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Atualizado em 12/04/2013

DESENVOLVIMENTO FÍSICO NA INFÂNCIA

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DESENVOLVIMENTO FÍSICO NA INFÂNCIA


1. Introdução

A partir do momento da concepção, e como ocorre com qualquer outro ser vivo, o organismo humano tem uma “lógica biológica”, uma organização e um calendário maturativo.

O desenvolvimento psicomotor está sujeito, em primeiro lugar, a uma série de leis biológicas em grande parte relacionadas ao calendário maturativo. Mas, como ocorre com a desenvolvimento físico em geral, o desenvolvimento psicomotor está longe de ser uma mera realidade biológica; é também uma porta aberta à interação e, portanto, à estimulação.


2. O crescimento físico: fatores endógenos e exógenos

É um processo altamente organizado no qual as coisas ocorrem de acordo com uma determinada seqüência e um determinado calendário maturativo, e não ao acaso e em qualquer momento.

Se dá de maneira contínua e paulatina, e não em saltos e descontinuidade.

Tem uma determinada trajetória e certos controles internos que levam o corpo da imaturidade inicial a níveis crescentes de maturação. Esse controle genético e certos mecanismos corretores fazem com que haja uma tendência a recuperar o caminho perdido, quando um problema ou distúrbio desvia o crescimento de sua trajetória prevista, assim que o problema ou distúrbio que havia ocasionado o desvio da trajetória seja eliminado. Esse processo é denominado de processos de recuperação.

Exemplo: um casal vai ter um filho. Suponhamos que o tamanho corporal que a criança herda é o de seu pai, que é excepcionalmente alto. Como o espaço no interior da mãe não é ilimitado, o feto deixa de crescer assim que ocupa todo o espaço disponível. É possível que a criança nasça menor do que poderia ter nascido caso sua mãe tivesse maior capacidade interna. Mas o fato de nascer menor não significa que vá ser uma criança de baixa estatura, pois após o nascimento intervirão os processos de recuperação que farão com que a criança cresça mais depressa até encontrar a trajetória de crescimento que foi obrigada a abandonar temporariamente. Essa aceleração do crescimento cessa assim que a criança encontrar sua trajetória abandonada. A partir daí, a criança continua crescendo, mas já a um ritmo normal, será uma criança grande.

O problema que constitui o desvio da trajetória pode ser natural, como no exemplo anterior, ou como no caso das gestações múltiplas, nas quais as crianças nascem freqüentemente menores porque ocupam antes o espaço disponível.

Mas o desvio da trajetória prevista pode dever-se a outro tipo de problemas como, por exemplo, a desnutrição.

Como principio geral, podemos afirmar que quanto mais precoce, mais grave e prolongado o problema que afasta a criança da curva de crescimento, será mais difícil que os processos de recuperação sejam plenamente eficazes. Isso de deve que na vida-uterina e nos dois primeiros anos de vida, cresce-se mais depressa do que o crescimento posterior. Um distúrbio de dois meses de duração, por exemplo, afeta de maneira mais acentuada o crescimento potencial quando a criança tem cinco meses do que quando tem vinte meses, e afeta de maneira mais acentuada o potencial de crescimento aos vinte meses que aos seis anos.

A regularidade que existe no processo de crescimento entre as pessoas e fenômenos como os que acabamos de descrever em relação ao processo de recuperação, ilustram até que ponto o crescimento é controlado por mecanismos endógenos, ou seja, internos ao organismo. Isto não significa, contudo, que o crescimento seja um processo indiferente `influência de fatores externos. A importância destes fatores externos fica evidente quando se pensa, por exemplo, na dependência que o crescimento tem da alimentação; ou quando se pensa no fato de que as crianças de classes sociais baixas têm uma estatura média menor que as de classes altas (naturalmente, não é a classe social per se que produz as diferenças, senão as condições de vida associadas às diferentes classes sociais).

A aceleração não pode ocorrer indefinidamente. No que se refere ao crescimento físico, os fatores externos têm uma capacidade de influência indiscutível, mas limitada.

Margem de reação ou variação de reação – refere-se ao fato de que, para alguns aspectos do desenvolvimento físico, o que a herança genética prevê não é um valor fixo e fechado, senão uma certa margem aberta à influência de fatores externos. Exemplo: estatura – no caso de uma pessoa qualquer, o que a herança prescreve não é que tenha que medir exatamente 1,78cm; o que a herança fixa é uma margem de uns poucos centímetros dentro dos quais deverá situar-se a estatura final dessa pessoa. Se todas as condições forem propícias, a pessoa atingirá o ponto mais alto desta margem; se as condições forem adversas, a estatura final da pessoa estará situada na parte inferior da margem.

Aspectos do ambiente que afetam o processo de crescimento:

  • alimentação
  • hábitos de sono e repouso
  • exercício
  • estado de saúde
  • influências psicológicas, como o nanismo por privação, que é um crescimento anormalmente baixo na estatura e peso em conseqüências de privações afetivas.

Não podemos pensar que toda criança baixa e magra para sua idade tem privações afetivas. Se o resto das condições forem favoráveis (alimentação, saúde, exercício, sono, etc), o mais provável é que uma criança baixa e magra seja simplesmente uma criança baixa e magra.

O processo de crescimento é um processo muito organizado, com uma evolução prescrita pelos genes, aberto às influências do meio mas não de maneira ilimitada, senão dentro de certas margens preestabelecidas na herança que o indivíduo recebe de seus pais.


3. Curva de crescimento

A curva de crescimento de cada indivíduo tem que ser coerente consigo mesma. As pessoas pequenas não têm exatamente o mesmo ritmo de desenvolvimento que as pessoas maiores. Embora sejam diferentes, ambos ritmos de crescimento são normais, e o importante é que cada um siga o seu. Nãos seria correto, por isso, avaliar o ritmo de crescimento de uma pessoa pequena em função dos dados próprios das pessoas maiores.

Dimorfismo sexual – diferenças entre homens e mulheres, no que se referem a curva de crescimento.

As curvas de crescimento adotam perfis ligeiramente diferentes nos dois sexos. Como regra geral, e sempre na média, pode-se afirmar que as meninas adiantam-se em relação aos meninos quanto à cronologia de seu crescimento.

A prova mais evidente é que as meninas têm as mudanças da puberdade muitos meses antes dos meninos. O fato de eles terem a puberdade antes, explica que cresçam antes dos meninos, e por isso durante um certo tempo as meninas tenham uma vantagem quanto à altura em relação aos meninos. Depois, quando os meninos começam a crescer, passam definitivamente à frente das meninas.

Chega um momento em que a curva do crescimento para de subir, porque já se atingiu o que poderíamos denominar o teto correspondente a cada um. As idades dos dezesseis anos no caso das meninas e dos dezoitos anos no caso dos meninos, com uma variação normal de dois anos acima e abaixo desses valores, indicam o momento em que o crescimento já está praticamente concluído. Isto significa que algumas meninas param de crescer, ou crescem muito pouco, a partir dos quatorzes anos, ao passo que outras param de crescer, ou crescem muito pouco, a partir dos dezoito anos. No caso dos meninos, a variação média ocorre entre dezesseis e os vinte anos.


4. O nascimento e a primeira infância

O diagnostico do recém-nascido, é feito em geral, fazendo uso de alguns procedimentos padronizados. Um dos mais populares é o teste de Apgar, amplamente utilizado em muitas clínicas e hospitais obstétricos. Trata-se de uma escala que mede cinco aspectos no recém-nascido: seu ritmo cardíaco, seu esforço respiratório, seu tônus muscular (maior ou menor rigidez nos músculos), sua coloração (rosada, arroxeada, etc) e sua reação reflexas. Cada um destes aspectos recebe uma nota de 0 a 10 de acordo com normas prefixadas.

Cerca de 90% dos bebês recebem uma pontuação de 7 pontos ou mais. Uma criança que obtenha uma pontuação de 4 ou menos necessita ser assistida para sobreviver.

As crianças nascem equipadas com um série de reflexos, entre os quais destacam-se os seguintes:

  • Reflexo de sucção: é ativado quando um objeto (normalmente o seio da mãe, o bico da mamadeira ou a mão do bebê) entra em contato com os lábios da criança;
  • Reflexo de enraizamento: quando se estimula a bochecha do bebê, este tende a girar a cabeça, levando a boca até o fonte do estímulo;
  • Reflexo palmar: quando se coloca um objeto em contato com a palma da mão da criança, esta fecha-a com força, agarrando-se ao objeto;
  • Reflexo de Moro: é conseqüência de uma mudança brusca de estimulação que produz um sobressalto (por exemplo, um golpe forte sobre a mesa na qual a criança está deitada) e manifesta-se por uma reação semelhante ao susto (abre os braços jogando-os para trás e em seguida fechando-os sobre si mesmo, como se fosse um abraço);
  • Reflexo de Marcha: se segurarmos um bebê pelas axilas e colocamos os plantas de seus pés em contato com uma superfície como a de uma mesa ou do assoalho, a criança começa a flexionar e a estirar alternadamente suas pernas como se estivesse andando sem sair do lugar.

Estes reflexos estão presentes em todas as crianças normais no momento de seu nascimento. A partir do nascimento, estes reflexos têm um destino variado: alguns desaparecerão muito cedo (a reação do abraço do reflexo de Moro, por exemplo), outros passarão de reflexos involuntários a condutas voluntárias (a sucção, por exemplo).

A maior parte dos reflexos desaparecem como tais no decorrer dos quatros primeiros meses (em geral, entre o terceiro e o sexto mês), em conseqüência de processos maturativos do cérebro.

O recém-nascido possui mais que uma série de reflexos. Possui também um rico equipamento sensorial que lhe permite ver, ouvir, ser sensível à dor e à temperatura, reagir de maneira distinta ao doce e ao amargo, bem como a diferentes odores.

Após o nascimento, o crescimento físico é bastante rápido nos dois ou três primeiros anos. As crianças aumentam sua estatura no primeiro ano o dobro em relação ao segundo anos e as diferenças entre o primeiro anos e o segundo são ainda mais evidentes no que se refere ao peso, pois durante o primeiro ano as crianças costumam triplicar seu peso de nascimento. No terceiro ano os aumentos são menores. O crescimento não cessa, mas se desacelera com a idade.


5. O crescimento do cérebro

No momento do nascimento, as partes mais maduras do cérebro são as mais internas, ou seja, as mais próximas da conexão do cérebro com a medula. O desenvolvimento do cérebro consistirá em grande parte, em um processo de teleencefalização, ou seja, de um desenvolvimento progressivo do centro para a periferia. As ultimas partes a se desenvolverem são as mais afastadas dos núcleos centrais do cérebro, como é o caso das partes frontais mais externas.

A conduta do recém-nascido está repleta de automatismos e movimentos incontrolados. Somente à medida que vai ocorrendo o processo maturativo que ocorre do centro para a periferia do cérebro, que o elemento automático vai se transformando em voluntário e o incontrolado em controlado.

A maturação que ocorre no interior do cérebro tem uma relação bastante estreita com a evolução do controle postural e do autocontrole motor. Se a criança controla antes o movimento dos braços que o das pernas, isto não ocorre ao acaso, senão devido ao fato de que as partes do cérebro encarregadas do movimento dos braços amadurecem antes que as responsáveis pelo movimento das pernas.

O tamanho do cerebelo aumenta consideravelmente durante o primeiro ano de vida, o que sem dúvida está relacionado aos progressos observados ao longo deste ano em tudo que se refere ao controle postural e ao equilíbrio, pois o cerebelo desempenha um papel chave em relações a estas questões.

Aproximadamente aos doze meses, ocorre uma maturação importante em áreas do cérebro relacionadas ao desenvolvimento da linguagem, que está relacionada aos avanços que ocorre na conduta lingüística nesses meses. Muito antes desse período, o cérebro foi adquirindo controle da análise dos sons que o bebê percebe (produzidos pelos outros ou por ele mesmo) e das praxias fonoarticulatórias.

Após os dezoito meses, diversos aspectos do cérebro terão amadurecido o suficiente para permitir processos psicológicos complexos como a simbolização ou o auto-reconhecimento.

O crescimento do cérebro é afetado por elementos do meio desde a nutrição até a estimulação. Não basta, por exemplo, que as zonas encarregadas da linguagem amadureçam. É preciso a presença de requisitos, entre os quais a alimentação é um bom exemplo. Mas é preciso, além disso, estímulos tanto físicos como sociais que proporcionem aos neurônios outro tipo de alimento (a estimulação) que é tão importante para o desenvolvimento psicológico.


6. Bases do desenvolvimento psicomotor

A meta do desenvolvimento psicomotor é o controle do próprio corpo até ser capaz de extrair todas as possibilidades de ação e expressão que sejam possíveis a cada um. Esse desenvolvimento envolve um componente externo ou práxico (a ação), mas também um componente interno ou simbólico (a representação do corpo e suas possibilidades da ação).

Os movimentos da criança com poucas semanas de vida são fundamentalmente movimentos incontroláveis, não-coordenados, que ocorrem em sacudidas e que afetam tanto os braços como as pernas.

A criança recém-nascida e de algumas semanas não controla seu corpo: sua cabeça cai para os lados quando não está presa ou apoiada, é incapaz de manter-se sentada, etc.

Ao final de dois anos, a criança apresenta um quadro notavelmente diferente: seus movimentos são voluntários e coordenados, controla a posição de seu corpo e dos segmentos corporais importantes (pernas, braços, tronco), é capaz de andar e correr.

A transição das limitações das primeiras semanas aos êxitos que ocorrem já no segundo semestre do segundo ano, realiza-se através de um processo de progressivo domínio do controle corporal, processo que se ajusta a duas grandes leis fundamentais: a lei céfalo-caudal e a lei próximo-distal.

De acordo com a lei céfalo-caudal do desenvolvimento, as partes do corpo que estão mais próximas da cabeça são controladas antes, sendo que o controle estende-se posteriormente para baixo.

O controle dos músculos do pescoço é adquirido antes que o controle dos músculos do tronco, e o controle dos braços ocorre antes que o das pernas.

A criança mantém sua cabeça ereta antes de manter o tronco ereto (ou seja, antes de ser capaz de manter-se sentada) e é capaz de utilizar habilmente suas extremidades superiores, antes de fazer o mesmo com as inferiores.

A lei próximo-distal refere-se ao fato de que as partes que estão mais próximas do eixo corporal (linha imaginária que divide o corpo de cima para baixo em duas metades simétricas) são controladas antes que as que se encontram mais afastadas deste eixo.

Assim, a articulação do ombro é controlada antes que a do cotovelo, que por sua vez é controlada antes que a do punho, que por sua vez é controlada antes que as dos dedos.

O controle das partes mais afastadas do eixo corporal (punho e dedos) não é atingido na primeira infância (até dois anos), sendo atingido somente nos anos pré-escolares (controle do punho e, em menor grau, o dos dedos) e nos imediatamente posteriores (controle já muito fino dos movimentos dos dedos).

Em conseqüência dessas leis, o movimento da criança vai integrando e controlando voluntariamente um maior número de grupos musculares, com o que vai se tornando progressivamente mais preciso, permitindo incorporar repertórios psicomotores muito especializados e complexos.


7. Desenvolvimento do controle postural

Graças aos processos maturativos que se ajustam as leis céfalo-caudal e próximo-distal, e graças também aos estímulos que a criança vai recebendo por parte daqueles que a cercam, vai sendo produzido um controle postural que, embora com variações entre as crianças, ajusta-se em geral aos seguintes marcos:

Controle da cabeça: as crianças têm desde o princípio um certo controle dos movimentos de sua cabeça, que conseguem girar de um lado para outro quando estão deitadas, e que conseguem levantar um pouco quando estão de bruços. A sustentação da cabeça em linha de prolongação com o tronco ocorre em torno dos 3 a 4 meses.

Coordenação olho-mão: uma certa coordenação inicial está presente desde o nascimento, com movimentos grosseiros e pouco afinados, dirigidos a objetos que entram no campo visual da criança e que lhe são atraentes. A coordenação visual-manual vai se afinando posteriormente, estando bem estabelecida em tono de 3 a 4 meses. Posição sentada: os bebês de 4 a 5 meses mantêm-se sentados com apoio. Até os 6 a 7 meses, mantêm-se sentados sem ajuda.

Locomoção entes de andar: os bebês locomovem-se de um lugar para outro antes de serem capazes de andar. Estendo sentados, utilizam as mãos como remos e deslizam sobre o chão as extremidades inferiores; locomovem-se também através do engatinhar, apoiando-se nas mãos, joelhos e pés. Estes movimentos e deslocamentos ocorrem sobretudo aos oito meses.

Manter-se em pé e caminhar: em torno dos 9 a 10 meses, a criança é capaz de manter-se em pé apoiando-se em algo, sendo capaz de manter-se em pé sem apoio ao redor dos doze meses. Caminha com ajuda de dois pontos de apoio (por exemplo, sustentado pelos dois braços) após os 10 a 11 meses e com um só apoio, aos 11 a 12 meses. Só é capaz de andar em algum momento em torno dos 12 a 14 meses. Até os dezoito meses, corre. Dois ou três meses depois, é capaz de dar pequenos saltos.

Este calendário motor apresenta variações de uma criança a outra. Algumas são mais precoces e outras mais lentas. Algumas apresentam uma motricidade mais orientada à exploração do meio imediato (e dedicam muito mais tempo a observar um objeto, manipulá-lo), enquanto outras mostram um interesse maior na exploração do espaço mais amplo (locomoção de um lado para outro, quando têm capacidade de fazê-lo). Até onde sabemos, não parece que estas diferenças no calendário motor ou nas preferências motoras na primeira infância estejam associadas a algum aspecto do desenvolvimento intelectual.

Autor: Carlos Alexandre Constantino

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