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Atualizado em 09/04/2013

CONCEPÇÃO DE CRIANÇA: IMPOSSÍVEL DE ACREDITAR

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                                                     Autor:Celso Antunes é professor e psicopedagogo

Impossível acreditar que existem pessoas que duvidam da lei da gravidade e outras que não creem que o ar não tem cor, já que o céu é azul. Todos temos direito à opinião, mas a solidez com que a Ciência constrói certas respostas não permite que destas se duvide, e quem o faz deixa de ser “diferente” e assume o papel de idiota ou, na melhor das hipóteses, de ingênuo.

 O que é dito em relação às descobertas científicas vale também para a educação infantil. E é impossível acreditar que ainda existem pessoas que veem na criança um adulto pequeno, que aguarda para assumir competências. Para essas pessoas, todas as crianças são mais ou menos como pizzas ainda cruas, que necessitam demorar ao forno para alcançar cozimento ideal. Porque assim pensam, afastam a criança do mundo em que vive e da cultura na qual se encontra inserida. Os que assim creem defendem uma educação infantil mais ou menos como a educação de adultos, só que “extremamente simplificada”, uma maneira de falar com a criança semelhante àquela que se usa com cachorrinhos e a indiferença e o desrespeito pelo que a criança sabe. Essa concepção de ensino baseia-se no pressuposto de que a cabecinha do aluninho é como um copo vazio que necessita de informações, que, despejadas gotinha a gotinha, um dia deverão enchê-lo.

 Nessa visão de escola, existe uma rígida diferenciação entre o momento de brincar e o de aprender, e o pensamento da criança não deve ser explorado senão para obedecer a regras. Regras muitas vezes transmitidas com voz doce e ternura, mas que, por estarem definitivamente prontas, acabam com a necessidade de questionar-se sobre elas. A escola que está nessas bases apoiada se inspira na “prontidão” e, como se espera por ela, aguarda-se o momento oportuno para que a criança possa ser alfabetizada e saiba fazer continhas. A infância existe apenas como fase de espera e, por isso, as crianças torcem para que ela transcorra rapidamente e para que, libertas dela, possam finalmente viver. Se os professores que assim pensam acreditassem apenas que a lei da gravidade não existe, eles seriam criaturas culturalmente inúteis. Mas como, além de pensar, eles agem, sua ação mostra-se perniciosa para as esperanças de educação.

 Alguns educadores reagem a essa concepção troglodita; entretanto, saltam de oito para oitenta e passam a defender a idéia oposta: a criança tudo sabe e tudo pode, portanto, aos adultos cabe apenas observar o crescimento dela, sem intervir e enxergando em seus alunos plantas carnívoras que, expostas ao ambiente, receberão aqui ou ali moscas para devorar.

Impossível saber o que é pior para a educação, mas não pode restar qualquer dúvida de que tanto aquela quanto esta prática são retrógradas e de que, ao se engessar a mente infantil, rouba-se qualquer direito à crença no amanhã.

No entanto, nem tudo é motivo de perda e dor. Cresce de forma vigorosa o número de verdadeiros educadores infantis, que fundamentam a concepção de criança como ser social e histórico e que necessita da educação para transformar os saberes de sua experiência em conhecimentos essenciais para o usufruto de seus direitos, entre eles, o direito à liberdade de crescer. Os professores que se identificam com essa proposta de ensino organizam e planejam suas ações com base nos jogos e nas brincadeiras e levam a criança a pensar e descobrir a singularidade de ser e estar no mundo e de usar múltiplas linguagens para expressar essa admirável descoberta. São mestres atentos à curiosidade infantil e à imensa vontade da criança de conhecer o mundo; por isso, organizam projetos transdisciplinares que envolvem temas associados a natureza, cultura, beleza, bondade e verdade. Eles sabem que sua forma de agir jamais está pronta, mas requer busca permanente, caminho que, a todo momento, percorre-se novamente. Porque existem professores assim, há esperança de que o amanhã será melhor e de que não demorarão a chegar os tempos em que todos os pais saberão distinguir um e outro professor e compreender que a educação infantil é tudo, e o resto, quase nada.

 

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