Resgatar princípios é um desafio para famílias e escolas. Infelizmente, na maioria dos casos, não há diálogo nem disciplina, porque a criança depende do adulto, principalmente na formação do vocabulário para expressar sentimentos, medos e frustrações.
Pais e educadores devem rever os conceitos de punição, recordar que já foram crianças e evitar repetir erros que provoquem traumas ou comportamentos errôneos.
Abra mão da ideia de que “o meu pai foi assim comigo, e eu também serei com o meu filho”. O mundo evoluiu numa rapidez alarmante desde o seu nascimento, as influências atuais exigem um novo formato de educação. Os métodos que funcionaram com você podem não funcionar com o seu filho. Siga apenas os bons exemplos, pois a única fórmula copiada que ainda funciona são os princípios morais e religiosos, que, mesmo assim, vêm sofrendo mutações.
É importante que família e escola permitam que a criança seja realmente criança. Respeitar a fase de brincar, sonhar, se divertir… É nessa trajetória que ela se descobre no mundo, adquire segurança, autoconfiança e, na sequência de descobertas, se projeta como construtora do próprio conhecimento. O que não pode ser permitido é que esses pequeninos não tenham limites e dominem, como se a casa, a escola e as pessoas fossem meros objetos de suas vontades.
O exemplo tem que partir dos pais, através de atos e atitudes. No momento de agir, eles devem abrir mão da emoção, dos sentimentos, e seguir apenas a razão. É melhor serem duros, radicais, do que passarem o resto da vida lamentando as decisões não tomadas e perderem o seu filho para o mundo que está aí, de braços abertos para acolhê-lo.
Para atingir esse alvo, pais têm que assumir uma postura para equilibrar o relacionamento. A criança precisa entender porque isso ou aquilo pode ou não ser feito. Esse entendimento gera a consciência. A criança aprende com os atos dos adultos, e, se pai e mãe brigam, se agridem, não se respeitam, consequentemente o filho vai seguir o mesmo caminho.
Apesar de tantos exemplos, muitos pais ainda confundem educação com formação. Podemos matricular nosso filho numa escola que lhe propicie uma educação de qualidade, mas é preciso o complemento que é a formação moral, religiosa e, principalmente, ética para respeitar limites e resistir às tentações do mundo.
Mas até onde os filhos são dos pais ou do mundo?
O erro maior é criar os filhos para si, e não para o mundo. Poucos estão preparados para uma separação. O rompimento do cordão umbilical é um curso natural. Eles crescem, exigem o seu espaço, querem a sua tribo e vão lutar por sua independência. Cabe aos pais prepará-los para encararem os desafios de um mundo que exige a formação da personalidade, do caráter, e o conhecimento das regras de convivência. Pois ética, caráter, respeito e limites são valores gerados exclusivamente no seio da família. A escola vai apenas moldá-los e amadurecê-los.
Aplicar pena nem sempre é uma boa ação. O castigo, se não for corretivo, pode ter efeito contrário, pois a mente da criança é um terreno fértil, em que tudo o que se plantar germina. E, se quisermos jovens e adultos disciplinados, temos que preparar esse terreno com cuidado, um código de conduta deve ser estabelecido para que a criança se convença de que determinadas regras são valores que enriquecerão o relacionamento familiar e, consequentemente, serão praticados no convívio social.
O primeiro passo é saber dizer “não”, para que a criança não cresça acreditando que pode tudo. A consciência de que sempre existirá algo para conquistar, um motivo para atingir objetivos e propósitos através de seus valores — valores que a maioria não adquire na infância e que somente na fase adulta são notados. Muitos se perdem; pois, nessa trajetória, as regras são impostas pelo próprio meio, e uma das normas invioláveis é respeitar limites, principalmente os do semelhante.
A psicóloga Tânia Zagury acredita que “Limite é dizer ‘sim’ sempre que possível e dizer ‘não’ quando necessário” e mais: “Limite é saber conviver com a frustração e adiar satisfações”.
No conflito entre disciplina e limite, na dúvida entre o “sim” e o “não”, pais se desesperam por terem permitido que os seus filhos fizessem o que queriam, simplesmente por serem crianças.
Muitos, para se esvaírem, culpam a sociedade moderna, que permitiu a extinção de valores, destruiu princípios, alterou ensinamentos… Outros atacam os meios de comunicação que instigam, através dos seus programas, a violência e a desobediência. E ainda há aqueles que condenam o sistema de ensino que não educa. Mas muitas crianças chegam à escola tão dependentes que algumas não conseguem comer sozinhas. O professor tem que ser tudo, principalmente babá.
A maioria dos pais não percebe que, ao se distanciarem dos filhos na busca de status e realizações pessoais, deixando-os à mercê de empregados, babás, não estão fazendo tudo. Para muitos, casa confortável, mesa farta e uma boa escola são suficientes para um futuro promissor. Não despertam a consciência de que a participação é fundamental, só a presença não basta. Educar exige envolvimento emocional, comprometimento para acompanhar as mudanças físicas e biológicas que influenciam no comportamento.
No confronto entre a maturidade e a inexperiência, discussões e momentos de carinho e afeto muitas vezes se chocam com sentimentos e incompreensões. Nessa transição, a maturidade deve imperar, e o que não pode ocorrer é o desrespeito. É preciso equilíbrio para que mágoas e desapontamentos não afetem sentimentos nem abalem a confiança.
Pais devem ser a âncora, a rota, a voz e o silêncio. A âncora que ampara, proporciona segurança, estaciona num porto seguro; a rota que conduz ao crescimento humano e pessoal através da experiência; a voz para falar — não para conter, mas para indicar o caminho —; e o silêncio para ouvir os medos, captar as fraquezas, entender as inseguranças e as necessidades de uma criança que necessita de gestos de carinho, palavras de incentivo, atitudes corretivas e calor humano para formar o elo do afeto. Afinal, crescer é tão difícil quanto nascer. Há que se estar pronto para enfrentar os desafios de um novo mundo.
TIBA, içami. Limite na medida certa
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https://www.youtube.com/watch?v=n28oVPwFCnU
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