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Atualizado em 10/08/2024

A arteterapia como aliada à superação de traumas emocionais em crianças

A arteterapia é uma técnica que utiliza a arte como meio de expressão para ajudar crianças a superar traumas emocionais, promovendo bem-estar mental e emocional. Descubra como essa abordagem pode auxiliar seu filho a enfrentar desafios.

A arteterapia como aliada à superação de traumas emocionais em crianças

A importância da intervenção da arteterapia no desenvolvimento de uma criança com pós-trauma.

Introdução

Este estudo tem como intenção inicial demonstrar como a arteterapia é importante no desenvolvimento da criança que sofreu um trauma. A arteterapia é uma nova área do conhecimento humano que usa a arte como meio de expressão para os processos de transformação da pessoa. É um meio de relacionar a expressão verbal e a não verbal através de dinâmicas realizadas nas oficinas criativas, em que o fazer artístico é reconhecido como possibilidade terapêutica, condutor de novas aprendizagens e desenvolvimento do potencial criativo.

No processo criativo com uma criança pós-traumática, destaca-se o papel do arteterapeuta como mediador da relação escola-arteterapia no desenvolvimento da criatividade da criança afetada por algum trauma. Ele é o profissional capaz de efetivar elos de interação, participando do processo educacional ministrado na escola e no cotidiano familiar. Para o arteterapeuta, o que importa não é o compromisso com a estética, mas sim com a ação do fazer artístico.

A arte é uma atividade de expressão que evoca o criativo e abrange todas aquelas atividades ou aspectos de atividades de uma cultura em que se trabalha o sensível e o imaginário, com o objetivo de alcançar o prazer e desenvolver a identidade simbólica de um povo ou uma classe social. A arte auxilia o desenvolvimento de crianças com deficiência intelectual, pois sua finalidade é fornecer experiências que ajudem a criança a desenvolver valores, sentimentos, emoções e uma visão crítica do mundo ao seu redor.

Quando bem utilizada, a arteterapia passa a ser a grande parceira do professor, no seu trabalho de mediador do desenvolvimento infantil, destacando-se como instrumento favorecedor do desenvolvimento da sensibilidade, da imaginação, da criatividade e das várias formas de perceber o mundo que a cerca. Para mais ideias sobre atividades artísticas, confira exercícios de arte sobre música na escola.

Nossa intenção não é inovar ou trazer à luz algo ainda não sabido por todos nós, mas sim levá-los a refletir sobre suas práticas educativas para rever conceitos de arte que possam trazer novas perspectivas e abrir outros caminhos na educação por meio do estudo das atividades criadoras e reflexões daqueles que vivenciam nosso trabalho.

O Problema

Como se sabe, algumas crianças têm dificuldades em expressar espontaneamente, de forma verbal, seus sentimentos de angústia, estresse e medos vivenciados por situações traumáticas, prejudicando seu rendimento escolar. Acredita-se que a arteterapia poderia contribuir para a mudança do seu desempenho de uma forma expressiva.

Mas será que a arteterapia é uma técnica que pode ser empregada no tratamento dessa clientela? Será que a arteterapia possibilitaria continuidade ao processo de desenvolvimento das crianças com algum trauma? Haveria transformações nas imagens criadas pelos traumas desenvolvidos após a intervenção da arteterapia?

A arte possibilita maior liberdade na expressão de suas emoções, criando oportunidades que levam a criança a aceitar com mais maturidade as situações desfavoráveis, ajudando-a a se adaptar melhor às mudanças no seu dia a dia, diminuindo as situações de estresse e estabelecendo o equilíbrio emocional.

Sobre isso, Barbosa (1991, p.4) diz o seguinte: “Arte não é apenas básica, mas fundamental na educação de um país que se desenvolve. Arte não é enfeite. Arte é cognição, é profissão, é uma forma diferente da palavra para interpretar o mundo, a realidade, o imaginário e é conteúdo. Como conteúdo, arte representa o melhor trabalho do ser humano.”

Quando as pessoas estão absorvidas em atividades criativas, elas se esquecem de que estão debilitadas e todos ao seu redor se descontraem, diminuindo o estresse e as reações de angústia, o que facilita o tratamento.

Justificativa

Este estudo permitiu identificar que a arteterapia oferece oportunidades que levam a criança a aceitar com mais maturidade situações indesejáveis, auxiliando-a a adaptar melhor as rotinas escolares e a restabelecer seu equilíbrio emocional, através das mudanças e transformações geradas por tais intervenções, facilitando o relacionamento entre professor e aluno e levando a um maior aproveitamento dessas crianças em sala de aula. Logo, torna-se importante que os profissionais que trabalham com essas crianças passem a ter um olhar diferenciado. Desse modo, a pesquisa impulsiona o ensino e o ensino motiva a pesquisa. Concordamos com Freire (2003, p.29) quando afirma:

“Não ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que fazeres se encontram um corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, re-procurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.”

Outro aspecto importante na atividade de arteterapia é que ela permite que o indivíduo se perceba concretamente e, desse mesmo modo, estruture, organize e ordene elementos da percepção tanto interna quanto externa, de forma a ajudá-lo a obter uma compreensão do seu momento existencial e de aspectos da existência humana.

Objetivo Geral

  • Analisar os efeitos da utilização da arteterapia em crianças que vivenciaram situações traumáticas, comparando seu desempenho e suas produções antes e após as intervenções de arteterapia.

Objetivos Específicos

  • Estimular a pesquisa sobre a abordagem da arte e a criança, a criança e suas dificuldades, a arteterapia como um ponto de partida para inclusão da criança numa sociedade onde todos são capazes e a compreensão de todo o processo da evolução da criança.
  • Ampliar o desenvolvimento cognitivo em conjunto com a motricidade através de trabalhos manuais.
  • Mostrar através de trabalhos manuais que, mesmo sofrendo algum trauma, qualquer indivíduo tem dentro de si uma história construída, que pode ser impressa numa folha ou em forma de expressão.

Metodologia

O recurso usado serve para conectar o mundo interno e externo de cada indivíduo, através de sua simbologia. É um caminho no qual cada criança pode encontrar algumas possibilidades, tais como: expressão, técnicas, materiais artísticos, redimensionando suas dificuldades na vida. O lúdico, em conjunto com a terapia, visa fazer renascer e descobrir dentro de si a capacidade inerente de criatividade. Vygotsky (1991, p.95) afirma: “A aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança.”

As etapas do trabalho objetivam possibilitar uma reflexão acerca da essencialidade da arte na vida da criança, uma vez que ela tem uma necessidade natural de expressar o que pensa e o que sente. Avaliar o nível de desempenho em habilidades motoras é a próxima meta. Assim, serão elaboradas atividades de acordo com vários níveis, caracterizando o indivíduo de acordo com suas dificuldades.

1. Arteterapia

Arte é a capacidade humana de criação e sua utilização com vistas a certo resultado, obtido por diferentes meios. Segundo Canclini, a arte é uma atividade de expressão que evoca o criativo e “… abrange todas aquelas atividades ou aqueles aspectos de atividade de uma cultura em que se trabalha o sensível e o imaginário, com o objetivo de alcançar o prazer e desenvolver a identidade simbólica de um povo ou uma classe social, em função de uma práxis transformadora.” (Canclini, Nestor Garcia. A Socialização da Arte: teoria e prática na América Latina. São Paulo, Cultrix, 1984 p.207-9).

Valor dos Materiais em Arteterapia

O estudo detalhado do material é muito importante em arteterapia. Cada um em particular tem propriedades que mobilizam emoções e sentimentos de maneiras diversificadas a cada indivíduo.

É necessário que o terapeuta analise o valor terapêutico do material para cada cliente, pois podem penetrar de maneira mais rápida e particular nos conflitos internos e inconscientes do indivíduo.

1. Desenho

Podem ser utilizados giz de cera, pastel a óleo, pastel seco, lápis de cor, lápis de cor aquarelado, hidrocor, carvão e lápis grafite. Todos têm significados terapêuticos semelhantes.

No desenho, a coordenação motora fina é bastante trabalhada, portanto o controle é essencial, não só o motor, mas principalmente o intelectual. A atenção, a concentração e o contato com a realidade são explorados.

O desenho de cópia enfoca a atenção na realidade exterior e é indicado em pessoas que fantasiam, sonham, obrigando-as a perceber e reproduzir a realidade tal como ela é. A imensa dificuldade que encontram em reproduzir não é só o medo de errar, mas a própria dificuldade de dar direcionamento em sua vida. É indicado para pessoas dispersas, sonhadoras, confusas e adolescentes.

No desenho livre, as pessoas entram em contato com sua realidade interna, deixando fluir conteúdos que estão prestes a emergir.

Nos desenhos dirigidos, aqueles feitos a partir de um tema que o arteterapeuta escolhe, os indivíduos entram em contato com sua realidade, mobilizando emoções bloqueadas que precisam vir à tona. Indicados para pessoas deprimidas, com tônus vital rebaixado.

Quando preferimos os desenhos monocromáticos, trabalhamos com emoções superficiais, a nível periférico; e quando utilizamos o colorido, lidamos com emoções profundas.

Não é necessária a análise do desenho, mas sim a análise da interpretação do indivíduo com relação ao que foi feito.

2. Pintura

Quando a pintura flui, fluem ali emoções e sentimentos. A esfera afetivo-emocional está mais abrangente, pois as pinceladas lembram o fluxo respiratório, a vida. As tintas geralmente utilizadas são: guache, aquarela, anilina, óleo, acrílica e nanquim.

A tinta guache exige maior controle de movimentos, libera emoções e incentiva a imaginação.

A aquarela, devido à sua leveza e ao uso obrigatório da água, mobiliza ainda mais o lado afetivo. Indicada para pessoas muito racionais e com dificuldade afetiva. Contraindicada para deprimidos.

Devido à dificuldade de fazer figuras por ser muito aguda, a anilina é ótima para pessoas que têm medo de perder o controle das coisas.

A tinta óleo é recomendada para pessoas com depressão, pois possibilita maior equilíbrio da situação.

O nanquim, quando puro, é de fácil controle, mas exige agilidade e sensibilidade. Quando usado com água, é mais fluido, exigindo muito mais habilidade, atenção e concentração.

Quanto mais expressão, mais autoconhecimento e mais autoconfiança. A pintura, assim como o desenho, pode ser livre, de cópia ou dirigida.

Com a pintura, trabalha-se a estruturação e a área afetivo-emocional, chegando ao equilíbrio das emoções. E quanto mais diluída for a tinta, mais emocional é o resultado.

3. Modelagem

A modelagem pode ser feita com massa caseira, argila, cera de abelha, plasticina, papel machê e massa de modelar.

O efeito da modelagem atua nas sensações físicas e viscerais, assim como no sentimento e cognição. A técnica exige uma canalização de energia adequada, por partir do nada para a criação de algo, podendo ser livre ou dirigida.

A sensação de estar em contato com o barro pode ser muito gratificante ou não. A argila age como transformadora, de um estado de desencontro para um estado de equilíbrio, podendo trazer à tona conflitos internos indesejáveis. Por ser moldável, integra o ser com o mundo exterior, mostrando que pode adaptar-se às situações, sendo fluida, recebendo projeções e sendo dominada, favorecendo ao manipulador a libertação das tensões, fadigas e depressões, pois é um material vivo e de ação calmante.

No físico, trabalha questões ligadas à estruturação e coordenação motora. No emocional, mobiliza sentimentos e emoções primitivas, para que possam ser conhecidas e trabalhadas.

Nos casos de negação e resistência à argila, oferece-se o papel machê ou a massa de farinha de trigo, pois de início não devemos forçar, e com a adaptação a esses recursos, aos poucos inclui-se o barro.

O papel machê é um material frio e viscoso, mas que também nos oferece retornos, pois podemos moldá-lo e criar, não chegando aos efeitos da argila, por não ser um produto natural primitivo.

A massa de farinha de trigo é feita pelo próprio terapeuta, com ou sem ajuda do paciente, variando cores. E ao contrário do papel machê, é utilizada estando morna, para melhor manuseio. Em termos terapêuticos, pode levar os adultos a recordações maternas ou da infância. Proporciona também a capacidade criadora, auto-estima, catarse emocional e autoconfiança.

4. Sucata

O trabalho com a sucata estimula a reconstrução, a criatividade, as percepções, a atenção, a construção, a transformação, o concreto e a mudança.

É um material transformador, pois dá-se uma nova utilidade ao que antes era lixo. É a mudança através do concreto, a busca de possibilidades de transformação e do reaproveitamento.

Por poder ser aliado à pintura, à colagem e à modelagem, é uma atividade rica e complexa, que mobiliza o conteúdo interno e já o transforma, reaproveitando-o de forma benéfica. O terapeuta deve ficar atento para que nenhum detalhe escape, pois é um trabalho de muita sutileza.

Materiais diversos devem ser utilizados (plásticos, vidros, papéis, madeira, tecidos) de forma livre ou dirigida.

5. Colagem

É uma atividade estruturante que pode ser realizada com materiais diversos: recortes de revistas, jornais, pedaços de papéis coloridos, diversos grãos, serragem, cortiça, purpurina, tecidos…

Nesta atividade, o cliente busca nos materiais ideias que possam expressar e comunicar seus sentimentos, emoções e ideias em relação ao tema. O planejamento, o direcionamento e a atenção do paciente ajudam na estruturação de sua vida.

É um recurso rico, pois o indivíduo planeja, analisa, fica atento, concentrado, organizado e paciente.

Técnicas de Pintura

Água Sanitária na Anilina

Objetivos: Essa técnica trabalha com o elemento surpresa, com o que não se pode dominar, com o inesperado que a vida nos oferece. Assim, ela possibilita que a pessoa se solte um pouco mais, que possa fazer contato com suas emoções.

Depois de sofrer algum trauma, as pessoas apresentam uma crítica muito alta em relação à sua própria produção estética e, por isso, se sentem imobilizadas. Essa técnica favorece, em certo grau, a diminuição da crítica e, ao longo do tempo, a sua anulação.

Material:

  • Papel 40 kg branco
  • Cotonetes ou palitos com algodão na ponta
  • Água sanitária
  • Anilina

Procedimentos:

  1. Pintar a folha com anilina de uma ou várias cores diluídas em pouca água.
  2. Deixar secar.
  3. Com o cotonete molhado na água sanitária, desenhar sobre o papel pintado.

Técnicas de Desenho

A Cego

Objetivos: Essa técnica pode ser útil para trabalhar a confiança, uma vez que, com os olhos vendados, nos desafia a desconfiar da primeira percepção.

A dificuldade de encontrar uma figura não muito explícita no meio dos traços traz desconfortos a algumas pessoas. Pode acontecer que a pessoa não identifique nenhuma figura. Nesse caso, cabe exercitar o olhar atento e certa liberdade de paradigmas já estabelecidos.

Material:

  • Papel 40 kg branco
  • Lápis de cor

Procedimentos:

  1. Movimentar livremente o dedo no ar sobre o papel, como preparação.
  2. Vendar os olhos.
  3. Desenhar com lápis sobre o papel, de olhos vendados.
  4. Retirar a venda e olhar o desenho criado, procurando identificar uma forma.
  5. Destacar essa forma, usando outras cores.

Técnicas Recorte e Colagem

Tiras em Relevos

Objetivos: A palavra-chave para este trabalho é: movimento. As alternativas de combinação das tiras são muitas e, por isso, podem remeter a pessoa que se encontra mais paralisada para reflexões sobre sua ação.

O resultado final permite imagens diferentes quando visualizado de vários ângulos. Este pode ser um ponto de partida para outros desenhos ou pinturas, explorando essa variedade. Além disso, haverá um jogo de graduações de luz e sombra bem interessante a observar. Como técnica, requer paciência e cuidado.

Material:

  • Régua
  • Cola
  • Tesoura
  • Papel Chamex
  • Cartolina colorida

Procedimentos:

  1. Recortar, no papel Chamex, dois retângulos, um com o dobro do tamanho do outro.
  2. Recortar o retângulo maior em várias tiras de igual largura ou não, conforme o desejado.
  3. Colar tiras em um lado do retângulo menor, uma ao lado da outra, com um espaçamento de 1 milímetro.
  4. Criar movimentos diferentes para cada uma das tiras, colando-a de onde em onde, criando ondulações ou dobras que deem movimento ao trabalho.

Técnicas Recorte e Dobradura

Renda de Papel

Objetivos: Esta técnica pode ser aproveitada para trabalhar aspectos figuras e fundo, por exemplo, se há “buracos”… Como a pessoa deseja preencher, e onde está a beleza do que está cheio e do que está vazio.

Material:

  • Papel de seda
  • Cola
  • Tesoura
  • Cartolina colorida

Procedimentos:

  1. Dobrar um pedaço quadrado do papel de seda ao meio e também em diagonal.
  2. Cortar pequenas formas (gotas, corações, losangos, quadrados, etc.) no lado da dobra do papel (o lado “fechado”).
  3. Ao desdobrar o papel, surgirá uma forma rendada surpresa.

Obs.: Esta forma pode ser usada para criar um efeito vitral, colando-se papel celofane por trás.

O arteterapeuta como mediador entre o professor e a criança no âmbito escolar.

2. Trauma

Trauma é a consequência de um fato acompanhado de uma emoção violenta, que vai modificar de uma maneira permanente a personalidade de um indivíduo, sensibilizando-o de uma forma especial para emoções análogas posteriores. Isto é, um acontecimento violentamente emotivo desenrola-se em determinada época de um indivíduo, mesmo na sua primeira infância (até aproximadamente aos 4 ou 5 anos); com o decorrer do tempo, vai lentamente passando do consciente ao inconsciente e é mais um conteúdo desagradável armazenado na imensidão da Pantomnésia do inconsciente (memória de tudo).

Enquanto esse trauma não é removido através de psicoterapias adequadas, enquanto o indivíduo não consciencializa a causa primária, a raiz traumática, acontece que, em face de situações análogas que se assemelham por vozes, lugares, por seres idênticos, por algo que o inconsciente capta como um fator do acontecimento traumático vivenciado, num outro tempo, que pode situar-se num tempo distante, por ab-reação, ou seja, a repetição dramática do momento traumático, a recapitulação inconsciente emocional em estado desperto, o sofrimento eclode, sem que o indivíduo se aperceba do porquê do seu mal-estar intrapsíquico. Por isso se afirma que o trauma “vai modificar de uma forma permanente a personalidade”.

2.1 Tipos de Traumas

– Trauma torácico: comum, muitas vezes sem lesão óssea. Maior frequência de contusões e hemorragias pulmonares. Ferimentos penetrantes outrora raros têm sua frequência aumentada.

– Trauma abdominal: penetrantes acidentais ou não são menos frequentes. O trauma fechado por colisão ou queda é mais encontrado, geralmente acompanhado de hipotensão. Lavagem peritoneal e T.C. podem ser úteis. A conduta expectante no trauma fechado é bem difundida, porém necessita de acompanhamento cirúrgico e de intensivistas para proceder à cirurgia assim que necessário.

– Traumatismo craniano: causado por quedas e colisões de automóveis e bicicletas, além de atropelamentos. Geralmente não leva à hipotensão. Cuidados na prevenção da hipóxia. Crianças com fontanela aberta toleram melhor o aumento da pressão intracraniana. Convulsões e vômitos são mais frequentes que em adultos. O intervalo lúcido pode ser prolongado. A escala de Glasgow pode ser usada, porém em crianças menores de 4 anos deve ser adaptada a resposta verbal (palavras apropriadas, sorriso, fixa e segue objetos – 5, choro consolável – 4, persistentemente irritável – 3, inquieta, agitada – 2, nenhuma – 1). Escala de coma de 8 ou menos ou resposta motora 1 ou 2 e lesões múltiplas indicam reanimação. É importante a avaliação do neurocirurgião.

– Traumatismo raquimedular: geralmente causados por colisões ou acidentes esportivos, porém raros. Cabeça maior e ligamentos mais flexíveis são as diferenças anatômicas mais notadas. Na dúvida, sempre manter a imobilização cervical.

– Trauma de extremidades: atentar para lesões ao núcleo de crescimento (principalmente por esmagamento) e fraturas de diversas idades que podem sugerir espancamentos. As fraturas do esqueleto imaturo – galho verde – devem ser lembradas.

– Queimaduras: As queimaduras são muito frequentes nas diversas faixas etárias da infância, sendo que os agentes vão variar de acordo com a idade, por exemplo, banhos muito quentes ou alimentos aquecidos durante a alimentação podem levar a queimaduras de crianças menores, no entanto, acidentes com álcool, fogo e explosivos podem acometer crianças maiores.

O tratamento inicial de reanimação do choque hipovolêmico é muito importante. Dependendo da profundidade e extensão das queimaduras, a evolução pode ser mais ou menos favorável, podendo ocorrer sepsis e necessidade de uma série de cirurgias. Caso não haja óbito no caso das queimaduras mais graves, as sequelas podem ser variadas, desde cicatrizes hipertróficas até graves retrações cicatriciais ou amputações, com consequências físicas e psíquicas para toda a vida. Deve ser tentado centro especializado para o tratamento de médio e grande queimados. Lembrar sempre no primeiro momento a hidratação de acordo com a fórmula de Parkland.

– Síndrome da criança espancada: lesões não acidentais causadas por pais, tutores e conhecidos são características desta síndrome. A progressão vai desde pequenas lesões até graves que podem levar ao óbito. Alguns sinais devem ser lembrados no exame inicial: discrepância entre história e gravidade das lesões; demora a procurar atendimento médico; traumas repetidos tratados em vários locais diferentes; pais abandonam a criança na sala de atendimento; a história do trauma muda. Devemos atentar para alguns sinais ao exame clínico: múltiplos hematomas subdurais sem fratura; hemorragia retiniana; lesões periorais; ruptura de vísceras internas sem trauma grave; trauma genital ou perianal; cicatrizes antigas ou fraturas de várias idades; fraturas de ossos longos em crianças abaixo de 3 anos; mordeduras, queimaduras de cigarro ou marcas de cordas; queimaduras de 2º e 3º graus em áreas não usuais. A notificação é muito importante, e nos casos suspeitos devemos iniciar investigação.

– Afogamentos: Geralmente relacionados ao descaso por medidas de segurança. Nos casos ocorridos em água doce, hipotônica, pode ocorrer hemodiluição, hemólise maciça e fibrilação ventricular. Efeitos semelhantes aos da água clorada de piscina. No caso de água salgada, há passagem de líquido plasmático para o interior dos alvéolos e consequente edema pulmonar. As vítimas devem ser internadas por 24h, incluindo observação e avaliação radiológica. O tratamento consiste na retirada do líquido e oxigenação.

– Prevenção: Evitar os fatores de risco para acidentes automobilísticos, acidentes domésticos, principalmente intoxicações, queimaduras e quedas.

No caso de acidentes esportivos, lembrar que sempre artefatos de prevenção como capacetes, joelheiras, luvas etc. O consumo de drogas e álcool tem sido cada vez mais evidenciado na população pediátrica, necessitando de programas de esclarecimento e prevenção.

Autor: Nerize Pazeres


Este texto foi publicado na categoria Saúde Mental e Psicológica.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

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