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Atualizado em 02/08/2023

O Paradoxo Social das Drogas e da Violência

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PARADOXO SOCIAL: DROGAS E VIOLÊNCIA



Introdução

Este trabalho propõe-se a discutir o paradoxo social que atualmente subsiste em nossa sociedade no que diz respeito ao uso abusivo de drogas e a violência.

O consumo de drogas é frequentemente apontado como gerador de comportamentos violentos. Apesar da intoxicação aguda e o surgimento da dependência propiciarem a ocorrência de comportamentos impulsivos e agressivos, a relação entre drogas e violência não pode ser encarado apenas sob essa óptica reducionista.

O presente estudo procura ampliar essa discussão, invertendo esta premissa: a violência como fomentadora do consumo de drogas e a questão social como fomentadora da violência.

1 – Situando o Tema no contexto da Dependência Química

Face a globalização das problemáticas sociais que desafiam todo o mundo, tentamos através deste texto, fazer uma singela contribuição que favoreça o debate e a reflexão dos envolvidos com as seguintes questões: crianças, jovens, drogas, escola, trabalho e exclusão social, a partir de reportagens jornalísticas, trazidas pelo “Jornal Folha de São Paulo”.

Em 28 de dezembro de 1997, o jornal revela as principais conclusões da Pesquisa “Sistema Penitenciário: Mudanças de Perfil dos Anos 50 a 90” divulgada pelo ILANUD – Instituto Latino Americano para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente. Os atores de ato infracional são cada vez mais jovens e com menor grau de instrução. De acordo com estes estudos a taxa de presos mais jovens (18 a 25 anos) aumentou 18,5% entre 1993 e 1996 no Estado de São Paulo.

O sociólogo Túlio Kahn, que realizou a pesquisa refere-se que “o fato da maioria absoluta da população carcerária ser composta por pessoas com até 30 anos, não se deve só ao maior número de jovens na sociedade, mas às dificuldades que enfrentam para entrar no mercado de trabalho“. O Diretor da COESP – Coordenadoria dos Estabelecimentos Penitenciários do Estado de São Paulo, confirma os dados da pesquisa acrescentando que: ao contrário da década de 70 “que os presos tinham em média 27 anos, eram casados, vinham de famílias estruturadas e tinham alguma ocupação profissional, tornar-se-á um jovem em potencial para o consumo de drogas. E que no contexto de favelizaçao das comunidades carentes brasileira, o trafico apresenta-se como alternativa, pois gera emprego e renda para estas populações.

Há que se ter uma revolução ética e social para termos novos rumos na nossa sociedade.

2 – A questão do Álcool

2.1 – O que é dependência de Álcool?

É uma relação alterada entre a pessoa e o modo de beber que se torna um comportamento que se auto-perpetua, uma condição que leva ao longo de um continuo de severidade.(OMS–1996).

Perda da liberdade da escolha entre o beber e o não beber e de escolher quando e onde fazê-lo, criando uma visão de mundo que revela uma mínima preocupação com as regras de contato e de comunicação social. (Sonenreich – 1971)

2.2 – Uso nocivo do álcool.

O uso nocivo de álcool é um padrão de uso de álcool que pode provocar problemas familiares, problemas profissionais (diminuição da função e atividade), acidentes automobilísticos no caso de binge (ingestão compulsiva de álcool levando à embriaguez e/ou intoxicação), doenças infecto-contagiosas devido ao comportamento de risco. Também podem ocorrer problemas decorrentes da pós-intoxicação aguda como cefaléia, ressaca, enjôo, tontura, etc.

2.3 – Critérios de Dependência.

A dependência engloba um padrão de comportamento aprendido onde se verifica um conjunto de sinais e sintomas que podem variar de intensidade e nem todos precisam estar presentes. A seguir estão descritos os critérios de dependência:

a Estreitamento do repertório – Inicialmente, uma pessoa que começa a beber pesadamente pode ampliar seu repertório e a variedade de estímulos que a predispõem a beber. Conforme a dependência avança, os estímulos relacionam-se crescentemente ao alívio ou evitação dos sintomas de abstinência e seu repertório pessoal de beber torna-se cada vez mais restrito.

b. Saliência do beber – Com o avanço da dependência o indivíduo passa a dar prioridade à manutenção da ingestão alcoólica em detrimento de outras atividades que antes considerava de extrema importância. Hábitos anteriormente cultivados deixam de ter importância e a pessoa começa a viver “em função” de beber.

c. Aumento da tolerância ao álcool – A tolerância ocorre quando a pessoa se acostuma com a quantidade de álcool que o satisfazia anteriormente e passa a precisar ingerir mais álcool para ter os mesmos efeitos que tinha anteriormente. É fácil perceber os efeitos da tolerância quando, por exemplo, após usar seguidamente o mesmo medicamento, ele deixa de ter efeito e uma quantidade maior passa a ser necessária para obter aquele efeito inicial.

d. Sintomas de Abstinência – Ocorre com a parada da ingestão de álcool e a diminuição da sua concentração no sangue. Os sintomas mais comuns são tremor, náusea, sudorese, sensibilidade ao som, tinidos no ouvido, coceiras, cãibras musculares, alterações no humor, perturbações no sono, alucinações e alívio ou evitação dos sintomas de abstinência pelo aumento da ingestão da bebida. A pessoa, nos primeiros estágios de dependência, pode não perceber que o primeiro drinque do dia ajuda-a a sentir-se bem. Na medida que a dependência se torna mais grave, ela começa a beber, inicialmente, para evitar que aqueles sintomas desagradáveis apareçam.

f. Percepção subjetiva da compulsão para beber – A percepção subjetiva da compulsão para beber pode ser percebida em dependentes que “perdem o controle” quando bebem e acabam extrapolando aquilo que inicialmente se propunham. Esta perda de controle, compulsão extrema para beber, pode estar associada também a evitação dos sintomas de abstinência.

g. Reinstalação após a abstinência – Dependendo do nível de dependência, ocorre um fenômeno extremamente intrigante no paciente que interrompeu o seu consumo. Se a sua dependência for grave, ele terá a reinstalação da síndrome, que pode ter levado anos a se desenvolver, em até 72 horas. Por outro lado, no caso de uma dependência moderada ele pode “agüentar” algum tempo, mas, com freqüência tem a reinstalação da síndrome e não consegue beber moderadamente.

2.4 – O Álcool e a Violência

A questão da violência na nossa sociedade vem merecendo atenção especial na agenda da segurança pública, além de significar questão de saúde desde meados dos anos 80.

Inúmeros estudos vêm apontando o uso do álcool como um dos vários elementos facilitadores na ocorrência de situações violentas, na medida em que esta substancia tem como um dos seus efeitos a diminuição da censura e a emergência de comportamentos pouco convencionais em determinadas circunstâncias.

A embriaguez, em algumas sociedades, tem se constituído como desculpa aceitável, servindo para inocentar pessoas da responsabilidade do que cometem quando estão sob efeito do álcool.

Vários estudos marcam que aumenta a taxa de homicídios quando o consumo per capita de álcool também é maior, sugerindo uma associação entre estes fatos. Apesar de no Brasil a cientificidade da associação ser pequena, o senso comum preconiza a relação entre os dois fenômenos. Duarte e Cotrim em artigo publicado no Jornal Brasileiro de Dependência Química no ano 2000, página 18, colocam que: “Essa situação é particularmente preocupante se forem levadas em conta a incidência cada vez maior de mortes na população jovens por causas externas, violência e acidentes em geral e altas dosagens de álcool presentes no sangue das vitimas.”

Observa-se no Brasil que a personalidade dos envolvidos, fatores socioculturais e expectativas sociais e pessoais, possivelmente interagem com os efeitos fisiológicos do álcool na eclosão de episódios de homicídio, nos quais constata-se uso abusivo de álcool, indicando que os fatores sócio-econômicos parecem ser os de maior importância na determinação de eventos violentos. A peculiaridade do nosso país demonstra que o consumo de bebidas alcoólicas pode potencializar o impacto de problemas sociais como pobreza, fome, miséria e desemprego.

2.5 – A relação dos pontos de vendas de álcool e a violência

A acessibilidade ou a disponibilidade de pontos de comércio de álcool pode ser pensada como um fator facilitador de consumo do mesmo. Pesquisadores têm relatado que a concentração de pontos de venda de bebidas alcoólicas pode ser uma medida geral da disponibilidade física de bebidas alcoólicas. Vários estudos suportam a associação entre a densidade geográfica e o aumento nas taxas de prevalência de problemas relacionados ao uso de álcool incluindo altas taxas de prevalência de dependência alcoólica, mortalidade por cirrose, crimes violentos, acidentes de trânsito, prisões de pessoas por estarem dirigindo embriagados e comportamento sexual de risco.

Um número significativo de pesquisas tem focado atenção nas variações das taxas de consumo alcoólico e sua relação com a prevalência dos problemas relacionados ao consumo de álcool visando uma restrição na disponibilidade de bebidas alcoólicas. Atualmente um número crescente de evidências de que a disponibilidade de bebidas alcoólicas está relacionada a taxas de consumo alcoólico e a emergência de problemas relacionados ao álcool. Fatores que influenciam o consumo de bebidas alcoólicas incluem número de pontos de venda de álcool, a presença de leis regulamentadoras do comércio de bebidas alcoólicas, idade mínima de consumo de bebidas alcoólicas, poder aquisitivo do comprador e o preço das bebidas alcoólicas. Políticas restritivas foram cunhadas ao longo dos anos visando restringir a disponibilidade de bebidas alcoólicas com a intenção de se diminuir o consumo e a incidência de problemas relacionados ao uso do álcool.

Poucos pesquisadores discutem que a disponibilidade de álcool apenas seja responsável pela variação de taxas de problemas relacionados a este produto. Os estudos acima produziram resultados estatisticamente significativos depois de se ter controlado uma série de variáveis sócio-econômicas tais como pobreza, desemprego, tamanho populacional, idade e sexo. Ainda que os problemas sócio-demográficos sejam os preditores mais importantes na relação aos problemas advindos do uso de álcool, estabelecer limites na densidade de bares é uma meta executável mais facilmente que as variáveis sócio-demográficas como pobreza ou desemprego.

Com respeito à violência, a evidência é particularmente convincente. Roncek & Maier (1991) estudaram os efeitos de bares e tavernas nos crimes ocorridos em quarteirões residenciais em Cleveland. Foi demonstrado que o risco de apresentar um crime violento num quarteirão aumenta 17,6% a cada bar ou taverna adicionado. Speer et al (1998) evidência a importância de políticas que reconheçam a importância da densidade de bares e sua relação a ocorrência de crimes violentos. Os seus estudos demonstram que a redução da violência que pode ser conseguida com uma redução de 1% na densidade de bares numa determinada região requer um aumento na renda familiar de 5% ou 8% de aumento nas taxas de emprego. Também ressaltam que a presença de uma alta densidade de bares tem um maior impacto na criminalidade próxima aos bares. Isto sugere que esforços visando uma redução nos níveis de violência através de restrições a disponibilidade de acesso a bebidas alcoólicas pode ser mais eficiente a nível comunitário.

O suporte empírico de uma associação entre a disponibilidade de álcool e problemas relacionados ao uso de álcool levaram ao desenvolvimento de um grande número de programas comunitários de prevenção voltados ao problema da disponibilidade de álcool. Incentivos também surgem das avaliações sugerindo que os programas obtiveram mais eficácia em diminuir o abastecimento de bebidas do que na redução do consumo de álcool e do fato de que as intervenções focadas apenas no indivíduo têm uma ação limitada na redução dos problemas relacionados ao álcool.

Reynolds et al (1997) resume a façanha de três comunidades localizadas na Califórnia e Carolina do Sul, EUA, que se desenvolveu em uma comunidade durante um período de 5 anos (1991-1996). As comunidades foram descritas como sendo de médio porte (população de 100.000 habitantes) e representativa das diversas comunidades espalhadas pelo mundo. Ações visando a redução do acesso ao álcool foram dadas como prioridade em cada comunidade envolvida no projeto (dois fatores importantes que influenciam os membros da comunidade em priorizar a prevenção ao acesso ao álcool são citados como sendo uma alteração na política pertinente em contraste com outras formas de intervenções e a fundamentação teórica proveniente de estudos já citados neste trabalho – para maior discussão ver Gruenewald et al, 1996 e Reynolds et al, 1997). A primeira destas uniões estava particularmente preocupada com as altas taxas de violência de gangues e mortes violentas e lesões graves associadas a armas de fogo centrado numa região com alta densidade populacional e uma alta concentração de bares e pontos de comércio de álcool.

Problemas relacionados a alta concentração de bares também fora reconhecido pelos membros das comunidades em duas outras regiões. Ao final do projeto as mudanças políticas implementadas pelas três comunidades a fim de restringir a disponibilidade do álcool, incluindo limites para densidade de bares, superou as expectativas iniciais.

A restrição ao número de horas de funcionamento de pontos de venda de álcool em uma pequena comunidade da Austrália demonstrou benefícios potenciais em se controlar a disponibilidade de álcool. Dados longitudinais coletados em dois anos de seguimento demonstraram diminuição do consumo de álcool, crimes, problemas médicos relacionados ao uso de álcool e violência domiciliar secundária ao uso de álcool.

Há poucas informações acerca do impacto do álcool em países em desenvolvimento. Em uma recente revisão patrocinada pela OMS (Álcool e saúde pública em 8 países em desenvolvimento – Editores Leanne Riley e Mac Marshall – Departamento de Abuso de Substâncias, WHO/HSC/SAB/99.9) demonstrou que há uma carência de informações sensíveis e adequadas acerca do consumo de álcool de onde se podem extrair informações para realizações de políticas de saúde adequadas. Há um consenso de que maiores investimentos em pesquisa nesta área são necessários. Em particular acerca dos problemas relacionados ao uso de álcool relacionados a violência, ponto onde os pesquisadores discutem que os países em desenvolvimento pagam um alto tributo.

No Brasil há poucos dados científicos acerca da relação entre álcool e violência. Minguardi et al (1996) demonstra que o álcool pode ter uma participação importante nos casos de homicídio em algumas cidades. Após analisar 1549 crimes notificados, a policia observou-se que 90,6% eram do sexo masculino e com idade entre 16 e 30 anos, com maior prevalência de crimes ocorrendo entre 20 e 24h e principalmente nos fins de semana. Brigas em bares e álcool eram as causas mais freqüentes de crimes.

2.5 – Considerações Adicionais (do site alcoolismo.com.br)

O alcoolismo está entre as 10 principais causas de internações clínicas no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, em média 120 mil pessoas são hospitalizadas por ano em virtude da doença, o que gera um gasto de 60 milhões de reais aos cofres públicos.

Segundo a psicóloga Salete Barros Ferreira, o alcoolismo é responsável por aproximadamente 8% dos índices de faltas no trabalho e 80% dos acidentes de trânsito.

Professora convidada do programa de estudos e assistência ao uso indevido do álcool, do Instituto de Psiquiatria da UFRJ, Salete explica que, em algumas cidades do interior, por falta de comida, é normal encontrar crianças de 7 anos alimentando-se de bebida.

É preciso ressalta que beber todo dia não significa ser um futuro alcoólatra. “Cardiologistas dizem que uma taça de vinho faz bem para o funcionamento cardiovascular. Sem exagero, não há problema”, ressalta.

Existem três tipos de consumidores: o ocasional, em potencial e o dependente. O consumidor ocasional é aquele que consegue controlar a quantidade que bebe e consome apenas em situações sociais, sem comprometer suas atividades diárias. Em potencial é aquele que bebe em horários impróprios, sozinho e em excesso.

O dependente, além de ser um bebedor em potencial, apresenta problemas em decorrência do uso abusivo do álcool, como o envolvimento em acidentes de trânsito. Ele bebe para ficar em estado alterado e precisa da bebida para se sentir feliz. “É comum pessoas depressivas ou ansiosas necessitarem do álcool e se tornarem dependentes”, explica.

O tratamento acontece em etapas. Além do processo de desintoxicação e acompanhamento clínico para contornar as crises de abstinência (falta da bebida), o paciente, dependendo da gravidade, precisa de suporte psquiátrico e de medicamentos – tranqüilizantes e que criem aversão ao álcool.

Colaborador dos Alcoólicos Anônimos, o clínico Laís Marques da Silva ressalta que a força de vontade do dependente é fundamental para a cura. ” O alcoolismo é uma doença que, quanto antes detectada, mais fácil fica o tratamento”, observa.

Contra o vício, o tratamento eterno

A dependência do álcool foi incorporada pela Organização Mundial de Saúde à Classificação Internacional das Doenças em 1967 e não tem cura – o problema é apenas controlável e exige tratamento permanente.

Para ter sucesso no tratamento, o paciente, além de não interrompê-lo e nem voltar a ter contato com a bebida, precisa de acompanhamento psicológico e, em muitos casos, medicação específica.

A professora Salete Barros Ferreira alerta que a ausência dos pais, o acesso fácil à bebida, a banalização e o não cumprimento da lei que proíbe o consumo de álcool para menores estimulam as pessoas, cada vez mais cedo, a buscar um estado alterado do comportamento.


3. Drogas, Escola e Violência

(Texto elaborado pelo grupo, com base em entrevista feita com a Sra. Miriam Abramovay, encontrada no site: desarme.org)

A bebida alcoólica, que é uma droga lícita, é três vezes mais consumida pelos alunos do que as drogas ilícitas. E este consumo começa muito cedo. Entre os alunos com idades entre 10 e 12 anos, 27,8% admitem beber em festas e ocasiões especiais, e 2,2% afirmam beber regularmente. Estas porcentagens sobem para 46,9% e 5,7%, respectivamente, entre os jovens de 13 a 15 anos; 51,8% e 14,6% entre os adolescentes de 16 a 18 anos; e 50,7% e 20% entre os alunos que têm 19 anos ou mais.

Entre as drogas ilícitas, a maconha é a mais consumida pelos alunos que estudam nas escolas das 14 capitais brasileiras pesquisadas. 2% dos alunos dos ensinos fundamental e médio admitem usar maconha regularmente.

A maioria afirma beber por ser uma atitude social. O consumo passa pela sociabilidade com os amigos, ajuda a se soltar, a ter coragem para “agarrar mulher”, como dizem. Beber é socialmente permitido e já se tornou um padrão de comportamento da juventude brasileira. Alguns apontam que a mídia também estimula o consumo.

Quando tratamos das drogas ilícitas não falamos dos viciados, mas dos jovens que já experimentaram, que fazem um uso eventual. A percepção dos diferentes atores (alunos, membros do corpo técnico-pedagógico e pais) sobre os motivos de uso das drogas está agrupada em quatro categorias: ajuda a esquecer os problemas, modismo, auto-afirmação e diversão. Segundo os jovens entrevistados, entre os motivos declarados para o uso de drogas também são referidos conflitos internos e externos, tais como problemas pessoais e familiares. Os jovens falam que experimentaram uma droga ilícita, principalmente, pela curiosidade, pelo prazer e para acompanhar algum amigo. Querem mostrar que podem, procuram o destaque.

Acerca de como é possível prevenir o uso de drogas nos jovens, a pesquisa conclui que há o que fazer em termos de prevenção. Ela alerta que é possível observar a presença de escolas seguras em bairros ou áreas reconhecidamente violentas e vice-versa, sugerindo que não há determinismos nem fatalidades, mesmo em períodos e áreas caracterizadas por exclusões, o que garante que ações ou reações localizadas sejam possíveis. Acreditamos que a escola é muito importante, pois agrega estes jovens de famílias diferentes e com uma diversidade cultural muito grande. É na escola que estouram os conflitos e é nela que eles podem ser apaziguados.

A escola deve ser pensada como um lugar onde os alunos estão protegidos. A escola protetora deve realizar ações pensando nos fatores de risco que possuem. Não deve ser punitiva e repreensiva, mas sim trabalhar culturas pedagógicas que estimulem a criatividade. Esta é uma forma de prevenção passiva. Deve-se também estimular o diálogo, ao mesmo tempo em que deve haver limites e regras claras. É preciso que os diferentes atores discutam, até mesmo, a questão do tráfico ao redor e dentro das escolas. Não adianta esconder estes fatos.

O consumo de drogas pode interferir na violência nas escolas, um aluno pode chegar bêbado na aula e provocar alguma briga, mas normalmente esta relação não é direta. O consumo de drogas interfere mais no rendimento escolar do que na violência. Ele prejudica a convivência na escola.
Observa-se que o que é violento é o tráfico, que está perto das escolas e até mesmo dentro delas. As escolas perderam um pouco o controle. As drogas são oferecidas livremente nas escolas e não raro, alguns professores e diretores são ameaçados. Como se vê, esta violência é provocada pelo tráfico e não pelo consumo.

A questão da violência nas escolas associa-se a três dimensões: a degradação no ambiente escolar, violência que se origina de fora para dentro das escolas, e componentes internos das escolas. Constata-se vários tipos de violência, desde a física, o roubo, as brigas, até a chamada violência simbólica, que faz parte do cotidiano das escolas. Esta violência está relacionada ao racismo, gritos, abuso de poder por parte dos professores e agressões verbais dos alunos. E tem a violência institucional, que é, por exemplo, a certeza do jovem de que com a formação que tem ele não vai conseguir entrar na faculdade.

Os empurrões e os pequenos roubos mexem na auto-estima da escola. Os alunos passam a não acreditar nela, não se sentem seguros. É preciso existir uma visão de cidadania na escola e não de descrença.

Diante do exposto, temos convicção que a cultura de paz deve permear todos os trabalhos realizados na escola protetora e um dos principais elementos para se construir esta cultura é a educação. A escola protetora passa pelo diálogo, discussão de valores e princípios, pelos limites. É preciso garantir uma educação para todos ao longo da vida. Educação com participação, com respeito aos direitos humanos, a diversidade e a tolerância. É fundamental também trabalhar com mobilização. Falamos, por exemplo, na abertura das escolas no final de semana para que se torne um local de integração da comunidade.

4. A questão da mídia

O assunto drogas e violência freqüenta com assiduidade as páginas dos principais jornais e revistas do país, bem como o horário nobre televisivo. As palavras chacina, gangue, crime organizado, narcotráfico tornaram-se endêmicas em nosso vocabulário cotidiano. Tudo isso se passa em ambientes inóspitos, miseráveis e excluídos. Por aquelas plagas reina o traficante e seus comparsas, maus, ousados, arrogantes, incapazes de submissão, nem mesmo quando presos.

Esse mundo quase imaginário ganha traços de realidade quando esses personagens, saído dos esgotos, invadem os lares das classes mais favorecidas. Coloquemos o assunto drogas nessa mistura: está pronta uma história completa ao gosto dos mais exigentes folhetins. Identificada com esse contexto, as drogas com freqüência ‘invadem’ nosso dia-a-dia, tais como ratos e insetos indesejáveis contra os quais nos valemos de todo o tipo de veneno. A aparição causa pânico, desespero, a certeza de que tudo aquilo que aprendêramos pela televisão fora incapaz de nos trazer qualquer referência, nenhum tipo de orientação válida para aquela hora.

A maior parte dos textos da mídia liga a violência urbana contemporânea aos traficantes de drogas. Nesses textos o usuário de drogas é lexicalizado de diferentes formas e estas diferenças nem sempre são percebidas por quem produz ou interpreta os textos. Além da forma ‘usuário de drogas’ que empreguei acima, que parece ser uma forma neutra, podemos encontrar ainda outras formas concorrentes como ‘viciado em drogas’, ‘consumidor de drogas’ ou ‘dependente de drogas’, cada uma delas indicando uma perspectiva diferente sobre este domínio da experiência. Se ‘viciado em drogas’ indica uma perspectiva ético-religiosa conotada negativamente e ‘dependente de drogas’ apresenta o usuário numa perspectiva médica, como um problema de saúde a ser tratado, ‘consumidor de drogas’ remete para uma visão do tráfico de drogas como uma indústria/comércio de produtos num mercado. As designações de ‘pontos de venda’ para os locais onde a droga pode ser adquirida e de ‘gerentes’ para os dirigentes destes locais liga-se igualmente a esta visão mercadológica do tráfico. Alba Zaluar (1996, p.54-55) aponta para a influência da globalização no crime organizado nos anos 90, com as quadrilhas se estruturando como empresas e desenvolvendo complexas relações com o mundo legal dos negócios e instituições que deveriam combatê-lo, mas este capitalismo-mais-que-selvagem (porque fortemente armado) não aparece com muita freqüencia na mídia, quase que se limitando aos usos lexicais comentados, e me parece contribuir pouco para a formação do senso comum das pessoas sobre o tráfico. Cada uma dessas formas de designação apontadas deve ser considerada como uma marca de intertextualidade constitutiva, remetendo para uma ordem de discursos ou interdiscurso, que caracteriza os discursos da mídia sobre o tráfico de drogas na atual conjuntura histórica.

O que vale destacar é o domínio que a mídia exerce sobre a população, manipulando como deseja o tema drogas e violência. Atualmente, nossos meios de comunicação têm relacionado diretamente os dois problemas, cultivando uma hegemonia de que “só existe o atual problema de criminalidade do Brasil porque existe o trafico e o consumo intenso de drogas”, o que não é verídico.

Feitas estas considerações, salientamos o seguinte: a dimensão dada pela mídia à violência apoia-se num approach de explícita natureza elitista e profundamente conservadora. Para que isto seja identificado, importa chamar a atenção para o discurso que norteia diariamente as matérias publicadas pelos jornais da grande imprensa e os comentários veiculados pela televisão. Tal discurso pode ser compreendido com maior clareza a partir de uma rápida instrumentalização de uma profícua categoria analítica: a ideologia.

A respeito, combinando aspectos das perspectivas teóricas de Louis Althusser e de Ernesto Laclau, pode-se, resumidamente, considerar que a ideologia possui dois componentes básicos que a estruturam: a interpelação ao indivíduo e a generalização.

Segundo Althusser (1998), a ideologia, por meio das práticas e rituais inscritos em aparelhos ideológicos, interpela os indivíduos – convoca-os, chama-os para a adoção de comportamentos determinados – com o fim de transformá-los em sujeitos de suas normas, crenças e valores. Sujeitos capazes de assimilar os códigos que lhes são inculcados e de pensar, sentir e agir em conformidade com os mesmos.

De acordo com Laclau (2002), as idéias, símbolos, bandeiras ou propostas devem preencher, num dado discurso, uma função muito mais ampla do que a sua natureza ou espaço próprios de origem. Isto é, devem exercer papéis e significados sociais que os ultrapassam sobremaneira, a partir de sucessivos deslocamentos discursivos, abrangendo e representando outros símbolos e metas que transcendem sua capacidade específica de realização. Caracterizam-se, portanto, por generalizações provenientes da referência a um elemento particular.

Estes dois componentes – a interpelação (Althusser, 1998) e a generalização (Laclau, 2002) – que conformam uma operação ideológica, não deixaram de atravessar o posicionamento central expresso na mídia sobre a violência que atualmente assola a nossa sociedade. Sua tradução é oferecida na generalização sobre os jovens, principalmente os chamados menores de rua e os das classes menos favorecidas, bem como a atual relação que a mídia faz das drogas com a questão da criminalidade.

Nos parece lícito, portanto, argumentar que o tratamento concedido pela mídia à violência tem sido assim caracterizado:

Aos filhos da marginalização social, política e econômica, o enfoque naturalizante, que se apóia em supostas características (naturais) intrínsecas ao indivíduo ou ao uso indiscriminado de drogas,

Aos filhos da abastança, ou ao menos, de condições dignas de vida, o enfoque social, que salienta a influência de fatores externos na ação das pessoas.

Evidentemente, o corte elitista e conservador presente na seleção, interpretação e dimensão midiáticas de ocorrências criminais, assim como as proposições legais daí estimuladas, não nos permitem atravessar o olhar hegemônico sobre o real; olhar este presente nos mais diversos programas televisivos e nas revistas e jornais de grande circulação.

Dessa forma, o discurso hegemônico veiculado pela mídia sobre a criminalidade no país, refletido diariamente, traduz, substancialmente, as relações de poder vigentes. Levando em consideração o tratamento radicalmente desigual oferecido aos indivíduos, devido ao pertencimento a grupos e classes sociais distintos.

Para enfrentar a questão da violência, é necessário também entender o contexto em que ela se manifesta. Diante do contexto do Brasil na atualidade, podemos afirmar que a desigualdade social e o desemprego explicam a maior parte do problema em uma sociedade em que a concentração de renda por si só já representa uma violência. Os demais casos de violência, envolvendo jovens das classes média e alta, são justificados pela perda dos referenciais éticos, e influencia do contexto atual, em virtude da exposição do tema na mídia. Como estabelecer limites de conduta em uma sociedade que valoriza de maneira exarcerbada o consumismo, o individualismo e um conceito de sucesso que não leva em conta aspectos como, por exemplo, a solidariedade.

As evidências materiais, na atualidade, passam a ser insignificantes frente à mudança dos relacionamentos que se operam. A violência é um deles. E não estamos falando da violência vinda de fora, mas sim, da violência que acontece entre o futuro-usuário de drogas e seus familiares, muito comum em se tratando das famílias menos favorecidas.

Da forma como são postas as coisas hoje, uma criança que cresça em um bairro miserável, onde o trafico é evidente (não menos explicito que o preconceito no Brasil que os empregadores tem com este contingente populacional favelizado) fica sem alternativas de sobrevivência, se não trabalhar no trafico.

É fundamental esclarecermos que drogas não são seres animados (ao menos no momento do consumo), tampouco carregam vírus e bactérias dentro de si. Não são flagelos como querem alguns reducionistas. Mas talvez o consumo de drogas em proporções exageradas (e por vezes absurdas e impensáveis), ocorra com mais facilidade e freqüência em locais que lhe favoreçam. A permissividade e o estímulo da mídia ao consumo de drogas como o álcool é um bom exemplo. O consumo dentro de casa pelos adultos, outro. A violência doméstica e o abuso sexual na infância, a exclusão social, a maneira como se educam os filhos podem ser fatores determinantes. Problemas com o consumo de drogas não são mera coincidência. Seu aparecimento não é motivo para pânico: é um chamado à reflexão, à tomada de atitudes e à responsabilidade. Não mais há leprosários possíveis.

Deve-se pensar em uma nova ética social, em uma nova sociedade, mais justa. É preciso começar aceitando que não estamos expostos à uma doença invisível e misteriosa, mas que criamos ou propiciamos o aparecimento de nossas próprias doenças, desta forma, uma boa trilha estará sendo criada.


5. Dados

Conteúdo das principais bebidas em nosso meio
Bebidas Concentração de álcool / gramas de álcool Unidades de álcool
1 lata de cerveja – 350 ml 5% = 17 gramas de álcool 1,5
1 dose de aguardente – 50 ml 50% = 25 gramas de álcool 2,5
1 copo de chope – 200 ml 5% = 10 gramas de álcool 1
1 copo de vinho – 90 ml 12% = 10 gramas de álcool 1
1 garrafa de vinho – 750 ml 12% = 80 gramas de álcool 8
1 dose de destilados (uísque, pinga, vodca etc.) – 50 ml 40%-50% = 20g – 25g de álcool 2-2,5
1 garrafa de destilados – 750 ml 40% – 50%+300g-370 gramas de álcool 30-37


Riscos à Saúde X Consumo de Alcool

Situando as crianças no contexto do alcoolismo

Situando o publico Jovem

6. Considerações Finais

Neste cenário, a partir dos dados de pesquisa trazidos, o olhar só pode ser no mínimo severo.

Podemos concluir que a violência é um distúrbio da agressividade. Se adotarmos a tese que a frustração gera a agressividade e que a agressividade sem ter uma saída construtiva tende a gerar destrutividade e violência, compreendemos o aumento intenso da violência entre nós. O aumento da violência nas sociedades modernas deve ser estudado no contexto de cada pais e de cada cidade. Farei considerações relativas principalmente à cidade de São Paulo, no contexto atual da sociedade brasileira.

As frustrações de um operário na cidade de São Paulo são de um nível extraordinário. O tempo de transporte para um trabalho mal remunerado, freqüentemente consome de quatro a seis horas por dia, em condições estressantes. A moradia precária e até mesmo favelada em que reside parte considerável da população é sabidamente problemática. Nela, as pessoas têm segurança limitada, e a juventude vive próxima à criminalidade, ao tráfico de drogas e à prostituição.

O ensino público é sabidamente deficiente. Os hospitais freqüentemente estão à beira da calamidade e as forças de segurança não só tem grande limitação, como freqüentemente abrigam criminosos. A assistência jurídica à população é deficiente e o funcionamento do judiciário é Kafkiano Se a pessoa é presa por causa justa ou injusta numa delegacia ou penitenciária, a experiência do inferno Ihe está reservada. Sobre esse alicerce tão defeituoso que causa diariamente enorme carga de frustração, paira o fantasma do desemprego, aumentado pela transformação econômica que atravessamos.

Uma pessoa ou uma população, no regime democrático, relaciona intimamente os valores cultivados e o atendimento às suas frustrações. Nosso povo vive um abismo, não só de concentração de renda, como de contradição social. Supostamente, temos a liberdade da mídia para encaminhar e corrigir nossas limitações sociais. No entanto, a ojeriza à ditadura recente e a falta de cultura social-democrática, confundem liberdade e permissividade e alimentam a ignorância do que é a responsabilidade social na democracia. Devido a uma deformidade cultural, a livre comunicação ainda não está engajada com a transformação social tanto quanto poderia estar.

A luta política das esquerdas tradicionais justificou regimes totalitários baseados na teoria da luta de classes e hoje encontra enorme dificuldade para patrocinar o engajamento social na democracia. Boa parte das esquerdas ainda não se deu conta que o mundo mudou e que a polaridade esquerda x direita não é mais a antiga polaridade entre estatização e economia de mercado e transformou-se hoje na polaridade da economia de mercado subordinada ao bem estar social e a economia de mercado selvagem, subordinada exclusivamente ao faturamento e ao lucro. O resultado é a falta de engajamento social com agressividade criativa para atender às frustrações oriundas dos grandes problemas sociais que nos afligem.

É evidente que drogas também são problemas. Porem, é preciso que reflitamos e tenhamos ações coerentes. Querer combater o uso de drogas e todas as suas decorrências, sem que haja uma sociedade, capaz de atender com qualidade e dignidade a sua infância e juventude com melhores condições de vida, educação de qualidade e pública, e sobretudo, se continuarmos num país onde 50% dos jovens estão excluídos do mercado de trabalho e portanto sem as mínimas condições de terem um projeto de vida, estaremos sendo hipócritas e nos condenando a não ter futuro.

A que se considerar que combater o uso de drogas é necessário. Porém não podemos fazê-lo de forma moralista, sem avaliar o prazer, sem sensibilizar para as questões da saúde e dos riscos a que ficam expostos os usuários de drogas. Para tanto precisamos de profissionais e equipamentos de saúde preparados para atender esta demanda.

Os dados jornalísticos e diversos estudiosos dentre eles: jornalistas, pesquisadores, médicos, sociólogos, Comandante da Polícia Militar, propiciam o debate e manifestam a posição sob a questão e são aqui ordenados sob o olhar de futuras Assistente Sociais e as considerações que fazemos implicam o encaminhamento de visões diversificadas, de postura transdisciplinar e evidenciam que a questão central ainda é a falta de infra-estrutura, educação, trabalho e perspectiva de vida que levam a banalização da própria vida e alteram a relação dos indivíduos com a mesma.

O problema das drogas é complexo na nossa sociedade. Não somente por gerar emprego e renda as comunidades menos favorecidas, mas em virtude do ilícito que causa transtorno, do licito que a mídia divulga, e da perda de valores éticos e familiares que arrasa nossas vidas, e na maioria das vezes sem que haja uma hegemonia coletiva da importância do humano-generico neste contexto.

É preciso que haja sobretudo, a priori, justiça social e o efetivo exercício da cidadania, para podermos lidar com as drogas enquanto questão de saúde e não como um grave problema societário, de alternativa para sobrevivência, que evidencia tantos parágrafos atualmente no nosso pais.


7. Bibliografia

ALTHUSSER, Louis, Aparelhos ideológicos do Estado, Rio de Janeiro, Ed Graal 7 ed, 1998.
LACLAU, Ernesto, Misticismo, Retórica e Política, Buenos Aires, Ed Fondo de cultura econômica, 2002.
ZALUAR, Alba. A Globalização do Crime e os Limites da Explicação Local. In: Alvito, M. & Velho, G. (orgs.). Cidadania e Violência, Rio de Janeiro: UFRJ/FGV, 1996.
E.A.Carlini…[et al] I Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotropicas no Brasil: Estudo envolvendo 107 maiores cidades do país: 2001. São Paulo: CEBRID, UNIFSP. 2002
VARIOS, Jornal Brasileiro de Dependência Química, n. 01, dez de 2002. ABEAD, São Paulo, p.01-41
DUARTE, P. CAV e COTRIM, C. Álcool e violência: estudo dos processos de homicídio julgados nos Tribunais do Júri de Curitiba, PR, entre 1995 e 1998, In: Jornal Brasileiro de Dependência Química. n. 01, jan de 2000. ABEAD, São Paulo, p. 17-25
Sites consultados:
www.desarme.org
www.alcoolismo.com.br (de onde pegamos as gravuras e gráficos)
www.unifesp.br
Em: http://www.unifesp.br/comunicacao/jpta/ed179/pesquisa1.htm
Álcool está ligado a 52% dos casos de violência doméstica Estudo realizado pelo Cebrid é o primeiro do Brasil que analisa a associação entre a violência praticada em casa e o uso de substâncias psicotrópicas;
10% dos casos envolvem o consumo de outras drogas
ALTHUSSER, Louis, Aparelhos ideológicos do Estado, Rio de Janeiro, Ed Graal 7 ed, 1998.
LACLAU, Ernesto, Misticismo, Retórica e Política, Buenos Aires, Ed Fondo de cultura econômica, 2002.
ZALUAR, Alba. A Globalização do Crime e os Limites da Explicação Local. In: Alvito, M. & Velho, G. (orgs.). Cidadania e Violência, Rio de Janeiro: UFRJ/FGV, 1996.
E.A.Carlini…[et al] I Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotropicas no Brasil: Estudo envolvendo 107 maiores cidades do país: 2001. São Paulo: CEBRID, UNIFSP. 2002
VARIOS, Jornal Brasileiro de Dependência Química, n. 01, dez de 2002. ABEAD, São Paulo, p.01-41
DUARTE, P. CAV e COTRIM, C. Álcool e violência: estudo dos processos de homicídio julgados nos Tribunais do Júri de Curitiba, PR, entre 1995 e 1998, In: Jornal Brasileiro de Dependência Química. n. 01, jan de 2000. ABEAD, São Paulo, p. 17-25
Sites consultados:
www.desarme.org
www.alcoolismo.com.br (de onde pegamos as gravuras e gráficos)
www.unifesp.br

Em: http://www.unifesp.br/comunicacao/jpta/ed179/pesquisa1.htm
Álcool está ligado a 52% dos casos de violência domésticaEstudo realizado pelo Cebrid é o primeiro do Brasil que analisa a associaçãoentre a violência praticada em casa e o uso de substâncias psicotrópicas;10% dos casos envolvem o consumo de outras drogas.

Eliza Muto

Mais da metade dos casos de violência doméstica que ocorrem no Estado de São Paulo está associada ao uso de álcool. Em 52% das situações, o agressor está sob o efeito de bebidas alcoólicas. Apenas 10% envolvem o consumo de outras drogas.

Essa é a principal descoberta de um levantamento feito pelo Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas), da Unifesp, que acaba de ser concluído.

“São dados que chamam muito a atenção pois, apesar de a porcentagem ser semelhante no resto do mundo, ela é muito alta”, alerta a psicóloga Ana Regina Noto, principal pesquisadora do estudo.

“Isso é importante para começarmos a refletir sobre a questão do álcool. A mídia tem dado uma atenção enorme para a violência ligada à cocaína e acaba deixando de lado aquela associada ao álcool”, acrescenta Ana Regina, em referência às recentes reportagens sobre assassinatos familiares que têm como ponto comum a dependência a essa droga.

Durante a pesquisa do Cebrid foram entrevistadas 2.372 pessoas, entre 12 e 65 anos, em 27 cidades paulistas com mais de 200 mil habitantes.

Trata-se do primeiro estudo no país que analisa a associação entre a violência doméstica e o uso de drogas psicotrópicas – substâncias que podem causar alterações no funcionamento do sistema nervoso central e causar dependência –, como álcool, cocaína, maconha e anfetaminas.

Por meio de entrevistas individuais, com garantia de anonimato, a equipe verificou que cerca de um terço dos lares (749) tinha histórico de violência. Ana Regina acredita que essa porcentagem seja a “ponta do iceberg” — o problema pode ser bem maior. “Sabemos que a violência envolve negação e segredo. Há também a questão da percepção da violência, que é diferente de uma pessoa para outra.”

Do total de casos com situação de violência, em 46% os autores haviam consumido bebidas alcoólicas. Apenas 4% estavam ligados ao uso de drogas. Já uma pequena porcentagem (6%) envolvia tanto o álcool quanto a droga. No restante, os entrevistados afirmaram ter ocorrido violência sem uso de substâncias.

Esposas são as principais vítimas dos agressores

Em sua pesquisa, a equipe do Cebrid também analisou o perfil das pessoas envolvidas nessas situações de violência — tanto agressores quanto vítimas
No caso do álcool, o agressor geralmente é do sexo masculino, tem entre 19 e 54 anos e mora no domicílio.

O cenário do agressor usuário de drogas é diferente. Embora também seja predominantemente do sexo masculino e morador do domicílio, o autor da violência é “jovem”: ele tem entre 19 e 30 anos – justamente a faixa etária em que se concentra o maior consumo de drogas.

De acordo com o levantamento, as principais vítimas da violência associada ao álcool e às drogas são as mulheres, em sua maioria esposas dos agressores. No entanto, no caso do álcool, os filhos também sofrem com os atos violentos. Mãe e irmãos também são vítimas dos agressores que consomem drogas


Autor: Mirella Farias Rocha

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