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Um Enfoque sobre as Dificuldades de Aprendizagem de Alunos do Ciclo Básico Inicial

Este artigo explora as principais dificuldades de aprendizagem enfrentadas por alunos do ciclo básico inicial e oferece orientações para professores sobre como desenvolver habilidades e promover o sucesso dos alunos nesta fase.

Um Enfoque sobre as Dificuldades de Aprendizagem de Alunos do Ciclo Básico Inicial

Um Enfoque sobre as Dificuldades de Aprendizagem de Alunos do Ciclo Básico Inicial


RESUMO

Neste trabalho, busca-se conseguir maior compreensão sobre as dificuldades de aprendizagem dos alunos do ciclo básico inicial. Buscou-se a ciência como guia para esta viagem pelos descaminhos da mente humana. Dificuldade de aprendizagem é um dos problemas mais difíceis com que o professor tem que se deparar na sua práxis pedagógica, ressaltando o papel da família como fator primordial na aprendizagem da criança, oportunizando-lhe o crescimento como sujeitos capazes de auxiliar na construção de uma sociedade livre e democrática.

Nele procura-se tratar a questão das crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem e que, devido a isso, são consideradas alunos-problema pela repetência e atitudes pessoais. Põe-se em questão certas visões estreitas que até hoje prevalecem ao se tratar do assunto dificuldades de aprendizagem. Discute-se como este aluno pode ser identificado de forma errônea através de atitudes que não são aceitas pela sociedade. É abordada ainda a importância dos professores e dos pais na convivência com esse educando com dificuldade de aprendizagem, de forma que a escola possa se tornar um local de esperança para quem se sente frustrado com sua incapacidade de aprender normalmente.

Palavras-chave: Dificuldade de aprendizagem, família, escola.

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa visa abordar as questões que envolvem alunos do ciclo básico inicial com dificuldades de aprendizagem, como também analisar e reter conhecimentos essenciais para enfrentar o processo de alfabetização. Outros problemas deverão ser analisados, como problemas emocionais, processos de ensino inadequados, falta de maturidade da criança para iniciar a alfabetização…

Justifica-se a escolha para desenvolver as habilidades básicas necessárias à alfabetização, tendo em vista a grande dificuldade encontrada pela maioria dos professores. Todos os envolvidos com as crianças devem criar um ambiente estimulador que ative os seus esquemas de pensamento.

Para reconhecer em uma criança a dificuldade de aprendizagem, faz-se necessário primeiramente entender o que é aprendizagem e quais os fatores que nela interferem. A aprendizagem é um processo complexo que se realiza no interior do indivíduo e se manifesta em uma mudança de comportamento. Para se estabelecer se houve ou não aprendizagem, é preciso que as mudanças ocorridas sejam relativamente permanentes. Existem pelo menos sete fatores fundamentais para que tal aprendizagem se efetive. São eles: saúde física e mental, motivação, prévio domínio, maturação, inteligência, concentração ou atenção e memória. A falta de um desses fatores pode ser a causa de insucessos e das dificuldades de aprendizagem que irão surgindo.

A partir disso, pode-se entender que uma criança é tida como tendo dificuldades de aprendizagem quando apresenta desvios da expectativa de comportamento do grupo etário a que pertence, ou seja, quando ela não está ajustada aos padrões da maioria desse grupo, e, portanto, seu comportamento é perturbado, diferente dos demais.

Cabe ao educador trabalhar também com a motivação, maturação dos alunos, bem como metodologia, recursos e procedimentos para criar uma atmosfera agradável para o aprender.

1. A IMPORTÂNCIA DE SE CONHECER OS PROBLEMAS MAIS COMUNS DE APRENDIZAGEM, ANTES DE ROTULAR OS ALUNOS

A chamada dificuldade de aprendizagem é um assunto vivenciado diariamente por educadores em sala de aula e que desperta a atenção para a existência de crianças que frequentam a escola e apresentam problemas de aprendizagem. Por muitos anos, tais crianças têm sido ignoradas, mal diagnosticadas e maltratadas. A dificuldade de aprendizagem vem frustrando a maior parte dos educadores, pois na maioria das vezes não encontram solução para esse problema.

Acredita-se que as crianças com DA constituem um desafio em matéria de diagnóstico e educação. No entanto, não é raro encontrar professores que consideram alguns alunos preguiçosos e desinteressados. Essa atitude não só rotula o aluno, como também esconde a prática docente do professor, que atribui ao aluno certos adjetivos por falta de conhecimento sobre o assunto em questão. Muitos desses professores desconhecem, por completo, que essas mesmas crianças podem estar apresentando algum problema de aprendizagem de ordem orgânica, psicológica, social ou outra. É imprescindível ao professor, antes de rotular os seus alunos, conhecer os problemas mais comuns no ensino-aprendizagem para que seu horizonte de reflexão e, consequentemente, as suas percepções e a visão do todo se ampliem.

Ao professor é enfatizada também a importância do conhecimento do conteúdo da disciplina a ser lecionada por ele, fazendo-o esquecer-se de que ele é professor. Isso também acontece na vida moderna – aliás, é uma das suas características – em que o indivíduo se especializa ao ponto de, muitas vezes, embaçar a sua visão do todo. Ora, existem alunos em sala de aula, e estes estão lá para aprender, mas a forma como a matéria é ensinada deve ser tão importante quanto a própria matéria. Por exemplo, não adianta termos um livro que explique tudo o que precisamos para o conhecimento de que necessitamos, se ele estiver escrito não somente numa forma antididática, mas também numa língua que desconhecemos por completo. O que desejamos dizer é que a forma de ensinar deve ser levada a sério e, por isso, é tão importante quanto o conteúdo, e como tal deve merecer respeito.

A forma de ensinar abrange a observação da criança em sala de aula ou em outras atividades como educação física, educação artística e recreio. Devemos verificar como a criança brinca, ouvir o que ela tem a dizer, ouvir as conversas das crianças entre si, tentar perceber como ela vê o mundo, como organiza o seu modo de pensar, qual a sua lógica, permitir que ela manipule objetos diversos, que movimente e aprenda os diferentes conteúdos, utilizando o seu corpo inteiro.

Segundo Barros (1993), o dado mais concreto, real e permanente que a criança possui é o seu próprio corpo, no qual ficam registradas todas as experiências, sensações e sentimentos. A criança deve ser analisada de maneira global, pois o ser humano é uma unidade indivisível, na qual todos os sistemas estão inter-relacionados e são interdependentes. A criança vive num corpo que se relaciona, que cria, que se expressa, que sofre repressões, que vibra, que se movimenta.

Escreve Miranda:

É através do corpo que recebemos as informações sobre o que acontece fora e dentro de nós. Somos um organismo que, na sua estrutura biológica, tem funções altamente diferenciadas e evoluídas no nível da consciência. Portanto, nada existe em nosso organismo que não esteja relacionado com seu funcionamento, na sua totalidade. (Miranda, 2000, p. 18)

Talvez a maior dificuldade no relacionamento entre educadores e crianças com problemas de aprendizagem seja justamente a falta dessa visão global do ser humano, pois a tendência atual é analisar a criança parte por parte, como se ela fosse só um cérebro, um ouvido, um nariz ou um par de olhos.

1.1. Dificuldades, transtornos e distúrbios de aprendizagem – origem na biologia

De acordo com Collares e Moysés (1993), o uso da expressão distúrbio de aprendizagem tem se expandido de maneira assustadora entre os professores, apesar da maioria desses profissionais nem sempre conseguir explicar claramente o significado dessa expressão ou os critérios em que se baseiam para utilizá-la no contexto escolar. Na opinião das autoras, a utilização desmedida da expressão distúrbio de aprendizagem no cotidiano escolar seria mais um reflexo do processo de patologização da aprendizagem ou da biologização das questões sociais.

A dificuldade de aprendizagem, quando de origem biológica, pode ser bastante definida e clara, levando o homem a supor que a área emocional e o ambiente familiar não tiveram nenhuma participação no seu aparecimento e determinação. Boa parte dos problemas que são esbarrados nesta área, como lentidão de raciocínio, falta de atenção, desinteresse, encontram suas origens na biologia e, sobretudo, na biologia exposta ao meio ambiente.

Problemas de controle de comportamento, percepção e interação sociais podem existir junto com as dificuldades de aprendizagem, mas elas não constituem por si só uma desordem de aprendizagem.

Embora dificuldades de aprendizagem possam ocorrer concomitantemente a outras condições desfavoráveis – retardo mental, séria desordem emocional, problemas sensório-motores – ou influências externas, como diferenças culturais, instrução insuficiente ou inapropriada, elas não são o resultado dessas influências ou condições.

Mesmo as teorias mais organicistas e baseadas na neuropsicologia admitem que os distúrbios mentais, mesmo brandos, podem se tornar muito piores em respostas a um ambiente cheio de ruídos.

Os problemas de aprendizagem não são restringíveis nem a causas físicas ou psicológicas, nem a análises das conjunturas sociais. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensional, que amalgame fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, percebidos dentro das articulações sociais. Tanto quanto a análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da sociedade.

Se o rendimento escolar da criança for sofrível, esta criança talvez seja vista como um fracasso pelos professores ou colegas e até pela própria família. Muitas dessas crianças desenvolvem uma auto-estima negativa, que agrava em muito a situação.

Dificuldade de aprendizagem é uma condição bastante abrangente, que se manifesta sobretudo pelo fracasso escolar. Esta condição tem um leque muito amplo de causas, mas sua forma evolutiva está intimamente relacionada com o sistema familiar, educacional e terapêutico no qual o sujeito está inserido.

Muitas são as causas para o aparecimento das dificuldades de aprendizagem e outras tantas são as formas como se manifestam. Falando nelas, tem de se ter em mente que as causas dos distúrbios são múltiplas. Não se pode ter a ideia de que um distúrbio de aprendizagem é causado por um único fator. Quando uma criança não aprende, uma multiplicidade de fatores vai se combinando e, na maioria das vezes, fica difícil se isolar um único fator que seja o responsável pelo fracasso que a criança apresenta na escola. Dentre os diversos fatores que causam distúrbio de aprendizagem, podemos citar:

  • Deficiência mental: é uma das causas mais comuns e frequentes da DA. A deficiência afeta as áreas simbólicas e ler e escrever são processos simbólicos. Mas, tem de ficar claro que a criança deficiente também aprende e passa pelos mesmos estágios de desenvolvimento pelos quais passa uma criança normal, só que a primeira demora mais tempo para atingir esses estágios e passar por eles;
  • Déficits sensoriais e físicos: crianças que possuem acuidade visual ou auditiva rebaixada ou que apresentam paralisias ou problemas motores;
  • Fatores emocionais: crianças com muita ansiedade em relação à aprendizagem, quer por exigências familiares ou escolares. Crianças em estados depressivos causados por perdas. Crianças que não se adaptaram ao contexto escolar. Problemas mais graves que envolvem os estabelecimentos de vínculos emocionais com o ambiente (autismo, psicose);
  • Interação com o ambiente letrado: a maioria dos estudos indica que os distúrbios de aprendizagem começam antes da criança ingressar na escola. A qualidade da interação com o ambiente letrado e como as pessoas que dele se utilizam (pais, professores, etc.) teria grande peso no sucesso e no fracasso escolar;
  • Fatores escolares: estudos têm mostrado que a interação professor/aluno é de suma importância no processo de aprendizagem. Professores que não acreditam na capacidade de aprendizagem de seu aluno tendem a conduzi-lo ao fracasso. Metodologias inadequadas também têm produzido fracasso escolar em crianças;
  • Rendimento limítrofe: a maioria das crianças com problemas de aprendizagem apresenta um rendimento limítrofe nas provas. A média desse rendimento anda em torno do QI oitenta. As estruturas cognitivas não aparecem com retardo, mas sua aplicação resulta instável e submetida a regressões bruscas.
  • Normal baixo: mesmo que os sujeitos de rendimento normal baixo possam obter eventualmente um QI igual ao limítrofe (oitenta e cinco como média), o protocolo indica menor dispersão e se observa maior homogeneidade na aplicação das estruturas construídas que costumam ser sólidas;
  • Normal: o sujeito normal é o que obtém um QI entre noventa e cento e dez;
  • Normal superior: o tipo de rendimento correspondente ao sujeito normal superior é o que merece em linguagem vulgar o qualificativo de inteligente. A maioria dos problemas de aprendizagem em crianças bem dotadas surge de uma má inserção escolar e de um predomínio na assimilação;
  • Superdotados: os que têm QI superior a cento e trinta, quando apresentam problemas de aprendizagem, mostram grande precocidade na aquisição de estruturas, que entra frequentemente em contradição com uma carência na necessária acumulação da experiência no estágio anterior. Em geral, apresentam um déficit lúdico.

Diagnosticar o não-aprender como sintoma consiste em encontrar sua funcionalidade, isto é, sua articulação na situação integrada pelo aluno e seus pais. A falta de aprendizagem revelará seu significado se prestarmos atenção à maneira como o sujeito é para o outro, evidentemente a partir de sua maneira particular de ser como organismo e como história.

A categoria aprendizagem é ampla e envolve problemas relativos ao desenvolvimento infantil. Veja os mais comuns:

  • Ritmo – cada um tem uma velocidade própria para aprender. Crianças com distúrbio apresentam ritmo mais lento. Elas precisam de um tempo maior para compreender um novo conceito. Quando o professor planeja levando em conta as particularidades de cada aluno, evita que alguns fiquem pelo caminho;
  • Linguagem oral – há crianças que não apresentam nenhum déficit auditivo que impeça a fala, mas a compreensão e a expressão estão prejudicadas, inclusive no aspecto cognitivo. Da mesma forma, há aquelas que estão aparentemente bem, mas revelam dificuldades gerais quanto à evolução escolar (redação, ortografia, leitura, compreensão de textos e exercícios matemáticos, etc.). Provavelmente, elas sofrem desse distúrbio de aprendizagem e precisam de atenção especial em classe;
  • Linguagem escrita – são casos nos quais, apesar das habilidades orais estarem resolvidas, as crianças têm dificuldades no aprendizado da escrita. Língua Portuguesa, neste caso, é a disciplina mais prejudicada.

1.2. Acreditar na capacidade cognitiva da criança com dificuldade de aprendizagem

Também temos presenciado alguns educadores colocando que crianças de favelas são incapazes de aprender, que seu aluno não aprende porque seu pai também era “burro” na época em que estudou naquela escola, e que quando entram na sala de aula precisam, infelizmente, baixar o nível de suas explicações, pois, do contrário, os seus alunos não aprendem. Estas e outras conversas absurdas são colocadas nas salas dos professores. Por que não buscar soluções e trocar de experiências com os colegas em vez de rotular seus alunos? É fácil atribuir a uma criança uma deficiência cognitiva a partir de uma resposta imprópria que ela dá a um teste, mas se o sujeito fosse um adulto bem colocado socialmente, respondendo do mesmo jeito, a interpretação seria bem diferente. Isso sem falar das crianças excepcionais e lesadas cerebrais, que para muitos educadores parecem incapazes de aprender e não passam de meros cascalhos, mas que, na verdade, são pedras preciosas, que na sua simplicidade e alegria nos ensinam a viver, e, quando se acredita no seu potencial e na sua capacidade cognitiva, elas aprendem.

Para Watzlawick (1994), a utilização do termo “distúrbio de aprendizagem” chama a atenção para a existência de crianças que frequentam escolas e apresentam dificuldades de aprendizagem, embora aparentemente não possuam defeitos físicos, sensoriais, intelectuais ou emocionais. Esse rótulo, segundo o autor, ocasionou durante anos que tais crianças fossem ignoradas, mal diagnosticadas ou maltratadas e as dificuldades que demonstravam serem designadas de várias maneiras como “hiperatividade”, “síndrome hipercinética”, “síndrome da criança hiperativa”, “lesão cerebral mínima”, “disfunção cerebral mínima”, “dificuldade de aprendizagem” ou “disfunção na aprendizagem”.

Será que podemos realmente taxar alguém de inteligente quando estamos apenas olhando para um corpo?

Quem é mais inteligente, aquele que fez seu doutorado ou aquele que constrói uma cadeira? Ninguém faz uma cadeira por instinto, mas por conhecimento adquirido.

Será que não está na hora de acreditar nesses seres humanos que são entregues à vida para que sejam orientados na sua aprendizagem?

Será que não se deve esquecer as aparências e, realmente, como educadores conscientes, enxergar as capacidades dos alunos?

O que precisamos entender é que dificuldades de aprendizagem todas as pessoas têm, e por muitas razões e causas. Essas dificuldades aparecem em função do que se tem para fazer. Um adulto tem dificuldade para lidar com um computador, embora na universidade seja um respeitável cientista ou um homem culto; já o seu filho, utiliza-o sem maiores problemas. Partimos do princípio de que, dificilmente, as crianças são iguais, que a diferença entre os indivíduos de um certo grupo é fundamental, pois sem essa desigualdade não seria possível a troca e, consequentemente, o alargamento das capacidades cognitivas pelo esforço partilhado na busca de soluções comuns.

2. TRABALHANDO A PSICOMOTRICIDADE

A psicomotricidade tem como objetivo:

Desenvolver o aspecto comunicativo do corpo, o que equivale a dar ao indivíduo a possibilidade de dominar seu corpo, de economizar sua energia, de pensar seus gestos, a fim de aumentar-lhes a eficácia e a estética de completar e aperfeiçoar seu equilíbrio. (Souza, 1995, p.15)

A psicomotricidade não se traduz no simples ato motor ou se restringe ao desenvolvimento de habilidades cognitivas, mas envolve uma atitude educativa ampla por parte do professor, uma atitude pedagógica voltada para o crescimento físico, afetivo e mental da criança. A observação da criança por todos os envolvidos no processo de alfabetização é de grande importância.

Neste período de alfabetização, a linguagem da criança tem como função a expressão e comunicação do pensamento e também a função de socialização. A linguagem vai permitir à criança trocar experiências. O professor deverá propor problemas, criar desafios, provocar desequilíbrios dentro do nível de possibilidade do aluno.

O trabalho de psicomotricidade deve ser adequado às características próprias da fase evolutiva do aluno. Não só o aluno é sujeito da ação pedagógica, mas também o professor, enquanto mediador do processo de alfabetização. Quem comanda o processo é o professor. Isto não significa que ele não precise da ajuda dos pais. O bom trabalho com psicomotricidade começa no reconhecimento do professor enquanto profissional e no da família como sendo o primeiro ambiente em que a criança vive (núcleo de apoio).

O envolvimento da família no processo de alfabetização é tão importante quanto escolher uma boa proposta pedagógica. Esta proposta deverá estar fundamentada num processo individual de cada aluno, na descoberta do seu próprio conhecimento. Neste processo de psicomotricidade, faz-se necessário a inferência de Ferreiro e Teberosky, em relação à família, quando dizem:

Há um perfeito acordo entre família e escola na forma tradicional de alfabetização, porque os pais reproduzem com os filhos a forma como eles aprenderam. Então, a partir da cartilha, controlam em casa o aprendizado da criança através do treino, com cópia, ditado, segundo o que a professora faz na classe. Com a prova proposta não há cartilha a seguir e o teor da lição de casa mudou. Agora não há sílabas para decorar, nem cópia, nem ditado, mas textos espontâneos, desenhos, investigação da criança. E os pais já não podem medir a alfabetização pela quantidade de folhas preenchidas no caderno da criança. (Ferreiro e Teberosky, 1985, p.85)

Neste trabalho psicomotor, os pais podem ser aliados dos professores. Em casa, eles podem brincar com os filhos, o que representa uma grande ajuda no processo de alfabetização (jogar peteca, boliche – coordenação motora, brincar de cobra-cega, pular corda, amarelinha, etc.). Sair do tradicional e partir para o novo é tarefa difícil.

O que se constata é que não é suficiente ter capacidade intelectual para bem aprender. É necessário também que se acompanhe uma estrutura de personalidade razoavelmente madura do ponto de vista emocional, construída sobre a égide de uma relação familiar saudável.

Observou-se, em muitos casos, a estreita relação entre dificuldade de aprendizagem e o funcionamento do sistema familiar, que foi decisivo para o seu aparecimento e/ou manutenção.

O estudo da família e sua importância na estruturação do sintoma em seus membros têm sido destacados pela intrincada série de relações intersubjetivas, que estruturam uma rede de fantasias e de significados, que só podem ser corretamente avaliados se forem incluídos em uma visão sistêmica familiar.

Pensando sobre dificuldade de aprendizagem e sua relação com o funcionamento familiar, observa-se que muitas vezes, a compreensão dessas relações não torna as crianças mais inteligentes, mas permite que elas utilizem melhor seu potencial.

Fernández (1991) nos traz uma visão mais global das dificuldades de aprendizagem, onde existe a articulação entre inteligência e desejo; entre família e sintoma. Segundo a autora:

Se pensarmos no problema da aprendizagem como só derivado do organismo ou só da inteligência, para sua cura não haveria necessidade de recorrer à família. Se, ao contrário, as patologias no aprender surgissem na criança somente a partir de sua função equilibradora do sistema familiar, não necessitaríamos, para seu diagnóstico e cura, recorrer ao sujeito separadamente de sua família. Ao considerar o sintoma como resultante da articulação construtiva do organismo, corpo, inteligência e a estrutura do desejo, incluído no meio familiar no qual seu sintoma tem sentido e funcionalidade… a fim de ilustrar essa condição, utiliza o termo inteligência aprisionada (atrapada, no idioma original). (Fernández, 1991, p.25)

A aprendizagem e seus desvios, para Fernández, compreendem não somente a elaboração objetivante, como também a elaboração subjetivante, as quais estão relacionadas às experiências pessoais, aos intercâmbios afetivos e emocionais, recordações e fantasias (Miranda, 2000).

Souza (1995) refere-se à dificuldade de aprendizagem como sendo “um impedimento de um bom desempenho intelectual, vinculado a problemáticas emocionais associadas a conflitos familiares não explicitados”. Segundo o autor: “quando um indivíduo nasce, ele não vem ao mundo como uma tela em branco, mas sim inserido numa história familiar que compreende várias gerações e recebe uma série de delegações e projeções dos pais, avós e família extensiva”.

Toda criança em idade escolar sabe que precisa ter sucesso nos estudos, o que é exigido por seus pais, familiares, colegas, professores e pela sociedade como um todo. O sucesso opõe-se ao fracasso, e este implica num juízo de valor, num julgamento que deve corresponder a um ideal.

A criança com dificuldade de aprendizagem está, na maior parte das vezes, situada numa família onde seu discurso não encontra um sentido. A ela muitas vezes cabe a função de carregar o peso da história do grupo.

2.1. Aspectos cognitivos e psicomotores

Ao contrário do que se pensava anos atrás, hoje se acredita que a criança começa a ler e a escrever por volta dos dezoito meses. Tal fato ocorre porque a criança vive num ambiente letrado e interage com esse ambiente.

Inicialmente, a escrita afasta-se consideravelmente da escrita socialmente esperada. A escrita da criança caracteriza-se por traços repetitivos que se confundem com garatujas. À medida que a criança vai interagindo com o ambiente letrado e com pessoas que utilizam da escrita, suas hipóteses sobre o que a escrita representa e como a escrita representa a fala vão se modificando até chegar à consciência de que as palavras são unidades lingüísticas independentes do significado que representam.

Levando-se em consideração as etapas da evolução da escrita, pode-se afirmar que nenhuma criança chega à escola sem qualquer hipótese sobre o que a escrita representa e como a escrita representa a fala. Cabe ao professor entender a lógica da criança e colocá-la em situações que a levem à passagem de um estágio de evolução para outro.

O ambiente da sala de aula deve ficar cada vez mais rico e estimulador para o aluno. O professor deve trazer para dentro da sala de aula o maior número de práticas sociais de leitura. As exposições dos trabalhos e das descobertas da criança devem fazer da classe e dos corredores da escola uma festa.

É fundamental expor os alunos a permanentes contatos com fatores materiais escritos: jornais, revistas, propagandas, livros infantis, músicas, lista telefônica, etc. Eles devem perceber a importância da leitura na sociedade e se sentirem reconhecidos e valorizados em suas descobertas.

2.2. A leitura e a escrita – uma, depois a outra

A leitura e a escrita são consideradas dois processos que fazem parte do funcionamento verbal. Estes dois processos começam a desenvolver-se desde o nascimento, desde que a criança esteja dentro de um ambiente letrado e que interaja com este ambiente. Por ambiente letrado, entende-se a presença de livros, de revistas, de material gráfico.

Em termos de desenvolvimento, a leitura surge antes da escrita. A escrita pressupõe a existência de um leitor. Assim, pode-se afirmar que quem não consegue ler não consegue escrever, já que a leitura é a base para a escrita. Também se pode afirmar, com base nesse pressuposto, que a maior parte das dificuldades para escrever são provenientes de dificuldades para ler.

Se pensarmos nas três modalidades de escrita – cópia, ditado e redação – podemos perceber facilmente que a leitura faz-se presente e necessária para que a escrita ocorra. Neste sentido, ao se realizar uma cópia fluente e compreensível, é necessário que se leia o material que deve ser copiado, caso contrário, a cópia será uma atividade sem sentido, cansativa e, certamente, desmotivadora. Imagine-se copiando uma frase escrita em japonês. Apesar desta tarefa até poder ser concluída, não se pode afirmar o que está escrevendo. Na verdade, estão-se fazendo “desenhos” sem qualquer sentido. Esta atividade de cópia, meramente mecânica, não pode ser confundida com a atividade de cópia que a criança realiza quando descobre os instrumentos de escrita. Neste período, percebe-se que a criança começa a copiar, de forma espontânea, palavras e mesmo frases que ela vai escolhendo. Também é comum, após a cópia, a criança pedir para um adulto que leia o que ela copiou.

Este processo é muito importante para o desenvolvimento da leitura e da escrita. A cópia realizada na sala de aula, onde a criança é obrigada a copiar palavras, frases ou mesmo textos que são colocados na lousa, sem compreender o que está fazendo, só desenvolve a coordenação viso-motora e, para desenvolver esta atividade, há exercícios bem mais interessantes do que ficar copiando horas a fio.

No ditado, a leitura também está presente. Consegue-se escrever uma palavra ortograficamente correta se o modelo dessa palavra encontra-se registrado na memória visual. Caso contrário, se esse modelo não existir, realizam-se hipóteses baseadas no som dessa palavra. Assim, consegue-se escrever “big mac”, “hot-dog”, “boy”, já que são palavras que estão registradas em nossa memória visual, devido às constantes leituras das mesmas, apesar de fazerem parte de um sistema ortográfico diferente (inglês). Pode-se ter dificuldades, no entanto, para escrever “pulsilanimidade” ou “bazófio”, já que são palavras pouco lidas, e, por isso, sua forma gráfica não se encontra registrada na memória visual. Nestes casos, realiza-se hipóteses baseadas no som e fica-se em dúvida na forma correta de escrevê-las.

O mesmo pode ser afirmado em relação à redação. É através da leitura que se desenvolve um estilo de escrita. Só se consegue realizar uma descrição, uma narração, escrever um texto jornalístico, uma receita culinária, se tiver tido contato com esses estilos diferentes de escrita. O mesmo pode-se afirmar em relação à utilização de vocabulário e de conteúdos. Se o sujeito estiver em contato com diferentes formas de textos, terá condições de desenvolver diferentes estilos de escrita, utilizando-se do vocabulário esperado e dos conteúdos adequados.

Assim, pode-se compreender a redação de uma criança que escreve “O pato é bonito. O pato nada. O pato é amarelo.” Os modelos de escrita dessa criança deverão ser parecidos com os modelos de leitura a que ela está exposta, ou seja, “O bebê baba. O bebê é a Bia. O bebê é bonito.” Para quem lê textos dessa natureza, não se pode esperar produções escritas diferentes.

Então, como poderíamos definir a leitura? Temos que partir do seguinte pressuposto: a leitura é uma atividade complexa. Não existe uma única leitura, mas, sim, várias leituras. Não se lê de uma mesma forma um texto científico e um romance.

O professor precisa criar espaço para a criança participar de diversos atos de leitura em contextos significativos para ela, diariamente, em situações diferentes, com objetivos diferentes para o ato de ler. Ler para os colegas um texto que já memorizou nas brincadeiras. Explorar esse “saber” de forma lúdica e bem agradável para a criança. Em dupla, procurar adequar o texto oral ao escrito, sendo que cada criança possui parte do texto organizado em fichas e juntas montam o texto como acreditam ser a forma correta, sob a observação do professor. São atividades muito ricas. A simulação de leitura de textos que sabe de cor é uma excelente atividade antes de a criança saber ler convencionalmente. A ela deve ser dado agir como leitora, desde que entra para a escola.

Cantar uma cantiga do nosso folclore, como por exemplo: “O cravo brigou com a rosa, debaixo de uma sacada, o cravo saiu ferido, e a rosa despedaçada”, e distribuir o texto para os alunos e realizar com eles um “estudo do texto”; colorir os espaços entre as palavras; contar quantas palavras existem no texto; identificar palavras constantes no texto, circulando-as ou colorindo-as em cores diferentes, encontrar palavras que se repetem, palavras grandes, palavras com duas letras; letras “que aparecem sozinhas” (a criança nesse nível acredita que com uma ou duas letras não serve para ler), descobrindo com essas atividades as semelhanças e diferenças entre as palavras.

Cabe ao professor incentivar os alunos a ler o mesmo texto em outra classe, o que valoriza o saber da criança, reforça seu autoconceito e melhora a autoconfiança. A criança precisa sentir que é capaz de ler. É escrevendo segundo as suas ideias e tentando interpretar o que escreve que o aluno vai continuar evoluindo.

2.3. Com uma letra não se pode ler: estágio silábico

Esse estágio está caracterizado pela tentativa do aluno de dar um valor sonoro às letras que compõem uma escrita. Começa por descobrir que as partes da escrita (suas letras) podem corresponder a outras tantas partes da palavra, o que significa que as letras começam a adquirir valores sonoros (silábicos) relativamente estáveis. Sua hipótese é que, para cada segmento da fala, deve corresponder um segmento da escrita.

Com o surgimento da hipótese silábica, a criança passa por um período da maior importância evolutiva. A escrita silábica constitui um grande avanço e se traduz num dos mais importantes esquemas construídos por ela durante o seu processo de desenvolvimento. Com esta hipótese, a criança dá um salto quantitativo muito grande, que consiste em: a) a criança supera a etapa de uma correspondência global entre a forma escrita e a expressão oral atribuída, para passar a uma correspondência entre partes do texto (cada letra) e partes da expressão oral (recorte silábico do nome); b) pela primeira vez, a criança volta a sua atenção às propriedades sonoras da palavra e trabalha claramente com a hipótese de que a escrita representa a fala, o que marca a sua entrada no silábico.

A hipótese silábica cria suas próprias condições de conflitos. Há contradição entre o controle silábico e a quantidade mínima de letras que uma escrita deve possuir para ser “interpretável”. Por exemplo, o monossílabo que a criança escreve com uma só letra, mas que, segundo ela própria, assim como uma letra, “não se pode ler”, é um grande desafio para a criança. Há contradição entre a interpretação silábica e as escritas produzidas pelos adultos, que sempre terão mais letras do que a hipótese silábica permite antecipar.

Desta dupla possibilidade de conflito, surgem as razões da superação da hipótese silábica, pois somente buscando uma divisão que “vá mais além da sílaba” é possível superar os conflitos. Quando a criança começa a trabalhar com a hipótese silábica, duas das características importantes da escrita anterior podem desaparecer momentaneamente: as exigências de variedade e de quantidade mínima de caracteres. Esse conflito cognitivo entre quantidade mínima de letras e a hipótese silábica surge porque a criança se sente obrigada a escrever somente duas letras para as palavras dissílabas, o que está abaixo da quantidade mínima que lhe parece necessária. O problema fica ainda mais grave quando escreve um monossílabo. Uma vez já bem instalada a hipótese silábica, a exigência de variedade reaparece.

O tipo silábico de escrita não pode ser caracterizado jamais como uma “má” reprodução dos exemplos do professor. A hipótese silábica pode aparecer com grafias ainda distantes das formas das letras, tanto como com grafias bem diferenciadas. Neste último caso, as letras podem ou não ser utilizadas com valor sonoro estável.

A hipótese silábica é uma construção original da criança e, portanto, não pode ser ensinada pelo professor. No entanto, a escrita silábica constitui um grande avanço e se traduz num dos mais importantes esquemas construídos pela criança durante o processo de desenvolvimento. A criança na fase silábica já sabe que, somente com letras, é possível escrever, mas ainda tem um bom caminho a percorrer.

É no nível silábico que o processo pode ter certa estagnação perigosa. A criança se estabiliza: antes de começar a escrever, a única coisa a fazer é contar as sílabas da palavra (os pedacinhos) para saber quantas letras serão necessárias para escrever algo. É fundamental que o professor esteja atento a esse fato, a fim de não ficar angustiado, sem saber o que fazer para fazer o aluno avançar. Muitas vezes, por falta de maiores recursos teóricos, acaba por abandonar o trabalho lindo já iniciado, jogando por terra todo trabalho de construção dos alunos e partindo por processos tradicionais de alfabetização. O que é lamentável!

De início, este nível se caracteriza como silábico-quantitativo. Ocorre quando a criança se preocupa mais com o número de letras do que com quais letras escreve. Ela já percebe a relação entre a escrita e os aspectos sonoros da fala e coloca uma letra qualquer para representar cada sílaba da palavra. Coloca qualquer letra para representar qualquer sílaba e fica satisfeita.

Para saber quantas letras são necessárias, a única coisa a fazer é contar os pedacinhos (as sílabas) da palavra, oralmente, antes de começar a escrever e colocar uma letra para cada sílaba. Geralmente, a criança usa as letras do seu nome, quando são internalizadas primeiro. Ex: uma criança de nome Artur escreve: ART = BONECA. Na escrita de frases, o aluno pode escrever uma letra para cada palavra.

A seguir, o aluno torna-se silábico-qualitativo. É o momento em que a criança começa a estabelecer correspondência com o eixo qualitativo: as partes sonoras semelhantes entre as palavras começam a se exprimir por letras semelhantes. Isto também gera suas formas particulares de conflito. A criança usa uma letra, cujo som é pertinente ao som emitido na palavra: PT = PATO / AO = PATO.

Ampliam-se os conflitos:

Aparecem nas escritas dos alunos palavras diferentes com a mesma grafia: AO = SAPO / AO = RATO / GATO ou PATO. O professor precisa, em suas intervenções, fazer a criança perceber que escreveu palavras diferentes. Pode apontar para a escrita da criança, por exemplo, e dizer: “Aqui você leu sapo (AO) e aqui você leu pato (AO). São iguais? O que você vai fazer?”;

A questão dos monossílabos. Escrever com uma letra, na escrita da criança, entra em conflito com a hipótese da quantidade mínima de caracteres: com uma letra só não dá para ler: A = (ARTIGO) / A = MAR. E, geralmente, quando marcam no texto as palavras escritas, agregam o artigo e demais monossílabos ao substantivo mais próximo;

Palavras com letras repetidas (na escrita da criança) também não servem para ler: AAA = ARARA; AA = PASTA; UUU = URUBU.

Em meio a tantos conflitos, a criança procura saídas. E nessa procura, ela descobre os princípios fundamentais de um sistema alfabético de escrita, com atenção preferencial às diferenças sonoras da composição da sílaba, propriamente. Suas ideias originais, em face do modelo estável convencional, fazem com que ela vá, aos poucos, reformulando suas hipóteses incompletas até a compreensão do sistema de representação da língua escrita.

Ocorre durante o processo muitos momentos críticos, nos quais é difícil manter a ansiedade das crianças sob controle. A mediação inteligente do professor faz o aluno perceber suas incoerências mais rapidamente e ajuda a acelerar o seu processo de desenvolvimento. Neste momento, o problema ortográfico ainda não deve ser preocupação do professor. À medida que a criança compreende que a escrita é uma representação da linguagem, o seu progresso acelera-se.

CONCLUSÃO

Um educador não pode subestimar a criança, deve proporcionar um meio cultural de experiências enriquecidas, no qual possa desenvolver plenamente suas capacidades. O que é preciso entender é que dificuldades de aprendizagem todas as pessoas têm, e por muitas razões e causas e as mesmas aparecem em função do que se tem para fazer.

Problemas de aprendizagem sempre existirão, e isso é maravilhoso porque, por trás do erro de um aluno, está a oportunidade de descobrir como ele organiza o seu pensamento. O erro proporciona vida dentro de uma sala de aula, pois alguns alunos, aqueles que erram, pensam diferente dos demais, e isto é ótimo, pois proporciona uma riqueza cognitiva à disposição do professor. Aquele aluno que decora não aprende com o real significado, mas aquele que erra nos mostra que está pensando, elaborando o seu conhecimento, construindo o seu saber.

O professor precisa, ao defrontar-se com os erros de seus alunos, questionar o porquê daquela resposta, e então começará a entender como eles pensam. Cabe a ele criar situações de ensino complementares para ajudar o aluno com mais dificuldades a vencer o que já foi superado pela maioria dos colegas, sentindo-se assistido pelo professor e em momento algum excluído ou criticado.

Se o professor e seus alunos conseguirem estabelecer, em sua sala, uma atmosfera de respeito mútuo, pode-se dizer que, de fato, a interação social do grupo é não só formativa, como também constitutiva de um novo saber e de uma nova forma de relacionamento interpessoal.

Todas as crianças, independentes de quaisquer atributos usados para defini-las, possuem condições para, por si mesmas, progredirem do ponto de vista do conhecimento. Cabe ao educador proporcionar um ambiente rico e desafiador, compreendendo que o processo de aprendizagem baseia-se na ação do sujeito; inicialmente, as ações concretas sobre objetos concretos respondem pela constituição dos esquemas, e no último estágio, as ações abstratas (operações) sobre objetos abstratos respondem pela constituição dos conceitos.

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Autor: Selma Maria de Andrade Maciel

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