-se de um método ativo, que permitiria a contextualização e a significação do mesmo.
Para Jean Piaget (1969), psicólogo francês, a Escola Ativa tinha o mérito de envolver, no processo de ensino-aprendizagem, o interesse do aluno, sua ação e reflexão, sem excluir o esforço do mesmo.
Os projetos aparecem então como designação de um conceito que procura unificar vários aspectos importantes relativos ao processo de aprendizagem: a ação, e de preferência a ação realizada com empenho pessoal, a intencionalidade desta ação, isto é, a existência de um objetivo, e sua inserção num contexto social.
Kilpatrick (1919) afirma que sua proposta de que os projetos ocupam um lugar central nas práticas escolares tem a ver com a perspectiva de que basear a educação em projetos é identificar a educação com a própria vida.
Muito embora esse método não tenha sido abarcado na sua totalidade, por uma série de motivos sociais, políticos e culturais, seus princípios de autonomia, pesquisa, ação e reflexão foram desenvolvidos na ação pedagógica, numa tentativa de resgatar o interesse do aprendiz e de melhorar sua vinculação afetiva com as situações de aprendizagem.
No Brasil, o “Método de Projetos” tornou-se conhecido a partir da divulgação da “Escola Nova”, que se colocava contra os princípios e métodos da escola tradicional. As ideias de educadores como Kilpatrick, Decroly, Freinet, entre outros, foram disseminadas no Brasil por Anísio Teixeira e Lourenço Filho.
Atualmente re-interpretado, esse movimento tem fornecido subsídios para uma pedagogia dinâmica, centrada na criatividade e na atividade discente, numa perspectiva de construção do conhecimento pelos alunos, mais do que na transmissão de conhecimento pelo professor.
Esta forma de atuação foi construída e sistematizada, tendo como preocupação central a complexidade do aprender, a importância de se integrar o ser humano no momento da aprendizagem e a importância do significado nesse processo. É uma forma de atuação que se iniciou com a intenção de unidade, do todo, que pressupõe uma forma de pensar interacionista e construtivista.
O “Método de Projetos”, de Dewey e Kilpatrick, passa então a ser visto não mais como um “método” e sim como uma postura pedagógica. Não se trata de uma técnica atraente para transmitir aos alunos o conteúdo das matérias. Significa, de fato, uma mudança de postura, uma forma de repensar a escola e o currículo, a prática pedagógica em si.
“Os projetos de trabalho supõem um enfoque do ensino que trata de ressuscitar a concepção e as práticas educativas na escola, para dar respostas (não “a resposta”) às mudanças sociais que se produzem nos meninos, meninas e adolescentes e na função da educação e não simplesmente readaptar uma proposta do passado e atualizá-la” (Hernandez, 1998, p. 64).
A função do projeto é a de tornar a aprendizagem real e atrativa para o educando, englobando a educação em um plano de trabalho agradável, sem impor os conteúdos programáticos de forma autoritária. Assim, o aluno busca e consegue informações, lê, conversa, faz investigações, formula hipóteses, anota dados, calcula, reúne o necessário e, por fim, converte tudo isso em ponto de partida para a construção e ampliação de novas estruturas cognitivas.
Dentro dessa perspectiva, os conteúdos disciplinares, antes teóricos e abstratos, deixam de ser um fim em si mesmos e passam a ser meios para ampliar a formação dos alunos e sua interação com a realidade, de forma crítica e dinâmica.
Há também o rompimento com a concepção de “neutralidade” dos conteúdos disciplinares que passam a ganhar significados diversos, a partir das experiências sociais dos alunos, envolvidos nos projetos.
Segundo Barbosa (1999), o projeto de trabalhos pode se caracterizar como um instrumento capaz de romper o ciclo inibitório da aprendizagem e de criar situações que possibilitem a formação de um ciclo de progresso, neste mesmo processo.
Para essa mesma autora, “a integração dos termos Projeto de Trabalho completa uma expressão que significa para a psicopedagogia, a montagem de um planejamento, pelo aprendiz, como objetivo de realizar uma ação que o aproxime da aprendizagem, que permita que viva um processo e possa avaliá-lo tanto em relação ao que foi planejado, quanto no que diz respeito à eficiência do mesmo no auxílio da superação de suas dificuldades” (Barbosa, 1999, p. 18).
As diversas concepções da Pedagogia de Projetos
Concepções de Conhecimento Escolar
A Pedagogia de Projetos traduz uma determinada concepção de conhecimento escolar, trazendo à tona uma reflexão sobre a aprendizagem dos alunos e os conteúdos das diferentes disciplinas.
Há uma tendência, de forma bastante generalizada no pensamento pedagógico, em colocar, como questões opostas, a participação dos alunos e a apropriação de conteúdos disciplinares.
Concepção Cientificista
Professores com essa concepção enxergam o conhecimento escolar como a transmissão de um conhecimento disciplinar (já pronto e acabado) a alunos que não o detêm. Estão preocupados com a transmissão de conteúdos disciplinares, acham que não podem abrir uma discussão com os alunos ou propor um trabalho de grupo, pois isso significaria perda de tempo e o não “vencimento” dos conteúdos ao final do ano.
Concepção Espontaneísta
Ao tentar romper com esta concepção, muitos profissionais acabam negando e desvalorizando os conteúdos disciplinares, entendendo a escola apenas como espaço de conhecimento da realidade dos alunos e de seus interesses imediatos.
Essas duas tendências têm uma visão dicotômica do que seja conhecimento escolar, acabando por fragmentar um processo que não pode ser fragmentado. Não se pode separar o processo de aprendizagem dos conteúdos disciplinares do processo de participação dos alunos e nem desvincular as disciplinas da realidade atual.
Os conteúdos disciplinares não surgem do acaso. São fruto da interação dos grupos sociais com sua realidade cultural e as novas gerações não podem prescindir do conhecimento acumulado socialmente e organizado nas disciplinas.
Também não é possível descartar a presença dos alunos com seus interesses, concepções e sua cultura, principal motivo da existência da escola.
Concepção Globalizante
A Pedagogia de Projetos se coloca como uma das expressões dessa concepção, pois permite aos alunos analisar os problemas, as situações e os acontecimentos dentro de um contexto e em sua globalidade, utilizando, para isso, os conhecimentos presentes nas disciplinas e sua experiência sócio-cultural.
Não se organizam os projetos em detrimento dos conteúdos das disciplinas.
O desenvolvimento de projetos, com o objetivo de resolver questões relevantes para o grupo, vai gerar necessidades de aprendizagem e, nesse processo, os alunos irão se defrontar com os conteúdos das diversas disciplinas, entendidos como “instrumentos culturais” valiosos para a compreensão da realidade e intervenção em sua dinâmica.
Com os projetos de trabalho há uma possibilidade de evitar que os alunos entrem em contato com os conteúdos disciplinares, a partir de conceitos abstratos e de modo teórico.
Pedagogia de Projetos enquanto metodologia
“Metodologia do ensino é o conjunto de procedimentos didáticos, expressos pelos métodos e técnicas de ensino que visam levar a um bom termo a ação didática, que é alcançar os objetivos de ensino e, consequentemente, os da educação, com o máximo de rendimento” (NERICI, 1989, p. 54).
A metodologia de ensino deve ser encarada como um meio e não como um fim, devendo conduzir o educando à auto-educação, à autonomia, à emancipação intelectual. Tem como objetivo dirigir a aprendizagem do educando para que este incorpore em seu pensamento normas, atitudes e valores que o tornem um cidadão participante.
O trabalho com projetos
Para Gardner, um recurso pedagógico muito útil para mobilizar naturalmente diversas competências cognitivas é o trabalho com projetos.
A elaboração e execução de um projeto estão necessariamente ligadas a uma investigação-ação que se deve ser simultaneamente um ato de transformação, tornando-se assim uma produção intelectual.
Gardner considera que um projeto oferece ao aluno a oportunidade de explorar uma ideia ou construir um produto; essa ideia ou esse produto foi antes pensado ou imaginado. É por isso que o resultado de um projeto sempre precisa ser significativo para quem o imaginou e executou.
A execução de um projeto exige cooperação, esforço pessoal, desenvolvimento de estratégias e planejamento. Por outro lado, contribui para que o aluno ganhe experiência em obter informação e trabalhar de modo autônomo, organizar, apresentar e desenvolver suas ideias.
Um projeto não aparece à toa: ele precisa estar relacionado com uma ação específica, não repetitiva e eventualmente de caráter experimental, e sua realidade deve envolver uma estrutura particular e inédita de operações, para que o aluno possa se sentir envolvido, mas sempre tendo a orientação do professor.
Segundo Gardner, ao planejar o projeto, avaliá-lo ao longo do caminho, ensaiá-lo, apresentá-lo aos colegas, responder a perguntas sobre ele, filmar e assistir criticamente ao vídeo produzido, discutir limites e possibilidades, o aluno aumenta sua compreensão do assunto explorado e se torna consciente da possibilidade de contribuir para melhorá-lo e levá-lo a cabo.
Os projetos são organizados em torno de temas que intrigam o aluno e oferecem condições para criar laços temáticos entre as disciplinas. As atividades desenvolvidas procuram estimular uma variedade de inteligências e aplicar diversos recursos para desenvolver habilidades de linguagem, exploração numérica e geométrica, noções de ciências, estudos sociais e artes.
A duração de um projeto varia, dependendo do interesse dos alunos pelo tema proposto, dos problemas que surgirem e da própria motivação do grupo para dar ou não continuidade.
Flexibilidade e organização
O modo de trabalhar com projetos não pode ser rígido; a situação de cada momento orienta a etapa seguinte do trabalho. No entanto, isso não significa que o trabalho deva ser improvisado; é importante planejar o que vai ser feito a cada dia, qual o material necessário a cada etapa do projeto, aonde ir, quem procurar para efetuar consultas, obter informações e ajuda necessária para resolver as questões sugeridas ao longo da elaboração e orientação do projeto.
Para Gardner, não adianta elaborar projetos maravilhosos de se ver, mas distantes da realidade que se ensina nas escolas, ou mesmo desligados dos assuntos escolares.
Na execução dos projetos, fica explícita a possibilidade de mobilizar diferentes áreas do conhecimento para atingir os objetivos traçados e resolver os problemas que surgem. A interação entre as áreas do conhecimento ocorre naturalmente, gerada por uma necessidade real.
Ao longo da execução dos projetos, o professor deve observar o trabalho dos alunos, analisar suas áreas de interesse e desenvolver estratégias para auxiliar cada um a avançar nas áreas em que se mostrar mais frágil. Deve procurar estimular os alunos a planejar, revisar seus trabalhos, cooperar e contribuir com os colegas.
Gardner avisa que seria um erro considerar os projetos como uma solução para todos os males da educação, ou como a estrada certa para atingir uma perfeição nos sistemas educacionais, considerando os projetos como um dos recursos que podem ser utilizados para uma melhora nos sistemas educacionais vigentes.
Algumas características fundamentais do trabalho com projetos:
- Um Projeto é uma atividade intencional: o envolvimento dos alunos é uma característica chave do trabalho de projetos, o que pressupõe um objetivo que dá unidade e sentido às várias atividades, bem como um produto final que pode assumir formas muito variadas, mas procura responder ao objetivo inicial e reflete o trabalho realizado.
- Num projeto, a responsabilidade e autonomia dos alunos são essenciais: os alunos são co-responsáveis pelo trabalho e pelas escolhas ao longo do desenvolvimento do projeto. Em geral, fazem-no em equipe, motivo pelo qual a cooperação está também quase sempre associada ao trabalho de projetos.
- A autenticidade é uma característica fundamental de um projeto: o problema a resolver é relevante e tem caráter real para os alunos. Não se trata de mera reprodução de conteúdos prontos. Além disso, o problema não é independente do contexto sócio-cultural e os alunos procuram construir respostas pessoais e originais.
- Um projeto envolve complexidade e resolução de problemas: o objetivo central do projeto constitui um problema ou uma fonte geradora de problemas, que exige uma atividade para sua resolução.
- Um projeto tem um caráter faseado: um projeto percorre várias fases: escolha do objetivo central e formulação dos problemas, planejamento, execução, avaliação, divulgação dos trabalhos.
A organização dos Projetos de Trabalho
Ao se pensar no desenvolvimento de um projeto, a primeira questão colocada diz respeito a como surgem esses projetos e, principalmente, quem propõe o tema para o projeto. Diante dessa questão, surgem posições diferenciadas, com alguns profissionais defendendo a posição de que o projeto deve partir, necessariamente, dos alunos, pois senão ele seria imposto. Outros defendem a ideia de que os temas devem ser propostos pelo professor, de acordo com a sua intenção educativa, pois, de outra forma, se cairia em uma postura espontaneísta. O que se desconsidera, nessa polêmica, é que o central da Pedagogia de Projetos não se coloca nesta polêmica, mas sim no envolvimento de todo o grupo com o processo. Um tema pode surgir dos alunos, o que não significa, a priori, uma efetiva participação destes no desenvolvimento do projeto.
O que caracteriza o trabalho com Projetos não é o fato da temática surgir dos alunos ou professores, mas o tratamento dado a esse tema, no sentido de torná-lo uma questão do grupo como um todo e não apenas de alguns ou do professor. Nesse sentido, os problemas ou temáticas podem surgir de um aluno em particular, de um grupo de alunos, da turma, do professor ou da própria conjuntura. O que se faz necessário garantir é que esse problema passe a ser de todos, com um envolvimento efetivo na definição dos objetivos e das etapas para alcançá-los, na participação das atividades vivenciadas e do processo de avaliação.
Para isso, ao se pensar no desenvolvimento de um projeto, três momentos devem ser configurados:
- Problematização: é o ponto de partida, o momento detonador do projeto. Nessa etapa inicial, os alunos irão expressar suas ideias, crenças e conhecimentos sobre o problema em questão. Esse passo é fundamental, pois dele depende todo o desenvolvimento do projeto. Os alunos não entram na escola como uma folha em branco, já trazem, em sua bagagem, hipóteses explicativas e concepções sobre o mundo que os cerca. É dessas hipóteses que a intervenção pedagógica precisa partir, pois, dependendo do nível de compreensão inicial dos alunos, é evidente que o processo toma um ou outro caminho. É na fase da problematização que o professor detecta o que os alunos já sabem e o que ainda não sabem sobre o tema em questão. E também a partir das questões levantadas nesta etapa que o projeto é organizado pelo grupo.
- Desenvolvimento: é o momento onde se criam as estratégias para buscar respostas às questões e hipóteses levantadas na problematização. Aqui, também, a ação do sujeito é fundamental. Por isso, é preciso que os alunos se defrontem com situações que os obriguem a confrontar pontos de vista, rever suas hipóteses, colocar-se novas questões, confrontar-se com novos elementos postos pela Ciência. Para isso, é preciso que se criem propostas de trabalho que exijam a saída do espaço, a organização em pequenos e grandes grupos, o uso da biblioteca, a vinda de pessoas convidadas à escola, entre outras ações. Nesse processo, as crianças têm que utilizar todo o conhecimento que têm sobre o tema e se defrontar com conflitos, inquietações que as levarão ao desequilíbrio de suas hipóteses iniciais.
- Síntese: Em todo esse processo, as convicções iniciais vão sendo superadas e outras mais complexas são sendo substituídas. As novas aprendizagens passam a fazer parte dos esquemas de conhecimento dos alunos e vão servir de conhecimento prévio para outras situações de aprendizagem.
Apesar de explicitarmos três momentos dentro do desenvolvimento de um projeto, é importante frisar que são momentos de um processo e não etapas estanques. A compreensão da metodologia como técnica é comum em nossa cultura escolar e dela vem a significação e redução da pedagogia de projeto enquanto uma técnica de ensino. Entendemos que a pedagogia de projetos não pode ser uma técnica, sujeita a regras pré-determinadas. Os projetos são processos contínuos que não podem ser reduzidos a uma lista de objetivos e etapas. É uma postura que reflete uma concepção de conhecimento como produção coletiva, onde a experiência vivida e a produção cultural sistematizada se entrelaçam, dando significado às aprendizagens construídas. Aprendizagens essas que servem não só à resolução dos problemas postos para aquele projeto específico, mas que são utilizadas em outras situações, mostrando, assim, que os educandos são capazes de estabelecer relações e utilizar o conhecimento apreendido sempre que necessário.
Assim, os projetos de trabalho não se inserem apenas numa proposta de renovação de atividades – tornando-as mais criativas – o que exige um repensar da prática pedagógica e das teorias que a estão informando.
Entendida nessa perspectiva, a pedagogia de projetos é um caminho para transformar o espaço escolar em um meio estruturante, aberto à construção de aprendizagens significativas para todos que dele participam.
A construção de um projeto pedagógico dentro de uma concepção construtivista requer, além da coragem e compromisso do professor, uma reflexão acerca da epistemologia genética, da necessidade de um ambiente interativo de aprendizagem; da relação professor-aluno enquanto sujeitos em construção; o lugar dos conteúdos escolares e as contribuições da tecnologia para a efetivação da prática pedagógica.
O papel do professor, como deve ter ficado claro, é de fundamental importância no trabalho com projetos: a ele cabe orientar todas as fases do projeto, esclarecendo dúvidas, sugerindo melhores estratégias, procurando a participação de todos, realizando sínteses integradoras. O trabalho com projetos é altamente enriquecedor para toda a escola.
Currículo X Pedagogia de Projetos
Em diferentes circunstâncias da história da educação escolar deste século, houve uma preocupação por elaborar propostas inovadoras de ensino que não complementarizaram os conhecimentos derivados das disciplinas, de maneira que os alunos pudessem relacionar-se com a globalidade dos fenômenos a partir de seu estudo, relacionando-o com situações da vida cotidiana.
Todas as propostas elaboradas e apresentadas por formadores e docentes preocupados em encontrar alternativas para melhorar o ensino baseiam-se na ideia de integração dos conhecimentos, na importância de levar em conta o mundo fora da escola e considerar a realidade dos alunos. Essas ideias tiveram pouco êxito, não arraigaram até o ponto de substituir a organização do currículo por disciplinas, porque não incidiram na mudança das concepções predominantes do sistema escolar e de sua função social.
Essas iniciativas fazem parte de uma tradição pedagógica que foi utilizada para promover uma visão do currículo escolar, que desse “melhores” respostas a perguntas tais como:
Como ensinar os conceitos-chave aos alunos? Como os alunos podem apreendê-los? Como apresentá-los a partir da relação, e não da fragmentação dessas matérias? Como conectar a diversidade do processo de mudança dos estudantes? Como levar em consideração as transformações sociais em relação ao que se ensina na escola? Como contribuir para a construção de subjetividades múltiplas numa sociedade complexa e em constante mudança?
O ensino mediante “projetos de trabalhos”, “centros de interesse”, “projetos interdisciplinares”, “currículo integrado”, “pesquisa sobre o meio”, “créditos de síntese”, foram algumas iniciativas que se desenvolveram para responder, de uma maneira mais ou menos satisfatória, às mutáveis demandas e necessidades às quais a escola deve responder.
Globalização ou transdisciplinaridade, o que se destaca é que elas apontam outra maneira de representar o conhecimento escolar, baseada na interpretação da realidade, orientada para o estabelecimento de relações entre a vida dos alunos e professores e o conhecimento disciplinar e transdisciplinar que vão elaborando.
Para favorecer o desenvolvimento de estratégias de indagação, interpretação e apresentação do processo seguido ao estudar um tema ou um problema que, por sua complexidade, favoreça o melhor conhecimento dos alunos e dos docentes de si mesmos e do mundo em que vivem.
A Pedagogia de Projetos e os Parâmetros Curriculares Nacionais
De acordo com os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), a educação básica tem a função de garantir condições para que o aluno construa um processo de educação permanente.
Para tanto, é necessário que no processo de ensino-aprendizagem sejam exploradas metodologias capazes de priorizar a construção de estratégias de verificação do conhecimento, de desenvolvimento do espírito crítico, capaz de favorecer a criatividade, a compreensão dos limites e alcances lógicos das explorações propostas. Além disso, é necessário ter em conta uma dinâmica de ensino que favoreça não só o descobrimento das potencialidades do trabalho individual, mas também, e sobretudo, do trabalho coletivo. Isso implica o estímulo à autonomia do sujeito, desenvolvendo o sentido de segurança em relação às suas próprias capacidades, interagindo de modo orgânico e integrado num trabalho de equipe e, portanto, sendo capaz de atuar em níveis de interlocução mais complexos e diferenciados.
A orientação proposta nos PCNs reconhece a importância da participação construtiva do aluno, ao mesmo tempo da intervenção do professor para a aprendizagem de conteúdos específicos que favoreçam o desenvolvimento das capacidades necessárias à formação do indivíduo. Ao contrário de uma concepção de ensino e aprendizagem como um processo que se desenvolve por etapas, em que a cada uma delas se propõe, é uma visão de complexidade do conhecimento.
Isso requer que a escola seja um espaço de formação e informação, em que a aprendizagem de conteúdos deva necessariamente favorecer a inserção do aluno no dia-a-dia das questões sociais marcantes e em um universo cultural maior. A formação escolar deve propiciar o desenvolvimento de capacidades, de modo a favorecer a compreensão e a intervenção nos fenômenos sociais e culturais.
O desenvolvimento de capacidades, como as de relação interpessoal, as cognitivas, afetivas, motoras, éticas e estéticas, torna-se possível mediante o processo de construção e reconstrução de conhecimentos. Essa aprendizagem é exercida como o aporte pessoal de cada um, o que explica porque a partir dos mesmos saberes, há sempre lugar para a construção de uma infinidade de significados, e não a uniformidade destes. Os conhecimentos que se transmitem e se recriam na escola ganham sentido quando são produtos de uma construção dinâmica que se opera na interação constante entre o saber escolar e os demais saberes, entre o que o aluno aprende na escola, num processo contínuo e permanente de aquisição, no qual interferem fatores políticos, sociais, culturais e psicológicos.
Pode-se afirmar que os objetivos propostos pelos PCNs para o ensino fundamental estão voltados para uma abordagem construtivista, respeitando a diversidade social, cultural, a interação e cooperação, a autonomia, o espírito de busca e a reflexão que leva a uma aprendizagem significativa. Aprendizagem esta que, para acontecer, é necessário o desenvolvimento do aluno, o empenho em estabelecer relações entre o que já sabe e o que está aprendendo, em usar instrumentos adequados que conhece e dispõe para alcançar a maior compreensão possível; exige também uma ousadia para se colocar problemas, buscar soluções e experimentar novos caminhos.
Esta proposta vai de encontro à pedagogia de projetos, uma vez que, ao participar de um projeto, o aluno está envolvido em uma experiência educativa, onde o processo de construção do conhecimento está integrado às práticas vividas. Esse aluno deixa de ser, nessa perspectiva, apenas um aprendiz do conteúdo de uma área de um conhecimento qualquer. É um ser humano que está desenvolvendo uma atividade complexa e que, nesse processo, está se apropriando, ao mesmo tempo, de um determinado objeto de conhecimento cultural e se formando como sujeito cultural. Isso significa a impossibilidade de homogeneizar os alunos, desconsiderando sua história de vida, seu modo de viver, suas experiências culturais e dar um caráter de neutralidade aos conteúdos, desvinculando-se do contexto sócio-histórico que os gerou.
Num projeto, os alunos trabalham de modo autônomo, tomando decisões e executando-as, fazendo escolhas, adotando estilos que têm a ver com a sua experiência, os seus conhecimentos e os seus gestos. O professor pode fazer propostas e deve apoiar os alunos, mas não deve substituí-los, não deve retirar-lhes a parte de responsabilidade que lhes cabe na concepção e realização do projeto.
A transdisciplinaridade como marco para a organização de um currículo
Temos a necessidade de que se restabeleça na educação escolar a apresentação dos conhecimentos vinculados às disciplinas acadêmicas e sua consideração como campos fechados e favorecidos por um currículo fragmentado, distanciado das transformações sociais, das mudanças nos saberes disciplinares e nas vidas dos alunos, sobretudo dos adolescentes.
Essa questão se torna um problema que mais tarde irá se manifestar, essa falta de preparação no ensino básico e médio é manifestada tanto pelas universidades como pelos empregadores, que percebem que os fundamentos da alfabetização, das estratégias e habilidades básicas das atitudes para adaptar-se a uma realidade de mudança não foram adquiridos pelos estudantes ao acabar a escola de ensino médio.
Essas percepções são reflexos de que se estão produzindo mudanças sobre o que considera que deva ser aprendido na educação básica e também nas características da população que cursa os estudos do ensino médio.
Para dar resposta a essa nova situação, nos deparamos com tendências contrapostas; por um lado, há os que sustentam que é fundamental manter o currículo por matérias disciplinares, centrado em conteúdos conceituais e procedimentos, como portas de acesso aos conhecimentos socialmente aceitos como representativos da cultura científica refletida nas disciplinas; outra tendência considera que esse tipo de currículo já não é mais necessário e que nem responde às finalidades da educação básica em relação à vida contemporânea.
A transdisciplinaridade representa uma concepção da pesquisa baseada num marco de compreensão novo e compartilhado por várias disciplinas, que vem acompanhada por uma interpretação recíproca das epistemologias disciplinares. A cooperação, nesse caso, dirige-se para a resolução de problemas e se cria a transdisciplinaridade pela construção de um novo modelo de aproximação da realidade do fenômeno que é objeto de estudo.
Nessa proposta, os limites disciplinares entre pesquisa pura, aplicada e as diferenças institucionais entre universidades e a indústria parecem cada vez menos relevantes. A atenção das aulas é voltada para a área do problema, para o tema alvo do objeto de estudo, dando preferência à atuação colaborativa em lugar da individual. A qualidade se avalia pela habilidade dos indivíduos em realizar uma contribuição substantiva a um campo de estudos a partir de organizações flexíveis e abertas dos projetos de trabalho.
A questão da interdisciplinaridade
A concepção de projetos escolares está, normalmente, associada à ideia de interdisciplinaridade, um conceito polissêmico. Veiga Neto identifica, pelo menos, duas acepções de interdisciplinaridade: a primeira, a interação entre duas ou mais disciplinas que se caracteriza “pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de integração real das disciplinas” (Japiassu, 1976, p. 74. In: Veiga Neto, 1994), pressupondo uma conexão disciplinar subordinada a uma axiomática comum; a segunda acepção, que compreende a interdisciplinaridade como uma elaboração ou troca entre disciplinas que manteriam “uma relação recíproca, de mutualidade ou, melhor dizendo, um regime de co-propriedade que iria possibilitar o diálogo entre os interessados” (Fazenda, 1979, p. 39. In Veiga Neto, 1994).
Segundo Veiga Neto (1994), a literatura pedagógica brasileira vem apresentando um discurso que atribui ao conhecimento disciplinar boa parte dos problemas que advêm de um “mau uso” do saber em geral, e em particular, da Ciência. Segundo ele, esse discurso indicaria o ensino interdisciplinar como forma para superar tais problemas.
Não somente a literatura, mas também as propostas pedagógicas mais modernas, mais inovadoras têm enfatizado a aprendizagem ativa, significativa, desencadeada a partir de problemas reais, contextualizados. Há um destaque para a concepção de que o conhecimento fragmentado em disciplinas é artificial e que os saberes escolares são, em última instância, produtos da transposição didática, entendida como a transformação de um conhecimento de referência – savoir de référence – em um conhecimento de ensino – savoir effectivement enseigné – (Chevallard, 1985). Essa transposição seria sempre o resultado de decisões arbitrárias, que na maior parte das vezes, estariam privilegiando a cultura burguesa dominante, não valorizando o senso crítico, os conhecimentos já adquiridos e não considerando as necessidades de cada um.
Como as pedagogias inovadoras de natureza crítica, como a pedagogia de projetos, objetivam o fortalecimento de grupos que lutam por justiça social, que buscam uma maior igualdade de condições e o desenvolvimento de senso crítico, é natural que se mobilizem esforços no sentido de instaurar novas práticas educativas (Santos, 1995), como aconteceu com o Projeto Escola Plural e buscam uma reformulação nos currículos para que essa mudança seja efetiva e renovadora da educação.
Fatores que condicionam a implementação da Pedagogia de Projetos
Vários são os fatores que influenciam na hora de se implementar a pedagogia de projetos como uma alternativa metodológica para a educação brasileira. Uma delas é a formação do professor; este deve ser qualificado para que possa lidar com as inovações que a aplicabilidade da pedagogia traz. A pedagogia de projetos parece ser uma metodologia simples, mas na realidade, ela requer um conhecimento amplo do contexto político e social em que nos encontramos e requer também um grande domínio de sala do professor para que este possa conduzir o desenvolvimento do projeto a contento. Outro fator que corresponde a uma dificuldade de implementação da pedagogia de projetos é a política pedagógica das instituições de ensino; muitas vezes algumas instituições nem possuem um plano político pedagógico, o que acaba por dificultar a implementação de inovações na escola. Outras vezes, algumas instituições possuem uma política pedagógica tradicional, o que acaba por podar a ação do professor dentro de sala de aula.
A formação profissional do professor
A exigência legal de formação inicial para a atuação no ensino fundamental nem sempre pode ser cumprida, em função das deficiências do sistema educacional. No entanto, a má qualidade do ensino não se deve simplesmente à não-formação de parte dos professores, resultando também da má qualidade da formação que vem sendo ministrada.
Além de uma formação inicial consistente, é preciso considerar um investimento educativo e sistemático para que o professor se desenvolva como profissional da área de educação. O conteúdo e a metodologia para essa formação precisam ser revistos para que haja possibilidade de melhoria no ensino. A formação não pode ser tratada como um acúmulo de cursos e técnicas, mas sim como um processo reflexivo e crítico sobre a prática educativa.
Investir no desenvolvimento profissional dos professores é também intervir em suas reais condições de trabalho.
A formação de professores pode ser considerada como um processo que se prolonga por toda a vida profissional. Aprender a ensinar é um processo complexo que envolve fatores afetivos, cognitivos, éticos de desempenho, entre muitos outros.
O mestre do novo milênio
Hoje, espera-se que você, educador, seja capaz de:
- Contextualizar os conteúdos e articulá-los nas diferentes disciplinas;
- Diversificar as atividades, utilizando novas metodologias, estratégias e materiais de apoio;
- Dominar tecnologias que facilitem a aprendizagem dos alunos;
- Acolher e respeitar a diversidade, utilizando-a para enriquecer sua aula;
- Gerir a classe e saber lidar com o imprevisto;
- Administrar seu desenvolvimento profissional criando planos de estudo e trabalho;
- Envolver-se nas questões da escola, desempenhando outras funções além das tradicionais da sala de aula;
- Desenvolver projetos com a sua turma, tendo como ponto de partida a realidade local;
- Trabalhar em equipe com os outros professores;
- Estabelecer uma parceria constante com os pais e a comunidade.
O projeto político pedagógico
A ação pedagógica não ocorre de forma isolada; o educador é o profissional que se dedica à atividade de, intencionalmente, criar condições de desenvolvimento de condutas desejáveis, seja do ponto de vista do indivíduo ou do ponto de vista do grupamento humano.
O plano político pedagógico das instituições de ensino é que dá sustentação à atividade do professor, dando as condições para que os professores coloquem em prática suas ideias e formas de trabalho.
Embora o projeto político pedagógico seja apontado como um dos instrumentos definidores de uma proposta de escola democrática, ele precisa ser cuidadosamente analisado quanto ao que se refere à sua execução.
O projeto político pedagógico constitui-se em uma via possível para a modificação de uma estrutura baseada na compartimentalização e na prática individualizada que se efetiva no interior da escola, reorientando-as para uma unidade de objetivos que direcione e conduza a diversidade da ação do docente.
A proposta de elaboração do projeto político pedagógico traduz a busca de alternativas que têm como foco a revisão de práticas estandardizadas usuais na organização do trabalho educativo, permitindo a estruturação de um espaço no qual o professor atue efetivamente como um profissional com condições de domínio e direcionamento do processo em que está inserido, dando maiores oportunidades ao professor para trabalhar com a pedagogia de projetos como metodologia de ensino.
Conclusão
Com a realização deste trabalho, concluo que a Pedagogia de Projetos é uma metodologia que possui grande importância para o contexto histórico em que se encontra a educação brasileira.
A Pedagogia de Projetos busca dar um novo direcionamento à prática pedagógica, buscando melhorar as bases educacionais, conciliando os PCNs e a conjuntura mundial vigente.
A educação deve ser voltada para a realidade e para as necessidades dos alunos e a Pedagogia de Projetos quer suprir essa necessidade, reestruturando a prática de ensino e as posturas do educador, tornando a educação uma prática efetiva onde o aluno e o professor possam se realizar, cada um na sua função, sendo o professor um mediador do conhecimento e não um detentor de todo o saber.
A pedagogia de projetos torna-se uma metodologia adequada para ajudar na formação de um adulto mais consciente.
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Autor: Rovena Monteiro Lopes