Atividades Vestibulares para Crianças com TDAH e TEA: Guia Completo de Materiais Sensoriais
Descubra como as atividades vestibulares para crianças com TDAH e TEA podem estimular funções executivas e melhorar a autorregulação com materiais sensoriais.

Nos últimos anos, a neurociência e a psicopedagogia têm destacado a abordagem sensorial como elemento-chave para potencializar o desenvolvimento cognitivo e emocional de crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno do Espectro Autista (TEA). Dentre as estimulações sensoriais, o sistema vestibular – responsável pelo equilíbrio e pela orientação espacial – revela-se fundamental para aprimorar funções executivas, autorregulação emocional e coordenação motora. Neste guia, apresentamos as melhores atividades vestibulares e materiais sensoriais indicados, exemplos práticos de uso e orientações para implementar um programa eficiente na escola ou em atendimentos psicopedagógicos.
O que é a estimulação vestibular?
A estimulação vestibular refere-se a um conjunto de técnicas e atividades voltadas para ativar o sistema vestibular, localizado no ouvido interno, cuja função é processar informações de aceleração, posição da cabeça e movimento. Ao ser devidamente estimulado, esse sistema contribui para:
- Melhora do equilíbrio estático e dinâmico;
- Aprimoramento da consciência corporal;
- Regulação do tônus muscular;
- Fortalecimento das funções executivas, como atenção sustentada, planejamento e controle inibitório;
- Estabilização emocional e diminuição de comportamentos impulsivos.
Em crianças com TDAH, a estimulação vestibular pode reduzir sintomas de inquietação e melhorar a capacidade de foco. Já em crianças com TEA, o estímulo adequado favorece a modulação sensorial e a socialização, pois cria um ambiente previsível e prazeroso. Esse tipo de intervenção deve ser orientado por profissionais capacitados e pode complementar outras metodologias, como as atividades multissensoriais para TDAH ou programas de integração sensorial.
Atividades vestibulares indicadas para TDAH e TEA
Para planejar sessões de estimulação vestibular, é importante combinar atividades dinâmicas, seguras e lúdicas. A seguir, conheça algumas práticas eficazes:
Balanço tradicional e redes de tecido
O balanço proporciona movimento ritmado e previsível, favorecendo o relaxamento e o ganho de estabilidade postural. Redes de tecido ou cadeiras preguiça também podem ser adaptadas para criar uma sensação de envolvimento corporal. Sugestões de uso:
- Inicie com balanços suaves, aumentando gradualmente a amplitude;
- Mantenha supervisão constante para garantir a segurança;
- Cada sessão pode durar entre 5 e 10 minutos, intercalando com atividades calmas.
Disco giratório sensorial
O disco giratório oferece rotações controladas que estimulam receptores vestibulares. É indicado para estimular a percepção espacial e melhorar a coordenação olho-mão. Veja como utilizar:
- Peça para a criança sentar-se no disco e girar lentamente com ajuda de um colega ou terapeuta;
- Oriente diferentes direções de giro (horário e anti-horário);
- Monitore sinais de enjoo ou desconforto e ajuste duração conforme tolerância.
Você pode encontrar opções de discos giratórios sensoriais no mercado especializado e adaptá-los ao espaço da clínica ou sala de aula.
Tapetes e trilhas sensoriais
Tapetes com diferentes texturas e trilhas com pequenos degraus ou obstáculos ajudam na percepção vestibular e proprioceptiva, reforçando a conexão entre movimento e sensações táteis. Dicas de aplicação:
- Monte circuitos em forma de S ou círculo para promover rotações suaves;
- Combine com exercícios de salto leve para aumentar o desafio vestibular;
- Use como complemento ao Circuito Sensorial, garantindo variedade de estímulos.
Materiais sensoriais para atividades vestibulares
Escolher materiais adequados é crucial para a eficácia das intervenções. Além de balanç os e discos, aposte em equipamentos que ofereçam segurança, durabilidade e ajustes de intensidade. Confira alguns itens recomendados:
Balanço sensorial com ajustes
Modelos com cabos ajustáveis permitem regular a altura e o ângulo de balanço, adaptando-se à faixa etária e ao nível de desenvolvimento. Procure balanços resistentes, com sistema de ancoragem seguro, e limpeza fácil.
Exemplo de produto: balanço sensorial ajustável.
Discos e roletes giratórios
Fabricados em material antiderrapante, são essenciais para estimular rotações moderadas. Prefira modelos com superfície texturizada para aumentar também o estímulo tátil e proprioceptivo.
Tapetes proprioceptivos e escadas sensoriais
Tapetes com elevações e escadas sensoriais auxiliam no fortalecimento do core e na percepção do posicionamento corporal. São úteis para integrar vestibular e propriocepção em atividades lúdicas.
Suportes e redes de suspensão
Redes de suspensão, rede de ovos ou cadeiras suspensas ampliam a sensação de confinamento e apoio, ideal para crianças com TEA que gostam de espaços acolhedores. A pressão profunda aumenta a sensação de segurança.
Integração com outras abordagens sensoriais
Para maximizar os resultados, combine a estimulação vestibular com estímulos visuais, táteis e auditivos. A integração multissensorial fortalece as redes neurais e promove aprendizagem significativa:
Combinação com atividades táteis
Durante o balanço ou rotação, ofereça objetos com diferentes texturas (bolinhas de silicone, massas de modelar, areia cinética) para intensificar o processamento sensorial. Esse tipo de prática aproxima-se da proposta de caixa sensorial de areia cinética, mas com foco no vestibular.
Estimulação auditiva
Músicas com batida suave ou sons da natureza ajudam a criar um ambiente previsível e relaxante. Utilize fones de ouvido ou caixas de som posicionadas estratégicamente para evitar sobrecarga sonora.
Suporte familiar e na escola
Oriente pais e professores a reproduzir atividades simples em casa ou na sala de aula, garantindo consistência nas intervenções. Forneça um roteiro com frequência, duração e metas de progresso para cada criança.
Como implementar na prática
Implementar um programa de estimulação vestibular exige planejamento, adaptação do espaço e registro sistemático dos resultados. Siga este passo a passo:
1. Avaliação inicial
Realize uma anamnese detalhada e avaliações padronizadas de equilíbrio e funções executivas. Identifique níveis de tolerância ao movimento para personalizar as atividades.
2. Planejamento de sessões
Defina objetivos claros (melhorar atenção, reduzir impulsividade, aumentar controle postural) e escolha materiais adequados. Programe sessões de 15 a 20 minutos, duas a três vezes por semana.
3. Registro de progresso
Utilize escalas simples de autorrelato ou observação (por exemplo, frequência de foco em tasks, diminuição de comportamentos hiperativos). Registre em planilhas e revise mensalmente.
4. Ajustes e monitoramento
Aumente gradualmente a complexidade das atividades e a intensidade do estímulo vestibular. Caso haja sinais de náusea, vertigem ou aumento de ansiedade, reduza a velocidade ou duração do movimento.
5. Encerramento e transição
Conclua cada sessão com atividades calmantes, como desenhos guiados ou leitura silenciosa. Essa rotina de transição reforça a autorregulação e prepara a criança para retornar às atividades seguintes.
Conclusão
As atividades vestibulares para crianças com TDAH e TEA representam uma poderosa ferramenta para estimular funções executivas, autorregulação e coordenação motora, complementando outras abordagens sensoriais e psicopedagógicas. Ao investir em materiais de qualidade e em um planejamento estruturado, você potencializa o desenvolvimento cognitivo e emocional dos atendidos. Explore recursos como balanços sensoriais, discos giratórios e trilhas táteis, integrando-os a atividades visuais e auditivas para criar intervenções realmente transformadoras. Não esqueça de envolver famílias e educadores no processo, promovendo continuidade e melhores resultados. Para aprofundar sua prática, busque sempre atualização em neurociência e avalie regularmente o progresso, ajustando atividades conforme as necessidades de cada criança.

