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Atualizado em 10/08/2024

BULLYING NO AMBIENTE ESCOLAR

Descubra como identificar e tratar o bullying no ambiente escolar. Saiba como prevenir e responder às situações de bullying para mantê-lo longe de seu filho e do ambiente escolar. Estamos aqui para ajudar!

BULLYING NO AMBIENTE ESCOLAR


RESUMO

Este trabalho refere-se ao desenvolvimento da violência dentro das escolas em forma de bullying. Sendo o mesmo um problema mundial, encontrado em qualquer escola, não se restringindo a um tipo específico de instituição. As atitudes de bullying trazem consequencias negativas para os autores, vítimas e testemunhas, afetando sua formação psicológica, emocional e sócio-educacional. O bullying ocorre em todas as dependências das escolas, como dentro das salas de aulas, no pátio, nos banheiros, corredores e no Brasil com maior frequência na sala de aula.

A família e a escola têm o papel fundamental em prevenir o bullying. Ambas devem agir com atitudes pontuadas no amor, no diálogo, na justiça e na solidariedade. No Brasil, já foi registrados algumas tragédias em escolas, tendo o bullying como causa principal, por esse motivo, vem sendo desenvolvidos projetos de organizações não governamentais anti-bullying em várias instituições escolares.

Palavras-chave: Bullying, agressor, vítima, escola, família.

LISTA DE ABREVIATURA

ABRAPIA – Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência
CEMEOBES – Centro Multidiscipliminar de Estudos e Orientação sobre o bullying

SUMÁRIO

Índice
INTRODUÇÃO

CAPÍTULO l
1. Bullying: Abordagens Históricas – Segundo FANTE 2005
1.1 Bullying direto e indireto
1.2 Protagonistas do bulliyng
1.3 Autor do bullying
1.4 Vítimas do bullying
1.5 As testemunhas do bullying
1.6 Bullying entre professor e aluno
1.7 Identificação dos envolvidos
1.8 Onde ocorre o bullying no ambiente escolar

CAPÍTULO II
2. As consequências do bullying
2.1 Papel da família
2.2 Papel da escola
2.3 Como a escola deve denunciar os casos de bullying?
2.4 Programas de redução do bullying no Brasil

CAPÍTULO III
3. Pesquisando condutas de bullying nas escolas de Crixás-Go

CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

INTRODUÇÃO

O tema escolhido é de suma importância nos dias atuais, mediante se questiona ao problema sobre as brincadeiras de forma intencional e repetitivas que ocorre nas escolas, intimidando as vítimas, trazendo consequências, desastrosas, no aprendizado do aluno nas escolas. O trabalho se tem como objetivo geral discutir as situações de violências oriundas do bullying na tentativa de reduzir sua continuidade no ambiente escolar. E se justifica, por ser o bullying um problema mundial, como uma brincadeira própria do amadurecimento da criança, porém, com interpretação equivocada, a prática vem se alastrando cada vez mais no ambiente escolar, trazendo como conseqüência o desrespeito, o preconceito pelo próximo, causando uma extrema dificuldade na aprendizagem do aluno.
Portanto, a pesquisa possibilita a escola conhecimento científico e prático, que possa prevenir e diminuir as condutas de bullying no ambiente escolar. Ao contrário da violência, incentivar a solidariedade, o respeito, o diálogo e a valorização das diferenças culturais.
Entende-se que o bullying é uma ferramenta grosseira de desconstrução, e precisa ser combatido. No trabalho de pesquisa foi utilizado uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo de caráter quantitativo. Para o desenvolvimento desse trabalho foram pesquisados alguns autores como Cleo Fante, Gabriel Chalita, Pedra e o site da ABRAPIA.
No primeiro capítulo, foi feito uma abordagem histórica sobre o bullying, conceituando-o como todos os atos de violência física ou psicológica intencional e repetitiva, e como ele se apresenta.

No segundo capítulo foi feito uma reflexão sobre as conseqüências referentes ao bullying, que são inúmeras e variadas, afetando todos os envolvidos e em todos os níveis de idade. Abordamos também o papel da família e o papel da escola frente ao bullying, como a escola deve denunciar os casos de bullying e o os programas de redução do anti-bullying no Brasil.
No terceiro capítulo foi feita uma análise sobre o resultado da pesquisa de campo, das condutas de bullying, realizada nas escolas de Crixás.

CAPÍTULO l

BULLYING: ABORDAGEM HISTÓRICA – Segundo Fante 2005

A palavra bullying é de origem inglesa, adotada em muitos países para definir o desejo consciente de maltratar e inibir uma ou outra pessoa e colocá-la sob tensão. Termo usado para conceituar todos os atos de violência física ou psicológica intencional e repetitiva, que se manifesta sem nenhum motivo aparente, praticados por uma pessoa ou grupo de pessoas, contra outro(s), com o objetivo de intimidar ou agredir o indivíduo incapaz de se defender, causando nas vítimas muito sofrimento, levando-as ao isolamento social e em alguns casos à agressividade.
As brincadeiras acontecem naturalmente entre as crianças, são saudáveis, todos participam, se divertem e são incluídas. As brincadeiras passam a ser bullying quando há exclusão, sentimentos negativos e violência.
De acordo com Fante (2005), alguns pesquisadores considera no mínimo três ataques contra a mesma vítima durante o ano para ser classificado como bullying.
Bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying. (FANTE, 2005, p.28 e 29)

No Brasil não existe uma tradução para a palavra bullying. Entretanto a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção a Infância e a Adolescência (ABRAPIA) relaciona algumas expressões que podem ser definidas como bullying, como o ato de zoar, provocar, isolar, excluir, gozar, apelidar, discriminar, agredir, ignorar, chutar, ameaçar, amedrontar, quebrar material, ferir, perseguir, intimidar, ofender e sacanear o próximo. Esses atos podem causar dor silenciosa na maioria das vítimas, levando-as ao distanciamento da escola.
Conforme o pensamento de Chalita (2008), o bullying é um conceito muito bem definido, não escolhe classe social ou econômica, escola pública ou particular, área urbana ou rural, ele está presente em grupos de crianças e de jovens, em escolas de países e culturas diferentes. Isso nos mostra que o bullying está sendo considerado motivo de agressividade nas escolas, trazendo consequências negativas para todos os protagonistas do bullying, afetando a formação psicológica, emocional e sócio-educacional do aluno.
Entendendo que o bullying é um problema mundial, encontrado em qualquer escola, não se restringindo a um tipo específico de instituição escolar.
Segundo Fante (2005, p.45), foi Dan Olweus, quem desenvolveu os primeiros critérios para detectar o problema de forma específica, podendo diferenciar as interpretações como os atos de gozações ou relações de brincadeiras entre iguais, próprias do processo de amadurecimento do indivíduo.

No passado nada se sabe concretamente sobre o bullying antes da década de 1970. Foi somente com pesquisas realizadas em 1972 e 1973, na Escadinávia, que as famílias perceberam a seriedade dos problemas decorrentes da violência escolar. A inquietação alastrou-se pela Noruega e Suécia e, posteriormente, por toda a Europa. (CHALITA 2008, p.100)

O primeiro país a preocupar com o bullying escolar foi a Suécia, na década de 1970, quando ocorreram várias agressividades no ambiente escolar.
A escola juntamente com a sociedade tentou investigar e solucionar métodos preventivos para a resolução do problema.
Na Noruega, o bullying foi motivo de preocupação e inquietação nos meios de comunicação e entre professores e pais, sem que as autoridades educacionais se comprometessem de forma judicial.
No final de 1.982, o bullying passou a ser motivo de preocupação e atenção nas entidades escolares, quando o jornal noticiava o suicídio de três alunos, com idade de 10 a 14 anos, no Norte da Noruega, sendo que a principal causa foi identificada por maus tratos que eram recebidos por seus companheiros de escola. Isso fez com que o Ministro da Educação da Noruega, realizasse uma campanha nacional contra os problemas da violência entre alunos no ambiente escolar.
O professor e pesquisador da Universidade de Bergen, Dan Olwues, durante época, investigou nas escolas as agressões cometidas entre agressores e suas vítimas, para diferenciar o problema de forma específica, avaliando a natureza e ocorrência dessas agressões.
Inicialmente Dan Olweus, pesquisou 84 mil estudantes, trezentos a quatrocentos professores e mil pais, incluindo vários períodos de ensino. Para a realização dessa pesquisa Dan Olweus desenvolveu um questionário padrão, com 25 questões, ao término constatou que a cada sete alunos, um estava envolvido em casos de bullying.
Com essa situação foi possível realizar um programa de intervenção proposto por Dan Olweus, juntamente com o governo norueguês e que veio a reduzir 50% dos casos de bullying. Esse programa envolveu professores a alunos, com o objetivo de conscientizar e prevenir o bullying no ambiente escolar. Esse fato incentivou outros países, como o Reino Unido, Canadá e Portugal, a promoverem campanhas de intervenção.
De acordo com as pesquisas de Fante (2005), o bullying vem aumentando entre alunos das escolas americanas. Os pesquisadores americanos classificam bullying como um conflito global e se vier a persistir essa tendência, será enorme a quantidade de jovens que se tornarão adultos abusadores e delinqüentes.
Ainda com base no pensamento da autora não existe diferença entre o bullying praticado no Brasil e nos Estados Unidos, ou em qualquer outro lugar do mundo, o que varia são os índices encontrados em cada país.
Baseado nos dados da ABRAPIA, nos diversos países pode-se afirmar que o bullying está presente em todas as escolas. No Brasil, o bullying aparece em uma quantidade pequena, comparada a países como os Estados Unidos, Espanha e onde o assunto é expandido com intensidade devido a graves consequências do bullying dentro do ambiente escolar.
No Brasil, o bullying ainda é pouco comentado e estudado, motivo pelo qual não existem indicadores que nos forneçam uma visão global para que possamos compará-lo aos demais países. (FANTE 2005, p.46)

Conforme citação acima é possível dizer que, o Brasil em relação à Europa, no que se refere aos estudos e tratamento desse comportamento, está com pelo menos 15 anos de atraso. Isso nos mostra que nas escolas brasileiras o bullying apresenta índices inferiores aos países europeus.
Gabriel Chalita (2008), em suas pesquisas constatou que a professora Marta Canfielde e seus colaboradores realizaram umas das primeiras investigações registradas sobre o bullying no Brasil, isso ocorreu no ano de 1997. Observou o comportamento agressivo em crianças de quatro Escolas Públicas em Santa Maria-RS. Para a realização dessas pesquisas, a professora Marta Canfielde adaptou e aplicou o questionário de Dan Olweus.
Posteriormente foram realizados estudos por várias escolas brasileiras, (Rio de Janeiro e São José do Rio Preto-SP) no período de 2000 à 2003. Com o trabalho realizado nessas escolas foi possível iniciar o mapeamento da violência escolar no Brasil, com o objetivo de prevenir as violências que ocorrem no ambiente escolar.

1.1 Bullying Direto e Indireto

Sabe-se que, as ações do bullying entre os alunos apresentam características comuns, como comportamentos agressivos de forma repetitiva e violenta contra uma mesma vítima, dificultando assim a defesa da mesma.
Mediante o que comenta Chalita, sobre as práticas do bullying, pode ser considera como sendo uma forma sutil de violência, que, geralmente envolve colegas da mesma sala de aula, gera comportamentos agressivos que podem ser classificados como bullying direto ou bullying indireto.
Ambas as formas é prejudicial a todos os envolvidos do bullying, afetando principalmente a vítima. O bullying direto ocorre quando a vítima é atacada diretamente pelo agressor, sendo utilizado com uma frequência maior entre os meninos, usando agressões físicas como: bater, chutar, tomar pertences, empurrões, roubos; e as atitudes verbais que são os insultos, apelidos pejorativos que ressaltam defeitos ou deficiências e atitudes de discriminação, expressões e gestos que geram mal estar às vítimas.
Geralmente o bullying indireto, é a forma mais adotada entre o sexo feminino e crianças menores. As estratégias utilizadas são atitudes de indiferença, difamações, fofocas, rumores degradantes sobre a vítima e familiares, entre outros.
De acordo com Gabriel Chalita (2008), o bullying indireto leva a vítima ao isolamento social, desenvolvendo uma atitude de insegurança e dificuldade de se relacionar, muitas vezes tornando-se uma pessoa retraída, e indefesa.
No bullying indireto os meios de comunicação é uma forma eficaz, que vem crescendo assustadoramente junto com o desenvolvimento da internet e dos telefones celulares, pois divulgam, com rapidez comentários cruéis e maliciosos sobre as pessoas. Essa crueldade virtual é conhecida como cyberbullying. Nesta forma de bullying o agressor se esconde no anonimato e tortura a vida de outros colegas, através de páginas difamatórias na internet, mensagens de texto anônimo entre outros.
De acordo com Pedra (2008, p.67), que estudos revelam que, na Inglaterra, 25% das meninas são vítimas de ciberbullying através de celulares. Nos Estados Unidos, um dado surpreendente foi divulgado pela imprensa 20% dos alunos do ensino fundamental são alvos dessa forma de violência.
Conforme citação acima, entende-se que, os maiores praticantes do ciberbullying são os adolescentes, não sendo possível traçar um perfil, por se tratar de ataques virtuais, a imagem e a identidade do agressor não são expostas, e quando são descobertos pelas vítimas geralmente não os denunciam.
O mesmo autor relata que, a denúncia é o principal instrumento para a interrupção desses atos. Entretanto, prevenir é o melhor caminho, devendo ser começado pela família com a parceria com as escolas.
Os alunos devem ser orientados sobre o assunto e conduzidos à reflexão sobre os limites da internet. O uso do computador tem gerado muitas discussões em família, por não conseguirem delimitar o tempo dos filhos no computador e nem estabelecer regras.

l.2 Protagonistas do Bullying

A partir da compreensão que, os protagonistas do bullying podem ser classificados como autor, vítima e testemunha de acordo com sua reação à situação do bullying, não há evidências que permita saber qual personagem adotará cada aluno, sendo que poderá sofrer alterações de acordo com as circunstâncias vivenciadas dentro da escola.
Nesse sentido, Chalita (2008, p. 85) relata que “são vários os alunos envolvidos nessa situação de bullying”. Identificá-los é fundamental, mas com o cuidado de não rotular os estudantes, para que não sejam motivos de rumores desagradáveis dentro da comunidade escolar. Em todos os casos os envolvidos no bullying podem sofrer graves consequências no que se diz respeito há aprendizagem escolar e ao convívio social.

1.3 Autor do Bullying

Conforme afirma Chalita (2008, p.86), os autores do bullying, normalmente “são alunos populares que precisam de platéia para agir. Reconhecidos como valentões, oprimem e ameaçam suas vítimas por motivos banais, apenas para impor autoridade”. Com isso, compreende-se que o autor do bullying se sente reconhecido e realizado, sempre mantendo um grupo em torno de si, para se permanecer apoiado e fortalecido, sentindo prazer e satisfação em dominar, controlar e causar danos e sofrimento as vítimas.
Fante (2005, p.73), salienta que frequentemente o autor do bullying é membro de família desestruturada, nas quais há pouco relacionamento afetivo entre si, ausência de limites e ao modo de afirmação de poder dos pais sobre os filhos, por meio de “práticas educativas”, que incluem maus-tratos físicos e explosões violentas.
Quando os pais ou responsáveis exercem um acompanhamento precário ao seu filho, adotando comportamentos agressivos ou explosivos para tentar solucionar os conflitos que há no ambiente familiar, contribui para que este reproduza a agressividade sofrida, no meio escolar.
Fante (2005), diz que o agressor do bullying, se “apresentam mais forte que seus companheiros de classe e de suas vítimas em particular, podendo ser fisicamente superior nas brincadeiras, brigas e nos esportes, entretanto o autor pode ter a mesma idade ou ser um pouco mais velho que suas vítimas”.
A ABRAPIA nos acrescenta que frequentemente a maioria dos casos dos autores de bullying, procuram para serem suas vítimas pessoas com algumas características específicas, como: deficiência física, baixa estatura, inteligência superior entre os demais, submissão, dificuldades na aprendizagem, aspecto físico frágil, timidez, religião e culturas diferenciadas, cor de pele.
Fante (2005, p.64), afirma que “crianças portadoras de deficiências físicas e de necessidades educacionais, correm maior riscos de se tornarem vítimas do autor do bullying, com a possibilidade de duas a três vezes maiores que as crianças consideradas normais”.

1.4 Vítimas do Bullying

Fante (2005, p.71-72), estudiosos da área do bullying identificam e classificam os tipos de papéis desempenhados, entre as vítimas, como: “vítima típica, vítima agressora, vítima provocadora”.
Considerada-se vítima típica, aquele aluno que recebe as agressões de outro não dispondo de habilidades físicas e emocionais para reagir.
Os ataques constantes e as agressões contra as vítimas podem comprometer o desenvolvimento desses alunos dentro da sala de aula, aumentando a ansiedade e o conceito negativo sobre si mesmo.
O silêncio das vítimas se torna um aliado poderoso dos agressores, ajudando a aumentar a violência dentro da comunidade escolar. Muitas vezes a vítima típica não comenta sobre as agressões sofridas, por vergonha, por medo de represália, intimidações, por não acreditarem que estão falando a verdade, temor pelas reações dos familiares, pela incapacidade de defesa.

O comportamento, os hábitos, a maneira de se vestir, a falta de habilidades em alguns esportes, a deficiência física ou aparência fora do padrão de beleza imposto pelo grupo, o sotaque, a gagueira, a raça podem ser motivo para a escolha de uma vítima. Chalita (2008, p.87).

No entanto, é preciso salientar que o fato de algum aluno apresentar essas características não significa que seja ou venha a ser vítima de bullying.
Quando a humilhação é constante contra a vítima, ela perde a identidade, porque a mesma e os demais a reconhecerão somente através daquela característica negativa que está sendo focada.
Segundo Fante (2005, p.71-72), as vítimas típicas do bullying são indivíduos selecionados, sem um motivo claro, para sofrer ameaças, humilhações e intimidações, geralmente sentem medo de reagir às agressões sofridas devido a sua baixa estima e insegurança, se tornando um indivíduo pouco sociável.
A autora, ainda comenta que a vítima típica do bullying sente dificuldades de impor-se ao grupo, tanto físico como verbalmente, por não ter hábitos de agressividades, os sofrimentos das vítimas podem ser prolongados com muita dor e angústia. Acreditando serem merecedores desses maus tratos, preferem sufocar seus sentimentos que denunciar os supostos agressores, buscando cada vez mais o isolamento social. Geralmente as vítimas típicas preferem ficar perto dos adultos, procurando evitar seus colegas.
E a vítima agressora é o aluno que é agredido e transfere todo o seu sofrimento para outro indivíduo reproduzindo as agressões sofridas em uma situação de violência mais discreta, com a mesma intensidade de agressividade. Essas vítimas agressoras posteriormente podem tornar-se agressores de colegas considerados mais fracos e indefesos. Em casos extremos, são aqueles que se munem de armas e explosivos e vão até a escola em busca de justiça. Matam e ferem o maior número possível de pessoas e dão fim a própria existência.
Fante (2005, p.72), “a vítima provocadora possue um gênio ruim, tenta brigar ou responder quando é atacada, ou insultada, mas geralmente de maneira ineficaz”. Pode ser imperativa, inquieta, e ofensora. É de modo geral, tola, imatura de costumes irritantes, e quase sempre é responsável por causar tensões no ambiente em se encontra.

1.5 As Testemunhas do Bullying

As testemunhas representam a maioria dos alunos da escola. Eles não sofrem e nem praticam bullying, mas sofrem as suas conseqüências, por presenciarem constantemente as situações de sofrimento vivenciados pelas vítimas.
De acordo com Pedra (2008, p.61), muitas das testemunhas “repudiam as ações dos agressores, mas nada fazem para impedir”. Entretanto alguns alunos usam estratégias para se defender e não serem a próxima vitima, através de risadas, permitindo as agressões, ou fingem se divertir com o sofrimento das vítimas.

1.6 Bullying entre Professor e Aluno

Fante (2008), relata que é grande o número de professores considerados vítimas do bullying em seu ambiente de trabalho, sendo a maioria mulheres. Muitos são perseguidos, humilhados, assediados sexualmente; moralmente ameaçados, não com agressões físicas, mas com avisos apavorosos em relação a seus pertences. Para os alunos são apenas brincadeiras inofensivas que não prejudica ninguém.
A mesma autora, afirma que tudo isso provoca grande constrangimento aos profissionais da educação, prejudicando sua autaestima e principalmente o desempenho de suas funções dentro da sala de aula, causando um acentuado stress, mal estar e fadiga que mais tarde refletirão nas relações com seus alunos, familiares e colegas de trabalho.
De todas as formas de bullying a que parece deixar marcas nos professores são os rebaixamentos junto a colegas e alunos, em relação às observações sobre o aspecto físico ou sua forma de vestir.
Fante (2008, pg.15) relata que, “o professor tem assegurado o direito a segurança na atividade profissional, com penalização da prática de ofensa corporal ou outra violência sofrida no exercício das suas funções”.
Entendendo assim que o professor que for ameaçado ou que tenha sofrido alguma outra forma de agressão, que coloque sua vida em risco ou sua dignidade, deve procurar a direção da escola, sendo o diretor responsável, cabe a ele tomar as providências necessárias.
E importante salientar que alguns professores são vítimas e agressores ao mesmo tempo. Praticam bullying direto e indireto contra seus alunos, perseguindo, humilhando, ridicularizando, intimidando e acusando.
Quando o professor não tem equilíbrio emocional para lidar com os atos de agressividade entre alunos que ocorrem em sala de aula, por serem incapazes de oferecer uma resposta eficaz a situação, acaba reagindo com agressividade. Assim os professores se “convertem” em agressores devido a sua postura de “autoritarismo e intimidação” na tentativa de obter poder e controle diante dos alunos.
Esses professores agressores fazem comparações, constrangem, criticam, chamam a atenção em público, mostram ter afinidades por determinados alunos em relação a outros, rebaixam a auto-estima e a capacidade cognitiva, fazem comentário preconceituosos em relação ao aluno e seus familiares. Portanto, a vítima de um educador sofre terrivelmente na comunidade escolar, esse fato gera vários sentimentos negativos, prejudicando sua aprendizagem e a desmotivação pelos estudos.

1.7 Identificação dos Envolvidos

Fante (2005), afirma que o bullying tem como característica principal a violência oculta, sendo difícil detectá-la.
Diante do que foi abordado é de suma importância ressaltar que, qualquer mudança que venha ocorrer no comportamento da criança é motivo de alerta para pais e educadores. Por meio da observação e discussão sobre o comportamento individual dos alunos os professores podem identificar os que praticam bullying, assim estará minimizando a violência escolar, já que a maioria dos envolvidos se recusa em falar abertamente se estão sendo vítimas ou testemunhas. Entretanto, eles convivem com a violência e se calam ou são ignorados em suas observações por pais e professores.
Como a maioria das vítimas fica em silêncio, é necessário que profissionais da educação e pais fiquem atentos a alguns sinais.
Segundo Fante (2005, p.74-75-76), para que um aluno possa ser identificado como vítima, os educadores devem observar alguns comportamentos, como: “frequentemente está isolado e separado do grupo de colegas; procura sempre estar próximo do professor ou de algum adulto; se sente inseguro ou ansioso; dificuldades em expor; nos jogos em equipe é último a ser escolhido; está sempre triste, deprimido ou aflito; desleixo” nas tarefas escolares; apresenta feridas, arranhões, perda de seus pertences.
A mesma autora comenta que é essencial que os pais ou responsáveis acompanhem dia a dia o andamento escolar do seu filho, para que possam identificar se estão sendo vítima da conduta do bullying.
É necessário observar comportamentos, como: dor de cabeça frequentemente, pouco apetite, dor de estômago, tonturas principalmente no período da manhã; muda de humor de maneira inesperada, desinteresse pelas atividades escolares; regressa da escola com roupas rasgadas ou sujas e com o material escolar danificado; pede dinheiro extra a família; gasto excessivo na cantina da escola; apresenta marca de agressões corporais; medo ou falta frequentemente as aulas; apresenta aspecto contrariado, triste, deprimido, aflito ou infeliz.
Os agressores normalmente acham que todos devem fazer suas vontades e se acham ser o centro das atenções.
Fante (2005, p.74), baseado nas pesquisas do professor Dan Olweus, afirma que, para identificar se um aluno pratica a agressividade do bullying, é necessário que os profissionais da educação observem os comportamentos individuais dos alunos, que “fazem brincadeiras ou gozações de maneira desdenhosa de outros colegas; coloca apelidos de forma desagradáveis; faz ameaças; dá socos; pontapés; puxa os cabelos; envolve-se em discussões e desentendimentos; pega materiais escolares de outros colegas sem consentimento”.
Em casa é importante que pais ou responsáveis observem comportamentos diferenciados nos filhos quando regressam da escola com roupas amarrotadas e com ar de superioridade, apresentam atitudes hostis, desafiantes, são agressivos com seus membros da família, chegando ao ponto de aterrorizá-los sem levar em conta a idade ou a diferença de força física, são habilidosos para sair-se bem de situações difíceis, possuem objetos ou dinheiros sem justificar sua origem.
Fante (2005), em suas pesquisas realizadas em escolas, constatou que nos “ciclos iniciais (jardim e pré-escola) até a 4ª série” é mais fácil identificar se os alunos estão sendo envolvidos nas “condutas bullying”, já que as crianças são mais transparentes que os demais alunos. Os profissionais da educação devem ter atenção com os “alunos com necessidades educativas especiais”, pois elas constituem em um grupo de risco, por serem crianças frágeis.

1.8 Onde ocorre o Bullying no Ambiente Escolar

Todos desejam que as escolas sejam ambientes seguros e saudáveis, onde as crianças e adolescentes possam desenvolver, ao máximo os seus potenciais intelectuais e sociais.
Porém, a violência vem invadindo as instituições escolares, atualmente sob o nome de bullying, que são atitudes ofensivas, comentários maldosos, agressões físicas ou psicológicas, transformando a vida escolar de muitos alunos em um verdadeiro transtorno para o processo de aprendizagem.
Fante (2005, pg.47), baseado nas explicações do professor Dan Olweus, acrescenta que é normal em uma sala de aula, existir entre os alunos, diversos tipos de conflitos e tensões. Existem também várias outras interações agressivas, que ocorrem quando o aluno quer se divertir ou como forma de auto-afirmação, mostrando ser mais forte que outros colegas.

O comportamento violento e agressivo que um aluno apresenta na escola, provocando sofrimento a muitos outros – de forma violenta ou não tem sua origem dentre outros fatores, no modelo educativo familiar de acordo com o qual foi criado. (FANTE 2005, p.173)

Segundo pesquisas realizadas por Fante, durante o ano de 2000 a 2003, ela constatou que, “o bullying torna-se uma atitude difícil de ser combatida, pois o aluno trás esse comportamento internalizado em sua personalidade”. E que em geral ocorre dentro das salas de aulas, nos banheiros, corredores, quadras esportivas e mediações das escolas. Também ocorrem entre outros locais fora da escola mais de convivência comum dos alunos.
Pedra (2008, p.53-54) relata que na maioria dos países, constatou-se que o pátio de recreio “é o lugar de maior incidência dos ataques de bullying. Porém, no Brasil as pesquisas apontam para a sala de aula, por ser um tema novo de discussão no meio educacional brasileiro, sendo que a maioria dos professores desconhece o bullying.

CAPÍTULO II

AS CONSEQUÊNCIAS DO BULLYING

Nota-se que as consequências referentes ao bullying são inúmeras e variadas, afetando todos os envolvidos e em todos os níveis de idade. Quando não há intervenções efetiva contra o bullying, o ambiente escolar fica totalmente contaminado.
De acordo com Fante (2005, pg.9), as vítimas, agressores e as testemunhas do bullying, estão sujeitos a sofrer prejuízos na formação “psicológica, emocional e socioeducacional”.
Considera-se que os alunos que são vítimas das agressões, por um período prolongado de tempo, dependendo da intensidade do sofrimento vivido e não conseguindo superar os traumas causados, dependendo da característica individual de cada um, tendo dificuldade de se relacionar consigo mesma, com o meio social e com a sua família, poderá ter pensamentos destrutivos, alimentados pela raiva reprimida, em consequência nasce o desejo de cometer suicídio.
Outras vítimas, após anos de sofrimento, chegam ao limite de suas forças, e não suportando mais as humilhações sofridas, revolta contra a escola e, movido por ideias de vingança, resolve explodi-la. Pedra (2008), comenta que o primeiro procedimento adotado pela escola deve ser treinar os profissionais de segurança, recepção e limpeza a identificar objetos e correspondências suspeitas.
Muitas vezes, o aluno pode enviar o material explosivo para a escola sem identificação ou deixar o embrulho em algum local, como pátio ou banheiro. É importante também que os professores e a direção escolar observem se os alunos têm marcas de queimadura ou lesões que evidenciem experiências com explosivos.
Em se tratando de dificuldades emocionais das vítimas, podem alterar suas relações sociais com os professores e colegas, apresentando baixa auto-estima e dificultando o processo educacional, tendo uma queda excessiva no rendimento escolar, desinteresse pelos estudos, “déficit de concentração” e de aprendizagem, reprovação e em muitos a evasão escolar.
Fante (2005, pg.79), baseado nas pesquisas do professor Dan Olweus, “diz que há uma grande possibilidade da criança vítima de bullying a se tornar depressiva, aos 23 anos de idade, transformando-a em um adulto com dificuldade de relacionar e prejudicando sua vida acadêmica”.
Ainda, segundo a autora esclarece que, quanto às consequências do bullying sobre os próprios agressores, de ambos os sexos indicam que eles podem adotar comportamentos delinquentes, como a agressividade sem motivo aparente, uso de drogas e armas ilegais, furtos, formação de gangues, chegando com facilidade a marginalidade. A participação das meninas nessa fase é pouco menor que a dos meninos.
Os agressores que exercem esses comportamentos delinquentes, normalmente se distanciam das atividades escolares, supervalorizando a violência como uma forma natural e o prazer de se sentir poderoso.
As testemunhas da conduta do bullying abrangem a maioria dos alunos, mesmo não se envolvendo diretamente.
Segundo a ABRAPIA as testemunhas também se veem afetadas por esse ambiente de tensão e acabam sofrendo suas consequências, tornando-se “inseguras” e temerosas, podendo desta forma comprometer sua aprendizagem escolar, em alguns casos elas possam vir a se tornar as próximas vítimas. Isso acontece, porque o direito que elas tinham a uma escola segura e saudável foi corrompido, na medida em que bullying foi afetando os demais envolvidos.

2.1 Papel da Família

Segundo Moreno (2002, p.251), os valores “são um dos traços mais importantes do aprendizado no seio familiar”. Diante do que se tem comprovado por meio de estudos e pesquisas de autores, das ciências sociais, a família é a primeira escola de saber, de civismo e cidadania, é no lar que a criança aprende a ter interesse pela vida, e ter confiança em si mesma, e acreditar que se pode seguir em frente. Educar em valores só é possível quando existe um amor verdadeiro em seu sentido mais profundo.
Segundo Pedra (2008, p.123), o afeto entre os membros de uma família é o começo de toda educação estruturada, por isso, se torna importante encontrar um tempo para a convivência saudável, especialmente com os filhos, mantendo um diálogo constante. Procurar conhecer o mundo deles e deixá-los que conheçam o seu. É essencial que os filhos encontrem em casa um ambiente de amor e aceitação, favorável a que se expressem, tanto sobre seus triunfos e suas conquistas como sobre seus fracassos e suas dificuldades, nos relacionamentos, nos estudos ou em relação a si mesmo.
Portanto é no ambiente familiar sólido que a criança deve criar relacionamentos significativos e duradouros sendo capaz de desenvolver atitudes e valores humanos, sabendo respeitar e aceitar as diferenças de cada indivíduo, assim a criança aprenderá a lidar com seus próprios sentimentos e emoções, suprindo suas necessidades de amor e valorização, valores que ajudarão no desenvolvimento de habilidades de autodefesa e alto-afirmação.

Quando a família abre mão desse aprendizado abre também espaço para a violência, para as atitudes que enfraquecem e isolam atrás de grades, muralhas e guaritas. A violência que invade ou nasce no espaço familiar se expande para todos os outros seguimentos da sociedade como uma teia de relações destrutivas que se reproduz e contamina os ambientes e as pessoas. (CHALITA 2008 p.168)

Geralmente os pais procuram o melhor para seus filhos, acreditando que eles são capazes de sair bem em tudo que fazem, são considerados inteligentes, saudáveis, educados e desenvolvidos, despertando a vaidade e o orgulho da família, portanto, os filhos nem sempre correspondem à imagem predeterminada pelos pais. Essas crianças muitas vezes não são os melhores da sala de aula, são retraídos, tímidos, podendo ter limitações físicas, emocional ou intelectual. Geralmente na escola não é diferente, os professores esperam receber alunos bonitos, inteligentes, interessados e disciplinados. Quando isso não acontece a não aceitação pelos professores e colegas, causa grande frustração para o aluno que pode gerar a exclusão e a ridicularização.
Em muitas situações os filhos podem trazer à tona grandes sentimentos não resolvidos pelos pais somando com todas as outras frustrações não terão condições de lidar com seus próprios desejos, e agradar a outros indivíduos.
Fante (2005, pg.76) comenta que, quando os filhos são vítimas da conduta bullying no ambiente escolar, é essencial evitar não culpá-los por incidentes que estão acontecendo nas dependências escolares. Porém, o excesso de mimos pode fazer com que a criança se torne chata, egoísta ou até agressora, geralmente não conseguindo seguir as regras de viver em grupo.
Demonstrar segurança é uma forma da criança reduzir as chances de um agressor vir a escolhê-la como alvo. Os pais devem orientar os filhos a manter a postura firme, enfrentar os olhos do agressor não como afronta, mas para mostrar segurança e firmeza. Procurar ser sempre educado, desprezando as brincadeiras de mau gosto, mostrando ter coragem, não chorar, nem demonstrar tristeza. O choro pode ser sinal de fraqueza, por isso a criança deve manter o mais distante possível do agressor.
Segundo o pensamento da autora, é comum encontrar pais que, ao saber da vitimização dos seus filhos, rotula-os de “fracotes”. Infelizmente, isso acontece em muitas famílias. Não somente os pais, mas outros integrantes da família colocam a vítima em uma situação de inferioridade ainda maior, são expostas em frente a irmãos e colegas de escolas, amigos da família ou vizinhos, fazendo comentários maldosos, tornando-os responsáveis pela falta de competência para lidar com a situação difícil em que se encontra.
É importante que os pais acompanhem e direcionem a vida escolar de seus filhos, que saibam corrigi-los nos momentos certos, e estimular quando for necessário, abrindo espaço para que falem abertamente sobre qualquer tipo de agressão que tenham sofrido ou praticado dentro da escola.
Os pais não devem obrigar seus filhos a enfrentar os agressores, muitas vezes não é a melhor solução, ele pode estar frágil, com isso poderá sofrer mais. É relevante procurar descobrir de onde vem às agressões e como fazer para amenizá-las oferecendo total proteção para seu filho.
Chalita (2008, p.183-184) relata que, quando os pais descobrem que os seus filhos são agressores, é importante manter um posicionamento firme, não ignorar a situação, nem fazer de conta que está tudo bem. É essencial que eles procurarem saber como ajudá-los, falando com os professores, com a direção da escola, com psicólogos ou profissionais da área, e sempre estar acompanhando o processo de evolução e transformação desse aluno.
É possível dizer que, o diálogo e a paciência são fundamentais para que os filhos compartilhem os momentos de fragilidade. É essencial que os pais evitem repreendê-los, castigá-los ou reagir com agressividade. A criança precisa de acolhimento, carinho, apoio e compreensão mesmo tendo conhecimento do acontecido. Procurando saber o que está causando estas atitudes que pode ser um problema recente ou vindo do passado. Ainda devem procurar usar estratégia para que seu filho saia do centro da violência mostrando à importância de pedir desculpas às pessoas que agrediu, para que possa reconhecer que errou e reparar esse erro. Criar situações colocando seu filho no lugar da vítima para que possa sentir a dor e angústia do colega. E Mostrar situações pessoais que trouxeram sofrimento.
Portanto, o papel dos pais é uma experiência cheia de satisfação e sentido que dura toda eternidade. Mesmo que os filhos cometem erros, sempre haverá motivos para reconhecer os pontos positivos, as decisões acertadas e os bons momentos que compartilham juntos.

2.2 Papel da Escola

Segundo Aramis Lopes Neto, coordenador do programa de bullying da ABRAPIA, “não se pode admitir que os alunos sofram violências que lhes tragam danos físicos ou psicológicos, que testemunhem tais fatos e se calem para que não sejam também agredidos e acabem por achá-los banais ou, pior ainda, diante da omissão e tolerâncias dos adultos, adotem comportamentos agressivos”.
Infelizmente estamos vivendo uma época em que a violência se torna cada vez mais presente em todas as instituições escolares.

A violência escolar nas últimas décadas adquiriu crescente dimensão em todas as sociedades, o que a torna questão preocupante devido à grande incidência de sua manifestação em todos os níveis de escolaridade. (FANTE, 2005 p.20)

As práticas de violência, discriminação e preconceito, vivenciadas pelos alunos no cotidiano escolar, têm se apresentado como um grande desafio para os professores, equipe gestora e toda comunidade escolar. Essas práticas, muitas vezes, podem causar dificuldades na aprendizagem e causar traumas ao longo da vida.
Acredita-se, que a prevenção começa pelo conhecimento. É preciso que as escolas reconheçam a existência do bullying e, sobretudo, esteja consciente de seus prejuízos para a personalidade e o desenvolvimento socioeducacional dos alunos.
Ainda há um grande número de profissionais da educação que não sabem distinguir entre condutas de bullying ou outros tipos de violência, por não ter um preparo para identificar e desenvolver estratégias pedagógicas para enfrentar os problemas no ambiente escolar.

O despreparo dos professores ocorre porque, tradicionalmente, nos cursos de formação acadêmica e nos cursos de capacitação, são treinados com técnicas que unicamente os habilitam para o ensino de suas disciplinas, não sendo valorizada e necessidade de lidarem com o afeto e muito menos com os conflitos e com os sentimentos dos alunos. (FANTE 2005 p.68)

Os professores deveriam ser preparados para educar a emoção dos seus alunos. Porém, muitos professores têm dificuldades emocionais para lidar com os problemas de maus tratos ou de violência que ocorrem dentro da sala de aula, e não tendo capacidade de lidar com esses problemas e de oferecer uma reposta eficaz a situação, acabam reagindo com agressividade.
A escola precisa capacitar seus profissionais para a observação, para que os mesmos possam identificar, diagnosticar e saber intervir nas situações do bullying ou até mesmo aos encaminhamentos corretos, levando o tema à discussão com toda a comunidade escolar e traçar estratégias que sejam capazes de fazer frente ao mesmo.
De acordo com Pedra (2008), além de todo o esforço da equipe escolar frente ao bullying, é preciso contar com a ajuda de consultores externos, como especialistas no tema, psicólogo e assistentes sociais.
Cleo Fante (2005), comenta que, a conscientização e a aceitação de que o bullying ocorre com maior ou menor incidência, em todas as escolas do mundo, independente características “culturais, econômicas e sociais dos alunos”, são fatores decisivos para iniciativas no combate à violência no contexto escolar. Para desenvolver estratégias de intervenção e prevenção ao bullying em uma escola, é necessário que a comunidade escolar esteja consciente da existência do mesmo, sobretudo, das conseqüências relacionadas aos envolvidos, a esse tipo de comportamento.
Desta forma, percebe-se que é primordial sensibilizar e envolver toda a comunidade escolar na luta pela redução do comportamento bullying.
Gabriel Chalita (2008), salienta que algumas atitudes simples por parte da direção escolar, podem ajudar a reduzir os casos de bullying no ambiente escolar. É necessário que toda equipe escolar, desde o primeiro dia de aula, esclareça sobre o que é bullying, e que não será tolerado condutas do mesmo nas dependências da escola. Todos os alunos devem se comprometer a não praticá-lo e a comunicar a direção escolar sempre que presenciarem ou forem vítimas da conduta do bullying.
É essencial que os professores promovam debates sobre bullying nas salas de aula, fazendo com que o assunto seja bastante divulgado e assimilado pelos alunos. Estimular os estudantes a fazerem pesquisas sobre o tema na escola, para saber o que alunos, professores e funcionários pensam sobre o bullying e como acham que se deve lidar com esse assunto.
Sempre que ocorrer alguma situação de bullying, procurar lidar com ela diretamente, investigando os fatos, conversando com autores e vítimas. É relevante que os profissionais da educação interfiram diretamente nos grupos de alunos envolvidos sempre que for necessário para “romper a dinâmica” de bullying, orientando os alunos a sentarem em lugares previamente indicados, mantendo afastados os possíveis autores de suas vítimas.
O mesmo autor comenta que, é relevante que os professores incluam na rotina escolar de seus alunos, estratégias que amenizem as causas do bullying. A dramatização é uma “ferramenta excepcional’ para fazer crianças e jovens vivenciarem papéis. É essencial discutir sempre as experiências depois de dramatizadas. O trabalho com filmes e letras de músicas também permite uma reflexão crítica e significativa, com possibilidade de minimizar as manifestações de comportamentos agressivos.
De acordo com Pedra (2008), as atividades em salas de aula em forma de redação onde os alunos são estimulados a falar no anonimato sobre a sua vida na escola, ou seja, seu relacionamento com os colegas ajudará a romper o silêncio e possibilitará a expressão de emoções e sentimentos.
O mesmo autor comenta que, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental é primordial trabalhar por meio de histórias ou fábulas que trabalhem o preconceito ou qualquer outra forma de exclusão e discriminação.
É essencial tanto a participação do professor quanto dos alunos. O professor de um lado tem o dever de transmitir o papel ético, problematizar valores e regras morais através da afetividade e racionalidade visando ao desenvolvimento moral e à socialização e os alunos o papel de entender e cooperar com as ações do professor. A escola, juntamente com os professores tem a função de trabalhar conteúdos relacionados aos valores, como o diálogo, o respeito, e a solidariedade.
Com o diálogo o professor faz com que os alunos agressores reflitam sobre suas atitudes agressivas e as consequências que podem gerar nos alunos agredidos. Fazendo-os refletir como deveria ser uma escola onde todos sentissem felizes, seguros e respeitados.
Ao trabalhar o respeito, tem como objetivo mostrar a diferença entre as pessoas, o respeito pelo ser humano independente de sua origem social, etnia, religião, sexo, opinião e cultura, bem como nas manifestações culturais, étnicas e religiosas. O respeito tem a condição necessária para o convívio social democrático.
Por mais que o professor seja presente e trabalhe com seus alunos o respeito mútuo, a justiça e a solidariedade, em sala de aula, é quase que impossível que não aja conflitos entre eles. Portanto, a escola deve estimular o ensino e o desenvolvimento de atitudes que valorizem a prática da tolerância e da solidariedade entre os alunos. O incentivo ao exercício da solidariedade é um fator motivador de mudanças, pois estimula a amizade, a cooperação e o companheirismo no ambiente escolar.
De acordo com Pedra (2008), há casos em que alunos praticantes de bullying se convertem em “alunos solidários”, passando a auxiliar seus colegas dentro e fora da sala de aula, em especial aqueles que outrora eram suas vítimas. Ou até mesmo as modificações na postura de alguns professores, que após reconhecerem as práticas do bullying decide mudar suas atitudes.

2.3 Como a escola deve denunciar os casos de Bullying?

Entende-se que, inicialmente os casos de bullying devem se resolvidos na escola, por meio de ações pedagógicas.
De acordo com Pedra (2008, p.110), quando a escola, não consegue solucionar o problema, “deve-se orientar o aluno agressor e aplicar a ele a pena prevista pelo regimento interno escolar, além de alertar seus pais ou responsáveis”.
Dependendo da gravidade do caso, deve-se encaminhá-lo diretamente ao Conselho Tutelar. Se houver lesão corporal, calúnia, injúria ou difamação, o pai ou responsável dever procurar uma delegacia de polícia para fazer boletim de ocorrência.
O autor, comenta que, é necessário sempre ter o cuidado para não expor crianças e adolescentes a situações constrangedoras no momento da revista pessoal. Se o aluno for menor de 12 anos, é preciso convocar um representante do Conselho Tutelar para dar os encaminhamentos legais. Se for maior de 12 anos, a polícia dever ser acionada para encaminhar o caso a Justiça.

2.4 Programas de Redução do Bullying no BrasiL

A mídia tem divulgado o tema bullying, principalmente após as tragédias ocorridas em inúmeras escolas de diversos países. Essas tragédias são resultantes dos sofrimentos das vítimas.
Segundo Pedra (2008, pg.56), já foram registradas no Brasil algumas tragédias em escolas tendo o bullying como causa principal, com envolvimento das vítimas que sofreram agressões. No interior de São Paulo um jovem atirou contra cinquenta pessoas durante o recreio da escola onde estudava, atingindo oito pessoas e em seguida se matou com um tiro na cabeça. Esse jovem era considerado gordo, pois estava acima do peso dos padrões estabelecidos pelo grupo. Era sempre ofendido, apelidado pejorativamente, e humilhado.
E que na cidade de Remanso, no interior baiano um jovem de dezessete anos protagonizou uma tragédia, após ser humilhado e ridicularizado na escola na frente dos colegas, foi até a casa de seu agressor um garoto de treze anos, e disparou um tiro em sua cabeça. Após a tragédia retornou a escola e tentou matar uma professora de que não gostava, sendo impedido por uma funcionária, que foi atingida com tiros na cabeça. No bolso do adolescente foi encontrado um bilhete dizendo que queria matar mais de cem pessoas e ser reconhecido na história como o “terrorista suicida brasileiro”.
Segundo o diário web (outubro de 2009), na cidade de Fernandópolis a Vara de Infância e Juventude determinou que dois adolescentes entre quinze e dezesseis anos cumprissem medidas sócioeducativa por tempo indeterminado, por ter cometido condutas de bullying. O juiz determinou que a medida fosse cumprida em semiliberdade. Os adolescentes foram punidos por terem agredido fisicamente um estudante de dez anos no pátio da escola, desde então eles estão internados provisoriamente na Fundação Casa (Antiga Febem). Por não existir o termo bullyin juridicamente, eles foram punidos por agressão.
No Brasil, o tema violência tornou-se prioridade em todas as escolas, motivo pelos quais inúmeros projetos e programas antibullying estão sendo desenvolvidos, com o objetivo de diminuir a violência nas escolas.
Na cidade do Rio de Janeiro, a ABRAPIA, que é uma organização não governamental, no ano de 2002 e 2003, em parceria com a Petrobrás Social, juntamente com 11 escolas, desenvolveu o Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre estudantes. O objetivo desse projeto era diagnosticar as situações de bullying entre alunos. Atualmente o “O Observatório da Infância” vem ampliando o trabalho de divulgação dos direitos da criança e do adolescente, dando continuidade nos projetos da ABRAPIA, que paralisou seus trabalhos devido à falta de apoio financeiro.
Fante, desenvolveu O Programa Educar para a Paz, que foi implantado nas escolas de São José do Rio Preto, composto de estratégias psicopedagógicas e socioeducacionais que visam à intervenção e a prevenção da violência nas escolas, com foque específico na redução do bullying nas escolas.
De acordo com Pedra (2008), atualmente no Distrito Federal o Cemeobes implantou o Programa Educar para a Paz em duas escolas, sendo composta por profissionais voluntários das áreas de Educação, Saúde, Segurança Pública, Assistência Social e Conselho Tutelar.
Segundo a ABRAPIA, a implantação de um programa para prevenir e reduzir o bullying, para que obtenha resultados positivos, é necessário saber que não existem soluções simples para a resolução do bullying, pois ele é complexo e variável. Entretanto, a cooperação dos professores, alunos, gestores e pais, é uma das formas de tentar prevenir o bullying nas escolas.

CAPÍTULO III

PESQUISANDO CONDUTAS DE BULLYING NAS ESCOLAS DE CRIXÁS-GO

A metodologia utilizada para o levantamento dos dados contidos no presente estudo é a Pesquisa Quantitativa, para tal aplicamos um questionário em quatro escolas públicas, com o total de duzentos alunos e seis professores. O objetivo do questionário era verificar se alunos já praticaram, sofreram agressões ou até mesmo tendo presenciado algum ato de violência e saber se os professores têm algum conhecimento sobre o bullying.
De acordo com os dados coletados tendo como base as bibliografias pesquisadas sobre como o bullying se manifesta, constatamos que nas escolas ocorrem atos de violências que se caracterizam bullying.

Gráfico n° 1

Você já praticou algum tipo de violência contra seu colega?

De acordo com as respostas dos alunos percebe-se que a violência nas escolas é um fator preocupante, pois um número significativo de alunos já praticou violência contra seus colegas. Isso fica evidente a necessidade das escolas trabalharem em parceria com as famílias para combater a violência no ambiente escolar.

Gráfico n° 2

Você já foi agredido por algum colega dentro da escola?

Diante desde quadro supõe que nas escolas a maioria dos alunos são ameaçados por seus colegas, considerando que essas ameaças podem ser verbal ou física. Como dissemos anteriormente é essencial que as escolas trabalhem em parceria com a família, para que possam minimizar as condutas de bullying no ambiente escolar.

Gráfico 3

Você já presenciou algum tipo de agressão feita por seus colegas de escolas contra outros?

Com já foi dito anteriormente a violência nas escolas é um fator preocupante, pois um número significativo de alunos já presenciou atos de violência entre alunos. Sendo que as testemunhas preferem ficar no anonimato para que não sejam as próximas vítimas.

Gráfico n° 4

Qual foi o local que ocorreu essas agressões com maior frequência?

De acordo com as respostas dos alunos, a sala de aula tem sido o lugar de maior incidência de agressões entre os colegas. Isso se justifica pelo fato da sala de aula ser um ambiente em que os alunos permanecem mais tempo juntos, com isso gerando conflitos que na maioria das vezes não são contornados pelos professores. Em segundo lugar é o pátio da escola, por ser um espaço em que eles estão mais para brincar e geralmente gera menos conflitos.
Conforme citado anteriormente, o objetivo do questionário aplicado aos professores era saber se os mesmos tinham conhecimento do bullying, e também comparar com os dados obtidos através dos questionários dos alunos.

Gráfico n° 1

Dentro de sua sala de aula aconteceu ou acontece caso de bullying?

A resposta dos professores realmente comprova o que os alunos disseram. O local de maior incidência de agressões no ambiente escolar é a sala de aula.

Gráfico 2

Você acredita que o comportamento causado pelo bullying pode trazer consequencias para os alunos envolvidos?

Todos os professores acreditam que as condutas do bullying podem trazer conseqüências para os alunos envolvidos em todos os sentidos. Isso nos mostra que é relevante a intervenção preventiva por parte da escola, juntamente com a família contra o bullying.

Gráfico n° 3

Você acredita que atitudes por parte do professor podem influenciar o bullying na sala de aula?

Todos os professores acreditam que atitudes docentes podem influenciar o bullying na sala de aula, diante disso é necessário capacitar os professores para que eles tenham conhecimento e saibam lidar com atos de agressividade no ambiente escolar evitando assim, as condutas de bullying.

Gráfico n° 4

Na sua vida acadêmica estudou alguma vez sobre bullying?

A maioria dos professores disseram que nunca estudaram sobre o bullying, por isso as escolas têm a responsabilidade de promover a capacitação continuada para suprir a falha ocorrida no curso de formação acadêmica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As escolas identificam apenas algumas possíveis características do bullying e dos personagens nele envolvidos, pelo fato do mesmo ser muito mais complexo do que se possa imaginar, tendo características diversas, pois se trata de uma violência repetitiva e intencional, que às vezes aparece escondida em pequenos atos, comprometendo o desenvolvimento do aluno.
A dificuldade em reconhecer o bullying pode ocorrer, também, porque as vítimas normalmente sofrem caladas, com medo de se expor à situação de repreensão. E, acabam ficando presas a tal violência, desenvolvendo diversos problemas em seu próprio desenvolvimento.
Muitos professores não conseguem identificar as manifestações do bullying, por não saberem reagir às situações referentes ao mesmo. Por este motivo, normalmente os alunos evitam expor o problema aos profissionais da educação, por entenderem que nada podem fazer para ajudá-los.
A família, juntamente com a escola pode ser o caminho para ajudar no processo de mudanças de ideias, comportamentos e valores no combate às condutas do bullying.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAPIA – Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Aramis Lopes Neto – coordenador.)

CHALITA, Gabriel Pedagogia da amizade – Bullying: O sofrimento das vítimas e dos agressores, Ed. Gente, 2008

FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz; Ed. Verus, 2005

——————————– PEDRA, José Augusto – Bullying escolar – Perguntas e respostas; Ed. Artmed, 2008

MORENO, Ciriaco Izquerdo – Educar em Valores
Ed. Paulinas – 2ª edição, 2002

Site de pesquisa:
www.bullying.com.br
http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Noticias/Educacao/505,,Adolescentes+sao+punidos+por+bullying.aspx
www.observatoriodacrianca.com.br
www.opopular.com.br

Autor: VERA LUCIA DAMACENA LEANDRO


Este texto foi publicado na categoria Educação Inclusiva e Especial.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

4 respostas para “BULLYING NO AMBIENTE ESCOLAR”

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