Como usar jogos de memória tátil em intervenções psicopedagógicas
Descubra como os jogos de memória tátil podem estimular a memória de trabalho em crianças com TEA e TDAH, fortalecendo o desenvolvimento cognitivo e emocional.

Os jogos de memória tátil representam uma abordagem inovadora para estimular a memória de trabalho em crianças com dificuldades de aprendizagem, como TDAH e TEA. Ao explorar diferentes texturas e formas, esses jogos envolvem o sentido do tato, criando ligações sensoriais que facilitam a retenção e a recuperação de informações. Além de fortalecerem as conexões neurais, esses materiais sensoriais promovem um engajamento maior e oferecem novas possibilidades de intervenção para profissionais da psicopedagogia. Para encontrar uma variedade de opções no mercado, você pode conferir jogos de memória tátil em Amazon.
Por que a memória de trabalho é essencial no desenvolvimento infantil
A memória de trabalho é responsável por manter, manipular e processar informações temporárias durante a execução de tarefas cognitivas. Nas atividades do dia a dia, essa função executiva permite que a criança retenha instruções verbais, organize pensamentos e resolva problemas de forma eficiente. Sem um suporte adequado, crianças com déficit de memória de trabalho podem apresentar dificuldades significativas em leitura, escrita, resolução de problemas matemáticos e até na compreensão de histórias.
No contexto da psicopedagogia, fortalecer a memória de trabalho impacta diretamente a autonomia e a confiança do aluno. Intervenções bem-sucedidas reduzem a sobrecarga cognitiva e melhoram o desempenho acadêmico. Estudos em neurociência aplicados à educação demonstram que intervenções sensoriais, como atividades que envolvem estímulos táteis, tendem a criar trajetórias neurais mais robustas, facilitando a consolidação de memórias.
Para além dos benefícios cognitivos, a melhoria da memória de trabalho também favorece o comportamento e a regulação emocional. Quando a criança consegue lidar com instruções em sequência, reduz-se a frustração e as crises de ansiedade. O trabalho consistente com jogos de memória tátil pode fazer parte de um plano de intervenção mais amplo, integrando outras abordagens, como as apresentadas no artigo Estímulo Olfativo na Psicopedagogia.
Como consequência, ao inserir atividades voltadas para a memória de trabalho em atendimentos psicopedagógicos, o profissional contribui para um desenvolvimento cognitivo e emocional mais equilibrado. Essa estratégia alia ciência e humanização, pilares fundamentais na prática psicopedagógica contemporânea.
O que são jogos de memória tátil e seus benefícios
Definição de jogos de memória tátil
Os jogos de memória tátil consistem em pares de peças ou cartões com superfícies texturizadas, que devem ser combinadas após serem exploradas pelo tato. Diferente dos jogos convencionais de memória visual, esses materiais demandam que a criança utilize o sentido do toque para identificar padrões, formas, relevos e temperaturas distintas. A experiência sensorial amplia a percepção e promove uma conexão mais profunda com o conteúdo trabalhado.
Benefícios para crianças com TEA e TDAH
Em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o uso de estímulos táteis pode ser particularmente eficaz, pois muitas apresentam hipersensibilidade ou hipossensibilidade ao toque. Ajustar a intensidade do estímulo e a variedade de texturas ajuda a criar um ambiente acolhedor e motivador, reduzindo a ansiedade e promovendo a concentração.
Já em crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), a exploração tátil fornece uma saída para o movimento excessivo e mantém a mente focada na tarefa. Jogos de memória tátil exigem atenção sustentada, o que ajuda no treinamento da persistência e na capacidade de filtragem de distrações. Além disso, ao envolver várias áreas sensoriais, esses jogos estimulam conexões cerebrais integradas, favorecendo funções executivas.
Em ambas as condições, os jogos de memória tátil podem ser adaptados em complexidade, número de pares e tempo de exposição, atendendo às necessidades individuais de cada aluno. Essa versatilidade torna o material acessível para diferentes faixas etárias e níveis de habilidade.
Como escolher materiais sensoriais adequados para jogos de memória tátil
Para selecionar os melhores materiais, é fundamental considerar a diversidade de texturas, pesos e formatos. Procure peças com superfícies suaves, ásperas, onduladas, rugosas ou aveludadas. A variação amplia o repertório sensorial e estimula diferentes áreas do córtex somatossensorial.
Ao avaliar opções no mercado, verifique também a qualidade do acabamento, pois bordas mal lapidadas podem machucar a pele. Materiais como silicone, madeira não tratada e tecidos resistentes são boas escolhas. Priorize peças atóxicas, sem peças soltas e com certificação de segurança.
Texturas e formatos ideais
Texturas vibrantes, como borracha pontilhada, tecido acolchoado e plástico granuloso, são recomendadas para iniciar o trabalho. Conforme o desenvolvimento progride, introduza superfícies metálicas, espumas e papéis com relevos complexos. Formatos geométricos simples, como círculos e quadrados, são ideais para crianças pequenas; figuras mais elaboradas podem ser usadas com alunos mais velhos.
Critérios de segurança e durabilidade
Verifique sempre a resistência ao manuseio intenso. Peças que se descascam ou quebram podem representar risco de ingestão. Além disso, observe se o material é lavável ou pode ser higienizado com álcool em gel, garantindo condições sanitárias adequadas em atendimentos grupais.
Passo a passo para implementar jogos de memória tátil em intervenções psicopedagógicas
1. Planejamento da atividade: antes de iniciar, defina os objetivos específicos em termos de função executiva. Por exemplo, fortalecer a memória de trabalho, aprimorar a discriminação tátil ou aumentar o tempo de atenção sustentada. Escolha o número de pares de acordo com o nível do aluno e prepare o espaço livre de distrações.
2. Apresentação inicial: explique a proposta de forma clara, mostrando os cartões e permitindo que o aluno explore cada textura antes do jogo. Em seguida, vire todas as peças para baixo e peça que a criança, em sua vez, selecione duas peças para tocar e, se forem iguais, mantenha-as visíveis.
Planejamento da atividade
Estruture as sessões em blocos curtos de 5 a 10 minutos, respeitando a capacidade de atenção de cada criança. Registre o desempenho inicial para comparar a evolução ao longo das sessões. Utilize escalas de observação para anotar comportamentos de frustração, iniciativa e foco.
Execução e adaptações
Durante o jogo, observe sinais de cansaço ou de desmotivação. Para manter o engajamento, ofereça feedback positivo imediato e ajuste a quantidade de pares. Em casos de dificuldade, introduza pistas táteis adicionais, como agrupar peças próximas ou dar toques direcionais no cartão certo.
Avaliação do progresso
Ao final de cada sessão, registre o número de acertos, o tempo gasto e o nível de estimulação tátil necessária. Compare os dados ao longo de semanas para verificar reduções na necessidade de suportes e aumento da autonomia. Esse registro sistemático permite avaliar a eficácia das intervenções e tomar decisões embasadas cientificamente.
Estratégias avançadas para potencializar a memória de trabalho com jogos de memória tátil
Para ir além do uso básico, combine os jogos de memória tátil com atividades de linguagem. Por exemplo, peça que a criança descreva verbalmente a textura antes de buscá-la ou vincule palavras-chave ao toque. Essa integração multimodal fortalece as conexões entre córtex somatossensorial e áreas de linguagem.
Outra estratégia é integrar o uso de fidget toys durante intervalos curtos no jogo. Permitir movimento controlado entre rodadas ajuda a regular a excitação e preparar o cérebro para novas demandas de memória.
Integração com atividades de linguagem
Solicitar que a criança associe cada textura a uma palavra ou frase cria uma âncora semântica que reforça a retenção da memória. Essa técnica pode ser ampliada para introduzir vocabulário técnico ou conceitual, tornando o jogo útil também para reforçar conteúdos acadêmicos.
Combinação com fidgets
Intercalar momentos de exploração livre de fidget toys antes ou depois do jogo favorece a autorregulação e reduz impulsividade. Essa estratégia é especialmente eficaz em atendimentos para crianças com TDAH, pois equilibra a necessidade de movimento com o foco na tarefa.
Registro e monitoramento de resultados
Utilize planilhas de controle ou aplicativos de registro para documentar o progresso. Inclua indicadores de performance, níveis de suporte e feedback subjetivo da criança. A análise contínua permite ajustes acurados e demonstra evidências concretas do impacto das intervenções.
Recursos recomendados: jogos e materiais sensoriais disponíveis
Além de opções caseiras, você pode adquirir jogos de memória tátil profissionais que oferecem diversos graus de dificuldade. Explore materiais com superfícies em relevo, feltro colorido e silicone brilhoso. Para encontrar uma seleção variada, acesse materiais sensoriais táteis.
Vale a pena usar outros recursos complementares, como blocos de encaixe, cubos sensoriais e tapetes com texturas distintas. Para coordenar atividades que envolvem movimentos amplos, consulte também o Circuito Sensorial disponível em nosso site.
Conclusão
Os jogos de memória tátil representam uma poderosa ferramenta para profissionais de psicopedagogia que buscam intervenções embasadas em neurociência e com alto potencial de engajamento. Ao estimular a memória de trabalho de forma sensorial e lúdica, é possível promover ganhos cognitivos e emocionais significativos em crianças com TEA, TDAH e outros desafios de aprendizagem. A aplicação sistemática dessas atividades, aliada a registros detalhados, garante um acompanhamento efetivo e resultados mais consistentes. Experimente combinar diferentes texturas, integrar atividades de linguagem e escolher materiais de qualidade para potencializar cada sessão. Com planejamento e dedicação, os jogos de memória tátil podem transformar os atendimentos e contribuir para o desenvolvimento integral dos alunos.

