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Atualizado em 10/08/2024

Histórias infantis: desenvolvendo consciência de mundo

Descubra como as histórias infantis auxiliam na consciência dos pequenos sobre o mundo. Receba dicas para contar essas histórias de maneira lúdica de modo a ajudar na compreensão deles.

As histórias infantis como forma de consciência de mundo

É no encontro com qualquer forma de Literatura que os homens têm a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida. Nesse sentido, a Literatura apresenta-se não só como veículo de manifestação de cultura, mas também de ideologias.

A Literatura Infantil, por iniciar o homem no mundo literário, deve ser utilizada como instrumento para a sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade e interesse de analisar o mundo. Sendo fundamental mostrar que a literatura deve ser encarada, sempre, de modo global e complexo em sua ambiguidade e pluralidade.

Até bem pouco tempo, em nosso século, a Literatura Infantil era considerada como um gênero secundário, e vista pelo adulto como algo pueril (nivelada ao brinquedo) ou útil (forma de entretenimento). A valorização da Literatura Infantil, como formadora de consciência dentro da vida cultural das sociedades, é bem recente.

Para investir na relação entre a interpretação do texto literário e a realidade, não há melhor sugestão do que obras infantis que abordem questões de nosso tempo e problemas universais, inerentes ao ser humano. Para saber mais sobre a importância da literatura na formação da consciência, veja História da Escrita.

“Infantilizar” as crianças não cria cidadãos capazes de interferir na organização de uma sociedade mais consciente e democrática.

Fases normais no desenvolvimento da criança

O caminho para a redescoberta da Literatura Infantil, em nosso século, foi aberto pela Psicologia Experimental que, revelando a Inteligência como um elemento estruturador do universo que cada indivíduo constrói dentro de si, chama a atenção para os diferentes estágios de seu desenvolvimento (da infância à adolescência) e sua importância fundamental para a evolução e formação da personalidade do futuro adulto. A sucessão das fases evolutivas da inteligência (ou estruturas mentais) é constante e igual para todos. As idades correspondentes a cada uma delas podem mudar, dependendo da criança, ou do meio em que ela vive.

Primeira Infância: Movimento X Atividade (15/17 meses aos 3 anos)

  • Maturação, início do desenvolvimento mental;
  • Fase da invenção da mão – reconhecimento da realidade pelo tato;
  • Descoberta de si mesmo e dos outros;
  • Necessidade grande de contatos afetivos;
  • Explora o mundo dos sentidos;
  • Descoberta das formas concretas e dos seres;
  • Conquista da linguagem;
  • Nomeação de objetos e coisas – atribui vida aos objetos;
  • Começa a formar sua auto-imagem, de acordo com o que o adulto diz que ela é, assimilando, sem questionamento, o que lhe é dito;
  • Egocentrismo, jogo simbólico; Reconhece e nomeia partes do corpo;
  • Forma frases completas;
  • Nomeia o que desenha e constrói;
  • Imita, principalmente, o adulto.

Segunda Infância: Fantasia & Imaginação (dos 3 aos 6 anos)

  • Fase lúdica e predomínio do pensamento mágico;
  • Aumenta, rapidamente, seu vocabulário;
  • Faz muitas perguntas. Quer saber “como” e “por quê ?”;
  • Egocentrismo – narcisismo;
  • Não diferenciação entre a realidade externa e os produtos da fantasia infantil;
  • Desenvolvimento do sentido do “eu”;
  • Tem mais noção de limites (meu/teu/nosso/certo/errado);
  • Tempo não tem significação – não há passado nem futuro, a vida é o momento presente;
  • Muitas imagens ainda completando, ou sugerindo os textos;
  • Textos curtos e elucidativos;
  • Consolidação da linguagem, onde as palavras devem corresponder às figuras;
  • Para Piaget, etapa animista, pois todas as coisas são dotadas de vida e vontade;
  • O elemento maravilhoso começa a despertar interesse na criança.

Dos 6 aos 6 anos e 11 meses, aproximadamente, o interesse por ler e escrever aumenta. A atenção da criança está voltada para o significado das coisas. O egocentrismo está diminuindo. Já inclui outras pessoas no seu universo. Seu pensamento está se tornando estável e lógico, mas ainda não é capaz de compreender ideias totalmente abstratas. Só consegue raciocinar a partir do concreto. Começa a agir cooperativamente. Textos mais longos, mas as imagens ainda devem predominar sobre o texto. O elemento maravilhoso exerce um grande fascínio sobre a criança.

Histórias para crianças (faixa etária / áreas de interesse / materiais / livros)

1 a 2 anos:

A criança, nessa faixa etária, prende-se ao movimento, ao tom de voz, e não ao conteúdo do que é contado. Ela presta atenção ao movimento de fantoches e a objetos que conversam com ela. As histórias devem ser rápidas e curtas. O ideal é inventá-las na hora. Os livros de pano, madeira e plástico também prendem a atenção. Devem ter, somente, uma gravura em cada página, mostrando coisas simples e atrativas visualmente. Nesta fase, há uma grande necessidade de pegar a história, segurar o fantoche, agarrar o livro, etc.

2 a 3 anos:

Nessa fase, as histórias ainda devem ser rápidas, com pouco texto de um enredo simples e vivo, poucos personagens, aproximando-se, ao máximo, das vivências da criança. Devem ser contadas com muito ritmo e entonação. Tem grande interesse por histórias de bichinhos, brinquedos e seres da natureza humanizados. Identifica-se, facilmente, com todos eles. Prendem-se a gravuras grandes e com poucos detalhes. Os fantoches continuam sendo o material mais adequado. A música exerce um grande fascínio sobre ela. A criança acredita que tudo ao seu redor tem vida e vivência, por isso, a história transforma-se em algo real, como se estivesse acontecendo mesmo.

3 a 6 anos:

Os livros adequados a essa fase devem propor “vivências radicadas” no cotidiano familiar da criança e apresentar determinadas características estilísticas. Predomínio absoluto da imagem (gravuras, ilustrações, desenhos, etc.), sem texto escrito, ou com textos brevíssimos, que podem ser lidos ou dramatizados pelo adulto, a fim de que a criança perceba a inter-relação existente entre o “mundo real”, que a cerca, e o “mundo da palavra”, que nomeia o real. É a nomeação das coisas que leva a criança a um convívio inteligente, afetivo e profundo com a realidade circundante.

As imagens devem sugerir uma situação que seja significativa para a criança, ou que lhe seja, de alguma forma, atraente. A graça, o humor, um certo clima de expectativa, ou mistério são fatores essenciais nos livros para o pré-leitor. As crianças, nessa fase, gostam de ouvir a história várias vezes. É a fase de “conte outra vez”.

Histórias com dobraduras simples, que a criança possa acompanhar, também exercem grande fascínio. Outro recurso é a transformação do contador de histórias com roupas e objetos característicos. A criança acredita, realmente, que o contador de histórias se transformou no personagem ao colocar uma máscara, chapéu, capa, etc.

Podemos enriquecer a base de experiências da criança, variando o material que lhe é oferecido. Materiais como massa de modelar e argila atraem a criança para novas experimentações. Por exemplo, a história do “Bonequinho Doce” sugere a confecção de um bonequinho de massa, e a história da “Galinha Ruiva” pode sugerir amassar e assar um pão.

Assim como as histórias infantis, os contos de fadas têm um determinado momento para serem introduzidos no desenvolvimento da criança, variando de acordo com o grau de complexidade de cada história.

Os contos de fadas, tais como: “O Lobo e os Sete Cabritinhos”, “Os Três Porquinhos”, “Cachinhos de Ouro”, “A Galinha Ruiva” e “O Patinho Feio” apresentam uma estrutura bastante simples e têm poucos personagens, sendo adequados a crianças entre 3 e 4 anos. Enquanto, “Chapeuzinho Vermelho”, “O Soldadinho de Chumbo” (conto de Andersen), “Pedro e o Lobo”, “João e Maria”, “Mindinha” e o “Pequeno Polegar” são adequados a crianças entre 4 e 6 anos.

6 anos a 6 anos e 11 meses:

Os contos de fadas citados na fase anterior ainda exercem fascínio nessa fase. “Branca de Neve e os Sete Anões”, “Cinderela”, “A Bela Adormecida”, “João e o Pé de Feijão”, “Pinóquio” e “O Gato de Botas” podem ser contadas com poucos detalhes.

Silvia Helena

Fonte: CRISTIANE MADANÊLO DE OLIVEIRA. LIVROS E INFÂNCIA [online]

Para enriquecer a experiência de contar histórias, considere explorar a história da educação no Brasil e como ela pode influenciar a narrativa.

Se você está em busca de materiais lúdicos para contar histórias, considere investir em bonecos de fantoche que podem tornar a experiência ainda mais envolvente.


Este texto foi publicado na categoria Maternidade e Desenvolvimento Infantil.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

Uma resposta para “Histórias infantis: desenvolvendo consciência de mundo”

  1. que legal é bem interessante contar histórias para as crianças , porém nem todos os pais fazem isso dificultando ainda mais este processo, para os docentes pois o primeiro e talvez único contato será através da escola.

Não se preocupe, seu email ficará sem sigilo.