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Atualizado em 10/08/2024

Ócio Criativo – Tempos Pós-Modernos: Globalizados, Criativos e Andróginos

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Este trabalho faz parte da disciplina Filosofia, do 2º período de Ciências Contábeis, tendo por objetivo apresentar uma resenha sobre o texto “Tempos Pós-Modernos: Globalizados, Criativos, Andróginos”, constante do oitavo capítulo do livro Ócio Criativo, de Domenico De Masi.

Para tanto, faremos uma apresentação do texto apresentado pelo autor, seguida de nossa avaliação crítica.

O texto é fruto de uma entrevista concedida por De Masi à jornalista Maria Serena Palieri e aborda temas e conceitos sob a forma de perguntas e respostas, o que torna a sua leitura bastante agradável.

Apresentação do Texto

O texto Tempos Pós-Modernos: Globalizados, Criativos e Andróginos é parte integrante do livro intitulado Ócio Criativo e aborda os aspectos distintivos da sociedade pós-industrial: a globalização, o tempo livre, a intelectualização, a desestruturação do tempo e do espaço e a experiência do nomadismo pós-moderno.

Segundo De Masi, a globalização achata a diversidade: os meios de comunicação em massa, o dinheiro, a ciência, a cultura: tudo tende a se tornar homogêneo, já que as pessoas têm os mesmos costumes, comem os mesmos alimentos em fast foods, tomam o mesmo refrigerante, falam pela Internet com pessoas de todo o planeta e as multinacionais dominam a economia mundial.

A globalização é reflexo de uma tendência inerente ao ser humano, que é a vontade de dominar os seus semelhantes. Inicialmente, o homem tenta conhecer e mapear o planeta, trocando suas mercadorias e tentando colonizar os povos vizinhos e, em seguida, os mais distantes, até conseguir globalizar o mundo todo, através das suas mercadorias e das suas ideias. A partir daí, expande a sua moeda e as suas fábricas.

O autor alerta para a atual situação do planeta: todas as formas de globalização e de domínio humano estão presentes simultaneamente no mundo todo, o que faz com que potencialize os seus efeitos e produza a oitava forma de globalização: a psicológica. Todos os dias despertamos com as mesmas notícias do mundo, utilizamos objetos e equipamentos de outros países, vendemos mercadorias e informações em todos os cantos, ouvimos músicas internacionais e utilizamos o correio eletrônico para falar com pessoas de todo o mundo.

Tudo isso revela a fragilidade humana, pois joga os trabalhadores, as empresas, os políticos e os Estados em uma opressiva concorrência onde os competidores são muito astutos e em maior número, isto é, a globalização aumenta a competitividade.

A segunda característica dos tempos pós-modernos é o tempo livre, que está mais escasso a cada dia. Com a industrialização, o trabalho tornou-se dominante para os homens, sobrepondo-se à família, ao estudo e ao lazer.

Outra característica apontada pelo autor é a intelectualização, onde se difunde a consciência de que as atividades intelectuais predominam em relação às manuais. Entre as intelectuais, a mais apreciada é a criatividade, seguida da estética: o design dos produtos é o que os diferencia nos tempos atuais, já que o aspecto técnico dos objetos é semelhante.

A qualidade agora está prevalecendo: o homem está seletivo não só em relação aos produtos que consome, mas também em relação à qualidade de vida. Na sociedade consumista, ele desejava consumir muitos discos, mas não tinha tempo para usufruir deles, pois se dedicava apenas ao trabalho. Agora, quer apreciá-los e, para isso, precisa de tempo livre.

O autor nos ensina que, enquanto a sociedade industrial fundava-se na razão, a sociedade pós-industrial valoriza também a emoção, a fantasia e a feminilidade. Para ter criatividade, é necessário unir racionalidade e emotividade, e o resultado disso é uma sociedade andrógina, mais flexível quanto ao papel do homem e da mulher na sociedade.

É interessante o enfoque dado pelo autor quanto à mudança de papéis entre homens e mulheres. Apesar da maioria dos cargos de direção nas empresas públicas e privadas ser ocupada por homens, esta realidade está invertendo, já que na sociedade pós-industrial as tarefas repetitivas são delegadas às máquinas, enquanto o ser humano necessita se incumbir de atividades flexíveis, intuitivas e estéticas, atividades para as quais as mulheres estão mais preparadas que os homens.

O autor nos alerta, entretanto, que uma sociedade dominada pelas mulheres e excludente com relação aos homens também será injusta e perderá a riqueza de pluralidade, ressaltando que esse erro pode ser evitado, já que a hegemonia não foi definitivamente conquistada pelas mulheres.

A desestruturação do tempo e do espaço também é típica da sociedade pós-industrial. Eles estão se transformando radicalmente com o auxílio do fax, do celular e da Internet.

O autor revela ainda que, para se obter a criatividade em grupo, são necessários: motivação individual, clima de entusiasmo e liderança carismática.

Outro aspecto abordado no texto trata do nomadismo. Uma parte de nós deseja vagar pelo mundo sem destino, enquanto a outra necessita de um lugar estável para viver. Enquanto o sedentarismo parece dominar o homem, a inquietude o obriga a sair pelo mundo. Elas são, ambas, necessidades biológicas indispensáveis ao progresso da civilização. Enquanto o nômade conserva um segredo de felicidade que o homem civilizado perdeu, este tem mais comodidade e segurança que aquele.

A mobilidade em busca de melhores condições de trabalho, impacto causado pela globalização, faz com que o homem viva em um constante nomadismo, seja em busca de trabalho, seja em busca de qualidade de vida. Isto estimula a sua criatividade e a busca de realizações pessoais.

Na sociedade pós-moderna, temos o teletrabalho, uma nova tendência de mercado em que o homem desempenha suas atividades sem sair de casa, economizando o tempo de deslocamento entre o lar e o escritório. Para tanto, aumentam as exigências de estudos especializados e a utilização de equipamentos tecnológicos modernos, propiciando melhor desempenho em suas tarefas.

O autor informa que hoje aumentam as ocasiões de mudança de moradia por tempo prolongado, afirmando, por fim, que a experiência do nomadismo pós-moderno ajuda o homem a lidar com pessoas de diferentes lugares e realidades, estimulando a sua criatividade e enriquecendo o seu eu.

Avaliação Crítica

O autor divulga com clareza a sua proposta em modificar a nossa mentalidade de produtores-consumidores, tratando de assuntos da atualidade, tais como o critério estético de viver, a feminilidade emergente na sociedade pós-moderna, razão e emoção e as formas atuais de trabalho.

Estamos acostumados a ver o trabalho, o estudo e o lazer como antagonistas, sendo o tempo livre o maior vilão de todos eles. A proposta do autor é a integração desses três elementos, afirmando que “o tempo livre é fundamental para a qualidade de produção”.

O autor defende a ideia do teletrabalho. Observa-se, no entanto, que, apesar dele já fazer parte da vida de muitas pessoas em todo o mundo, pode trazer algumas consequências desagradáveis para quem o pratica. Quando as pessoas deixam de ir ao escritório ou empresa e passam a trabalhar em casa, há uma euforia inicial decorrente do fato da proximidade com a família, amigos, etc.

Entretanto, em uma segunda etapa, observa-se uma alienação do indivíduo por excesso de trabalho, em virtude das novas exigências estabelecidas, já que a maioria das funções executadas na forma de teletrabalho exige grandes aptidões intelectuais e muita dedicação. Esta dedicação faz com que ele se afaste da família e dos amigos em um primeiro momento.

O teletrabalho deve servir para economizar os tempos de deslocamentos e o estresse quando se trabalha em um escritório, por exemplo. Mas o trabalhador deve também satisfazer as suas necessidades de diversão, de amizade, de amor e de convivência. E as relações de convivência com outras pessoas são extremamente importantes para o ser humano.

Deve, portanto, haver um equilíbrio entre trabalho, estudo e lazer. E este equilíbrio só será encontrado com o amadurecimento em face de esta nova maneira de viver.

Com a industrialização, os homens se sentiam como parte das máquinas que eles operavam. Isto é muito bem demonstrado no filme “Tempos Modernos”. Nos agora tempos pós-modernos, com o teletrabalho, o homem necessita cuidar-se para não se sentir parte de seu computador e se isolar da convivência com os seus semelhantes.

O mais interessante no texto é a proposta do autor para que não trabalhemos como se estivéssemos carregando um fardo pesado, mas sim que o nosso trabalho caminhe junto com o lazer e o estudo.

Conclusão

Neste trabalho, apresentamos uma resenha crítica sobre o texto “Tempos Pós-Modernos: Globalizados, Criativos e Andróginos” de Domenico De Masi, cuja ideia de ócio criativo já possui adeptos em todo o mundo.

A leitura do texto é válida para nós estudantes, no sentido de tentarmos mudar nossa concepção de trabalho e de vida. Para aqueles que saíram há pouco do Ensino Médio, o texto é válido para fornecer um novo modelo de trabalho, que será utilizado no futuro por eles. Para nós, que já exercemos uma profissão e estamos em nosso segundo curso universitário, o texto é extremamente importante, para que façamos uma revisão de nossos paradigmas e uma reflexão em nossa maneira de agir atualmente, para poder obter mais qualidade de vida e menos estresse.

Autor: Lucienne G. Pereira

Educação e Filosofia | Tecnologia Moderna | Filosofia para Crianças


Este texto foi publicado na categoria Cultura e Expressão Artística.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

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