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Atualizado em 02/08/2023

Um olhar rápido e consciente sobre a não aprendizagem

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Autora: Penha das Graças Peterli

Na vida escolar, vez ou outra, as pessoas sentiram maior ou menor dificuldade para aprender alguma coisa. A superação veio acompanhada ou pela pouca importância que foi atribuído àquele conteúdo na avaliação ou porque, no todo, a avaliação não pesou muito. Devido a essas razões e outras, o “não aprender” vem, às vezes, carregado de significados e busca operacionalizar critérios para avaliar e, às vezes, passa desapercebido. É importante analisar algumas questões sobre o respeito aos diferentes ritmos de aprendizagem, o cuidado que o professor deve ter em não rotular os alunos e a importância da valorização das mais distintas habilidades e talentos do ser humano.

A sociedade tem traçado o perfil do aluno, da personalidade esperada, e quem não atende a tais requisitos, por ser diferente, recebe rótulos e perde a chance de receber uma educação que priorize as habilidades e competências necessárias ao seu desenvolvimento integral, para que pudesse conviver sem dramas na sociedade.

Sabe-se que muitas crianças que chegam à escola possuem ritmos diferentes. Algumas apresentam comportamentos inadequados em função do ambiente onde vivem, trazendo na bagagem anos de vivência permissiva e chocando-se com a aprendizagem formal encontradas nas escolas. Há também aquelas crianças que possuem um atraso no desenvolvimento de suas funções neuropsicológicas devido a um atraso maturacional.

Elas são, muitas vezes, mal compreendidas, mal interpretadas e recebem rótulos de “preguiçosas”, “desmotivadas”, “estabanadas”, entre outros.
Os professores, diante de muitos comportamentos tidos como “inadequados” de seus alunos, fazem diagnósticos e encaminhamentos a profissionais especializados, e podem estar “interpretando” as dificuldades escolares dos alunos como uma consequência de um distúrbio orgânico. Com isso, não só a escola se isenta de responsabilidades, como acaba rotulando as crianças como possuidoras de um “entrave” em seu aprender. E os pais, desprovidos de conhecimentos e confiantes nos profissionais, iniciam a caminhada entre os profissionais no sentido de “curar ”seus filhos.

O conceito de dificuldades de aprendizagem é variada, desde os chamados distúrbios da fala, psicomotores, da saúde física, do comportamento, da aritmética, e da leitura e escrita. Esta última foi concebida há bastante tempo, já em 1917 pesquisadores propunham o termo dislexia (boletim da Associação Brasileira de Dislexia). Essa dificuldade, se não adequadamente identificada, leva seus portadores a abandonar os estudos e a evitar o convívio social, pela falta de compreensão de suas “deficiências” pelos pais, professores, educadores e pela sociedade como um todo.

Gardner, em sua teoria das Inteligências Múltiplas, afirma que as pessoas manifestam as mais distintas habilidades e talentos. De posse dessa compreensão, cabe aos educadores não classificar seus alunos em função das habilidades diversas como: música, matemática, linguística, cinestésica e outras, mas valorizar e estimular todas as inteligências, percebendo-as como habilidades que caracterizam a espécie humana e que se desenvolvem ao longo do tempo; assim o aluno terá chances de expressar seu talento e não será dado tanta ênfase ao “não aprender” em determinadas áreas de conhecimento.

O problema de aprendizagem que constitui um “sintoma” ou uma “inibição” em um indivíduo afeta a dinâmica de articulação entre os níveis de inteligências, o desejo, o organismo e o corpo, redundando em um aprisionamento da inteligência e da corporeidade por parte da estrutura simbólica inconsciente. Para entender seu significado, devemos descobrir a funcionabilidade do sintoma dentro da estrutura familiar e aproximar-nos da história individual do sujeito e da observação de tais níveis. Quando os sintomas ou inibição estão ligados à estrutura individual e familiar do aprendente, é preciso uma intervenção psicopedagógica especializada.

Já o “problema de aprendizagem reativo” afeta o aprender do sujeito em suas manifestações, sem chegar a interferir na inteligência e geralmente surge em função de um choque entre aprendente e instituição educativa. Na maioria dos casos, o aprendiz não necessita de tratamento psicopedagógico, mas de uma intervenção do psicopedagogo no sentido de reparar a instituição educativa na defasagem metodológica, ideológica ou linguagem vínculo.

O drama do “não aprender” atormenta pais, estudantes e educadores e deve ser motivo de observação e de diagnósticos seguros para não negar ao aluno o direito de aprender dentro de suas habilidades e limitações. Enquanto sintoma ou mesmo oscilações cognitivas, o aprender é algo complexo que põe em jogo quatro níveis: orgânico, corporal, intelectual e simbólico (inconsciente) e a intervenção de diferentes especialistas (pediatra, neurologista, pedagogo, otorrinolaringologista, fonoaudiólogo, psicopedagogo, assistente social etc.) é fundamental quando se trata de dificuldades de aprendizagem.

Pesquisas recentes mostram as injustiças que se cometem ao se culpar o aluno de insucesso escolar e deixar de analisar cada situação de maneira mais crítica e abrangente, considerando a dimensão política, filosófica social da educação, a estrutura pedagógica da escola e a responsabilidade dos professores.

O “não aprender” merece um olhar imediato e de tomada de decisão. Não se pode negar que determinados alunos podem precisar de apoio circunstancial para enfrentar alguma situação que não se modifica rapidamente. Seria uma injustiça educadores deixarem seus alunos esperar até que políticas públicas sejam modificadas para que suas dificuldades sejam consideradas.

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