1.TEMA
2.PROBLEMA
Em que medida a escola se constitui em um espaço democrático para a formação da cidadania?
3.JUSTIFICATIVA
Os momentos difíceis do ponto de vista ético e político que a sociedade brasileira está vivendo, têm levado a um crescente questionamento em relação aos valores pregados e praticados pelas pessoas escolhidas para dirigir o país.
Esses questionamentos que implicam tantas interrogações sem resposta, não poderiam excluir a educação, mais do que isso expõe fragilidades da sociedade e da escola que precisam ser enfrentadas e corrigidas.
Por isso é importante uma pesquisa que resgate a educação para a cidadania do esquecimento e traga-a para o palco das discussões. Uma pesquisa que resgate o verdadeiro significado da cidadania e torne as pessoas mais conscientes do seu papel de cidadão.
4.HIPÓTESES OU QUESTÕES NORTEADORAS
• A transformação da educação numa prática de mercado onde cidadão vira cliente e cada pessoa vale o quanto consome, recuperando a velha concepção de neutralidade do aparelho educativo, que tende a beneficiar ideologias não comprometidas com a mudança social, contribui para que a educação para a cidadania fique a margem do processo educativo, sem ter a importância devida.
• A falta de profissionais preparados, que compreendam a importância e as contradições da diversidade cultural e a ação afirmativa da cidadania, atrapalham a consolidação da educação para a cidadania nas escolas.
• A falta de uma revisão na organização e na metodologia das instituições educativa impossibilita os cidadãos de adquirirem capacidades que lhe permitam ter uma postura mais ativa na sociedade e uma visão crítica e reflexiva da realidade que o cerca.
5.OBJETIVOS
5.1Geral:
• Analisar o papel da escola na formação da cidadania democrática.
5.1Específicos:
• Identificar os fatores que propiciam uma formação para a cidadania democrática dos alunos.
• Classificar as dificuldades enfrentadas pela comunidade escolar no desenvolvimento da educação para a cidadania.
6.REFERÊNCIAL TEÓRICO
Educar para a cidadania é um pré-requisito imprescindível para a construção da democracia.
Todavia para se falar em educação para a cidadania é preciso primeiro esclarecer a idéia de cidadania. Sobre isso Jares (2005) diz o seguinte:
Podemos caracterizar cidadania como uma prática histórica e socialmente construída fundamentada nos princípios de dignidade, igualdade e liberdade, assim como nos de justiça, participação, solidariedade, respeito, não-violência, direitos e obrigações. Ela pressupõe também, além do estado de direito, a capacidade de decisão de todas as pessoas nos assuntos públicos, em um contexto de democracia participativa, laica, multicultural e solidária.
Entretanto para que o exercício da cidadania seja pleno é necessário que a população tenha acesso a uma educação democrática e de qualidade, realidade que apesar dos avanços, ainda não é garantida no Brasil.
O crescente interesse pela educação para a cidadania surge em resposta ás exigências de contribuir para formar cidadãos civicamente mais competentes e comprometidos com as responsabilidades coletivas. (Bolívar, 2005).
Mas para que isso aconteça, “a escola deve recuperar seu papel na formação da cidadania, estando aberta a todos os alunos sem discriminação, integrando a diversidade sociocultural e as diferenças individuais, contribuindo assim para uma socialização integradora”.
Educar para a cidadania não é só ensinar determinados valores, comportamentos ou atitudes, é possibilitar ao cidadão o acesso a saberes e competências que lhe permitam uma participação ativa na vida pública, sem os quais ele poderia ser excluído ou ter a sua cidadania negada. Sobre isso Bolívar (ibid) afirma que:
A educação para a cidadania tem a ver com a própria maneira como são trabalhados os saberes escolares e como são construídos os conhecimentos na sala de aula e, sobretudo, como a participação na escola converte-se em uma experiência que favorece o seu exercício.
É preciso ter consciência que a educação para a cidadania, não diz respeito apenas e escola e aos professores, tampouco estes conseguirão obter sucesso nesta função se não contarem com a ajuda de outras instituições como a igreja, a família, e outras instâncias sociais. Daí a importância de se atuar paralelo a estes e a outros campos sociais, para que não recaia somente sobre a escola a tarefa de formar o cidadão.
Cabe ressaltar a importante necessidade de se trabalhar a educação para a cidadania em contexto de diversidade cultural. Nessa questão Bolívar alerta que:
A educação para cidadania precisa ser reformulada para incluir a diversidade cultural e o reconhecimento das diferenças, se quiser configurar-se como uma boa alternativa às propostas do multiculturalismo. Posto que o multiculturalismo seja, na verdade, o resultado do fracasso ideal de uma cidadania integrada.
Dessa forma torna-se evidente o fato de que a escola não deve mais excluir as culturas, mas sim incorpora-las a própria instituição, para que a identidade cultural de cada indivíduo seja reconhecida e respeitada.
Outro aspecto importante que perpassa pela educação para a cidadania é a necessidade de aprender viver juntos. “O civismo dos cidadãos compreende tudo aquilo que torna possível uma convivência no espaço público”.(ibid)
A ênfase individualista do liberalismo é prejudicial à vida coletiva dos cidadãos, e ainda dá espaço a uma concepção de democracia como mercado, com cidadãos passivos e poucos deveres com o coletivo.
Educar para a cidadania é fundamental para a continuidade da luta por uma educação diferente e um futuro melhor. “É óbvio que a educação por si só não é suficiente. Ela é apenas mais um instrumento para promover a mudança das relações sociais”. (Imbernón, 2000).
Não se pode esquecer que só haverá mudança quando o processo de democratização escolar, se tornar um fato concreto, pois a cidadania só se desenvolve em um espaço onde imperem a liberdade e a igualdade de direitos. “Um aspecto central da educação e os direitos humanos é a organização democrática da escola”. (Jares, 2005).
Nesse contexto de mudança as novas cidadanias surgem como resposta à busca por novos referenciais que possibilitem a construção de uma nova educação. Uma nova educação que se proponha a formar não só o aluno, mas também o cidadão. E não apenas um cidadão passivo, mas um cidadão consciente de seus deveres e obrigações, comprometido com a mudança social e a democratização escolar.
Assim consoante Imbernón (ibid) que acredita que:
O desafio da nova educação e da introdução das novas cidadanias é como estabelecer processos de revisão e de mudança no interior das instituições educativas, de sua cultura organizacional, de sua metodologia, para que proporcionem aos cidadãos as capacidades que lhe permitam compreender e interpretar a realidade, realizar uma leitura crítica dos acontecimentos e do meio comunitário.
Portanto, cabe a escola mesmo não sendo a única instância responsável, tomar a frente na tarefa de formar o aluno cidadão, pois nenhuma outra o fará, e dessa maneira o futuro da democracia estará ameaçado.
7.METODOLOGIA
Este projeto de pesquisa será realizado na Escola Municipal Jardim de Infância São Francisco, nas turmas da 1ª série do ensino fundamental envolvendo professores e gestor, através de uma abordagem fenomenológica, que tem como intuito desvendar o fenômeno para além do que ele parece ser, visto que o fenômeno não é tão evidente, mas existe, faz parte da realidade devendo ser investigado de forma consciente pelo pesquisador.
A escolha da abordagem fenomenológica se dá por causa da sua tendência mais objetiva, pois esse método não explica através de leis, nem deduz a partir de princípios, mas sim considera o que está imediatamente presente à consciência.
Como método de procedimento será empregado o método observacional a fim de coletar os dados da pesquisa maneira imparcial. Como técnica de pesquisa será utilizada: a documentação indireta, a observação direta intensiva de forma sistemática, não participante, individual e na vida real além da observação direta extensiva através de questionários.
REFERÊNCIAS
ALMIR, L. S. Pesquisa e prática pedagógica I. Manaus: UEA/PROFORMAR, 2005.
ARANHA, M. L. Filosofia da educação. 2. ed. rev. ampl. São Paulo: Moderna,1996.
ARANHA, M. L. e MARTINS, M. H, P. Filosofando: Introdução à filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna,1993
AZEVEDO, J. C. Emancipação e mercantilização. In: Pátio. 36. ed. Porto Alegre; Artmed, nov2005/jan2006.
BOLÍVAR, A. A educação para a cidadania na agenda das reformas. In; Pátio. 36. ed. Porto Alegre:Artmed, nov2005/jan2006.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros curriculares nacionais: Apresentação dos temas transversais, ética. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 1997.
CHARON, J. M. Sociologia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia . 12.ed. São Paulo: Ática, 2001.
GHEDIN, E. Filosofia e o filosofar. São Paulo: Uniletras, 2003.
IMBERNÓN, F. A educação no século XXI: Os desafios do futuro imediato. Porto Alegre: Artmed, 2000.
JARES, X. R. Educar Para a Verdade e Para Esperança: em tempos de globalização, guerra preventiva e terrorismos. Porto Alegre: Artmed, 2005.
KRUPPA, S. M. P. Sociologia da Educação. São Paulo: Cortez,1994.
MELLO, G. N. Educar para cidadania sim, mas com conteúdo. In; Nova escola. 175.ed. São Paulo: Abril, set2004.
Autor: Laura Cristina Leal e Silva
Escreva um comentário