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Atualizado em 02/08/2023

A EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL E PESSOAL

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A Educação para o Desenvolvimento Social e Pessoal


OBJETIVOS

Geral

Identificar de que forma os pais das crianças/alunos incluídos no Programa Escola Já vêem a educação no processo de desenvolvimento pessoal e social de seus filhos?

Específicos

  • identificar o problema através de estudo do caso
  • ilustrar o desenvolvimento social da fase escolar a idade adulta do indivíduo na sociedade
  • repensar qual o papel da escola na sociedade?
  • analisar de que forma a assistência social pode contribuir na melhoria de vida das pessoas?


QUESTÃO NORTEADORA

O que as famílias, que participam do Programa Escola Já entendem por desenvolvimento pessoal e social de seus filhos?


METODOLOGIA

Adotarei a corrente do Materialismo Dialético.  Materialismo dialético em uma filosofia marxista, é uma concepção materialista do mundo fundada no progresso cientifico e uma concepção critica que sustenta teses de independência sobre o real.” (RICO, 1998 pág. 104).

Segundo Parker, a educação globalizada é, hoje, uma pós-modernização, indo desde mudanças econômicas (da manufatura de produtos até ao consumo de serviços e a difusão da tecnologia de informação), passando por novos arranjos Culturais (uma renovação eclética e parótica na arte e na arquitetura, na propaganda e no entretenimento) até aos novos movimentos sociais (plurais e locais em vez de universalistas e massificados).

A educação, como fenômeno central processo de ocidentalização do mundo, não esta imune a estas pressões pós-modernizantes. A educação no Brasil deveria ser um direito social básico do ser humano, que deve ser garantido pelo Estado, a educação na visão global é uma continua expansão das pressões pós-modernizantes, com a crescente flexibilidade e abertura de novos arranjos políticos e econômicos. Tendo como objetivo conhecer os fenômenos da educação na comunidade Vila Parolin. A pesquisa a ser adotada será explicativa correlacionada com a descritiva.

Segundo Gill, a Pesquisa Explicativa: visa identificar os fatores que contribuem para ocorrência dos fenômenos e aprofundar no conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Pesquisa descritiva: visa descrever as características de fenômenos ou populações. Tendo com principal importância apontar a educação como necessidade de vida da comunidade do Parolin, no Programa Escola Já.


NATUREZA DA PESQUISA

Apresentarei uma pesquisa Qualitativa e a pesquisa Quantitativa, pois nesta pesquisa não daria para destituir a quantidade da qualidade, podendo assim ser classificada como pesquisa quanti-qualitativa. “A pesquisa qualitativa justifica-se pôr ser uma forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social”. (RICHARSON, 1999 pág.79).

Compreensão da realidade fundada nos resultados da interação entre o pesquisador e o fenômeno investigado, onde traz a tona o que os participantes pensam a respeito do que esta sendo pesquisado, no qual a realidade dos sujeitos é conhecido a partir dos significados por ele atribuídos.

Na atualidade esta se redescobrindo a relação entre o quantitativo, redescobrindo-se a contribuição destas instancias nos estudos sociais e na sistematização dos conhecimentos produzidos. A pesquisa qualitativa pode pressupor, em alguma medida, a quantidade. Assim, pode-se ter uma pesquisa qualitativa que decorra de uma quantitativa. Nenhuma metodologia se aplica por si só, pois ela é sempre relacional e depende de procedimentos. A opção por uma metodologia de pesquisa deve decorrer de um posicionamento consciente do pesquisador.

INSTRUMENTOS E TÉCNICAS

Utilizarei de coleta de dados a observação Natural, onde o pesquisador investiga aspectos da comunidade em que está inserido.

Grupo Focal – indicado para estudar atitudes e experiências podendo visar e utilizar a formulação a uma investigação para determinado grupo, onde há indivíduos sociais com diferentes comportamentos dentro deste grupo.

No desenvolvimento do grupo focal deve-se formular o propósito e o formato da reunião para haver mais interação e participação de todos os participantes para que o relator encontre registrar e anotar o conteúdo completo, e para a melhoria, recomenda-se à gravação das reuniões mesmo que haja um desvio pôr um participante na discussão, registrar para que possamos interpretar e complementar com outras abordagens reflexivas.


INTRODUÇÃO

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

Para melhor compreensão, a seguir um breve relato da história da educação no Brasil.

Com a expansão do império europeu, diversas terras passaram a ser dominadas por esta nação. Com a chegada dos Jesuítas, várias modificações metodológicas ocorreram na região em que até bem pouco tempo atrás, não possuía nenhuma forma institucionalizada de conceber o ensino. A expulsão dos Jesuítas, por sua vez, originou um outro tipo de educação, fundamentalmente baseada nas chamadas “aulas régias”.

Os moldes do ensino no Brasil, atendiam aos padrões de divisão de classes, sendo um tipo de educação para os pobres e outro tipo para os filhos das elites da época. Qualquer semelhança com os dias de hoje não é simples coincidência.

Os pioneiros e maiores responsáveis pela conquista da região amazônica foram os espanhóis que chegaram por volta de 1.500. Buscavam basicamente converter os habitantes nativos à sua religião, que era o cristianismo e extrair as riquezas que por ventura encontrassem e enviá-las para seu país. No que se refere à educação existente naquele período, sua característica maior era o embasamento na oralidade como forma de transmitir conhecimentos.

No século XVI, o modelo de educação nasce a partir do relato oral. Dessa forma, criaram-se muitos mitos sobre o que existia na região amazônica, como por exemplo, o mito das guerreiras chamadas pelos europeus de amazonas. Também com base no relato oral, diversos mapas da região amazônica foram confeccionados, servindo de guia para outros exploradores que viessem a demonstrar interesse pela região. A transmissão de conhecimentos através do diálogo ficava sob a responsabilidade de cronistas que escutavam os índios e à sua maneira interpretavam o que estava sendo dito, segundo os padrões e valores europeus.

A educação durante o período do modo de produção escravista, que vai de 1534 a 1850 passa por diversas fases de desenvolvimento. A princípio temos o período de instalação das capitanias hereditárias onde não havia nenhuma preocupação com a educação escolarizada. Este período vai de 1534 a 1549. Em seguida temos o período jesuítico que vai de 1549 a 1759, onde a educação é utilizada como instrumento de domesticação da população de acordo com a política colonizadora portuguesa, é a chamada ideologia da interdição do corpo em que os Jesuítas estimularam nos nativos uma série de comportamentos provenientes da Europa, destruindo os costumes locais, ao mesmo tempo em que os tornava submissos. Em 1599, é adotada pelos Jesuítas a política educacional do “Ratio Studiorun”.

Segundo esse princípio, a educação é padronizada para todos e baseada no repasse de ideologias religiosas e ao ensino de disciplinas como filosofia, teologia e humanidades além de grego e latim.

Tanto a educação elementar quanto a educação pública constituíam-se como preocupações da organização escolar jesuítica na colônia. no período pombalino (refere-se a quando o marques de Pombal foi primeiro-ministro português, entre 1759-1808), os Jesuítas foram expulsos destas terras, com isto, o Brasil permaneceu por treze anos sem ensino, apenas com aulas sem continuidade ministradas por professores leigos. A educação no período pombalino oficializou o ensino como função do Estado Português no Brasil.

De 1808 a 1822 temos o inicio da implantação do aparato burocrático do Estado brasileiro e com isso a maior necessidade de instalar a educação escolar no país. Com a vinda da Coroa Portuguesa para o Brasil houve uma grande preocupação com o ensino das pessoas responsáveis pela administração e pelo atendimento dos habitantes do novo reino.

Criou-se assim o ensino superior profissionalizante no Brasil. A educação teve por característica geral neste período que vai de 1534 a 1850 o elitismo e a perpetuação das desigualdades entre as classes. As escolas voltadas para a classe popular possuíam metodologia inadequada e professores despreparados, ao passo que as escolas que atendiam as elites burguesas possuíam um padrão educacional aos moldes europeus, que preparava alguns poucos privilegiados para administrar o Estado formado por um enorme contingente de analfabetos.

Este Estado tinha por característica a relação entre dominante e dominado, entre senhor e escravo e a educação neste período mostrou-se um reflexo deste fato. Na segunda metade do século XVIII, o teatro e a música tiveram uma destacada função, ambos eram utilizados como instrumento de conversão política e pedagógica, ajudando a impor os padrões culturais europeus aos povos que aqui habitavam. A música e o teatro também serviam como diversão para as elites políticas. A educação como podemos observar, cumpriu e até hoje ainda cumpre a função de divisão entre as classes sociais, servindo como um instrumento de perpetuação da relação entre exploradores e explorados.

A Educação tem sido construída através dos séculos, de geração em geração, e tem como função social conservar e gerar cultura, o que quer dizer valores, conhecimentos, destrezas e habilidades. Mas também para enfrentar desafios e objetivos que cada geração vislumbrava na sua sociedade, traçando assim uma função social em cada período histórico.

Assim podemos observar que, em princípios do século passado, em pleno processo da Revolução Industrial, a Educação assumiu a função da formação dos cidadãos para a consolidação dos Estados Nacionais.

Depois, nos anos 50, na reconstrução do pós-guerra, a Educação assumiu a função de formar os recursos humanos necessários para o mercado de trabalho. E assim por diante.

A formação educativa do caráter torna-se mais profunda e mais pessoal, sem uma intenção consciente, à medida que os jovens vão, gradualmente,  tomando parte nas atividades dos vários grupos a que pertencem.

A educação tem uma semântica orientada às relações humanas, na formação do cidadão, estabelecendo os princípios sociais do processo civilizatório e à vida democrática, tais como a solidariedade, a cooperação, a justiça, a igualdade, o direito à dignidade, o respeito à alteridade e à pluralidade. Essas relações devem ser desenvolvidas, em escala crescente, primeiro na família, menor célula social, depois na escola, depois na graduação e, finalmente, no mestrado e doutorado.

Mas, a educação tem, também, mais tradicionalmente, uma semântica orientada à formação de recursos humanos para o exercício de um ofício, de uma profissão. Com esta semântica, muitos entendem a educação como ensino. É no contexto do ensino que a questão da educação pública e privada é discutida. Qual é, então, a função do estado na educação? Ao estado caberia definir diretrizes e normas para a educação e se responsabilizar pelo processo de educar, materializado, principalmente, pelas universidades públicas e gratúitas.

Se o futuro de um país depende da educação, então a educação deve ser de competência do estado. É uma questão de soberania nacional, de qualidade de vida, de cidadania, de liberdade e de democracia.

O desenvolvimento científico, tecnológico, artístico e cultural de um país é o principal responsável pela geração de riquezas e de novos postos de trabalho e pela qualidade de vida e, portanto, dele depende fortemente seu futuro. Esta é uma visão dinâmica do desenvolvimento social.

As questões educacionais no Brasil ocorrem em uma realidade complexa caracterizada pela grande extensão geográfica do território brasileiro, pela diversidade cultural, pelo elevado crescimento e movimento populacional, pelas desigualdades de renda, de urbanização de escolarização e de condições de saúde agravadas pela ineficiência da estrutura pública de serviços.

O tema A educação para o desenvolvimento pessoal e social na visão dos pais das crianças/alunos incluídos no Programa Escola Já estabelece a educação como necessidade de vida, como crescimento e como função social, pois a educação moderna não deixou de promover e praticar a crença iluminista de que a razão humana é capaz de objetivamente descrever e explicar a natureza da realidade, tanto natural quanto social, dando assim a humanidade o conhecimento exigido para transformar o mundo e para construir uma sociedade melhor. Percebe-se, através da convivência com as famílias incluídas no Programa, que a falta de perspectiva, falta de incentivo, problemas financeiros, entre outros, aparecem como fatores importantes de dificuldade de manutenção dos filhos na escola.

Infelizmente, as políticas compensatórias do trabalho infantil como o PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), têm apenas feito o repasse de poucos recursos financeiros para um número reduzido de famílias em detrimento de uma política de enfrentamento real da pobreza, por esse motivo às crianças tem de ir trabalhar para auxiliar na renda da família.

Muitos dos problemas encontrados através da conversa com as famílias, em relação à falta de perspectiva foi que os alunos freqüentam as aulas mas se sentem impedidos de aprender, devidos a problemas em casa que influenciam diretamente em seu rendimento escolar, pôr isso faz-se necessário que exista a figura da Assistente Social nas escolas, para que a mesma implante projetos e acompanhe os alunos que se desmotivam em freqüentar as aulas pôr motivos familiares, que na sua maioria giram em torno de problemas financeiros e de problemas com drogas ilícitas.

Analisamos o papel histórico da educação, sua evolução, demanda e o papel que à ela foi atribuída pelo desenvolvimento econômico. Nesse sentido, a questão nos embaraça: há um modo de produção dominante: o capitalista.

Pois a educação escolar sempre esteve atrelada às exigências de uma sociedade histórica qualquer, cujas camadas dominantes lhes determina as tarefas. Logo, vincula-se a educação à função diretamente requerida pelas facções dominantes do processo econômico e social.

No entanto, não nos cabe adentrar essa polêmica, com tal tipo de alegação, pois a análise da Educação no Brasil tem sofrido diversos tipos de abordagens, coube-nos apenas, dentro dessa análise crítica, contribuir com uma pequena parcela que seja, para identificar as raízes da verdadeira crise da Educação brasileira e seus pressupostos, podendo ai sim, adentrar o campo que diz respeito aeducação para o desenvolvimento social e pessoal, e ter na visão crítica dos pais dos alunos do Projeto Escola Já, por mais simplórios que sejam, mas povo que são, a coleta de dados para identificar de que forma a escola influi no desenvolvimento social e pessoal de cada indivíduo.


EDUCAÇÃO

Nos dias atuais, no que diz respeito à educação percebemos que a sociedade está cada dia mais sendo tratada como fantoche nas mãos de quem detém o poder. Percebemos isso à partir de como ela está sendo usada de maneira a manipulação das massas, satisfazendo seus interesses econômicos (a queda do número de alunos repetentes no ensino primário, diminui os gastos com materiais e também na possibilidade/ necessidade de construir mais escolas para suprir a demanda), e não reforçando, ou seja, dando ênfase ao desenvolvimento intelectual crítico do aluno que se faz necessário.

“…o desenvolvimento da criança na escola é bem melhor do que se ela tivesse na rua (…), não sei se é em todas as escolas , mas acho que não, mas nessa que meu filho tá, os professor parece que não se incomodam com o desenvolvimento do aluno, eles só querem chega lá, passa a matéria no quadro e recebe bem no fim do mês, pelo menos é o que eu percebo, e não é isso que eu quero para os meus filhos, eu quero que eles conheçam a vida o mundo, aprendam a conhecer o que está em volta deles… “ (SIC)

“Sem o poder do conhecimento, como as camadas populares poderiam se organizar de uma maneira eficaz? Como poderiam elas desenvolver a capacidade de análise e de crítica tão necessárias para melhor compreender o fenômeno social e natural? A crítica torna-se então, a chave de toda a apropriação e o princípio educativo fundamental que deveria guiar o processo educativo.” (FAUNDEZ, 1994, pg.185-186)

O controle da organização do sistema educacional vem sendo feito de forma bastante defasada em relação aos anseios da sociedade e às necessidades crescentes do desenvolvimento econômico, cultural, pessoal e social da mesma.

Para que todo esse problema seja resolvido, o estado, ou seja, os órgãos competentes devem começar a agir investindo não somente no ensino, mas na educação em si. Educação essa que envolve não somente o aprendizado do aluno, mas sim no conhecimento de sua cultura, do seu desenvolvimento como ser humano na sociedade.

“o Estado não quer, nem nunca quis, resolver o problema educacional brasileiro.”:

“As elites forjavam, e forjam, a educação para reproduzir as elites, ignorando a qualificação e a participação do povo. O ensino mascara o saber para subsidiar o poder.” (SAVIANI, 1985, pg. 56).

Dentro deste contexto, fica evidente a necessidade de nós como acadêmicos, criarmos a partir de então, essa consciência crítica do saber, para deixar de sermos classe dominada e lutarmos pelo que nos é de direito, principalmente ao que diz respeito à educação, buscando resoluções para alguns dos problemas que à ela estão ligados, em todos os níveis do ensino como arma na formação da consciência social.

O desenvolvimento das atitudes, dos sentimentos, do entendimento do ser humano na vida e na sociedade não depende somente de crenças e de conhecimento e aplicação do senso comum vivenciado na família, no dia-a-dia, mas sim do somatório da realidade vivenciada e da orientação e conhecimentos adquiridos na escola,

A educação foi e ainda é usada para a manipulação das massas pelo estado, visando assim apenas a produção, num regime ainda capitalista, gerando apenas uma sociedade de fantoches, que não sabe buscar o desenvolvimento intelectual crítico que é tão necessário na atualidade.

Dentro deste contexto, fica evidente a necessidade de nós como acadêmicos, criarmos a partir de então, essa consciência crítica do saber, para deixar de sermos classe dominada e lutarmos pelo que nos é de direito, principalmente ao que diz respeito à educação, buscando resoluções para alguns dos problemas entrelaçados à ela, em todos os níveis do ensino como arma na formação da consciência social.

Para facilitar essa criação de uma consciência crítica, faz-se necessário que observemos e analisemos como se deram esses fatores.

Primeiramente, através dos autores pedagógicos e da filosofia pedagógica, situar e estabelecer as questões problemáticas que envolvem a educação, a interligação desses problemas com a sociedade, e a evolução desses problemas dentro do contexto social.

A compreensão da evolução do sistema educacional, os caminhos que a educação tomou, torna-se mais fácil, a partir do momento que voltarmos nosso olhar à nossa herança cultural, a evolução da economia e a estrutura do poder político, fazendo assim a interligação dos mesmos com os valores propostos na escola pela demanda social de educação, refletindo sobre o interesse do poder político de controlar e monopolizar a população, de acordo com o que vem de encontro aos interesses da elite dominante.

Ficando assim claro, a quantas andou e ainda anda a evolução da educação no país, e quão grande é a evidência de que ela caminha atrelada aos interesses do sistema econômico.

“…não sei se é em todas as escolas, mas acho que não é, mas nessa que ele ta, os professor parece que não se incomodam com o desenvolvimento do aluno, eles só querem chegar lá, passar a matéria no quadro e receber bem no fim do mês, e não é isso que eu quero para os meus filhos, eu quero que eles conheçam a vida o mundo, aprendam a conhecer o que está em volta deles…”(SIC)

“Estabelece uma nítida divisão, entre elite e massa, reservando às elites o monopólio das virtudes necessárias para dirigir, e assegurando às massas apenas o direito de realizar seu destino de massas.” (SAVIANI, 1985, pg. 228).

Toda educação deve ser uma atividade mediadora no seio da prática social global, para uma participação organizada e ativa na democratização da sociedade.

Cultura é muito mais que somente a letrada, vai além do que a escola transmite. A história do homem, como história da cultura, é assim, o processo de transformação do mundo e simultaneamente do homem.

È lícito admitir que certas trocas culturais são enriquecedoras, acontece porém, que nem sempre essas trocas se efetuam num mútuo enriquecimento.

O conceito A educação para o desenvolvimento, não é fácil de ser construído, ainda mais uma educação marcada profundamente por desníveis. As escolas nascem, da necessidade das gerações repassarem as outras, os resultados de suas experiências, objetivando também a preservação e recriação desses modelos culturais importados, não se importando em possibilitar a criação e inovação cultural. Criando um espírito ilustrado e não criador.

“…a escola, na sala de aula, eles até que podiam ensinar a evitar as drogas, mas até lá dentro tem droga. Outro dia um menino ofereceu droga pro meu menino dentro da escola, só quer ele falou que não queria, e até chegou em casa me dizendo que queria mudar de escola porque lá tava difícil, porque muita gente vai com droga, com faca… nessa escola ta mais fácil eu ensinar ele a se desenvolver do que dentro da sala, ali ta muito difícil, e os professores não fazem nada. Porque quem ta ajudando mais o meu filho com esse negócio da droga também sou eu né. Eu é que falo para ele pensar na vida dele, na saúde, conhecer as coisas pra aprender bastante, cresce e ser alguém na vida…” (SIC)

A educação no Brasil, vem caminhando sempre um passo atrás do seu desenvolvimento. Com isso, acontece que na educação em vez de mudarem-se modelos para se adequar a realidade, tentam mudar a realidade para se adequar aos modelos preestabelecidos. Busca-se então modernizar a estrutura da educação para acompanhar o desenvolvimento econômico, e esquece-se de procurar onde está a falha que provocou e alimentou essa defasagem educacional.

Os rumos tomados pela economia com a crescente necessidade de qualificação profissional, a expansão da educação escolarizada e a herança cultural influenciaram diretamente sobre os objetivos perseguidos pela demanda escolar, e obedecendo a pressão desses fatores, é que formou-se o quadro atual da relação entre educação e desenvolvimento.

Numa perspectiva social, a educação escolar pode ser considerada uma necessidade que gera uma demanda capaz de determinar uma oferta, e que todos os fatores acima citados como a herança cultural, a ordem política e o próprio sistema econômico podem orientar a demanda social de educação e controlar a oferta de escolas.

Essa demanda acabou gerando descompassos e desequilíbrios em dois aspectos simultâneos: quantitativo, a demanda acaba sendo maior que a oferta de ensino que a estrutura acadêmica é capaz de oferecer; estrutural, o aumento de escolas favorece um tipo de ensino que já não condiz com as necessidades de qualificação para o trabalho. Havendo assim um desequilíbrio entre as reais necessidades do desenvolvimento, a demanda social e a oferta de ensino.

Podemos observar que no período pós-guerra, há uma crescente aceleração da demanda social de educação, que acabou gerando pressão sobre a oferta de ensino, fazendo com que o sistema escolar experimentasse uma notável expansão. Por outro lado temos também, a explosão do sistema capitalista, com suas novas e diversas necessidades econômicas, muito mais aceleradas ainda.

Criando assim obstáculos e sérias contradições ao desenvolvimento, pois acaba a sociedade tentando reformular o sistema de ensino “elitista”, em um que sirva para utilizá-lo como força de desenvolvimento nacional e se depara com inúmeros e desconhecidos problemas. Um desses problemas é fazer da escola uma porta para que estudantes possam se adequar, para ingressar no mercado competitivo de trabalho, este uma exigência do sistema capitalista, procurando assim fugir de se aglomerarem a massa de desempregados (mesmos qualificados), ao mesmo tempo criar um cidadão crítico com pensamento ideológicos e intelectual.

Além da cultura letrada e do sistema econômico, a maneira como se originou e evoluiu o poder político teve grande influência na evolução da educação escolar, sendo este poder que organiza e desenvolve todo um aparato em volta do sistema educacional, quer espontaneamente ou deliberadamente, para atender aos interesses das camadas representadas pelo poder político.

“…na escola é bom porque eles vão ensinar como conversar com as pessoas, lá é bom porque eles ensinam muitas coisas. O Programa Escola Já ajudou muito a levar eles pra escola, porque mostraram bastante a necessidade de estudar, nossa senhora, a nossa vida mudou bastante depois que a gente entrou no programa, eles sabem agora que tem que estudar pra ser alguém na vida…”(SIC)

“No início do período que caracterizava o modelo econômico da substituição de importações, uma tomada de consciência por parte da sociedade política, da importância do sistema educacional para assegurar e consolidar as mudanças estruturais ocorridas tanto na infra como na superestrutura. Por essa razão a jurisdição estatal passa a regulamentar a organização e o funcionamento do sistema educacional submetendo – o, assim, ao seu controle direto.” (FREITAG, 1980, pg. 52).

Organiza-se à partir 1930, um Plano Nacional de Educação, estruturando e unificando a educação em todo território nacional. Apesar dessa unificação durante muito tempo a educação foi feita de forma fragmentada. Atualmente, o remanejamento das estruturas de poder possibilitou certas mudanças na organização do ensino, sendo feita a educação escolar não mais de forma fragmentada devido ao avanço e do fortalecimento do regime centralizado.


FATORES ATUANTES NA EVOLUÇÃO DO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO

O modelo de economia trazido ao Brasil, pelos portugueses no colonialismo, foi um modelo voltado às grandes propriedades e mão-de-obra escrava, que gerou implicações profundas na ordem social e política. Favoreceu o aparecimento da unidade básica de produção, de vida social fundado pelo poder da família patriarcal, fazendo com que os grandes senhores de terras obtivessem uma autoridade sem limites.

Essa família patriarcal, também favoreceu por sua receptividade, a implantação de pensamentos e idéias dominantes da cultura medieval européia, e encontrou na obra dos Jesuítas um aliado, na difusão dessa forma de importação. Pois ao branco colonizador, cabia diferenciar-se e impor-se, por sua origem européia ao restante da população – nativa, negra e mestiça – então existentes. Essa classe dominante, detentora do poder político e ao mesmo tempo econômico, também detentora dos bens culturais importados, que acreditavam ser de fato um exemplo.

Com isso, surgiram na Colônia hábitos aristocráticos de vida, fazendo com que as outras camadas da sociedade – latifundiária e escravocrata – viessem a copiar o modelo aristocrático da camada nobre portuguesa, contribuindo significativamente para esse fator, a obra educativa, da Companhia de Jesus.

Os favorecidos dessa ação educativa foram, a organização social e, o conteúdo cultural transplantado para a Colônia, através da formação dada pelos padres da Companhia de Jesus.

Dentro da organização social, predominava uma minoria privilegiada sobre um contigente de agregados e escravos. Apenas à eles cabia o direito à educação, e mesmo assim, em um número pequeno, pois estavam excluídos desse contexto, as mulheres e os filhos primogênitos, aos quais cabia, a direção futura dos negócios paternos. Sendo assim a escola só era freqüentada pelos filhos mais novos dos homens, que recebiam apenas, uma modésta educação escolar, a preparação para assumir a direção da família e dos negócios, mais futuramente; limitando o número de pessoas, da classe dominante, que se destinava a educação escolarizada.

Já o conteúdo cultural consistia no próprio espírito da Contra – Reforma, que caracterizava uma reação agressiva contra o pensamento crítico, que começava a despontar na Europa, seu objetivo acima de tudo religioso, era voltado ao humanismo e as letras, formando letrados eruditos, afastando-os do conhecimento científico, com um apego às formas dogmáticas de pensamento.

O ensino que era transmitido pelos jesuítas, estava totalmente à parte, da realidade da vida na Colônia. Voltado somente à cultura básica, sem preocupação de qualificar para o trabalho, esse ensino servia tão somente à alguns espíritos ociosos (assim era visto na época, aqueles que não se dedicavam ao cultivo da terra), ou seja, desocupados sociais que não exerciam tarefas manuais, que era reservada aos cativos. A esses indivíduos interessa bem a educação jesuítica.

Missão centrada numa agregação que não abria para outras discussões e a reprodução de idéias. Os objetivos da Companhia de Jesus foram: recrutamento de fiéis e servidos; objetivos esses que foram atingidos.

A obra da catequese, que no início se dedicara à população indígena, acabou cedendo lugar à educação da elite, que perdurou à expulsão dos Jesuítas, ocorrida no século XVIII, sendo conhecida como educação de classe, que atravessou todo o período colonial e imperial e atingiu o republicano, sem qualquer modificação estrutural, apesar do aumento da demanda social de educação, e o fato dela ter começo a atender as camadas mais baixas da população, obrigando à uma ampliação da oferta escolar. Esse modelo de educação transformou-se em símbolo da própria classe, que era desejado por quem procurava adquirir status.

A crise econômica em que entrou o Reino Português, principalmente com a queda da mineração e o atraso cultural, entre outros, fez surgir um descontentamento geral em relação aos jesuítas, que surgiu na Metrópole, que acabou resultando na expulsão dos mesmos em 1759. O Estado pela primeira vez, assumiu os encargos da educação, resultando daí inúmeras dificuldades para o sistema educacional, da expulsão até as primeiras providências decorreram 13 anos.

Sem outra base de sustentação, acabaram os formados nos seminários dirigidos pelos jesuítas, assumindo o papel de educadores sendo continuadores da mesma ação pedagógica, que antes vigorava, fazendo com que esses métodos se voltassem para os mesmos objetivos antes existentes.

Surgiram no século XIX mudanças econômicas, mais acentuadas, na mineração, que fizeram crescer uma camada intermediária visível na zona urbana. Passando a ter participação mais ativa na vida social, sobretudo pelo comprometimento público, pessoas ligadas ao jornalismo, letras e políticas, isto fez com que se diversificasse um pouco a demanda escolar, deixando de ter somente acesso a escola à classe oligárquio-rural. Apesar desse fator, a educação continuou exercida e voltada às classes dominantes, pois a pequena burguesia (classe intermediária), via na educação uma forma de status o que fez com que ela se ligasse à aristocracia rural, para alcançar o que desejava, ascensão social.

Criou-se uma dependência entre a pequena classe e a burguesia, mas a pequena vinculara-se às idéias liberais dominantes, enquanto a outra firmara-se em ideais aristocrático – feudais, essa contradição de idéias é que teria provocado não só a ruptura das duas classes, como a vitória dos ideais liberais, vitória essa que observamos com a abolição da escravatura, proclamação da República e, posteriormente, com a introdução do capitalismo industrial.

A presença do príncipe Regente, D. João por 12 anos, mudou o quadro das instituições educacionais da época. A mais importante foi a criação de cursos superiores (não- teológicos) na Colônia. Dentre as escolas superiores foram criadas: Academia Real da Marinha, Academia Real Militar, Economia Política, Curso de Agricultura, Faculdades de Medicina; Real Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura Civil, entre outras. Todavia, essa iniciativa foi de proporcionar educação para uma elite aristocrática e nobre que compunha a corte, ficando abandonados os demais níveis de ensino que eram destinados a ralé.

A independência política, não trouxe de imediato mudanças na situação de ensino, o que houve foi uma simples transferência de poderes, pois os letrados passaram a ocupar os novos cargos político-administrativos, fazendo com que as novas Faculdades de Direito – a partir de 1820 – viessem a ser fornecedoras de pessoal qualificado para essas funções.

A forma assumida pelo ensino superior, acabou condicionando à uma estrutura do ensino secundário, responsabilidade que foi deixada à cargo das Províncias. À composição do currículo e estrutura da escola secundária foi dada um caráter propedêutico, que sobreviveu até há pouco e se constitui no atraso cultural de nossas escolas.

A descentralização com Ato Adicional de 1834, dá às províncias o direito de regulamentar e promover a educação. Isto fez com que fossem criado os liceus, sem muita organização, pois não havia uma renda para financiar essas escolas. O que resultou foi que a iniciativa privada acabou tendo nas mãos sobretudo, o ensino secundário, enquanto o ensino primário ficou relegado ao abandono. Esse fato acentuou ainda mais o caráter classista, esses colégios tinham como fundamento preparar apenas para o ensino superior.Se observarmos, veremos como a educação foi extremamente prejudicada com esse tipo de estrutura, tornando-se mera ilustração.

A Constituição da República de 1891, descentralizou o ensino, delegou aos Estados poder para prover e legislar sobre a educação primária e ensino profissional. Para a classe dominante, escolas secundárias acadêmicas e escolas superiores, e para a educação do povo, escola primária e profissional, acarretando uma dualidade própria da organização social brasileira.

Na República a nova sociedade era mais complexa que a escravocrata, com algumas classes emergentes, esse complexo social não podia mais ligar-se à uma estrutura simplista, pois essa dualidade passou a ter sua sustentação comprometida pelo crescimento dessas camadas.

Com a vitória das idéias federalistas consagrou-se autonomia aos poderes estaduais e fez o Governo Federal encarregar-se de uma parte da tarefa, de proporcionar educação a nação, não interferindo na jurisdição relacionada à educação dos Estados, que acabou gerando uma desorganização na construção do sistema educacional.

Na I República tentou-se organizar esse quadro com algumas reformas. A primeira foi a de Benjamin Constant, que nem chegou a ser posta em prática, mas tentava substituir o currículo acadêmico, por um enciclopédico, com a introdução de disciplinas científicas. Para a execução da reforma faltava infra–estrutura institucional que assegurasse a sua implantação, e o apoio político das elites. Só que não teve porém, o conceito de pensar a educação dentro da realidade social.

Muitas outras reformas se seguiram a essa, tentando mas não conseguindo nenhuma mudança significativa dentre elas podemos citar: a criação do Ministério da Instrução, a lei Orgânica Rivadávia Corrêa em 1911, a Reforma Carlos Maximiliano, a Reforma Rocha Vaz, que não passaram de tentativas sem êxito.

Sendo assim, continuou o sistema de imitação dos modelos de educação latifundiária, pois ela tinha fornecido parte do capital humano e econômico que contribuiu para o processo de industrialização, que buscava nela exemplos a serem seguidos.

Tornava-se cada vez mais difícil a situação dada pela estrutura econômica ao acesso à uma educação técnica em quantidade, devido a escassez de recursos e demanda de mão-de-obra qualificada de que necessitava a industrialização, nem a população tinha interesse por esse tipo de ensino, símbolo da classe dominada.

“O povo, principalmente as camadas médias que almejavam ascender na escala social, afastou logo de si a idéia de educar-se para o trabalho…” (ROMANELLI, 1999, pg. 44).

A I República conseguiu de certa maneira equilibrar a educação com sua demanda, suprindo as necessidades da época sentidas pela população, devido ao baixo índice de urbanização e industrialização. Só mais tarde quando essa estrutura deu sinais de rachaduras, é que proporcionou à educação tomar novos horizontes. Isso ocorreu porque surgiram correntes impulsionadoras. No campo das idéias iniciaram-se mudanças com movimentos culturais pedagógicos em prol de reformas profundas; outra no campo social com aumento da demanda escolar, que foi impulsionada pela aceleração da urbanização e implantação da industrialização pós guerra, e muito mais acentuada depois 1930.

Da decorrência de todos os fatores que analisamos cabe-nos concluir, que a educação brasileira teve como influência o poder exercido, tanto interno quanto externo, juntamente com o desenvolvimento dos processos econômicos que passou o país e que, também houve uma falta de visão dos colonizadores, e, até mesmo quem sabe, de acreditar que o Brasil viria a ser uma grande nação, e em contrapartida o ensino também influenciou o meio social a buscar novos rumos à história política, econômica, social e cultural, começando a criar em nós um pouco mais de consciência crítica aos limites que o poder pode exercer.

Temos que atentar para alguns aspectos da época do colonialismo no Brasil, que foi inicialmente uma educação voltada para o catecismo, que ficava a cargo do poder da Igreja, Companhia de Jesus, educação essa voltada para uma pacificação, para tornar dóceis o povo (nativo, mestiço, negro e até mesmo os portugueses que aqui residiam), para assim submetê-los ao poder e ordem da Coroa Portuguêsa, sendo que ademais, não havia necessidade de uma educação primorosa, pois à sociedade cabia, o serviço braçal, fazendo da educação algo dispensável aos interesses das classes dominantes da época.

Dando início assim à um sistema falho, deixando de lado a construção de indivíduos críticos participativos, para a criação de um indivíduo submisso acomodado. E que esse modelo de produção vigente determinou os rumos da sustentação da educação no Brasil imperialista, gerando um desequilíbrio que acabou fazendo com que a educação ande sempre um passo atrás do desenvolvimento, tendo que se adequar cada vez que o modelo econômico sofre transformações.

Tendo como conseqüência a expansão, as crises econômicas que acabaram gerando o êxodo rural, e o crescimento da população urbana, e que obrigou o Estado a repensar o conceito de educação, não deixando de lado o fator de que ela tinha que atentar principalmente aos interesses do desenvolvimento.

Diante de tal realidade é preciso que se entenda que tal concentração capitalista é um produto que foi construído em substituição às estruturas anteriores que obtinham a concentração em outras condições.

Sendo esse produto, que a partir de um determinado ponto, possível e necessário que venha a ser substituído por outro, isto é, por uma estrutura economico-política que produza a distribuição (socialização) segundo os interesses da maioria.

Damos ênfase a evasão escolar no período em que os alunos encontram-se no meio de uma avalanche de novidades e informações, e que muitas vezes são dados distorcidos, que podem levar a juventude a desligar-se da busca do conhecimento intelectivo, e simplesmente deixar-se levar pelo modismo superficial do mundo, pois existem vários fatores que contribuem para o crescente desinteresse do adolescente na área dos estudos e dos quais destacamos o desvio de valores morais expostos em nossa sociedade.

No Brasil, 83% dos estudantes repetem pelo menos uma vez, ou desistem da escola antes de concluir o ensino fundamental. Os contra-valores pesam grandiosamente para o desvio dos adolescentes em relação aos estudos, e esta desvalorização que é transmitida pela mídia induz a uma mentalidade consumista onde a exposição do corpo é tida como valor supremo gerando idolatria e trazendo erroneamente o bem estar, a fama, o dinheiro e o poder, gerando a licenciosidade dos costumes.

Uma insinuante mentalidade hedonista (prazer individual e imediato), que em nome do amor se defende em um egoísmo mal disfarçado, uma busca desenfreada do prazer sexual, a exploração gananciosa em usurpar a franqueza humana e em especial a dos adolescentes que estão em fase de descobertas onde o tráfico de tóxicos e as várias formas de exploração do sexo vão degradando a nossa juventude e direcionando-as a outro caminho, que não é a do saber, e o da valorização da pessoa humana, pois em todo o lugar em que se olha está estampado a exagerada exposição do corpo e sua excessiva valorização comercial, usando os jovens como fossem artigos mercantes para satisfação dos desejos.

“…A escola tem um papel importante na vida do meu piá, porque foi nela que ele saiu das drogas e hoje ta como ta. E ele vê o meu exemplo, porque eu só tive o primeiro ano da escola, hoje eu sô uma véia miserável, que só sei escrever o meu nome e olhe lá ainda, não tive oportunidade de estudar, hoje recebo um dinheirinho, porque meu esposo morreu. Eu não podia ser alguém na minha vida? Podia né, mas não estudei, agora paciência e deixar que as crianças estudem e sejam alguém…”(SIC)

Dadas estas questöes observamos claramente que é dever de toda a sociedade contribuir para o regate e a valorização do ser humano (pessoa), para que se organize, discuta e crie ações profundas para sanar e recuperar os valores morais em nosso país.

A grande maioria dos pais trabalha fora e tem pouco tempo para assistir e educar os filhos e sendo assim os deixam a mercê das informações externas que criam um mundo totalmente ilusório e distorcido, e que quando chegam em idade escolar cheios de expectativas e com a sede do saber se deparam diante de outra realidade, totalmente nova e tem que conviver com outras pessoas, como colegas, professores, cada um com uma vivência e costumes diferentes onde carregam consigo, definições diversas do que é certo e errado.

“…ué, eles não vão ter a mesma oportunidade que as outras pessoas tem? Porque eu não tive oportunidade, e eu quero que eles tenham hoje. Eles tem que estudar, para aprender a falar, a conversar com os outros, para conseguir achar um bom serviço, um bom emprego, porque se ele não for na escola, como é que ele vai aprender a falar com as outras pessoas, como é que ele vai sabe chegar numa empresa pra pedi um trabalho. Se ele não aprender na escola ele vai passar muita vergonha e se senti mau, porque não sabe como fazer…”(SIC)

É preciso desde os anos iniciais incentivar e despertar no aluno o valor de sua pessoa e mostrá-lo que o saber agrega valores inigualáveis para sua vida, pois é algo perpétuo, que não se perde com o passar do tempo, ao contrário, a busca do saber supri e sustenta informações culturais para toda a vida do ser humano, o mantém como pessoa perspicaz, presente e atuante, e adverso a isso está os valores distorcidos, falsos e facilmente descartáveis que muitas vezes causam danos irreparáveis para o caráter do indivíduo.

É papel da escola resgatar os valores do indivíduo criando condições para seu aluno evoluir, criando escolas vocacionais que procurem descobrir as aptidões dos alunos onde na primeira fase eles estudem várias disciplinas, a fim de escolher aquelas que estejam de acordo com suas tendências e em segunda fase o treinamento em diversas técnicas visando a especialização.

Também não podemos esquecer da educação infantil, pois temos que atender as necessidades do ensino à crianças a partir dos dois anos de idade, filhos de pais que trabalham fora o dia inteiro. Uma escola que proporcione cuidados, alimentação, instrução e divertimentos sadios.

O conceito tradicional de escola como instituição encarregada apenas da transmissão de conhecimentos está muito ultrapassado. As rápidas e incessantes transformações técnico-cientificas e a complexidade da realidade sócio-econômica, exigem contínuo ajustamento dos objetivos e métodos de atuação da escola e é preciso atender as necessidades dela decorrentes, como o desenvolvimento da supervisão pedagógica e a orientação educacional, com o objetivo de planejar e adequar as metodologias aos objetivos, suprir as necessidades do corpo docente, rever, avaliar, prover a reciclagem, dar assistência ao educando no seu desenvolvimento integral sua aprendizagem, seu relacionamento e seu auto-conhecimento, visando a proporcionar-lhes condições necessárias a uma expansão harmoniosa que lhe permita decisões conscientes tanto na vida geral como no campo profissional.

Atuação simultânea e coordenada no âmbito da escola, a supervisão pedagógica direcionada principalmente ao corpo docente, a orientação educacional atuando junto ao aluno, e a sua família, mas também junto aos fatores pedagógicos e administrativos da escola.

Uma escola eficaz onde haja motivação com sua (quase) totalidade dos seus alunos a aprender, tanto habilidades como meta cognitivas (que se possa conhecer) proporcionando oportunidades concretas de aprendizagem, materiais de estudo, livros atraentes e convidativos, equipamentos de auxílio aos estudos e pesquisas para todas as áreas, informática, laboratórios etc.

Oferecer ao aluno meios que ajudem em sua auto-estima, não só encorajá-lo como mostrá-lo que consegue cumprir tarefas. Saber que habilidade e raciocínio ele desenvolve e demonstra, conversar com os pais e pedir o apoio deles para que incentive os filhos a estudar, pois a família tem suma importância na fase de aprendizado do estudante.

As regiões norte e nordeste apresentam ainda as piores taxas de escolarização em todos os níveis de ensino. É, também, nestas duas regiões que se concentram cerca de 60% das crianças fora da escola. Outro grande desafio que terá de ser equacionado nos próximos dez anos para satisfazer exigência da LDB, incorporada ao Plano Nacional de Educação, em tramitação no Congresso Nacional, é promover a melhoria do perfil de escolaridade do magistério.

O problema da repetência deve ser enfrentado com políticas de nucleação de escolas e com ações específicas que considerem as características geográficas e sociais de cada região.

As novas leis permitem que algumas medidas sejam tomadas para minimizar o problema: organização do ensino por ciclos; organização de classes de aceleração; maior flexibilidade do sistema de avaliação.

Além das medidas previstas em lei, é necessária também uma ação junto ao professorado para que os docentes utilizem métodos variados e flexíveis de avaliação, principalmente a avaliação continuada. É preciso que os professores procurem observar alguns preceitos ao lidar com alunos defasados.

De certa forma, pode-se falar de educação em relação a certos animais, que ensinam os filhotes recém-nascidos a se adaptarem ao meio mais rapidamente do que o permitiriam seus condicionamentos genéticos. Mas é na espécie humana que se efetua um longo e complexo processo educativo, sem o qual o indivíduo não poderia sobreviver numa sociedade que transformou radicalmente as condições naturais de vida e que exige dele comportamentos muito superiores àqueles que são determinados pelos instintos.

A aprendizagem elementar é oferecida pela família. A instituição familiar pode apresentar formas muito diversas, de acordo com a sociedade em que esteja inserida, e a educação no seio familiar também é encaminhada de formas muito distintas. É possível dizer, porém, que, em quantas sociedades humanas existam ou tenham existido, o núcleo familiar sempre foi o primeiro passo, de incalculável importância em direção à socialização, ou seja, na transformação de um ser que ao nascer é regulado pelos instintos em membro participante de uma comunidade.

A relação familiar se reduz, em alguns casos, ao contato entre mãe e filho, mas, em geral, a família forma um grupo mais complexo, e pode chegar a ser muito numeroso. Habitualmente, o pai, a mãe e os demais parentes desempenham papéis diferentes, e a missão educadora de cada um fica contida dentro de certos limites.

A família ensina o papel sexual, indica os sentimentos que deve alimentar, como o respeito e a submissão aos mais velhos e a proteção em relação aos menores; leva a assimilar o sistema de valores compartilhado por seus parentes; ensina-lhe algumas técnicas, que variam segundo a sociedade em que se ache inserida, necessárias para se proteger no ambiente circundante. Com a família, aprende os rudimentos de uma linguagem que estruturará seus conhecimentos e sua maneira de pensar.

O grupo de iguais é uma formação social que muito contribui para o processo socializador. Os jogos, as tarefas que realiza junto com outros de sua idade e a troca de experiências que adquiriram individualmente produzem um efeito socializador importantíssimo, não apenas nas sociedades simples, mas também nas complexas formações sociais do mundo contemporâneo.

Nas sociedades mais simples, a aquisição de conhecimentos não exige estabelecimentos especialmente destinados às tarefas educativas. A aprendizagem se realiza naturalmente.

A divisão de trabalho é característica de sociedades que atingiram um grau mínimo de desenvolvimento. A primeira divisão de trabalho é determinada pelo sexo: mesmo que a mulher realize o mesmíssimo trabalho, exerça o mesmo cargo, ainda assim ela é marginalizada por uma sociedade “machista”. A especialização dos membros da comunidade na execução de cada tarefa produtiva impõe aprendizados específicos. O adulto que sabe realizar determinado trabalho adota a criança, ou o jovem, como ajudante ou aprendiz, que colabora na realização do trabalho, ao mesmo tempo em que aprende a fazê-lo. A questão educativa ultrapassa, nesses casos, o ambiente estritamente familiar.

Admite-se que, nas sociedades primitivas, formadas pelos remotos antepassados do homem contemporâneo, o processo educativo seria muito semelhante ao que os antropólogos de campo puderam estudar nas sociedades isoladas do mundo contemporâneo. A educação consistia, muito provavelmente, num processo sem solução de continuidade que, iniciado no interior do núcleo familiar, prosseguia nas atividades desempenhadas pelo grupo social, conforme as potencialidades físicas e intelectuais da criança fossem se desenvolvendo. Os sucessivos grupos educadores – o grupo de crianças, que compartilham e opõem suas experiências individuais; o grupo de adultos formado para realizar um trabalho coletivo (caça, agricultura, coleta de frutos silvestres ou cultivados, construção de canoas) – se encarregariam de transmitir ao indivíduo o saber necessário à sobrevivência.

A especialização de tarefas dentro da sociedade, à medida que esta se tornou mais complexa, levou à criação de sistemas de aprendizagem diferenciados. Mas foi sobretudo a cristalização na sociedade da divisão em classes sociais com interesses próprios e antagônicos que consagrou a educação como um dos meios mais eficazes para perenizar, ao longo das gerações, a divisão interna da sociedade. As castas sacerdotais e de servos surgidas nas primeiras grandes civilizações do Oriente Médio se baseavam com certeza no monopólio consciente da educação especializada, de tal forma que os conhecimentos acumulados socialmente se transmitiam apenas a uma pequena minoria de iniciados, que se perpetuava, dessa maneira, no poder. Os antigos egípcios, as civilizações mesopotâmicas e muitas culturas pré-colombianas adotaram esse sistema educativo. A invenção da escrita não fez senão reforçar os privilégios da minoria que tinha acesso ao saber.

Isso era indispensável para que a sociedade pudesse regular as atividades agrícolas, contabilizar e repartir a colheita, legislar, manter o favor dos deuses e organizar exércitos para preservar a ordem interna e defender o país contra inimigos externos.

Desde o início da expansão do cristianismo tentou-se adequar sua concepção de mundo à que predominava no Império Romano, na ocasião de seu surgimento. Muitos autores desenvolveram, na teoria e na prática, novas idéias educativas que buscavam moldar o homem segundo a cosmovisão cristã. Mas a civilização greco-romana afundava irremediavelmente no obscurantismo, e nessa fase histórica não sobreviveu nenhum dos projetos educativos dos doutores da igreja.

A Idade Média começou assim que se arruinou o sistema político, econômico, social e cultural no mundo mediterrâneo e na Europa ocidental sob o domínio de Roma. Embora o cristianismo, já dominante no decadente Império Romano, tenha se imposto finalmente aos diversos povos bárbaros que dominaram a Europa, os mecanismos de transmissão de conhecimento foram interrompidos, em grande parte, ao se desorganizar a vida intelectual.

Apenas a igreja, conseguiu preservar a cultura do mundo antigo, ainda que de forma parcial e com significados e conteúdos freqüentemente distorcidos. Além de terem inventado nossa caligrafia (minúscula carolíngia), o livro (folio) e nossa forma de leitura (em silêncio). Boa parte da herança cultural greco-romana caiu no esquecimento ou desapareceu. Dessa maneira, perdeu-se o vínculo com a tradição cultural mais rica que até então a humanidade havia produzido, o que representou um retrocesso.

Acriança era admitida na escola, com sete ou oito anos, prolongando-se os estudos preparatórios para a Universidade por cerca de dez anos, como hoje. Os meninos estudavam separados das meninas que, em geral, tinham escolas à parte, em menor número, talvez, mas onde os estudos eram, em muitos casos, de nível elevado.

As crianças de todas as classes da sociedade eram instruídas juntas, ao contrário dos filhos de servos e dos pobres. A única distinção estabelecida era no custo do ensino, sendo ele gratuito para os pobres e pago para os ricos. A isenção de taxa de estudo podia prolongar-se por toda a duração da época escolar, incluindo o acesso ao mestrado, que proibia aos dirigentes das escolas de exigir dos candidatos ao professorado remuneração para conceder a licença.

As universidades são invenções eclesiásticas, como que a continuação das escolas episcopais, com a diferença que elas dependerão diretamente do Papa, e não do bispo local.

Todos os alunos são chamados clérigos, mesmo quando não se destinam ao sacerdócio, e alguns recebem a tonsura (tosquia). Mas isso não significa que só se ensinava a teologia, pois os programas incluem todas as grandes disciplinas científicas e filosóficas, gramática, dialética, além da música e geometria.

Esta universidade de mestres e alunos forma uma sociedade autônoma. Mestres, alunos e mesmo domésticos da Universidade ficam submetidos aos tribunais eclesiásticos, o que é considerado como privilégio e consagra a autonomia desta corporação de elite. Mestres e estudantes ficam assim isentos de obrigações para com o poder central; eles próprios administram a Universidade, tomam em comum as decisões e gerenciam a caixa, sem nenhuma intromissão do Estado. Esta liberdade favorece, entre as diversas cidades, uma concorrência difícil de se imaginar hoje..

Naquele tempo, julgava-se um mestre apenas pela extensão de seu saber. Este mundo tão variado possuía uma língua comum, a única falada na Universidade: o latim. Sem o latim ela seria uma Torre de Babel. O uso do latim facilita as relações, permite as comunicações entre os mestres de um lado ao outro da Europa, dissipa de antemão qualquer confusão de expressão, protegendo assim a unidade de pensamento.

As teses sustentadas pelos candidatos ao doutorado não eram simples exposições escritas, mas verdadeiramente teses, emitidas e sustentadas diante de todo um anfiteatro de doutores e mestres, onde qualquer assistente podia tomar a palavra e apresentar suas objeções.

A partir do século XI, a extraordinária expansão das universidades mudou radicalmente as condições de ensino no continente. A universidade medieval continuava dominada por um sistema ideológico rígido, tradicional, baseado fundamentalmente na teologia, mas levava em si o germe de uma incontrolável expansão do saber. Quando o pensamento aristotélico foi incorporado ao acervo cultural dominante, após uma ausência de muitos séculos, a semente do racionalismo ficou firmemente implantada na instituição medieval de ensino. O espírito crítico tinha que se desenvolver até assumir sua forma moderna no Renascimento.

O grande impulso que a cultura européia recebeu nos últimos séculos da Idade Média desaguou no pré-Renascimento. As universidades viveram um período áureo, o estudo do grego clássico recebeu um impulso decisivo e, em Florença, surgiu a primeira academia platônica, que foi seguida de outras nas principais cidades italianas. As novas correntes de pensamento, criadas pelos humanistas, impregnaram uma Europa otimista e plena de vitalidade, disposta a substituir o rigor técnico medieval por outra forma de cultura.

A educação retomou os antigos ideais clássicos que defendiam a conjunção harmoniosa do homem com a natureza. Os grandes pensadores eram também, em sua maior parte, mestres solicitados, e percorriam incansavelmente a Europa, difundindo idéias. O continente parecia viver em estado de debate constante, como se as distâncias tivessem sido infinitamente encurtadas. Mas o período otimista da primeira fase do Renascimento duraria muito poucos anos.

Os efeitos da Reforma na educação se fizeram sentir a longo prazo. Talvez o mais importante deles tenha sido a extensão do ensino primário. Com a Contra-Reforma, os países católicos ganharam novas instituições de educação: os colégios. Os jesuítas, seguidos de perto por outras congregações e ordens religiosas, criaram um modelo de instituição educacional destinada aos filhos das classes privilegiadas, para o que se desenvolveram métodos educacionais de grande refinamento psicológico. A Igreja Católica, por sua vez, começou a organizar de forma rigorosa a formação de sacerdotes, criando para isso os seminários.

Em meados do século XVII, a Paz de Vestfália pôs fim ao longo período de lutas religiosas que havia dividido a Europa em grupos irreconciliáveis. Um novo espírito surgiu e encontrou terreno propício nas camadas mais cultas da sociedade, primeiro na Inglaterra e logo depois no continente. A religião, que ainda era oficialmente determinante nos sistemas políticos, perdeu o controle sobre as ideologias, e as grandes filosofias da época se constituíram fora de sua influência.

O empirismo e o racionalismo ingleses tiveram grande repercussão entre os intelectuais que elaboraram a Enciclopédia francesa, obra-prima da literatura didática. O século XVIII europeu, que foi chamado o século da educação, caracterizou-se pelo surgimento de um novo espírito otimista, baseado na idéia de progresso e na constatação de que o espírito científico estava levando a humanidade a uma situação sem retorno, que se delineava como crescimento qualitativo e quantitativo que invalidava todas as ideologias anteriores.

Pela primeira vez na história se acreditava ser possível conseguir, graças ao progresso da ciência e ao avanço da razão, o aperfeiçoamento do espírito humano e a melhora das condições materiais até que estas se aproximassem de algo semelhante ao paraíso terrestre, o que invalidaria para sempre as promessas da religião.

Se o otimismo dos iluministas parece excessivo, é certo que o homem contemporâneo, embora tenha demonstrado que sua natureza não se aproxima tão facilmente da perfeição, como acreditavam os pensadores do século XVIII, é produto das idéias e convicções daqueles pensadores e vive num mundo que resulta diretamente dessas idéias.

O Iluminismo foi um grande movimento ideológico e cultural do qual participaram as maiores inteligências da época, de Jean-Jacques Rousseau a Immanuel Kant. Esse movimento ganhou corpo ao mesmo tempo que uma onda revolucionária transformava a vida material do homem europeu: a revolução industrial, econômica, científica e cultural.

Os iluministas tiveram plena consciência da necessidade de reformar e expandir a educação a todos os níveis para chegar a um mundo mais sábio e mais justo. A tese segundo a qual o homem é bom por natureza mas uma educação equivocada o perverte foi celebrizada por Rousseau, que propôs um novo modelo de educação, baseado no desenvolvimento dos dons naturais da criança, que outros autores retomaram e que ainda hoje continua a exercer influência na pedagogia.

Outros grandes iluministas, ideologicamente bastante divergentes de Rousseau, expuseram suas próprias teorias pedagógicas, muitas das quais seriam postas em prática no século seguinte, uma vez eliminados os obstáculos que as instituições sociais e políticas do Antigo Regime impunham à transformação do ensino.

O primeiro programa organizado de escolarização universal foi criado pelo tcheco Comenius, que em meados do século XVII preconizou uma escola elementar à qual todos – ricos, pobres, homens e mulheres – teriam acesso e a partir da qual seriam selecionados os indivíduos mais capacitados a cursar os ensinos superiores. A democratização do ensino, no entanto, tardaria ainda vários séculos para se tornar realidade.

No século XX, a educação primária foi levada a grandes contingentes populacionais em todo o mundo. Os países latino-americanos, assim como os que emergiram no meado do século ao concluir-se o processo de descolonização, efetuaram ingentes esforços no campo da educação, com o apoio, em muitos casos, de organizações internacionais como a UNESCO, e conscientes da necessidade de diminuir a desvantagem em relação às nações mais industrializadas. Muitos países pobres, no entanto, nos últimos anos do século XX, estavam longe de ver realizada a aspiração de alfabetizar toda a população. A explosão demográfica e o atraso contribuíram para dificultar ainda mais o esforço de alfabetização.

Em conseqüência da democratização do ensino primário, produziu-se em todos os países uma maior demanda pelo ensino médio e superior, que suscitou, na segunda metade do século XX, um problema universal: a universidade, criada para educar uma minoria seleta, não dava conta de admitir a grande quantidade de alunos que lutavam por chegar às salas de aula. Outro aspecto do mesmo problema é o baixo nível do ensino ministrado por muitas escolas de nível superior, em decorrência da massificação.

Os teóricos da educação continuaram seu trabalho, aprofundando-se cada vez mais no estudo da psicologia infantil e das relações sociais que se estabelecem na escola, muitos deles denunciando a dependência da escola em relação ao sistema social em que está imersa, cujos problemas ela tende a reproduzir. Ao longo do século, a tendência geral foi favorável à limitação do autoritarismo na escola e ao aumento da liberdade de ação da criança, para que dê livre curso a sua criatividade. Fomentou-se a atividade física – ginástica, esportes – depois que se tomou consciência da importância dessas atividades para a boa saúde física da criança, para a formação de sua personalidade e para o desenvolvimento da sociabilidade.

Nos últimos anos do século, o novo problema com que a educação se defrontou estava relacionado às transformações sofridas pelos meios de comunicação. Delineou-se uma situação paradoxal: enquanto a educação que se oferecia era quase totalmente baseada no universo literário, a maior parte das crianças, feliz ou infelizmente, recebia muito mais informações por meios audiovisuais do que impressos. Embora na década de 80 alguns países tenham começado a introduzir nos planos de estudo escolares as novas tecnologias, como o uso de computadores, a situação paradoxal permanecia.

Os próprios educadores estavam formados para ministrar um ensino baseado em técnicas pedagógicas e em conteúdos tradicionais. Já se discutia, no entanto, a necessidade de incorporar as novas disciplinas aos currículos escolares, pois o mercado de trabalho estava cada vez mais a exigir familiaridade com a informática em quase todas as áreas. A generalização da informática teve conseqüências importantes para a educação, especialmente nas áreas profissionalizantes.


A POBREZA E A EDUCAÇÃO

A maneira como a escola trata a pobreza constitui uma avaliação importante do êxito de um sistema educacional. Crianças vindas de famílias pobres são, em geral, as que têm menos êxito, se avaliada através dos procedimentos convencionais de medida e as mais difíceis de serem ensinadas através dos métodos tradicionais. Elas são as que tem menos poder na escola, são as menos capazes de fazer valer suas reinvidicações ou de insistir para que suas necessidades sejam satisfeitas, mas são, por outro lado, as que mais dependem da escola para obter sua educação.

O fato de os sistemas educacionais modernos causarem, efetiva e persistentemente, o fracasso das crianças pobres, faz com que um sentimento de indignação percorra muitos dos estudos sobre a questão da desvantagem na área da educação.

As intensas visibilidades que alguns problemas sociais adquiriram no Brasil nas últimas décadas acabaram produzindo estereótipos de fácil circulação que tornam difícil sua compreensão. Ou porque os simplificam indevidamente ou porque os propõem como becos sem saída, como estados terminais de uma sociedade enferma, gerando evidencias de um abismo social, de um precipício de banidos, de uma cova do que chamamos de socialmente excluídos, como exemplo, os moradores de rua.

Contudo, excluídos esses, que ainda assim possuem opinião, consciência e visão única, particular e especial dos problemas sociais pelas situações e dificuldades vividas diariamente. Não se pode deixar de verificar se a consciência que têm os que se inquietam com os problemas sociais coincide com a consciência que dos problemas têm quem deles é vítima. Para isso, se faz necessário pesquisar o outro lado da moeda, lado esse que os meios de comunicação e grande parte da população não se interessam em conhecer: como os pobres vêem a pobreza.

O tema da pobreza nos põe diante de um conjunto grande de incertezas em relação à sociedade contemporânea e à nossa capacidade de sair do abismo que elas representam. Independente das definições vagas da problemática social que esse tema suscita, seu uso representa ao mesmo tempo um clamor de consciência e uma visão pessimista e sem saída da realidade sociais de nossos dias.

Mas, na angústia que o motiva, representa também a demanda de uma compreensão positiva e libertadora das causas e características dos problemas que a consciência social assinala, teme e questiona. O que pede, portanto, o trabalho intelectual crítico em relação a pratica social e política fundada na estreiteza e nas deturpações dessa concepção limitada e limitante.

Essa compreensão, às vezes penosa, depende de que tenhamos clareza a respeito da exclusão que denunciamos. Depende de que compreendamos suas origens, seus modos de manifestação, os desastres sociais a que se associa, seu lugar sua dinâmica social, e até sua função no modelo de desenvolvimento econômico cujas ricas possibilidades são negadas continuamente na perversa tenacidade de injustiças que nos inquietam.

Os problemas sociais não poderão ser resolvidos se não forem desvendados inteiramente por quem se inquieta com sua ocorrência e atua no sentido de superá-los. E o meio de fazê-lo é através do conhecimento sociológico, conhecimento crítico, isto é, o conhecimento que, ao mesmo tempo, os situa, explique suas causas e características, e situe as dificuldades dos entendimentos que temos sobre eles. Só assim poderemos, também, chegar ao modo de como a vítima interpreta sua situação, que saídas vê nela.

A sociologia não pode ser boa sociologia se não incorporar à sua análise a consciência social, enquanto dado, que a vítima das situações sociais adversas tem da adversidade e de si mesma. Para enfrentar esse dificuldade é essencial reconhecer os ardis da sociedade contemporânea, os obscurecimentos de que ela se reveste para fazer do auto-engano um meio de sua persistência e reprodução.

Contudo, uma coisa é fato: a desumanização que alcança o favelado é bem distinta da desumanização que alcança quem faz discurso sobre o favelado. A desumanização dos operários da fábrica têxtil da família de Frederico Engels, em Manchester, Inglaterra, no século XIX era bem diverso da humanização do próprio Frederico Engels, parceiro de Karl Marx, e autor de obras fundamentais de denúncia das péssimas condições de vida da classe operária de seu tempo.

Essa desumanização de um dos pais do socialismo era em tudo diversa da desumanização em que viveu sua companheira, uma operária que ele nunca apresentou nos círculos sociais que freqüentava e que nunca reconheceu publicamente como esposa, a não ser, por pressão dos amigos, no momento de agonia, na hora em que ela estava morrendo, quando com ela ele se casou.

Tudo parece indicar, nesta altura, que estamos em face de um desencontro entre o modo como as vítimas da adversidade se situam no mundo, e o modo como os acadêmicos, os militantes, os religiosos, vêem essa situação de adversidade e suas vítimas. Portanto, mais do que o real problema social que se oculta por trás da concepção de pobreza, é necessário compreender essa interferência “de fora” dos que não tem esse problema, no caso o da exclusão social.

O objetivo deste trabalho foi pedagógico no sentido de questionar para esclarecer, provocar para elucidar e ampliar o conhecimento das situações e de atuações sociológicas. É também de interesse, poder construir uma interpretação crítica e sociológica da realidade social através dessas manifestações, dessas contradições e irracionalidades da sociedade atual. Isto é, uma interpretação que vá além das barreiras e ocultamentos que a concepção de pobreza acarreta ao entendimento consistente dessa realidade, pois convém lembrar, que a pobreza já não é mais nem principalmente a carência material. As pobrezas se multiplicaram em todos os planos e contaminaram até mesmo âmbitos da vida que nunca reconheceríamos como expressões de carências vitais.

A concepção de abismo tem aqui funções metodológicas, pelas revelações que podem ser sociologicamente obtidas quando o pesquisador se situa na perspectiva das populações cuja vida se desenrola nos extremos das situações adversas. Neste trabalho, o conhecimento crítico torna-se possível pela adoção do método de investigar e explicar a partir da experiência e da visão de mundo das vítimas das adversidades sociais.

E, por esse meio, chegar as estruturas profundas e às contradições essenciais da sociedade e retornar ao visível, imediato e cotidiano. Ao situar-se no fundo do abismo social que marginaliza e exclui é o pesquisador pode ver e interpretar os significados da crise e as irracionalidades e contradições da sociedade contemporânea. Porque desse lugar ele pode ver na perspectiva dos que padecem, a dimensão reveladora do que é limite e de quem está no limite.

Para isso, se fez necessário capturar o olhar e a opinião das pessoas que dividem essas situações tão adversas no seu cotidiano.

É notória a preocupação para que os filhos tenham oportunidade de ter uma vida melhor e diferente da deles. Alguns, já martirizados pela vida, não riem com facilidade nem falam muito, mas sabem que só são diferentes dos “ricos” pelas diferentes oportunidades que tiveram, pois a capacidade é a mesma.

Contudo, não há como disfarçar a dificuldade de suas vidas, o penoso e sacrificante cotidiano a que são submetidos pela preconceituosa sociedade em que vivem, sociedade que destrói a possibilidade de futuro dessas famílias.

Há os que ainda lutam contra o desânimo e humilhação, refletindo em palavras e atitudes, a coragem e sabedoria da superioridade de pensamento que possuem.

A maioria dessas vítimas sociais vêem sua pobreza como conseqüência de falhas nas oportunidades entre as pessoas e não pela incapacidade própria. Reconhecem que a pobreza material é um abismo entre eles, mais um abismo que é cavado e conduzido pela sociedade que os subjuga “diferentes”, mas que também não os da condições de serem “iguais”.

Sabe-se que para a sociedade este trabalho ainda não significará nada, visto que não fazem idéia da realidade que essas vítimas dividem seu cotidiano, e continuarão não o fazendo, até que chegue o dia em que terão que sentir na pele a mesma insegurança, incapacidade e exclusão que tantas outras já sentiram e o imenso peso da insignificância e relevância de que nada foi feito. Pode-se transformar, visões até então distorcidas pela parecida reflexão que se tinha para com essas vítimas do sistema capitalista, que se mantém e sempre se manterão, na geração de lucros baseada na exploração das pessoas.


CIVILIZAÇÃO DA SOCIEDADE

O que significa ser cidadão? Ser cidadão significa estar localizado em um espaço no qual se possui um certo status e se esta investido com direitos e deveres relativamente à outras pessoas, estando também em outras cidades onde diferentes cidadãos podem Ter diferentes direitos e deveres.

Ser cidadão significa ser simultaneamente livre e sujeitado. Com a globalização associada à racionalização, a atual tendência parece ser em direção à descentralização. Na medida em que os sistemas de escolarização vão se tornando mais abertos, tanto o conhecimento quanto as atividades de gerenciamento vão se reorganizando. A educação com sua contínua expansão, sua crescente flexibilidade, sua abertura a novos arranjos políticos e econômicos não está imune a pressões pós-modernizantes.

A educação moderna nunca deixou de promover e praticar a crença iluminista de que a razão humana é capaz de objetivamente explicar a natureza da realidade, dando assim à humanidade o conhecimento exigido para transformar o mundo e para construir uma sociedade melhor. Hoje o iluminismo pode tanto ofuscar e cegar quanto iluminar, e o “dar poder”, literalmente transforma os corpos das pessoas, sua individualidade e sua capacidade e liberdade para pensar agir” (SILVA, 1999 pág. 148).

O trabalho de Michel Focault sugere que os modernos sistemas de educação são os produtos contingentes e essencialmente lógicos de tecnologias disciplinares que se desenvolveram, simultaneamente, nos hospícios, nas casernas, nos hospitais e nas fábricas da Europa do século XVIII. Os sistemas existentes de educação parecem Ter muitos dos mesmos defeitos que os reformadores legais do século XVIII. A educação formal nunca correspondeu às desejadas especificidades de resultados.

Apesar do pressuposto de que a educação formal é indispensável para a mobilidade socio-econômica, ela nunca satisfez plenamente os desejos de qualquer público e tão pouco foi bem sucedida na tarefa de induzir esses públicos a um respeito conformista relativamente a seu valor . As pessoas que tem mais necessidade da educação são aquelas que menos tem oportunidade de obtê-la, ameaçando dessa forma a estabilidade de comunidades rurais, ao criar relações de dependência entre aqueles que são alfabetizados e os que não são, promovendo assim desigualdade de status, de poder de barganha de auto – estima.

Para algumas famílias a educação é muito cara, já para outras ela estimula a indolência passando por vários tipos de vícios até o abuso de drogas e a violência contra as crianças. As instituições educacionais são incapazes de eliminar casos de discriminação de gênero, de racismo e de violência. “A educação é uma faca de dois gumes – ela dá poder à medida que disciplina; ela oferece liberdade no mesmo movimento em que exige obediência; ela se permite ser consumida e ser tratada como meio para um fim apenas, na medida em que esse fim implique o consumo permanente e, portanto, a reprodução da própria educação.”(SILVA, 1999 pág. 150).

Em grande parte, a educação tem feito de nós aquilo que nós somos, questioná-la significa compreender a educação como um fenômeno de toda a sociedade, um processo não centrado na escolarização do cidadão mas na civilização das sociedades, não “escola e sociedade”, mas a “sociedade como uma escola”. A educação concebida como uma rede de relações estratégicas, é apropriada para esta nossa ” época de simultaneidade”, a época da informação e da realidade virtual; aquilo que era recentemente uma vila global, está sendo produzido como um corpo global, em todos os sentidos da palavra.

Como um aspecto da civilização da sociedade, a inscrição da cidadania por sujeitos, sobre sujeitos, no interior do contexto da sala de aula, está dirigida à produção de seres que são também bem informados , empreendedores e virtuosos. O objetivo da educação, num contexto de globalização, é, assim, reformar e modificar a nós mesmos, nossos pensamentos e nossos comportamentos.

Uma tal ética da exploração torna-se possível, à medida que a globalização e a aprendizagem permanente exigem modificações no antigo seio ocidental por ordem e certeza, com seu estreito vínculo entre autonomia e dependência, entre inclusão e exclusão, entre produção e invenção, e entre cidadania e civilização.

Nós devemos nos esforçar para produzir cidadãos não só capazes de sobrevivência em um mundo em constante transformação, mas também que sejam capazes de se abrirem para modificações em si a partir de suas necessidades e vontades, mas também estejam abertos para aceitar as modificações que lhe são impostas ou mostradas, tanto que sejam para o seu crescimento como cidadão ou como profissional.

Nós podemos sugerir que as escolas sejam lugares onde os professores possam aprender, a partir daí, lugares onde os estudantes possam ser ensinados. A prática de ensinar deve estar dirigida mais à aprendizagem do que ao ensino.

Como já dizia Sócrates: “conhece-te a ti mesmo”. Tudo isso é necessário se quisermos compreender o que significa escolarizar para a cidadania em um contexto de globalização.


EXCLUSÃO SOCIAL

Começa-se a pensar sobre exclusão social na França na década de 80, a partir de uma visão humanística, nova forma de solidariedade, nova forma de funcionamento. Qualquer forma de desvinculação social é classificada como exclusão social. A sociedade tem que estabelecer determinadas ordens, leis e regras, sabe-se que a miséria sustenta o capitalismo porque ele lança para a sociedade os desajustados e miseráveis.

A Exclusão Social começou ser vista como um problema somente no final do século XX, pela crise do assalariamento, o que tornou os pobres que recebiam um mísero salário como miseráveis, fazendo crescer a massa desqualificada e fora do processo produtivo, o que acarretou uma problemática envolvendo a conjuntura político-social, que assume uma multiplicidade de formas, e é também temporal, porque o “excluído de hoje, será excluído amanha”

A noção atual de exclusão social acentua as formas de segregação cultural, espacial, étnica, as desigualdades econômicas e, também um certo sentimento de vazio da existência, em grande medida associada ao quase colapso de propostas alternativas de futuro.

A classe dominante não está interessada em compartilhar ou perder o que conquistou, envolvendo assim questões políticas sociais e econômicas. Como o termo exclusão social é extremamente amplo, podemos imaginar que ter direito a ter direitos é um grande passo para se começar a entender a cidadania.

O desemprego é talvez um dois maiores fatores de exclusão social que conhecemos. O desempregado (ou o subempregado, com salários que não satisfazem às suas necessidades básicas), não pode viajar, ir ao cinema, ao teatro, não pode se divertir e não pode nem estudar se qualificar para melhorar de vida. Não pode também dar boa educação aos filhos, não pode ficar doente; pois não tem recursos financeiros para se tratar, não pode ter acesso a condições dignas de habitação e muitas vezes não tem nem o que comer, há realmente uma exclusão; uma privação das necessidades físicas e/ou mentais do indivíduo.

Os efeitos de estar desempregado são em geral traumáticos, profundamente pessoais e não se restringem à perda dos rendimentos e do poder de consumo. São também altamente variáveis de acordo com personalidade, sexo, idade, classe, tipo de ocupação anterior, histórico de vida e grau de desemprego dentro da localidade imediata e/ou família. As pessoas desempregadas vivenciam problemas sociais, psicológicos e físicos.

Entre os efeitos psicológicos identificados como ligados ao desemprego incluem-se resignação, auto-estima negativa, desespero, vergonha, apatia, depressão, desesperança, sensação de futilidade, perda de objetivo, passividade, letargia e indiferença. Entre os efeitos sociais incluem-se pobreza, perda de status, perda de disciplina temporal e rotina diária, desagregação da vida familiar, incluindo o divórcio e várias formas de comportamento anti-social, incluindo roubo, tráfico e vandalismo.. Entre os efeitos físicos incluem-se várias formas de doença, insônia, tensão e ansiedade, resultando às vezes em embriaguez, drogas, violência intra-familiar, maus-tratos a crianças e tentativa de suicídio. É um problema de exclusão social, que traz todas essas conseqüências, algumas evidentes e algumas não tão evidentes, mas que também são extremamente destrutivas.

Sem emprego, a pessoa sente-se diminuída em relação às demais; seja no meio familiar ou entre os vizinhos e/ou amigos. O fato é que a desesperança de conseguir um novo emprego e a agonia de não poder dar a si mesmo e à sua família a qualidade de vida que gostaria causa infelicidade, podendo inclusive levar o indivíduo a desenvolver doenças de cunho psicológico, em casos extremos uma depressão provocada por estes fatores pode até mesmo levar ao suicídio.

Sem contar que muitas vezes, o desemprego é injustamente taxado e tratado como vagabundo pela sociedade, fato que contribui e aumenta a exclusão, afetando ainda mais o lado psíquico, aumentando sua sensação de incapacidade e que ao longo prazo, o desemprego e a exclusão social podem incentivar o crime como alternativa para a “desexclusão”.

O fato é que em geral ninguém se dá conta que se trata de um problema social que não resulta exclusiva nem prioritariamente da incapacidade ou de erros individuais, mas, sobretudo das mudanças econômicas sociais e tecnológicas ocorridas na sociedade nos últimos anos.

Não dá para falar em desemprego sem falar em exclusão social, já que o desemprego e talvez um dos maiores fatores de exclusão social que conhecemos. O desempregado não pode dar uma boa educação aos filhos, não pode ficar doente, pois não tem recursos financeiros para se tratar, não pode ter acesso a condições dignas de habilitação e muitas vezes não tem nem o que comer, há realmente uma exclusão.

Os efeitos do desempregado são geralmente traumáticos. As pessoas desempregadas vivenciam problemas sociais, psicológicos identificados são: resignação, auto-estima negativa, desespero, vergonha, apatia, depressão, desesperança, sensação de futilidade e indiferença. Entre os efeitos sociais incluem-se pobreza, perda de status, desagregação da vida familiar, incluindo o divórcio e várias formas de comportamento anti-social vindo assim o roubo, tráfico e vandalismo.

O desempregado muitas vezes e tratado de vagabundo pela sociedade fato que contribui e aumenta a exclusão. O fato é que em geral ninguém se dá conta que se trata de um problema que não resulta exclusiva nem prioritariamente da incapacidade ou de erros individuais, mas econômicas sociais e tecnológicas ocorridas nas sociedades nos últimos anos.


EVASÃO ESCOLAR

TRABALHO INFANTIL

Com a abolição da escravatura e o início da industrialização, voltava a difundir-se o trabalho infantil, a tal ponto que, em 1983, segundo a PNAD – Pesquisa Nacional por Amostragem, quase 7 milhões de menores já integravam a força de trabalho. Na zona rural, 45,4% da população, entre dez e 17 anos, trabalhavam. A primeira lei brasileira de proteção do trabalho dos menores é de 1891. Ela proibia o trabalho noturno, em certos serviços, estabelecia idade mínima de 12 anos e estipulava que a jornada de trabalho máxima seria de sete horas. Esta lei ficou sem aplicação, assim como o Decreto número 16.300, de 1923, que reduzia a jornada de trabalho para seis horas, para os menores de 18 anos.

O Código de Menores, de 1927, manteve os 12 anos como idade mínima para o trabalho, mas proibia o trabalho noturno e nas praças públicas, para os menores de 14 anos. Foi em 1932, com o Decreto N.º 22.042, que a idade mínima foi elevada para 14 anos. Esse limite se manteve na Constituição de 1934, de 1937, na Consolidação das Leis do trabalho, de 1943, e na Constituição de 1946, que proibia a diferença de salário entre menores e maiores e o trabalho noturno de menores de 18 anos.

Já na Constituição de 1967, o Regime Militar baixou a idade mínima, novamente, para 12 anos e eliminou a proibição de diferenças nos salários. E dentro da nova orientação, a Lei N.º 5.274, do mesmo ano, estabelecia o salário mínimo dos menores (52% do salário mínimo regional para os menores de 16 anos e 75% para os menores entre 16 e 18 anos). A mesma lei obrigava as empresas a empregarem menores (mais de 5% e menos de 10% do quadro de funcionários). Essa lei só foi revogada em 1974, mas a idade mínima de 12 anos se manteve até 1984.

À medida que o Brasil se desenvolvia, concentrando renda e poder, numerosas famílias trabalhadoras se desagregavam e milhões de menores carentes tornaram-se, precocemente, responsáveis por sua própria sobrevivência, perambulando pelas ruas das grandes cidades, sem moradia e escola.

O artigo 227 da Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (lei N.º 8069/90) e a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, aprovada pela Assembléia Geral da ONU, em 20 de novembro de 1989, foi um passo importante para a transformação desse quadro de desalento do país. Tirar o Estatuto do papel, porém, além de implicar em mudanças no panorama legal dos Estados e Municípios, necessitava, também, um reordenamento institucional dos organismos que atuam na área. Ainda restava muito a se fazer, principalmente no campo das políticas sociais básicas, como saúde, educação e profissionalização.

Então, mesmo proibido por lei, aproximadamente 3,5 milhões de crianças, com menos de 14 anos, trabalham no Brasil. A maioria ganha menos de um salário mínimo e quase a metade não recebe remuneração alguma. Muitos são escravos em carvoarias, canaviais e fazendas. Grandes empresas nacionais e multinacionais lucram com a exploração infantil e o trabalho escravo. O número de trabalhadores entre 10 e 17 anos é de 7,5 milhões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representando 12% da população economicamente ativa. Desse total, 1,2 milhão trabalham na agricultura. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, existem 200 milhões de crianças trabalhando em todo o mundo.

“Grande parte da produção das usinas no Brasil, nas de cana-de-açúcar (cerca de 70%) vira álcool, com subsídios da Petrobrás, o que faz do governo brasileiro parceiro da escravidão e da exploração da mão-de-obra infantil”

Para cada adulto existe uma criança ou adolescente trabalhando nos canaviais brasileiros. Em São Paulo, são 60 mil crianças. Em Alagoas, 50 mil canavieiros têm entre 6 e 13 anos, e só no município de Campos, no Rio de Janeiro, 4 mil crianças trabalham como bóia-frias do açúcar. Quando a criança pode crescer canavieira, ou seja, quando a foice não escapa e mutila parte do corpo da criança, que também perde o emprego, quase sempre sofre de desnutrição e excesso de cansaço físico. Muitas adquirem hipertrofia cardíaca, artrose e efisema pulmonar. Após doze anos de profissão, um canavieiro pode ficar inutilizado para o mercado de trabalho.

No período de safra, as crianças trabalham no corte, na formação de feixes e no transporte da cana para o engenho ou do bagaço para o terreiro, numa jornada que vai das 5 da manhã às 5 da tarde para ganhar, no máximo, três (3) reais por semana. Outras tarefas exercidas pelas crianças, das 6 da manhã às 11 da noite, em troca de seis (6) reais por semana, são as de tomador, bagaceiro e caldeeiro, dentro das usinas. O trabalho, sob um calor de até 60 graus, provoca rachadura e inchaço nas pernas.

Grande parte da produção das usinas no Brasil, nas de cana-de-açúcar (cerca de 70%) vira álcool, com subsídios da Petrobrás, o que faz do governo brasileiro parceiro da escravidão e da exploração da mão-de-obra infantil. Em Campos/RJ, recentemente, doze usinas foram autuadas pela Procuradoria do Trabalho. Todas eram subsidiadas pela Petrobrás.

Até há pouco mais de uma ano, a Cutrale, uma das maiores fabricantes de suco de laranja do país, tinha aproximadamente 2.300 trabalhadores, sendo que desses 35% eram crianças, uma vez que os pais recebiam um salário, baseado na produção diária. Cada pai de família ganhava em média de 7 a 8 reais, por dia, para a produção de setenta a cem caixas de laranja, e as crianças que ajudavam na colheita não recebiam nada.

No Mato Grosso do Sul, nos municípios de Ribas do Rio Pardo, Águas Claras e Três Lagoas, das cerca de 10 mil pessoas que trabalham como escravos, em 600 mil hectares de pinus eucalipto, aproximadamente quatro (4) mil são crianças.

Em um mês são 13.300 árvores que viram carvão e vão para as siderúrgicas, onde são transformadas nos mais diversos materiais de consumo de ferro e metais. A maior parte da produção vendida nos grandes centros – desde pregos, passando por talheres, panelas e chapas de automóvel – tem origem em trabalho análogo aos de escravos. De 20% a 30%, vêm da exploração do trabalho infantil.


O TRABALHO INFANTIL, HOJE

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou, recentemente que 250 milhões de crianças, entre cinco e catorze anos, trabalham em todo o mundo, sendo que destes, 1220 milhões, em período integral. No Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), trabalhavam no país, no ano de 93, 4.547.944 crianças, de cinco a catorze anos. Desse total, 40% desenvolviam trabalho urbano.

O DIEESE coordenou uma pesquisa em seis capitais – Belém, Recife, Goiânia, Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo, encomendada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), no âmbito do Programa Internacional para a erradicação do trabalho infantil (IPEC), da OIT. A pesquisa, com 1.419 crianças, foi realizada nos meses de outubro e dezembro de 95, nas cinco primeiras cidades, com exceção de São Paulo que foi realizada no primeiro semestre de 96.


RACISMO E EDUCAÇÃO

A discriminação racial no Brasil tem reflexos no sistema educacional e impacta o acesso e desempenho da população negra dentro da sala de aula. No País, entre os analfabetos absolutos acima de 15 anos, estão 7,5% dos brancos e 20% de negros (pretos e pardos), de acordo com os dados do Censo 2002, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quando consideramos o analfabetismo funcional, menos de quatro anos de estudo, 36% da população negra permanece nessa condição, contra o percentual de 20,2% da população branca.

O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) mostra que, apesar da proximidade no número de matrículas no ensino fundamental para negros e brancos (94,7% para brancos e 92,7% para negros), a evasão escolar é maior entre os alunos negros.

Dados do IBGE apontam que, entre os estudantes de Ensino Médio, a quantidade de brancos é quase o dobro da de pretos e pardos (52,4% para 28,2%). No Ensino Superior, os brancos estão cerca de quatro vezes mais presentes que os negros (15,5% contra 3,8%).

Em janeiro de 2003, após quatro anos de tramitação, foi promulgada a lei 10.639. De autoria da então deputada Esther Grossi. Esta lei inclui no currículo oficial dos estabelecimentos de educação básica, das redes pública e privada, a obrigatoriedade de estudo da temática História e Cultura Afro-brasileira.

Sua proposição e aprovação é fruto de reivindicações do Movimento Negro (MN) e do Movimento de Mulheres Negras (MMN), que se intensificaram a partir dos anos 70 e culminaram em 1995 com a Marcha Zumbi dos Palmares, quando 30 mil pessoas entregaram ao então presidente Fernando Henrique Cardoso um documento pleiteando políticas para combater a desigualdade racial.


OUTROS FATORES DA EVASÃO ESCOLAR

A falta de incentivo dos pais que não vêem o estudo como condição para a conquista de um emprego e permanência no mercado de trabalho, já que, para o trabalho operário, a restrita escolaridade não constitui um obstáculo. Essa idéia é passada aos filhos que também valorizam o trabalho, que lhes garante o sustento, em detrimento da formação escolar. Eles não se enxergam como pessoas marginalizadas do processo escolar por causa de sua condição social, em função das desigualdades sociais, que garantem o “direito” a escolarização àqueles cujos pais podem mantê-los no sistema escolar.

Outro motivo que se destaca, é o fato de haver somente escola até a quarta série do Ensino Fundamental no local onde residem, ou por ser área rural ou outro motivo, e a dificuldade de se locomoverem para outra escola, onde pudessem continuar seus estudos. Observa-se, no entanto, que a maioria não está ciente de seus direitos como cidadãos, não é capaz de perceber a responsabilidade que deveria ser assumida pelas autoridades governamentais para atenderem a essa demanda de jovens e adultos que ficaram e ficam à margem do sistema escolar. A falta de interesse pelos estudos, a ausência de vontade de estudar foi motivo citado.

Além desses, restam outros fatores, como por exemplo, a deficência física. A maioria das escolas, hoje ainda, não é preparada ou adaptada ao recebimento de alunos deficientes físicos, os meios de transporte não proporcionam às crianças um meio adequado de locomoção, ou mesmo, não existem professores preparados para poder trabalhar em sala de aula com um deficiente, seja físico ou portador de outros tipos de deficiência. Mesmo, o preconceito dos próprios pais dessas crianças deficientes, influi na evasão escolar.

A compreensão dos motivos que geraram a evasão escolar e as causas que trazem jovens e adultos hoje de volta à educação formal abre caminhos para a intervenção crítica do professor a fim de criar contextos de aprendizagem que garantam a esses sujeitos a apropriação de elementos mínimos que permitam o entendimento dos mecanismos que compõem a sociedade, a construção de sua própria palavra, de maneira competente e consciente e, por conseguinte, a melhoria de suas relações com o outro e sua atuação ativa e crítica nas diversas esferas da sociedade.


CONCLUSÃO

A pobreza influencia diretamente na formação social do indivíduo e por motivos raciais, físicos, religiosos ou monetários ocasiona evasão escolar, contribuindo para a exclusão social.

Para resolver este problema da atualidade, a base é uma escola que deixe de ser elitista e venha a formar pessoal e profissionalmente o cidadão, e que interaja na sociedade em busca de soluções para os diversos problemas a ela relativos, pois só um país que tem conhecimento dos próprios problemas e cidadãos preparados para buscar soluções, é que tende a crescer.

Ao longo dos anos, a Escola passou por uma série de modificações em sua estrutura, e em algum momento até tentando se adaptar às realidades da época em que ocorreram, mas hoje, com a globalização e as modernidades, é impossível fazer vistas grossas a uma nova realidade escolar, e não notar a influência escolar na formação individual e pessoal do cidadão.

“Quanto mais aumenta nosso conhecimento, mais evidente fica nossa ignorância.” (John Kennedy)


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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SILVA, Luiz Heron. A Escola Cidadã no Contexto da Globalização. 3ªed. Vozes: São Paulo, 1999.

ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil. 19ª Ed. Vozes, Petrópolis/ Rj, 1997.

FAUNDEZ, Antônio. Educação, desenvolvimento e cuktura, Cortez: São Paulo SP, 1994.

FREITAG, Bárbara. Escola, trabalho e sociedade.Coleção educação universitária – 4ª ed. São Paulo SP, 1980.

ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil,Editora Vozes – 22ª ed. Petrópolis RJ, 1999.

SAVIANI, Dermeval. Educação brasileira: estrutura e sistema,Editora Autores Associados – 7ª ed. Campinas SP, 1996.

MARX E ENGELS, Manifesto Comunista, 1848

www.mec.gov.br

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