Esta pesquisa de monografia é resultado de estudos decorrentes no processo de graduação e de diversas observações realizadas sobre a educação cujos questionamentos foram levantados e um deles foi: por que as crianças apresentam dificuldades em diversas áreas de conhecimento, especificamente em ler, escrever e interpretar.
O objetivo desta monografia visa observar alguns tópicos que nortearam esta análise bibliográfica; por que as crianças brincam e de que forma? Qual a relação do lúdico no processo de ensino e aprendizagem? E como o lúdico, por meio da formação do educador, interfere neste processo.
Inclui um vasto estudo teórico a respeito das estratégias voltadas para o conceito histórico de criança, concepção sobre o cuidar, fundamentos sobre as instituições escolares e aborda o tema principal sobre conceitos de ludicidade e estudiosos que defendem este novo prazer lúdico como um de diversos instrumentos que podem ser contextualizados e que influenciam no desenvolvimento cognitivo e social dos educandos, agindo de forma dinâmica na relação de educandos e educadores no processo de ensino e aprendizagem.
Viram-se atividades nas quais foram observados conteúdos que envolvessem as brincadeiras lúdicas e que confirmam que as crianças aprendem com mais facilidade brincando.
No entanto, a ludicidade ajuda no aprimoramento da educação, pode ser crítica e criativa, de acordo com a demanda e realidade da sala de aula e, junto ao educador, desenvolve possibilidades que permitam aos educandos a experimentar situações que interferem no ensino bem como a importância de um educador mediando esta relação de ensino e aprendizagem com a ludicidade.
Palavras-chave: criança, escola, prazer, lúdico.
Introdução
A sociedade contemporânea ocidental vem sendo movida pelo interesse, pela instrumentalização do humano, pela negação do ócio e pelo controle mercantil sobre a produção e reprodução de bens materiais. Nesse mesmo modelo social, alegria e ludicidade presentes na vida comunitária e, particularmente, no brincar, acabam sendo vistos como “irrelevantes” e caracterizam-se como um jogo de passatempo.
Esta pesquisa de monografia visa relatar os dados obtidos pelas observações sobre a importância do lúdico no primeiro ano do ensino fundamental relacionado com o ensino e aprendizagem. Essa ludicidade é um assunto que tem conquistado espaço no panorama nacional, principalmente na educação, por ser um brinquedo a essência da infância e seu uso permitir um trabalho pedagógico que possibilite a produção do conhecimento, da aprendizagem e do desenvolvimento.
Estas observações foram resultados de diversos questionamentos como: por que as crianças brincam? Qual a relação do lúdico com o ensino e aprendizagem? Como a formação do educador interfere na interação do lúdico neste ensino? Todos embasados com diversas correntes teóricas e observações de diferentes turmas da referida escola. Utilizaram-se, para tanto, entrevistas e aplicação de questionários.
Como elementos de pesquisas metodológicas para as fundamentações que irão abordar o tema sobre o lúdico foram realizadas visitas na instituição particular de ensino de Boa Vista Roraima – a Escola Objetivo Macunaíma, foco de observações que suscitaram o trabalho de monografia.
Cabe aqui, portanto, ao realizar essas reflexões, contribuir para subsidiar ações baseadas em elementos lúdicos no processo educativo, em especial, na sala de aula com as diversas áreas de conhecimento. Para tanto se apresenta o estudo dividido em quatro capítulos assim delineados: o trabalho com o lúdico através da história; o lúdico e o resgate da história do sujeito; o lúdico na convivência escolar; a importância do lúdico no processo de ensino e de aprendizagem no 1º ano do ensino fundamental da Escola Objetivo Macunaíma.
No entanto, o sentido verdadeiro da educação lúdica só estará garantido se o educador estiver preparado para realizá-lo e a escola aceitá-lo como um recurso de conhecimento sobre os fundamentos da mesma.
Assim, a ludicidade e a criança caminham juntas desde o momento em que se fixa a imagem da mesma como um ser que brinca. Portadora de uma especificidade que se expressa pelo ato lúdico, a infância carrega consigo as brincadeiras que se perpetuam e se renovam a cada geração.
1. O Trabalho com o Lúdico Através da História
1.1. Historicidade da educação de crianças de zero a seis anos
A expansão da educação infantil ao ensino fundamental no Brasil e no mundo tem ocorrido de forma crescente nas últimas décadas, acompanhando a intensificação da urbanização, a participação da mulher no mercado de trabalho e as mudanças na organização e estrutura das famílias.
Por outro lado, a sociedade está mais consciente da importância das experiências na primeira infância, o que motiva demandas por uma educação institucional para crianças de zero a seis anos na inclusão da Lei de nove (09) anos.
Considerando-se as especificidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas das crianças de zero a sete anos, a qualidade das experiências oferecidas que podem contribuir para o exercício da cidadania devem estar embasadas nos seguintes princípios:
- O respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas, etc.;
- O direito das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética;
- A socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma;
- O atendimento aos cuidados essenciais associando à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade.
1.2. Concepção de crianças
A estes princípios cabe acrescentar que as crianças têm direito, antes de tudo, de viver experiências prazerosas nas instituições. A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e principalmente construtor de sua própria história, faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, momento histórico e concepção de regras.
É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. A criança tem na família, biológica ou não, um ponto de referência fundamental, uma base estrutural da multiplicidade de interações sociais que estabelece com outras instituições sociais e integrantes do grupo.
As crianças possuem uma natureza singular, que se caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo propriamente. Algumas se adaptam facilmente ou levam um tempo para adaptação. O que se deve considerar é que as crianças já trazem de casa um acervo de informações que pode ser utilizado a partir de uma construção significativa.
Essa relação baseia-se no fato de que a vida da criança é a fonte fundamental de aprendizagem. Nessa vivência, o sujeito envolve-se tanto que chega a interiorizar a experiência, contribuindo para formar o seu caráter e sua personalidade. Convém, pois, proporcionar à criança muitas e boas vivências.
E, no entanto, a escola adaptará essa criança num espaço criativo que instigue e leve à construção de conhecimentos partindo de sua realidade. Afinal, é brincando que as crianças se identificam neste espaço, elas mesmas fazem seu aprendizado tornar-se expressivo.
1.3. Preparação das escolas no âmbito social
O atendimento institucional à criança pequena, no Brasil e no mundo, apresenta um estado de análises que norteia uma reflexão sobre o ato pedagógico. A escola como um todo deve estar apta para o recebimento desses educandos de forma atrativa, espaçosa e dinâmica, oferecendo cuidados com a educação, segurança, saúde e alimentação, este último quando oferecido.
Já os educadores, na sua preparação escolar, devem estar bem informados sobre a realidade de cada educando, contextualizando a história de vida de cada um e tornando suas aulas mais significativas, levando em consideração todos os aspectos sociais, econômicos, emocionais e cognitivos.
Nesta preparação, terá a participação das secretarias de educação que mediarão recursos didáticos ou financeiros que facilitem o acesso à ludicidade, projetos que visem à construção de brinquedos com sucatas e demais situações que sejam de responsabilidade deste órgão educacional e que permeiam a ludicidade, os jogos e as brincadeiras na escola.
Atividades diversas, nesta perspectiva, só irão vislumbrar uma educação diferenciada cujos pais e comunidades apreciarão essa instituição. Exposições, feiras, indústrias de talentos servirão como um alicerce para externar essa ludicidade, desde que permita sua apresentação em um espaço apropriado para o resgate de brincadeiras e outros jogos que serão inseridos nas áreas de conhecimento.
Na mesma visão, a responsabilidade das secretarias e gestores deve se preocupar com os educadores, visando sempre capacitá-los ou informá-los sobre os temas atuais, preferencialmente sobre planejamentos e projetos que envolvam o lúdico, resgate de brincadeiras atuais e históricas junto às famílias, bem como informações citadas sobre a ludicidade.
Nesta linha de pensamento, enfatiza-se sobre a sua importância, seus meios, estudiosos que defendem, recursos que fazem do lúdico, enfocar as necessidades de se trabalhar com esse tema atual na sala de aula, mostrando a participação deste tema em todas as etapas da educação escolar.
De posse dessas informações, os educadores prepararão suas aulas de forma mais dinâmicas e atrativas, relacionando as áreas de conhecimento com a ludicidade através de uma fusão de significados condizentes à realidade que os educandos e a sua história se completam.
Portanto, escola: professores, gestores e sua equipe deverão estar conscientes de seu papel nesta transformação da educação, os conteúdos acompanhados com a ludicidade farão um grande avanço na relação de alunos e professores, dando uma nova qualidade e um significado ao ensino e à aprendizagem.
2. O Lúdico e o Resgate da História do Sujeito
Do ponto de vista histórico, a dimensão lúdica se destaca a partir da época em que a criança, no seu cotidiano, está inserida num espaço em que a mesma ocupa numa dimensão social específica. Na educação em que se encontra e as relações sociais que mantém com o seu mundo.
Diversos estudos clássicos destacam a determinação das origens brasileiras na mistura de três raças ou na assimilação progressiva, nos primeiros séculos, das raças vermelha e negra pela raça branca, na figura dos primeiros portugueses colonizadores.
Foi graças a esse cruzamento, estimulado pela ausência de preconceitos raciais, que no Brasil se misturaram às raças brancas, ameríndias e africanas na formação do povo brasileiro. Posteriormente, continuou o cruzamento com povos europeus e asiáticos, produzindo a grande heterogeneidade da composição populacional de hoje em dia.
Com essa mistura das populações veio também seu folclore. Ao longo do processo de miscigenação, o folclore brasileiro recebeu nova cor, tomou novos aspectos. Mas o que havia de português permaneceu e perdurou.
Foram através desses primeiros colonizadores que a ludicidade veio unida com o folclore lusitano, incluindo os contos, histórias, lendas e superstições que se perpetuam pelas vozes adocicadas das negras, e também jogos, as brincadeiras de roda, festas, técnicas e valores.
Em virtude da ampla miscigenação étnica a partir do primeiro grupo de colonização, fica difícil precisar a contribuição específica de brancos, negros e índios na ludicidade no Brasil. Quem de fato deu origem à ludicidade nas instituições de ensino (Kishimoto, 1997).
Surgem as primeiras construções lúdicas em algumas regiões e povos: as pipas ou papagaios, transformando-se em brinquedos infantis e diversas outras brincadeiras que se misturaram e se tornam presentes até hoje nos dias atuais. Podendo ser construídos bem como industrializados.
Avaliado como parte da cultura popular, a ludicidade guarda a produção espiritual de uma sociedade em certo período histórico. Não se conhece a estirpe do jogo, estima-se que foram executadas por adultos, realizações de romances, poesias, mitos e formalidades religiosas.
Considera-se que povos antigos como os da Grécia e Oriente brincaram de amarelinha, de empinar papagaios, jogar pedrinhas, e até hoje as crianças o fazem na mesma organização. O lúdico tem a sua origem na palavra latina “ludus” que quer dizer “jogo”. Se estivesse limitada a sua estirpe, o termo lúdico estaria se limitado apenas ao jogar, ao brincar, à animação espontânea, ressalta Kishimoto (1997).
A historicidade semântica da palavra “lúdico”, todavia, não se limitou apenas às suas origens e acompanhou as abordagens da Ciência – Psicomotricidade. A ludicidade passou a ser vista como um marco histórico importantíssimo de psicofisiologia do comportamento humano.
Friedrich Froebel enfatiza um conceito sobre o lúdico:
A vista disso, o conceito de “lúdico” deixou de ser um pueril sinônimo do jogo. As implicações da precisão lúdica excederam o perímetro do brincar espontâneo, passando a necessidade básica da personalidade do corpo e da mente.
A ludicidade faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana, caracterizando-se por ser espontânea, funcional e satisfatória, levando à realização de diversas atividades que englobam a criança dentro de sua especificidade, contribuindo para uma satisfação pessoal.
Portanto, a ludicidade pode ser um tema atual, porém já era um tema estudado há muito tempo atrás, visto numa abordagem restrita à Educação Física e presente somente nessas aulas, sem vínculo a outras áreas de conhecimento.
2.1. O brincar e a história cultural
O brincar é um recurso que as crianças utilizam para exprimir e elaborar etapas de conteúdos de sua cognição, fato, vida, sentimentos. Além de ajudar no desenvolvimento motor e cognitivo.
O brincar é como uma especificidade da infância na iconografia de tempos passados. Crianças do tempo passado brincavam de tambor, enquanto umas crianças da zona rural brincavam de pegar passarinho, subir nas árvores, nadar nos rios, as meninas brincavam de bonecas, sugerindo uma atmosfera de liberdade, de intimidade, onde tipicamente brincam de “mãe e filha”.
O faz de conta que as crianças representam através da ludicidade permite externar o meio em que as mesmas estão inseridas, as relações sociais que começam a perceber entre papéis de mãe e filha.
As brincadeiras passam por uma grande transformação conforme a criança cresce e adquire uma abordagem mais sofisticada. Quando bebê, o brincar está muito associado à exploração do espaço em que está inserido (tão novo e conhecido), ao conhecimento (brinca com as partes de seu corpo) e à aquisição das primeiras habilidades motoras.
No mesmo aspecto, quando a mãe pega um paninho e esconde seu rosto dizendo “cadê a mamãe?”, e logo afirma: “achou a mamãe!”. Esta inclui as brincadeiras de ausência e presença, ao se afastar do bebê por algum tempo quando deve se deslocar ao afastar de sua visão, procurando estabelecer uma tranquilidade.
O brincar dentro das brincadeiras simbólicas permite reviver cenas que foram difíceis e, na fantasia, modificá-las. Por exemplo, a criança revive os momentos que se passaram durante uma visita a um dentista, brincando, podendo retroceder a situação que lhe causou um impacto de afastar-se da real situação, logo, o jogo desta brincadeira constantemente, passará a voltar ao dentista sem receios.
Outras situações do ato de brincar estão na percepção de encenação da convivência do dia a dia das crianças, preparando-as para a vida adulta. Encena o que é ser pai, mãe, filhas e outros personagens frequentes no seu universo infantil, revivendo circunstâncias que acontecem no seu cotidiano.
O brincar representa também as emoções que ocorrem ao seu lado, podendo fazer de conta que é uma mãe muito brava – assim como a sua, nesta vertente tenta assimilar o porquê dessas emoções. Nesta linha de pensamento, o brincar também reflete a diferença entre os sexos na forma de brincar.
Esta afirmação retrata que algumas evidências dizem respeito da identidade sexual, sofrendo influências conforme o convívio das crianças. Todas as meninas, no início do seu brincar, brincam de casinha, escola, encenando o que corresponde ao que a sociedade espera delas.
No entanto, os meninos implicam a ação de brincar com a comparação e medição de forças, refletidas e espelhadas em super-heróis, lutas, bonecos com poderes especiais, conduzindo numa influência que identificará, no futuro, sua masculinidade.
A brincadeira repassa para as crianças valores que a sociedade acredita serem importantes, para as meninas ressalta que seu ato de brincar seja de forma delicada. Enquanto para os meninos, estes não podem ser chorões ou delicados e, principalmente, na forma de expressar seus sentimentos.
A sociedade obriga que suas brincadeiras, a dos meninos, sejam envolvidas com carros, envolvam futebol, jogo de vídeo game, desconsiderando a verdadeira essência do brincar. Os reais objetivos da brincadeira e seus valores de companheirismo, liberdade e expressão.
Quando ocorre que a criança venha brincar com brinquedos que não condizem ao gosto que a sociedade dita como normal, ou seja, menina brinca com bola ou menino com boneca, isso não significa necessariamente um problema. Isso ocorre pelo simples fato de gostar por gostar e que um adulto pode não estar por perto, ou que as crianças estejam próximas de crianças do seu oposto.
Em outros casos, a ação do brincar desta forma, em suma, pode refletir um pedido de ajuda de um especialista, pelo simples fato das crianças terem uma mãe que não se casou, não se arruma, evita os homens, apresentando dificuldade de lidar com sua própria sexualidade. O que a criança vincula o problema de sua mãe a si própria através de suas ações nas brincadeiras.
Quando a pré-adolescência e a adolescência chegam, as brincadeiras diminuem, o jovem consegue diferenciar as fantasias das brincadeiras e expressam-se com facilidade tanto verbal quanto fisicamente, características desta fase. Um adolescente que brinca como uma criança necessita procurar um tratamento.
Nesta linha de pensamento, junto às crianças, uma grande aliada a essas brincadeiras seriam as escolas no que diz respeito aos conhecimentos adquiridos pelas crianças e sua vivência antes do ingresso na instituição, constituindo um dos males educacionais, deixando o brincar de lado e esquecido, refletindo um brincar de forma fria e puro passatempo.
Neste sentido, é admissível presumir que uma modificação na forma de abranger a criança impulsiona transformações educacionais na abordagem pedagógica com os conteúdos infantis. O desafio dado ao ensino formal (nas escolas) é como versar metodologicamente dessa manifestação, analisando suas potencialidades e suas contradições.
Para tanto, é importante atentar para as feições assumidas pelas brincadeiras cantadas e lúdicas de forma geral na transmissão de saberes (em particular da cultura corporal) na esfera informal (rua, casa, igreja, trabalho) e formal (escola).
Freire (1945, p. 43) ressalta que a escola pensa estar educando para o aprendizado dos símbolos, e estes, representados pelos números, letras e outros sinais, são reconhecidos socialmente. Considerando que a procedência de brincar implica em diversas áreas de conhecimento e atinge todas as partes do cognitivo, social e o emocional.
No entanto, se esquece de que as crianças não deixaram de ter seu mundo particular (sua rua, casa, clube) ao ir à instituição educacional, cujos símbolos procedem aos universais, através de imagens criadas por elas como forma de representação do real.
E acrescenta que estes constituíram o dispositivo mais forte de proteção do ser humano. Deste modo, quando a criança se oferece ao faz-de-conta, passa a aprender, na visão do autor, aquilo que mais deve ser instruído entre os humanos: a simbolizar. Portanto, assegurar o autor Kishimoto (1989, p.13), “negar a cultura infantil, é no mínimo, mais uma ofuscação do sistema institucional educacional”.
Um dos fundamentais motivos do acontecimento do furto do lúdico na infância, alerta Marcellino (1996, p. 37), talvez seja a passagem de ponderar a criança como um adulto em miniatura, cuja acepção seria prepará-la para o futuro. Sempre preocupados em transmitir a realidade e as exigências que o mercado de trabalho está propondo.
Mas faz-se uma ressalva nas afirmações do autor, “o mundo do brinquedo, em sua essência, não se prende à preparação sistemática para o futuro, todavia à vivência do presente, do agora”. As crianças precisam viver a essência de cada dia e experiências únicas que são vividas somente por elas.
Nesta demanda, entende-se que a criança, na sua infantilidade, é produtora de sua própria cultura, viabilizando tempo e espaço para esta produção, confirmando o direito de brincar, permitindo diversificadas experiências e contribuindo para sua formação como ser humano atuante e consciente de seu papel na sociedade em que vive.
Nesta perspectiva, a brincadeira pode ser compreendida como uma ação lúdica com predominância da reflexão em imutável inter-relação com o jogo, sobressaindo nesta organização da atividade por meio de regras ou combinações. De acordo com os estudos de Rocha (2000), na educação infantil, educadores afirmam reconhecer no jogo uma superioridade no que diz respeito à brincadeira.
Outro autor, Oliveira, defende a diferença de brinquedo e brincadeira a partir de uma linha teórica: uma vislumbra a brincadeira como sinônima do brinquedo (o brinquedo não é apenas o palpável, concreto, no entanto o seu ato no brincar), em outra dimensão destaca a brincadeira como o vivencial, o entretenimento, e não o componente em si, sendo o brinquedo apenas um instrumento utilizado para brincar (boneca, casa, bola, pipa, pião, etc.).
Considerando esta tipologia dinâmica, as brincadeiras na vertente do brincar, as brincadeiras cantadas são entendidas como formas lúdicas de brincar com o organismo no princípio da relação estabelecida entre o movimento corporal e expressão verbal, como músicas, frases, palavras ou sílabas ritmadas.
Desta forma, as brincadeiras cantadas integram-se na cultura popular ou nascem na sociedade atual, representando uma possibilidade de potencializar o “lúdico” no argumento educacional, manifestadas ora pelo ludus (comum na condução sistematizada das brincadeiras na sua ação de brincar, quando esclarecidas e ensinadas) ou pela paidia (presente como um laboratório de criação).
O brincar acentua uma diversidade de movimentos, condutas, permissões dos companheiros e fantasias que envolvem a criança no seu cotidiano de “faz-de-conta”, ao mesmo tempo tão real e verdadeiro. De fato, as crianças residentes em favelas, suas brincadeiras se destacam pela polícia e ladrão, se comparadas às da fazenda como o brincar de animais, pularem em árvores, tomarem banho de rios, etc.
É brincando que as crianças buscam abranger e dominar os fatos fora de seu alcance. Não esquecendo que são nas brincadeiras que permitem a transcendência da realidade imediata, haja vista a presença, mesmo que minoritária, de outras situações sociais que constituem intercâmbio com o dia a dia que as crianças costumam presenciar.
Em suma, é geralmente, por meio de jogos que as crianças brincam socializando-se e expondo as suas memórias, estabelecendo não apenas a educação formal, bem como a produção cultural comum. Para Pinto (1997, p. 65), as crianças constroem os seus mundos sociais, isto é, constroem o espaço que as rodeia e a sociedade mais vasta em que vivem.
3. A Formação dos Educadores Integrada à Ludicidade na Sala de Aula
Muitos educadores simplesmente deixam brincar, outros tomam tão a sério a associação entre o ensino e aprendizagem com brincadeira que acabam por fazer acontecer 02 ou 03 vezes por semana.
Dependendo da situação e organização do planejamento condizente à realidade dos educandos e escola, os educadores preservam sempre a individualidade de cada criança. Sempre com a preocupação de interdisciplinar o lúdico sem esquecer a essência da brincadeira e seus objetivos a serem almejados.
A vista disso, a necessidade de se ter profissionais capacitados no seu trabalho. Preocupados em fazer um ensino com diferença e qualidade, incluindo sempre dinamismo em suas aulas, tornando-as atrativas. A vista disso, é preciso uma sensibilização de ambas as partes: sistema e educador, procurando atender às necessidades da educação.
Enquanto os educadores permitam o brincar, desde que dirigido, as crianças deixam aflorar o lado mais sensível, a profunda paz de espírito e, sem perceber, faz-se uma terapia grupal contando com as novas experiências vividas na essência do lúdico na sala onde o educador será capaz de diagnosticar as reais necessidades que o educando apresenta.
Entretanto, o fato indica que as modificações inseridas excepcionalmente pelos docentes sem a cumplicidade da criança – parecem não surtir resultado no habitual.
Felinto (2000) ressalta que as transformações externas realizadas por adultos em algumas características da brincadeira, especificamente na música que integra as brincadeiras infantis, costumam não se enraizar, observa-se nesta cantiga de roda numa versão “politicamente correta”.
A ocasião desta versão dentro de uma demanda lúdica não se encontra em diversas escolas e regiões, a versão anterior é mais forte, isso significa que o folclore infantil combate à modernidade, aos seus sistemas de ideias e tecnologias com mais vigor do que geralmente se imagina.
Nesse sentido, resume Fernandes (1998, p. 62), essas brincadeiras de roda sobrevivem a uma continuidade sócio-cultural. O “contexto histórico-social se modifica, está afirmado; no entanto, preservaram-se situações que asseguraram vitalidade e influência dinâmica aos elementos folclóricos.
Assim sendo, não se prioriza as fórmulas do resultado, todavia, o que permanece são as representações da vida, dos valores, do mundo simbólico e moral da criança. Portanto, os educadores, a recriação de uma ação lúdica dentro de uma educação não-formal (recreação) e educação formal (escola) não podem ser vistos sem ter um mero conhecimento e vivência daquilo que se deseja superar.
Em suma, não se pode fazer relação do vir-a-ser no processo educativo formal antes de ir ao encontro das coisas como de fato elas sejam na manifestação popular. Nesse sentido, é necessário tornar as suas aulas e suas práticas mais atrativas na seguinte forma:
- Despertar anseios dos educandos pelas manifestações culturais e pelo reconhecimento das abordagens sugeridas e desenvolvidas nas brincadeiras;
- Entender a brincadeira cantada como meio de educação, ludicidade, desenvolvimento rítmico, musical e gestual de contribuição ao mundo de movimento dos indivíduos;
- Perspectivar as brincadeiras cantadas como acervo de simbologias e probabilidade de comentário de sentidos e conotações que possam recomendar;
- Visualizar a brincadeira cantada como mina de análise e informação, especialmente das mudanças do próprio brincar, da infância e do lúdico;
- Oportunizar aos educandos o contato com brincadeiras cantadas diferenciadas que direcionam tanto para o ato de jogar, quanto a dançar, a dramatização e a mímica, enaltecendo as suas possibilidades culturais.
Para esse trabalho com brincadeiras nesta característica cantadas, o educador deve levar em consideração e o cuidado com o ensino da letra, a discussão do tema abordado, o respeito à faixa etária, contextualizar a brincadeira (histórico, época, formas de realização e transformação acerca da música), ensino da melodia, construção de gestos feito em trabalho em equipe e, finalmente, recriar esta brincadeira e levando a nova forma de estruturação da mesma.
Os educadores precisam ser dinâmicos, terem iniciativas e, principalmente, inovadores, sempre com a intenção de almejar grandes sonhos. Porque nossos educandos espelham no seu trabalho alguém de suma importância para eles, por isso a necessidade de mostrar aulas um tanto atrativas.
Alguns alunos adoecem com a rotina estafante na escola, tarefas, cargas de obrigações, disciplinas rígidas, desvinculando sempre da cultura vivida pelas crianças. Por conseguinte, não se pode permitir a negação do lúdico a essas crianças, pois é o mesmo que lhes negar a sua cultura, à vista disso, o brincar começa em casa e a escola só vai dar continuidade neste processo.
Assim, sendo fundamental a relação aluno x professor para o sucesso do lúdico. Uma forma de planejar sempre estratégias que despertem tal interesse nas áreas de conhecimento.
3.1. Criatividade e ludicidade: uma combinação perfeita
A ludicidade é um assunto que tem conquistado espaço no panorama nacional, cuja criança se torna criadora porque, além da sua necessidade de exprimir seus sentimentos, precisa relacionar-se com o mundo.
Foi através da criatividade que o homem solucionou os problemas do seu cotidiano, como criar armas para caçar, obter alimentos e roupas, descobrir o fogo para se aquecer. Avançando e buscando diversas formas para melhorar a sua condição de vida.
A criatividade humana manifesta-se pelo progresso conquistado pelo homem em todos os campos da vida. Em qualquer profissão, a criatividade está presente. No plano individual, a criatividade torna o homem um ser mais acessível para realizar experiências enriquecedoras, para expressar e ativar sua capacidade, para ser feliz.
Marcellino (1991) diz que “este novo prazer lúdico deve ser crítico e criativo, desenvolvendo possibilidades de novos valores, questionamentos de situações vigentes e do furto do componente lúdico da cultura da criança”. É comprovado que a evasão escolar e a repetência se dão ao caráter imposto do trabalho escolar.
Isto ocorre muitas vezes por falta de valores do lazer na escola e educadores qualificados para assumir tal tarefa. São diversas as formas de brincar, porém são poucas as quais possuem objetivo e direcionamento.
Por isso, a ludicidade abre um leque de experiências que a criança vivenciará e será única, com características pessoais e que servirá como base na relação qualitativa no ensino e aprendizagem, tornando-a significativa. Junto ao educador como mediador desta relação.
4. O Lúdico na Convivência Escolar
O presente estudo vem repensar a prática que se executa na sala de aula, analisar a relação do lúdico como facilitador da aprendizagem na sala de aula. Foi possível mostrar o quanto o lúdico pode ser um instrumento indispensável na aprendizagem, nas relações sociais, no desenvolvimento e na vida das crianças, tornando-se evidente que os docentes e futuros educadores devem e precisam tomar conhecimento de alguns conceitos.
O resgate da sensibilidade humana, do conhecimento contextualizado, da implementação do “lúdico” como caráter recreativo tem que se fazer presente nas escolas. De um modo geral, os educadores reconhecem a importância do lúdico no desenvolvimento infantil, percebendo seu papel na construção do Eu e das relações interpessoais.
A partir disso, ressalta-se a importância do lúdico e como ele, os jogos, os brinquedos e as brincadeiras podem ser importantes para o desenvolvimento e para a aprendizagem das crianças. Inclusive tendo sido confirmado por alguns educadores que possuem conhecimento acerca do tema e que é possível reunir dentro da mesma situação o brincar e o educar.
Convencê-los dessa importância na aprendizagem é mais difícil, à vista disso, tanto nas escolas públicas quanto nas privadas, pois necessitam obter maior conhecimento e sensibilidade no sentido de desmistificar o papel do “brincar”, que não é apenas um mero passatempo, porém objeto de grande valia na aprendizagem e no desenvolvimento das crianças.
Por muito tempo, a sociedade considera a escolinha e a creche como lugares de brincar, enquanto que a escola nas séries iniciais é lugar de estudar. Sabe-se que são nos primeiros contatos que a criança desenvolve seu cognitivo, suas emoções e seu social com os demais integrantes do grupo a qual está inserida.
Nesta linha, já se podem incluir as brincadeiras, porque elas descobrirão o quanto é gostoso brincar, rolar, pular, saltar e até mesmo realizar atividades de grupo, despertando interesse em retornar às escolas ou creches. No auge da infância, o que elas mais necessitam é brincar, por isso o resgate de brincadeiras que despertem a participação e interesse dessas crianças.
É notório que ao negar à cultura lúdica infantil se estará negando a capacidade crítica e criativa da criança. Nesse contexto, Huizinga (1971) posiciona-se no sentido de que “o lúdico é uma manifestação cultural e é através da ludicidade que a criança irá expressar sua bagagem cultural e construir novas culturas”.
A grande preocupação então seria extravasar com o lúdico essas ricas informações que os educandos trazem de casa. Antunes (2001) afirma:
Embora a sociedade reconheça a importância da cultura lúdica infantil, expõe Barros (2002) “restringe o tempo e o espaço para a criança brincar, bem como reduz esta cultura ao consumo, transformando o brinquedo em uma mercadoria”.
Devido à sociedade capitalista e consumista que se tem, preocupa-se em dar o pronto e acabado que se esquece de construir, que é a linha de pensamento do lúdico. Desta forma, Marcellino (1991) destaca que:
Neste sentido, destaca-se a necessidade de “valorar” a cultura lúdica da criança, pois brincar é uma necessidade, uma arte, um direito que juntamente com os requerimentos básicos da alimentação, saúde, moradia e educação são vitais para o desenvolvimento potencial de todas as crianças. A ludicidade proporciona condições de humanização e solidariedade à criança e aos adultos, contribuindo para sua evolução enquanto pessoa humana.
Assim, ressalta-se a importância dessa valorização no âmbito escolar mediante a construção de jogos, brinquedos com sucatas e o resgate das brincadeiras, às quais permitam à criança vivenciar e manifestar sua natureza singular. Barros (2002) explica que:
A brincadeira e os jogos por si apresentam uma série de alternativas que auxiliam na construção do conhecimento, cuja criança apropria-se deste conhecimento de uma forma muito agradável e interessante. No jogo, brincando, ela mesma consegue avaliar seu crescimento e sente-se naturalmente desafiada a ir adiante.
Portanto, não há dúvida de que as atividades lúdicas bem apropriadas e desenvolvidas pelas crianças permitem a construção de um sentido que acompanha uma perspectiva de vida. Assim, vamos propor um novo “jogo”, uma nova ideia, um novo olhar a ser implementado na escola como método, técnica e recursos pedagógicos com os objetivos de ensinar e aprender prazerosamente.
Neste sentido, a escola é fundamental neste processo de resgate da ludicidade com sucatas, jogos e brincadeiras, uma vez que algumas instituições têm contribuído. Reconhecendo que a participação em jogos propicia a formação de atitudes, no que refere ao respeito mútuo, cooperação, obediência às regras, senso de responsabilidade, iniciativa pessoal e grupal, bem como favorece o desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo.
E, jogando, a criança aprende o valor do grupo como força integradora e o sentido da competição salutar e da colaboração consciente e espontânea. Portanto, o lúdico, as brincadeiras e os jogos são atividades sérias, de fundamental apoio para a formação de seres integrais, tendo papéis muito importantes para a inclusão social.
4.1. A Importância do Lúdico no Processo de Ensino e de Aprendizagem no 1º Ano do Ensino Fundamental da Escola Objetivo Macunaíma
O presente trabalho mostrará através de observações como os alunos do 1º ano do Ensino Fundamental do Colégio Objetivo interagem com os docentes e qual o grau de receptividade em relação ao trabalho com a ludicidade proposta nas atividades.
Abordará o conjunto de fatores pedagógicos, afetivos e curriculares, enfatizando seus princípios fundamentais para um relato coerente com a pretensão de colocar alguns questionamentos que poderão gerar novas experiências no âmbito educacional, onde requer uma reflexão sobre a importância do lúdico, do brincar e a relação de professores x alunos nos momentos significativos no processo ensino-aprendizagem.
Cabe lembrar que estas experiências partem do aspecto de reflexões que esta pesquisa encadeou em seus objetivos específicos, confiando ter a ação educativa como resposta sensível nas hipóteses almejadas.
Durante a visita realizada no Colégio Objetivo Macunaíma, observou-se que 90% dos docentes utilizam o lúdico de maneira sistematizada, que não é mais uma realidade distante vivenciada na sala de aula. As brincadeiras vivenciadas no período de observação e entrevista foram direcionadas com intenções voltadas às áreas de conhecimento de forma interdisciplinar.
As educadoras são orientadas pela coordenação pedagógica a construir jogos e se sentem realizadas através desta ferramenta, com a certeza de que seus objetivos foram plenamente alcançados, porque conseguem ver a motivação, o envolvimento e a aprendizagem significativa de seus alunos na execução da tarefa proposta, mesmo que direcionada ou adaptadas de livros didáticos e com exposição para amostra de suas atividades à comunidade da escola.
Atividades como bilboquê, boliche, pescaria, bingos e amarelinha são atividades que mais foram vistas durante a visita nas escolas e que, de uma forma ou outra, chamavam atenção dos alunos, mesmo que vivenciadas de forma diversificada.
Diga-se de passagem, percebeu-se que 90% das professoras foram receptivas com nossa visita, no que disse respeito a responder ao questionário da entrevista e que lembrou um teórico Wallon na sua especulação:
Afirmando que 100% dos alunos, cada um à sua maneira e respeitando-se o ritmo individual do sujeito exposto ao conhecimento apresentado, ao desenvolver esse tipo de atividade lúdica, apresenta diferença em seu comportamento, participando mais com qualidade e precisão das aulas, mostrando-se sempre pronto para outras atividades.
As iniciativas dos educadores que atuam com as turmas do 1º ano são concernentes à prática que desenvolvem por triviais atividades que enraízam indefectivelmente em amplas e profundas questões sociais, culturais inseridas no contexto em que vivemos e na realidade manifesta em nosso país.
Nesse sentido, ao analisar a postura dos professores em relação ao lúdico e acesso a essas atividades, não se tem a intenção de compreender a problemática da escola, isoladamente, ou seja, sob a égide de uma questão peculiar, mas acima de tudo, espera-se que possamos contribuir na capacidade de pensar e examinar criticamente as ideias que são apresentadas e a realidade social que partilham.
Estas experiências refletem o mundo real do Colégio Objetivo, recepção, a início, calorosa dos educadores e dirigentes, mas com o decorrer da investigação percebeu-se a desconfiança de 10% do corpo docente ao apresentar o trabalho com atividades diversificadas, contextualizadas com intuito de discussão e reflexão junto aos educandos, construção de jogos enfatizando temas transversais e que resultam numa total participação dos alunos.
As educadoras, de modo geral, sempre trabalham fazendo relação com o que foi trabalhado nas aulas anteriores, levando os educandos a fazer menção aos conteúdos, temas e conceitos que foram estudados. Não se prendem a área de conhecimento única. Buscam contextualizar e interdisciplinar a todas essas atividades de forma real e diferenciada.
Discutem as atividades, fazendo leituras, registram o que compreenderam e utilizam sempre dinâmicas na construção de atividades lúdicas ou feitas pela professora que dá o direcionamento, claro cerceada pelo interesse inerente da necessidade e curiosidade motivada pela vivência e conhecimento prévio do aluno.
Por isso, salienta-se a necessidade de analisar os fatos, discuti-los para que em reflexão com o outro, cujas observações foram de grande ensejo teórico para confronto da prática e a realidade, alcançando o equilíbrio para um pensar competente e comprometido com determinadas práticas sociais. Mesmo revendo aquelas instituições que ainda repensam a sua prática ao redor de atividades copiadas e direcionadas a apostilas.
No contato com os professores e alunos, verificou-se que postula uma acentuada proposta auto-estruturante aos estigmas e rótulos que os alunos são alvos constantemente, com efeito, positivo e de afetividade, transcorrendo como uma atividade lúdica de integração do aluno para sanar as dificuldades do processo de aprendizagem, criando, desta forma, as condições favoráveis para que as sequências didáticas adotadas pelos professores tenham sentido e significados profícuos possíveis. Numa temática sobre ludicidade e conscientização, o nosso ilustre educador FREIRE (1983, p. 61), tece os seguintes comentários:
Habitualmente, pensa-se em procedimentos de formação continuada oferecida aos educadores, sejam eles de quaisquer modalidades, mas o que se evidencia nas escolas é a urgência desta questão para o preparo do exercício competente da tarefa de educar. Ao analisar o diagnóstico com os professores da unidade escolar em estudo, percebeu-se que 10% dos docentes que não trabalham com o lúdico de maneira planejada, visando à aprendizagem e sim somente o ato de brincar; relata que existe uma lacuna entre o que se pretende e o que se executa. Afirmando que a aprendizagem acontece independentemente do lúdico aplicado à ação educativa.
O que deve ser visto e repensado sempre no ato pedagógico é a realidade dos alunos, visando sempre atender às expectativas educacionais. Mostrando uma educação com qualidade e flexível, principalmente diferenciada em distintos momentos no processo de ensino e aprendizagem e na relação com aluno, professor e resultado do ato pedagógico.
Conclusão
Ao longo do texto, procurou-se refletir sobre a possibilidade de tratar a importância da ludicidade na sala de aula como conhecimento educacional, sem esquecer as problemáticas que cercam o lúdico na contemporaneidade. Nesta vertente, percorreram-se caminhos que levassem à forma simbólica, lúdica, de tensão ludus/paidia e cultural da brincadeira, presente tanto no sistema formal como não formal.
Neste sentido, acredita-se ter indicado caminhos possíveis de serem percorridos no trabalho docente para o trato com este conhecimento, levando em consideração as implicações que uma abordagem fragmentária e simplista do brincar pode trazer ao processo educacional como um todo.
A necessidade de trabalhar este tema é a busca de viabilizar os jogos e brinquedos na sala de aula como um recurso atrativo no ensino e aprendizagem, buscando dinamizar as aulas numa forma integradora envolvendo a todos da escola.
O brincar é a primeira etapa da criança e, nesta vertente, é que se pode atuar com qualidade no processo do ensino e interferir na aprendizagem com a atuação do lúdico.
Na escola, jogos e brinquedos têm sido um tema abordado diante de educadores e pedagogos, fato preocupante, porque os mesmos utilizam dessa ferramenta como “passatempo”, sem objetivos, deixando algumas crianças ociosas e fazendo do próprio lúdico uma desorganização.
O que, na realidade, qualquer jogo e brinquedo têm sua função e sua importância. A princípio desta afirmação, o lúdico na sala de aula desenvolve vários aspectos: coordenação motora, espaço-temporal, lateralidade. E através da ludicidade que a criança desperta para novos horizontes, novas experiências e novos sonhos.
Por isso, a importância da ludicidade presente na sala, pois é um recurso que poderá desvendar problemas, bem como desenvolver etapas “tímidas” dos educandos. É preciso resgatar essas brincadeiras na ludicidade para haver uma maior interação entre educando e educador para uma qualidade no ensino e aprendizagem.
A sociedade reconhece a sua importância e, ao mesmo tempo, restringe o tempo e o espaço para a criança brincar, reduzindo a cultura infantil, praticamente, ao consumo de bens culturais, produzidos para ela e não por ela.
Transformando o brinquedo em “mercadorias”, comprometendo a manifestação de conteúdos culturais no modo de vida das crianças, impossibilitando a imaginação de novas realidades e da integração da experiência vivida.
E a proposta é permitir que o aluno aprenda os conteúdos brincando e, de fato, construir seus próprios brinquedos com sucatas, participar de brincadeiras de rodas, ou em qualquer espaço social que envolva a ludicidade.
É brincando que a criança encontra resistência e descobre manobras que a motivam a enfrentar o desafio de andar com as próprias pernas e pensar com responsabilidade por seus atos. O que se quer, de fato, é aprender brincando!
Referências
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Glossário
1. Ameríndio: adj. Etnol. Relativo aos indígenas da América. s. m. O indígena americano.
2. Condizentes: adj. s. m. e f. Que condiz; harmônico.
3. Estirpe: s.f. 1. Parte da planta que se desenvolve na terra. 2. Tronco de família. 3. Ascendência, linhagem, origem, casta.
4. Fusão: s. f. 1. Ato ou efeito de fundir. 2. Fís. e Metal. Passagem de um corpo do estado sólido ao líquido. 3. Associação. 4. Mistura. 5. Polít. Aliança, coalizão.
5. Jugular: adj. m. e f. Que pertence ou se refere à garganta ou ao pescoço. S. f. Anat. Nome de quatro veias duplas do pescoço: jugulares externas, internas, anteriores e posteriores.
6. Lusitano: adj. 1. Que diz respeito à Lusitânia ou aos seus habitantes. 2. Que se refere a Portugal ou aos portugueses; lusíada, luso. s. m. Habitante ou natural da Lusitânia ou de Portugal.
7. Ócio: s. m. 1. Descanso, folga do trabalho. 2. Tempo que dura essa folga. 3. Lazer, vagar. 4. Ociosidade. 5. Mandriice, preguiça. 6. Repouso.
8. Ofuscar: v. 1. Tr. dir. Tornar fusco; encobrir, obscurecer, ocultar. 2. Tr. dir., intr. e pron. Deslumbrar(-se), tornar(-se) turvo. 3. Tr. dir. Fig. Fazer sombra a; empanar, suplantar. 4. Tr. dir. e intr. Encantar extraordinariamente; deslumbrar. 5. Pron. Empanar-se, desprestigiar-se, desvalorizar-se. 6. Tr. dir. Encobrir, esconder. 7. Pron. Toldar-se, obscurecer-se.
9. Permeiam: v. 1. Tr. dir. Fazer passar pelo meio; entremear. 2. Tr. ind. Estar de permeio; interpor-se.
10. Semântica: s. f. Lingüística. Estudo da evolução do sentido das palavras através do tempo e do espaço; semiótica.
Autor: Flávia Nogueira Barros
Além disso, para complementar a experiência lúdica, é possível encontrar diversos jogos e brinquedos que podem ser utilizados em sala de aula. Para conferir algumas opções, você pode explorar jogos educativos que estimulam a aprendizagem de forma divertida.
Para quem busca aprofundar-se mais sobre a elaboração de trabalhos acadêmicos, é interessante consultar o artigo sobre como fazer TCC, que traz dicas valiosas para a construção de um trabalho de qualidade.
Por fim, a relação entre o lúdico e a educação é um tema que merece atenção especial, e a reflexão sobre a importância do brincar no processo de ensino-aprendizagem é fundamental para o desenvolvimento integral das crianças.
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