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Atualizado em 10/08/2024

A relação entre psicopedagogia e psicomotricidade na educação infantil: aspectos psicopedagógicos

Descubra como a abordagem psicopedagógica na educação infantil pode contribuir para o desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas e sociais. Saiba mais sobre a relação entre psicopedagogia e psicomotricidade e como ela pode ajudar a promover o crescimento e o bem-estar das crianças.

A Relação de Psicopedagogia com a Psicomotricidade: Aspectos Psicopedagógicos da Educação Infantil

EDUCAÇÃO PSICOMOTORA

A psicopedagogia como ciência tem se desenvolvido ao longo do século XIX, com vultos isolados ao longo da Europa, como Jacques Lacan, Maud Mannoni, Fraçoise Doito, Janine Mery, franceses, e na América do Sul com os argentinos, George Mauco, Pichón-Riviére, que procuraram sistematizar essa ciência tão nova para a humanidade.

A Psicopedagogia não nasceu aqui e nem tampouco na Argentina, investigando a literatura sobre o tema, podemos verificar que a preocupação com os problemas da aprendizagem teve origem na Europa, ainda no século XIX. Inicialmente, pensaram sobre o problema os filósofos, os médicos e os educadores. (BOSSA, 1992).

Como disciplina de ensino superior, é vista como interdisciplinar, pois possui multifacetas de várias disciplinas que se interligam de forma concreta.

A ciência psicopedagógica é tão nova que a Associação Brasileira de Psicopedagogia está lutando diante do Ministério da Educação para profissionalizar o psicopedagogo, que até hoje não possui um reconhecimento como profissional especializado na ciência pedagógica, assim como é o psicólogo e o pedagogo.

A tarefa nesse trabalho científico é mostrar parâmetros simétricos entre psicopedagogia e psicomotricidade, o que possuem em comum, ou ainda o que uma ciência pode contribuir para a formação da outra.

Para entender essa relação entre psicopedagogia e psicomotricidade, será em primeiro lugar discutido os aspectos relevantes da psicomotricidade, para depois serem analisados os psicopedagógicos, para que, no final do trabalho, seja feita uma relação mais apurada entre as duas disciplinas.

O indivíduo ao nascer não começa já andando, precisa de algum tempo para fortalecer os seus músculos, equilibrar-se, enxergar perfeitamente todo o seu campo visual, ter noções de percepção, resposta, estímulo, enfim, ter aspectos cognoscíveis para a sua educação motora.

Progride criteriosamente de uma forma motora, onde cada gesto, observação, movimento tem um valor e significado dentro da Educação Psicomotora, onde grande parte do seu desenvolvimento cognitivo está ligada à psicomotricidade.

Pois bem, o que vem a ser então a Educação Psicomotora? É a ciência que vai estudar os fenômenos psicológicos e motores interligados à educação, pois, se o desenvolvimento motor não for corretamente realizado, trará problemas futuros para a criança e reflexos pelo resto de sua vida.

A palavra “Educação” é a parte da disciplina que se encarrega de tratar dos aspectos formais da inteligência humana, trabalhando, sobretudo de maneira pedagógica, para atuar no campo da aprendizagem do aprendente.

O prefixo “Psic” é a outra parte da disciplina que irá estabelecer parâmetros ligados à “mente”, ao funcionamento do cérebro e suas implicações psicológicas para a concretização da educação.

O sufixo “motor” é o elemento imprescindível nessa disciplina, haja vista ser ele o aspecto de maior relevância no objeto do estudo, pois, está ligado à parte do movimento, ação, dinâmica do corpo, que está unido ou interligado aos outros dois, pois, cada palavra ou parte que compõe a disciplina estabelece entre si uma relação de simbiose, para o seu perfeito aperfeiçoamento e funcionamento.

A Educação psicomotora é tão importante na vida da criança que tanto os pais como a escola devem se preocupar com esse ensino, pois a formação do ser poderá estar comprometida se não for acompanhada.

DESENVOLVIMENTO MOTOR

Como anteriormente foi falada na introdução a parte motora, está ligada ao movimento, entretanto, para que ele seja concebido, estabelecido, precisa ser realizado de modo temporal, ou seja, há seu tempo.

Não adianta os pais, por exemplo, “querer que o seu filho ande antes dos dez meses de idade”, pois isso poderá prejudicar o desenvolvimento motor dessa criança, por conseguinte, o seu crescimento de forma ordenada.

O desenvolvimento motor é um processo gradual, onde cada fase do crescimento exige um gesto ou movimento para que se processe de modo psicológico na formação do ser.

A criança precisa de certos vínculos para que o seu desenvolvimento aconteça de forma compatível como:

  • a) Maturação – irá se relacionar com os aspectos físicos e biológicos do corpo, pois o crescimento do organismo é feito de maneira muitas vezes parecida de indivíduo para indivíduo e já em outros casos de maneira análoga, por isso não se deve acelerar o processo, pois cada organismo reage de forma diferente entre si.
  • b) Ambiente – o local físico onde a criança vai utilizar para dormir, brincar, comer, viver, precisa ser “estimulante”, ou seja, repleto de símbolos e significados que pode decifrar com a sua inteligência, caso contrário, ficará uma parcela ausente de sua cognição, em virtude desse ambiente pobre de elementos importantes ao seu estímulo para o desenvolvimento motor.
  • c) Ações neuromotoras – relaciona-se com a ação em conjunta da maturação e o ambiente, ou seja, são os “momentos vividos”, ações neuromotoras, que correspondem aos movimentos propriamente ditos, monitorados pelo cérebro, que são percebidos em primeira parte através dos “instintos” ou “reflexos”, haja vista que a criança antes dos dois anos ainda não apresenta cognição, segundo Piaget.

Por isso, o estímulo do ambiente é importante para a formação motora desse indivíduo.

Um exemplo de como o desenvolvimento motor é importante para a criança e suas implicações, que muitas vezes ações erradas, mesmo com intenção de ajudar, se tornam prejudiciais para o campo neuromotor.

Como por exemplo, uma mãe que compra um “andador” para auxiliar na locomoção da criança, existe uma explicação para que esta atitude seja errada, tanto pela psicomotricidade quanto pela psicopedagogia, pois os referidos objetos que são vendidos em lojas infantis não apresentam nenhuma restrição quanto à sua utilização.

O andador não é recomendado pelas duas ciências, até aqui discutidas, pelo simples motivo de não estimular o equilíbrio, a queda, que são estimulados através do cérebro, para os membros inferiores e superiores.

O cérebro, por sua vez, vai traduzir o perfeito equilíbrio e as sucessivas quedas, através das várias tentativas de ficar em pé ou cair para a criança que está em formação motora.

O Cérebro Esquerdo é dominante no controle da fala e da linguagem; o Direito sobressai em tarefas visuomotoras (GAZZANIGA, 2005, p. 9).

Quando a criança não é estimulada neuromotoramente, como por exemplo, ao se valer do andador para sua locomoção, restringe a ação do cérebro, contribuindo apenas para uma ação mecânica, com o andador, e não neural, que, por conseguinte, provavelmente acarretará prejuízo motor para a criança em formação.

A direção da escola e também o professor dentro da sala de aula talvez não percebam que o aluno é um indivíduo em constante formação, que os aspectos motores são relevantes para o seu desenvolvimento, haja vista que a criança encontra prazer no que lhe faz bem, e as atividades desportivas, brincadeiras, são ligadas diretamente à psicomotricidade.

A falta de atualização e valorização do corpo docente pode atrapalhar o bom desenvolvimento do seu aluno, pois um professor desmotivado é uma ponte para um aluno também.

Em virtude disso, podem estar prejudicando o desenvolvimento motor dos seus alunos.

Professores em escolas desestruturadas, sem apoio material e pedagógico, desqualificados pela sociedade, pelas famílias, pelos alunos não podem ocupar bem o lugar de quem ensina, tornando o conhecimento desejável pelo aluno. É preciso que o professor competente e valorizado encontre o prazer de ensinar. A má qualidade do ensino provoca um desestímulo na busca do conhecimento (SAMPAIO, 2009 apud Weiss, 2003, p. 18).

O psicopedagogo pode auxiliar a criança ao perceber que esta apresenta problemas de aprendizagem, que pode estar relacionado com a sua parte motora, que por sua vez, pode ter sido alterada por um “trauma na infância”, pois o “dia a dia” vai forjar o seu futuro, ou ainda, a falta de afetividade por parte da família pode implicar desvios psicomotores.

“A família, por sua vez, também é responsável pela aprendizagem da criança, já que os pais são os primeiros ensinantes e as atitudes destes diante das emergências de autoria do aprendente, se repetidas constantemente, irão determinar a modalidade de aprendizagem dos filhos” (PORTO apud FERNANDEZ, 2001).

A criança pode ter timidez, agressividade, apatia, euforia, tristeza, alegria dependendo da ação neuromotor que tiver sido estimulada durante a sua infância.

Portanto, a psicopedagogia e psicomotricidade possuem valores correspondentes na formação do indivíduo.

O CORPO

O corpo é a condição vital para a sobrevivência, sem ele estaríamos sem defesa, ataque, objetivos, sonhos, ideais.

É através dele que nos desenvolvemos, nos percebemos e somos condicionados a viver no mundo.

A mente somente pode funcionar se existir uma projeção de um corpo no espaço, e sobre esse espaço, ocupar lugar para poder sobreviver.

O corpo precisa ser descoberto, arranjado e ocupado no mundo, caso contrário, é apenas um composto de ossos e músculos sem finalidade para o kosmos.

Um dos motivos da falha nos movimentos está diretamente relacionado com a posição do corpo no espaço, ou seja, se uma pessoa não tem exatidão das dimensões e força de suas mãos, como, por exemplo, poderá esmagar um “passarinho” ao pegá-lo.

Ou quem sabe outro exemplo, ao passar, por exemplo, por entre duas pessoas, esbarra em uma delas, isso significa que este elemento não possui uma exatidão das suas formas, ou pelo menos noção do que ocupa no espaço.

A psicopedagogia orienta que a formação do corpo precisa ser detalhada, observada, por conseguinte, cada indivíduo precisa conhecer o seu corpo, e para conhecê-lo precisa gostar dele.

Um pai ou uma mãe precisa ensinar o seu filho o valor do seu corpo, o que representa e as responsabilidades desse corpo no espaço.

A formação familiar pode muito inibir ao conhecimento do corpo, pois muitos “tabus” podem girar em torno desse corpo, haja vista que em algumas famílias pode representar a “morada de satanás”, ou “algo desprezível”, “gordo”, “franzino”…

Com essas informações indesejáveis, o “proprietário do corpo” acaba por inibir a vontade de conhecê-lo, que adianta, possivelmente poderá torná-lo desconhecido para si.

A psicomotricidade busca muitas formas de conhecer e explorar a ação do corpo, pois se desenvolve fisicamente através deste e a importância vital que possui para a sobrevivência.

A percepção sinestésica diz respeito ao exato conhecimento desse corpo no espaço e da sua vitalidade para o mesmo, como por exemplo: podemos citar o caso de um cego de nascença ter exatamente noção de cada parte do seu corpo e dos objetos que o cercam, facilitando desta forma a conexão com os mesmos, como encher um copo de água sem derramá-lo, caminhar no espaço sem se desequilibrar, são exemplos de como é importante o conhecimento do corpo para a sobrevivência.

SISTEMA PERCEPTIVO

A percepção compreende o processamento das informações transmitidas pelo sistema nervoso-sensorial desde os órgãos do sentido até o cérebro, onde se processa para formar a percepção do mundo.

A percepção é a interpretação do mundo através do cérebro. Na ausência da percepção não haveria memória e não haveria aprendizagem.

Ela é tão importante que liga o mundo exterior com o interior, ou seja, decodifica as informações recebidas pelo mundo e passa a traduzir de uma forma organizada.

O psicopedagogo, ao trabalhar com crianças que possuem dificuldades em aprender, muitas vezes se depara com problemas associados à percepção, que têm muitas vezes ligações à sua própria infância de como ela foi acompanhada e significada para si, ou problemas de ensinagem por parte dos docentes.

Uma infância mal vivida, por exemplo, provavelmente trará problemas na percepção infantil, pois o simples fato do amamentar já é um modo que a criança percebe o mundo.

Dificuldade de aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita e do raciocínio lógico matemático.

Tais desordens, consideradas intrínsecas ao indivíduo, podem ocorrer durante toda a vida.

As dificuldades de aprendizagem podem estar associadas a problemas de auto-regulação do comportamento, da percepção social e interação social, deficiência sensorial ou deficiência mental, embora não sejam o resultado dessas condições.

A psicopedagogia precisa ter um olhar mais clínico quanto aos aspectos da percepção infantil, pois as dificuldades em aprender podem partir principalmente desse prisma, e às vezes fica se fazendo um rodeio quanto ao problema, mandando a criança se tratar com psicólogo, “tirar um eletro”, sendo que a solução pode estar bem próxima, como é o caso do estudo apurado dos problemas ligados à percepção.

O psicopedagogo precisa se relacionar com a criança, entendê-la, senti-la, compreendê-la, só então entenderá o que se passa com ela.

Se é preciso fazer falar a criança, é porque ela nos escapa e não nos revela o que ela é. Ora, numa pesquisa, não se pode partir do nada. Se a experiência é aqui o que a própria criança revela, então é uma experiência demasiadamente pobre para o psicólogo se contente com ela e possa simplesmente iniciar, com proveito, a sua pesquisa. Pois, “em psicologia como em física, não existem ‘fatos’ puros, se entende por ‘fato’ um fenômeno apresentado ao espírito pela própria natureza, independente das hipóteses que permitiram interrogá-la, dos princípios que regulam a interpretação da experiência e do contexto sistemático de proposições anteriores no qual o observador insere, por meio de espécie de preligação, toda a verificação nova” (PIAGET, ob. cit., pág XXXII).

REFERÊNCIAS

BOSSA, Nádia. A psicopedagogia no Brasil, Porto Alegre. Artes Médicas, 1994.

COSTA, Samuel. Psicologia e Cristianismo, Rio de Janeiro, SILVACOSTA, 2006.

FREIRE, Serrano, Sou Professor: trabalhando a auto-estima e a motivação no magistério. 4 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2008.

LEIF, Joseph, Psicologia e Educação: tomo primeiro a criança. Rio de Janeiro, Livraria Freitas Bastos S.1965.

MOREIRA, Paulo Roberto, Psicologia da Educação. 2 ed. São Paulo: FTD, 1996.

FREIRE, Paulo, Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à Prática Educativa.7 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

PORTO, Olívia. Psicopedagogia Institucional: teoria, prática e assessoramento psicopedagógico. Rio de Janeiro, WAK, 2006.

SAMPAIO, Simaia, Dificuldades de Aprendizagem: A psicopedagogia na relação sujeito, família e escola. 1 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2009.

Autor: Hilton Andrade dos Santos

Pós-graduando em Psicopedagogia pela UNIABEU. Bacharel em Teologia pela FAECAD. Tecnólogo em Ciências Militares e Graduado Especializado em Perícia Criminal Militar formado no 1º BPE. Instrutor do Curso de Perícia Criminal e Investigador. Professor de Teologia pelo IBADERJ.

A importância do respeito à criança em sua intimidade é um aspecto fundamental que deve ser considerado na educação infantil.

Educação infantil é um tema que abrange diversas abordagens e metodologias que podem ser exploradas para o desenvolvimento integral da criança.

Explore opções de brinquedos educativos que podem auxiliar no desenvolvimento motor e cognitivo das crianças.


Este texto foi publicado na categoria Educação Inclusiva e Especial.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

Uma resposta para “A relação entre psicopedagogia e psicomotricidade na educação infantil: aspectos psicopedagógicos”

  1. O tema é bastante interessante, porém, não houve uma revisão cuidadosa do texto e ao longo do mesmo ocorrem frequentes erros de concordância, grafia, etc. Uma lástima que um trabalho técnico perca sua qualidade devido à falta de revisão.

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