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Atualizado em 10/08/2024

Análise do Filme: Sangue sobre a Neve

Uma análise do filme 'Sangue sobre a Neve', que explora as diferenças culturais entre os povos Esquimós e Brancos, destacando aspectos como linguagem, religião, hábitos alimentares e mais.

Filme “Sangue sobre a Neve”


Introdução

Os povos têm características distintas: cultura, valores, religião, técnicas, conhecimentos, hábitos e a maneira como se relacionam com o mundo e com a sua comunidade. Estas características são estudadas pela Antropologia.

No filme “Sangue sobre a Neve”, podemos entender um pouco sobre o Esquimó e, para isso, é usado o conflito entre os povos (Branco x Esquimó) como forma de estudar as diferenças culturais. Para uma análise mais aprofundada sobre a cultura dos Esquimós, você pode conferir a análise do filme ‘Ao Mestre com Carinho’, que também aborda questões culturais.

Sobre o Filme: SANGUE SOBRE A NEVE

Podemos citar algumas passagens que ilustram o evidente conflito entre a cultura dos Brancos e dos Esquimós.

A linguagem esquimó reflete diretamente as suas principais características: alegria, ingenuidade, honestidade e solidariedade. No filme, a linguagem é um fator conflitante entre Brancos e Esquimó. O Esquimó muitas vezes não entende o que o homem branco quer dizer. Não pela questão do idioma, mas sim pela pouca transparência do discurso.

Quanto à religião dos esquimós, fica evidente que estes acreditam em espíritos e em reencarnação. Nesse sentido, seus hábitos conflitam-se com a religião católica. Os diferentes valores e costumes geram um confronto entre o catolicismo e o Esquimó.

Brancos e Esquimós também desfrutam de hábitos alimentares distintos. O Esquimó se alimenta da caça, principalmente ursos polares, focas e raposas. Enquanto que o homem Branco utiliza comida enlatada, carne refrigerada e bebida alcoólica.

O casamento também é encarado de maneira distinta entre Esquimó e homem Branco. Entre os Esquimós, os casamentos aconteciam por meio de trocas. A mulher, por ser minoria na população esquimó, muitas vezes é tratada como mercadoria. Infidelidade ou traição não existe entre os Esquimós, porém existem algumas “leis”, ou tradições que devem ser respeitadas.

O parentesco entre esquimós é definido pela família com quem viaja (nomadismo); de resto, são amigos e conhecidos. É difícil ter mais de um filho, pelas condições precárias. A preferência também é por ter meninos, pois são mais fortes e poderão viver mais facilmente depois de adultos.

O sexo para os esquimós existe para procriação e satisfação do homem. Mas mesmo assim, a mulher faz aquilo que ele pede, porque foi criada para satisfazer e agradar o seu marido, e outros homens que o marido ache que ela deva se deitar.

O papel do homem e da mulher é bem definido na cultura Esquimó. Enquanto o homem caça, constrói o iglu, prepara o trenó, alimenta os cães, cuida deles e da família, a mulher faz as roupas (mastiga o couro), a comida e agrada o marido. O Esquimó tem preferência por ter filhos do sexo masculino, pois este pode auxiliar na caça e demais afazeres.

A tecnologia desenvolvida para a habitação pelos esquimós é extremamente eficiente e a matéria-prima para se construir um iglu é farta. O Esquimó se adaptou ao ambiente, conhece as variações climáticas e detalhes sobre o ecossistema. O Esquimó se impressiona com a tecnologia do homem branco, principalmente com armas de fogo. Em um ambiente onde a caça é vital, com a arma de fogo, um Esquimó pode matar um urso polar sem ter que persegui-lo por dias a fio.

O ponto forte do conflito entre Brancos e Esquimós está no assassinato, pois para os brancos, Inuk assassinou o padre, e dentro das leis dos brancos ele deveria ser punido. Mas Inuk não entende dessa maneira. O assassinato para os Esquimós também não é aceito naturalmente, porém é visto por uma questão muito mais religiosa do que por regras. Então a polícia vai atrás de Inuk, acha-o, e em certo momento, Inuk fala: “Quando vocês vierem para uma terra estrangeira, tragam suas mulheres e não suas leis”.

Analisando a frase: “quando vocês vierem para uma terra estrangeira, tragam suas mulheres e não suas leis” – Inuk. Pode-se perceber o seu desapontamento com as regras do homem Branco, que ao invés de trazer algo de útil, que sirva para alguma coisa, e que esteja em falta, como mulheres, os homens trouxeram suas leis, que para os Esquimós não servem para nada, apenas para gerar discórdia e conflito.


CONCEITOS ABORDADOS

DETERMINISMO BIOLÓGICO

As diferenças biológicas entre os povos são evidentes, porém não é ela que determina características culturais de um povo.

Isto fica mais claro se pensarmos “que qualquer criança normal pode ser educada em qualquer cultura, se for colocada desde o início em situação conveniente de aprendizado”. Sabe-se que os Esquimós enxergam mais de 30 tipos de Branco; ele não nasce com essa capacidade, ele a adquire, ele a aprende. Isto significa que não é necessário ser filho “biológico” de um Esquimó para conseguir enxergar os 30 tipos, basta que desde criança seja ensinado por um Esquimó, que também aprenderam com outros esquimós.

No filme, isto fica mais evidente a partir do conflito de Inuk com o homem Branco. A sua dificuldade em entender e aprender a cultura do homem branco demonstra exatamente o choque cultural e não a falta de alguma característica biológica. Dentro do alojamento dos brancos, muitos ex–esquimós já conviviam de maneira harmoniosa com a cultura branca, provavelmente porque tiveram contato com ela desde cedo.

DETERMINISMO GEOGRÁFICO

Assim como o determinismo biológico, o geográfico também é uma teoria ultrapassada e preconceituosa. Não podemos definir características culturais apenas pelos locais onde os povos se encontram. Admitir que um povo é igual ao outro por localizar-se na mesma região é um erro.

No filme, temos Brancos e Esquimós vivendo na mesma região; obviamente que os Brancos não têm sua origem naquela região, mas mesmo que passem mil anos lá, sua cultura não necessariamente vai se tornar igual à dos Esquimós, ainda que esse choque provoque mudanças, cada cultura é independente do local.

Para mais informações sobre a relação entre cultura e educação, você pode acessar a lista de sugestões de filmes sobre educação especial.

 

Autor: Eduardo Cardoso

Saiba mais sobre armas de fogo utilizadas na caça.

https://www.youtube.com/watch?v=IHCuxgSscjo


Este texto foi publicado na categoria Cultura e Expressão Artística.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

2 respostas para “Análise do Filme: Sangue sobre a Neve”

  1. As culturas são legítimas, válidas e universais dentro da comunidade cultural. A dinâmica social é que dá impulso e legitimidade às suas culturas, não sendo, pois, nem melhor, nem pior do que outra. Nem mais evoluída, nem mais atrasada.

  2. Ao meu ver neste filme fica evidente que o conflito entre culturas de vários povos na sua convivência não se tornam iguais, os choques entre culturas provoca mudanças, mas cada cultura é independente do local. Qualquer criança normal pode ser educada em qualquer cultura.

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