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Terapia com Animais

A terapia com animais, também conhecida como terapia facilitada por animais, é uma abordagem terapêutica que utiliza a interação com animais para promover benefícios à saúde mental e emocional. Descubra como essa prática pode ajudar no tratamento de diversas condições.

Terapia com Animais

Terapia Facilitada por Animal (TFA) – Pet Terapia


A Terapia Facilitada por Animais se originou no Retiro York, uma instituição mental localizada na Inglaterra, em 1792. Os pacientes dessa instituição participavam de um programa alternativo de comportamento, que consistia na permissão de cuidar dos animais da fazenda como reforço positivo. Em 1867, animais foram usados em terapia com pacientes em uma instituição na Alemanha. Finalmente, em 1942, terapeutas perceberam os benefícios de TFA em pacientes com desordens mentais e físicas. Mas somente a partir dos anos 60, foi estabelecido o conceito de terapia facilitada por animais.

A TFA ainda não está muito difundida no Brasil, mas os animais já são usados como facilitadores para profissionais de várias áreas como: pedagogia, psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia, psiquiatria, etc. Essas práticas podem ser complementares a atividades educativas e terapêuticas.

Para um número cada vez maior de terapeutas, trata-se de ciência pura. Eles atribuem aos animais, principalmente aos cães e cavalos, um dom especial de se relacionar com os enfermos, sobretudo crianças, fazendo-as reagir positivamente a estímulos físicos e psicológicos.

Esses e outros animais, com um treinamento especial, auxiliam profissionais da área da saúde a trabalhar a fala, o equilíbrio, a coordenação motora, a expressão de sentimentos e a motivação, em especial, de crianças. Por exemplo:

  • – A fisioterapeuta pode tornar mais excitantes os exercícios usando um cão como motivador;
  • – A fonoaudióloga pode facilmente sugerir para uma criança ler uma estória para um ouvinte peludo muito atento, que não repara em eventuais erros;
  • – Uma criança agressiva pode aprender a treinar um cão ou um cavalo usando apenas reforço positivo. Pode aprender a fazer outro ser vivo fazer o que ela quer apenas com carinho e recompensa;
  • – Uma orientadora educacional pode quebrar o gelo com alunos apenas com a presença do cão na sala ou com um passeio a cavalo nos arredores da escola;
  • – Uma criança com necessidades especiais pode ser responsável por alguém, pode ter um ser vivo que dependa dos seus cuidados e de seu amor. Os efeitos na auto-estima, na coordenação motora e nas habilidades sociais são impressionantes;
  • – Um cão de terapia pode auxiliar na avaliação permitindo ao terapeuta observar comportamentos de interação que a criança pode deixar de exibir sem o cão. Na terapia, dependendo da situação, a criança pode ser capaz de relatar ao cão ou irá se sentir como se tivesse uma companhia não crítica ou julgadora em que possa confiar.
  • – O uso de animais na terapia facilita a expressão de sentimentos dos idosos. O diálogo sobre os bichos remete a outros assuntos, como conflitos pessoais e dificuldades características da idade.

Benefícios da Pet Terapia:

  • Diminuição da pressão sanguínea e frequência cardíaca;
  • Calmante e antidepressivo;
  • Melhora do sistema imunológico;
  • Estímulo da interação social;
  • Melhora da capacidade motora;
  • Diminui a quantidade de medicamentos utilizada;
  • Melhora a autoconfiança e autoestima.

O profissional da saúde traça seus objetivos e acompanha integralmente o trabalho. As sessões são feitas de acordo com os objetivos do terapeuta ou do orientador, e conforme a evolução individual de cada criança.
Cães, cavalos, gatos, ferrets e até golfinhos, além de terem qualidades especiais de amor e aceitação incondicionais, são divertidos e inteligentes. A presença de um animal vestido, por exemplo, com roupas engraçadas, desconcerta o mais resistente e arredio dos pacientes.

Há casos em que portadores de deficiência, doentes terminais, idosos e até mesmo pessoas depressivas se apegam aos bichos de estimação, e isso acaba fazendo muito bem aos pacientes, por ser uma relação de amizade e carinho que, por nenhum motivo, será desfeita, dando segurança e motivação ao paciente.

Seja por piedade, seja por preconceito ou por não saberem lidar com essas pessoas, conhecidos, estranhos e, às vezes, até familiares, evitam o contato e acabam se afastando. O animal pode ser, nessas ocasiões, a ponte entre tais pessoas e o seu mundo. Quando, por exemplo, alguém vê um deficiente ou um idoso com um cachorro, isso pode facilitar a aproximação. Palavras como “que lindo seu cachorrinho!”, por mais simples que sejam, servem de início a uma conversa e não despertam sentimentos negativos.

Hoje, já existem lugares que trabalham especificamente com TFA. A Casa das Tartarugas é um desses lugares. Foi a partir da experiência com o filho, com doença mental, que Richard, 31 anos, um descendente de dinamarqueses apaixonado por animais e pela natureza, resolveu ampliar as atividades de sua Casa das Tartarugas, centro conservacionista de animais implantado na Granja Viana, na Grande São Paulo. Ali, segundo explica Richard, vem sendo desenvolvido um novo conceito no Brasil que alia a conservação da fauna ao uso dos animais como ferramentas de trabalho para educação ambiental e saúde. São mais de 500 répteis, 400 aves e diversos mamíferos da fauna brasileira. A Casa das Tartarugas já existe há quatro anos.

Há também o Projeto Cão Terapeuta, que realiza visitas semanais à Casa Assistencial Maria Helena Paulina (São Paulo), que dá apoio a crianças com câncer. São realizadas também visitas esporádicas em outras instituições como casas de repouso, de deficientes, etc. O Projeto vem realizando o trabalho de preparo de cães para a participação em visitas de Pet Terapia. Além de truques que divertem, os cães aprendem a se comportar junto a pessoas debilitadas e crianças, agindo sempre com delicadeza.

Existe ainda a Arca Brasil – Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal, que é uma entidade sem fins lucrativos criada em 1993, com o objetivo de promover o bem-estar e o respeito aos direitos dos animais. Seu projeto é interligar profissionais (em particular os médicos e veterinários), a saúde pública, a proteção animal e a sociedade para o aprimoramento das relações homem-animal.

Médicos que atuam em consultórios particulares são mais receptivos ao uso de animais como co-terapeutas do que os hospitais e as clínicas. Eles sabem da importância dos animais por intermédio de conversas com seus pacientes. A administração de hospitais e clínicas resiste a tais programas, argumentando questões de higiene e barulho. Mas 20 a 30% dos psiquiatras e psicoterapeutas envolvem animais nas suas práticas.

A TFC (Terapia Facilitada com Cão) é a terapia mais conhecida e é utilizada para pessoas de todas as idades, com desafios físicos, emocionais ou mentais. Porém, também é muito benéfica na redução do estresse adulto, apenas pela simples presença do animal de estimação em casa. Assim sendo, os animais podem trazer harmonia não só para as crianças, mas para toda a família. Segundo a pesquisa divulgada no site Petsite, revela que 59% dos brasileiros têm bicho de estimação, e a grande maioria acha que o animal transmite emoções, principalmente alegria.

A principal autora de estudos sobre este assunto é Karen Allen, da Universidade Estadual de Nova York em Buffalo, que há anos estuda a influência dos animais na saúde humana. Ela aplica testes estressantes em pessoas sozinhas e, após, acompanhadas do animal de estimação (cachorro). A ideia do estudo era testar o conceito do “apoio social”, isto é, a ajuda psicológica de outro indivíduo, que tenderia a influir na reação do sistema cardiovascular ao estresse. A diferença foi que, enquanto outros estudos se concentravam no papel de outros seres humanos, o trabalho de Allen e colegas procurou testar a influência de cães.

Os resultados, segundo Allen, mostraram que as pessoas com animais domésticos tinham tanto pressão sanguínea como batimento cardíaco significativamente mais baixos durante o período de descanso inicial. Também tiveram aumentos menores desses índices durante a realização da tarefa estressante, e sua recuperação foi mais rápida.

O afeto incitado pelo animal age como um estimulante nos relacionamentos intrafamiliares. A afetividade e o bom relacionamento com os parentes também são muito importantes para o desenvolvimento das crianças.

Quando uma criança está em uma sessão de terapia e um cão está presente, a criança se expõe mais, e em retorno, permite ao terapeuta fortalecer o entendimento com o jovem cliente. A presença do cão também permite ao terapeuta trabalhar em técnicas mais avançadas, pois o cão providencia à criança sua necessidade básica de afeto.

Também já existem raças específicas para determinadas terapias. Cães agitados como o Poodle e o West White Terrier são ideais para ajudar em fisioterapias. Já os de grande porte são melhores em tratamento de pessoas com dificuldades motoras. Por instinto, o Golden Retriever sempre procura pessoas chateadas, por isso, é recomendável em tratamentos de depressão.

Outro exemplo é a utilização de cavalos em tratamentos. A equoterapia proporciona ao seu praticante a oportunidade de explorar seu próprio corpo e o ambiente em que interage. É um tratamento que permite uma reorganização psíquica e corporal, capaz de produzir resultados satisfatórios em diferentes aspectos da vida do praticante.

A equoterapia é um dos raros métodos, ou melhor, talvez o único, que permite ao paciente vivenciar muitos acontecimentos ao mesmo tempo e no qual as ações, reações e informações são bastante numerosas. O praticante, quando montado, adquire um posicionamento que inibe alguns padrões patológicos e com o cavalo ao passo recebe inúmeros estímulos que chegam ao sistema nervoso central.

Outra terapia, que é bastante utilizada, porém, fora do Brasil, é a Golfinho-terapia. Eles estão ajudando crianças que sofrem de males como a surdez, a síndrome de Down (deficiência mental congênita) e o autismo (desligamento da realidade exterior). O sucesso é tão grande que para receber esse tratamento em alguns centros de pesquisa americanos e europeus enfrenta-se uma lista de espera de até sete anos.

Para os médicos e psicólogos do Centro de Terapia Golfinho-Humanos de Miami, ainda não há uma explicação muito clara para esse fenômeno. Uma das teorias em estudo, segundo o doutor David Nathanson, que dirige o centro, é a de que os golfinhos usam sua exclusiva habilidade sonar. Para o neurologista David Cole, que trabalha na equipe de Nathanson, a energia contida nesses sons emitidos pelos golfinhos teria também a capacidade de cura.

Ele explica que em muitos casos basta dar à criança a chance de nadar e brincar com os golfinhos para que ela apresente melhoras. Em outros, estar com os golfinhos serve como um prêmio para a dedicação da criança nas sessões com um terapeuta infantil. “Nos testes que estamos fazendo agora trabalhamos com pacientes que sofrem de câncer. Em vários deles houve uma espontânea e inexplicável regressão da doença”, conta Cole. Seja como for, o que importa para os cientistas do centro de Miami é que estão conseguindo resultados positivos em 97% das centenas de casos que já trataram.

Já são ministrados no Brasil vários cursos sobre Pet Terapia. Eles ensinam, além da TFA, como o animal deve ser tratado, como deve ser treinado, etc., demonstrando a importância de manter também a saúde do animal. Para que a TFA tenha um bom resultado, é necessário conhecer as necessidades físicas e psicológicas dos animais, o que nos permite entendê-los e tratá-los melhor.

Somente animais saudáveis e felizes podem ser boas companhias, e só assim contribuir para nossa qualidade de vida. É particularmente importante manter o bem-estar do animal-terapeuta nos programas de TFA, pois eles são seres vivos e não existem apenas para beneficiar grupos específicos de pessoas com vários males ou problemas. Precisamos, por exemplo, reconhecer os sinais de estresse ou agitação – bastante diferentes em cães, gatos e outros animais – para não fazer o animal “trabalhar” demais nem colocar em risco o paciente. É também importante que seja ensinado às crianças a terem um comportamento adequado e seguro em relação a esses animais, bem como os cuidados de manejo.

Se forem tomados todos os cuidados necessários, tanto com o paciente como com o animal, é comprovado que a TFA beneficia ambos os lados. E não tem contraindicações, nem reações adversas.

Esperamos que a TFA seja cada vez mais difundida (o que está ocorrendo) porque, além de ser uma terapia muito proveitosa e saudável, é um meio de interação dos humanos com os animais, e assim, com a natureza, o que é mais saudável ainda.

  • Autor: Adrian Jacques


Pedagogia ao Pé da Letra
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