Metodologia Orton-Gillingham: guia completo para psicopedagogos
Descubra como aplicar a Metodologia Orton-Gillingham na psicopedagogia com estratégias multissensoriais para potencializar a aprendizagem de crianças com dislexia.

Na psicopedagogia, a Metodologia Orton-Gillingham se destaca como um dos protocolos mais eficazes para o ensino de crianças com dificuldades de leitura e escrita, especialmente aquelas com dislexia. Ao incorporar recursos multissensoriais e um ensino estruturado, essa abordagem tem transformado trajetórias de aprendizagem. Para aprofundar seus conhecimentos, você pode conferir um livro sobre Metodologia Orton-Gillingham e conhecer as bases teóricas e práticas que orientam cada etapa do processo.
O que é a metodologia Orton-Gillingham?
A Metodologia Orton-Gillingham foi desenvolvida nas décadas de 1930 e 1940 por Samuel T. Orton e Anna Gillingham, combinando neurociência, psicologia e linguística para criar um método de alfabetização estruturada. O foco principal é o ensino explícito e sistemático da relação entre fonemas (sons) e grafemas (letras), aliado a uma abordagem multissensorial. Isso significa que, ao aprender uma nova letra ou família de sons, a criança a vê, ouve, pronuncia e manipula fisicamente—como no uso de areia ou blocos táteis.
Essa metodologia é especialmente indicada para alunos com dislexia, mas também pode beneficiar crianças com TDAH e TEA, pois oferece clareza e consistência no processo de ensino. Ao combinar estimulação visual, auditiva, tátil e cinestésica, o Orton-Gillingham reforça a codificação e a retenção de informações, criando conexões neurais mais sólidas.
Princípios do ensino multissensorial
Estímulo Visual
Na Metodologia Orton-Gillingham, cada novo elemento linguístico é apresentado de forma visualmente atraente. Cartões coloridos, símbolos e quadros ajudam a destacar padrões ortográficos. Além disso, o uso de materiais como letras em relevo permite que a criança acompanhe o formato da letra com os olhos, reforçando a memória visual.
Estímulo Auditivo
O componente auditivo envolve a identificação de sons e a segmentação fonêmica. O psicopedagogo incentiva o aluno a escutar e articular fonemas isolados e combinados, fortalecendo a consciência fonológica. É comum também a prática de ditados orais e repetições controladas.
Estímulo Tátil e Cinestésico
Manipular letras de madeira, usar bandejas de areia e modelar letras com massinha são exemplos de atividades táteis que envolvem o sistema sensorial e motor. Essa prática cinestésica facilita a memorização de formas e sequências, pois envolve múltiplas áreas do cérebro simultaneamente.
Integração Multissensorial
O verdadeiro diferencial da Metodologia Orton-Gillingham é a integração coordenada desses estímulos. Cada lição exige que a criança veja, ouça, fale e toque no material, criando uma experiência de aprendizado completa. Para complementar essa abordagem, psicopedagogos podem usar jogos de tabuleiro para desenvolver funções executivas, contribuindo para atenção sustentada e planejamento.
Passo a passo para implementar a Orton-Gillingham na prática
Avaliação inicial
Antes de iniciar, é fundamental mapear as habilidades de leitura e escrita do aluno. Realize avaliações de consciência fonológica, reconhecimento de letras e fluência de leitura. Essa etapa define os objetivos e o ritmo das aulas.
Planejamento das aulas
Organize o ensino em módulos sequenciais, das unidades menores (letras e sons) às mais complexas (sufixos e estruturas sintáticas). Cada lição deve conter revisões de conteúdos anteriores, introdução de novos conceitos e aplicação prática com exercícios multissensoriais.
Estrutura de cada sessão
- Revisão rápida do conteúdo estudado na aula anterior.
- Introdução de novos sons e grafemas com recursos visuais.
- Exercícios auditivos de segmentação e blending.
- Atividades táteis, como escrita em bandeja de areia.
- Construção de palavras e frases com reciclagem de conteúdos.
- Leitura de texto simples e ditado.
Ajustes e reforços
Baseando-se na resposta do aluno, ajuste o nível de complexidade. Adicione atividades lúdicas, como jogos de memória tátil para reforçar pares de letras ou fonemas, tornando o processo mais dinâmico.
Recursos e materiais essenciais
Para seguir fielmente a Metodologia Orton-Gillingham, é importante ter:
- Cartões de letras e sílabas em relevo.
- Bandejas de areia ou materiais sensoriais para escrita tátil.
- Livros didáticos estruturados que sigam a sequência fonológica e ortográfica.
- Jogos pedagógicos sensoriais que envolvam classificação e segmentação de sons, como Jogos pedagógicos sensoriais.
- Mapas mentais sensoriais para reforçar conexões, semelhante aos ensinamentos de Mapas Mentais Sensoriais.
Além dos materiais físicos, aplicativos de reforço visual e auditivo podem ser aliados no desenvolvimento das habilidades fonológicas.
Adaptando a metodologia para diferentes perfis
Embora originalmente voltada para dislexia, a Orton-Gillingham pode ser adaptada para crianças com TDAH e TEA. Para cada perfil:
Crianças com Dislexia
Reforce a prática repetitiva e ofereça instruções claras e diretas. Trabalhe no ritmo do aluno, evitando sobrecarga cognitiva.
Crianças com TDAH
Introduza pausas estruturadas e atividades físicas entre os exercícios. Use recursos dinâmicos, como vibrações em tablets ou cartões interativos.
Crianças com TEA
Implemente rotina fixa e sinalização visual clara. Utilize imagens e pictogramas para antecipar etapas da aula.
Avaliação e monitoramento do progresso
Registrar o desempenho em cada módulo é crucial. Utilize:
- Fichas de observação de velocidade e precisão na leitura.
- Relatórios semanais de autonomia e confiança.
- Autoavaliações guiadas para crianças maiores.
Revise periodicamente os objetivos e compartilhe resultados com famílias e equipe multidisciplinar, promovendo um ensino colaborativo.
Recursos recomendados para aprofundamento
- Metodologia Orton-Gillingham para Educadores (livro técnico didático).
- Materiais sensoriais personalizados para escrita tátil.
- Jogos pedagógicos de fonologia, disponíveis em diversas lojas especializadas.
Conclusão
Implementar a Metodologia Orton-Gillingham no contexto psicopedagógico é um passo transformador para alunos com dislexia e outras necessidades de aprendizagem. Ao seguir uma sequência estruturada, utilizar recursos multissensoriais e monitorar o progresso de forma sistemática, o psicopedagogo potencializa a autonomia e a confiança dos alunos. Experimente aplicar essas estratégias e observe como cada etapa do processo contribui para resultados mais consistentes e duradouros.

