Surgimento da Psicopedagogia e seu conceito
Este artigo explora o conceito de Psicopedagogia e sua importância no desenvolvimento dos alunos, abordando como essa área pode contribuir para o crescimento intelectual, social e emocional das crianças e jovens.
Surgimento da Psicopedagogia e seu conceito
O proposto da pesquisa é refletir sobre o sistema educacional e enfatizar a importância da Psicopedagogia na alfabetização. Antes de direcionar-me à contribuição da Psicopedagogia, reportar-me-ei à sua historicidade.
A escola, fruto da Revolução Francesa, surge como instituição através do estado democrático burguês. Originou-se uma relação íntima entre ambos e a sociedade (Gonçalves, 2000, p.2).
Já em todo o século XIX, a escola se comprometeu a criar sistemas que justificavam o poder da burguesia, para que os mesmos apenas escrevessem seu papel de proletariados e continuassem a dar lucros (na época da Revolução Industrial).
A educação no Brasil nessa época também teve algumas iniciativas com a vinda dos Jesuítas no período colonial, mas com a chegada da corte, que se consolida somente a serviço da classe dominante, só começa a ter mudanças com a chegada do século XX, através do advento do estado socialista que aconteceu na Revolução Russa (1917).
Com a divisão do capitalismo/socialismo ocorrida na metade do século XX, acentuou-se com a “guerra fria”, enquanto isso as ideias marxistas lutavam por uma “educação de base” para todos.
No século XVIII, não existia o conceito de aprendizagem e de dificuldades de aprendizagem; essas dificuldades eram conhecidas como doenças mentais, explicadas pela concepção sobrenatural.
No final do século XIX e início do século XX, aconteceram as explicações pré-científicas. Posteriormente, apareceram as escolas psicológicas contemporâneas, o estruturalismo de Wundt e Titchener; a psicanálise de Freud; o funcionalismo de Dewey e Woodworth, entre outros. Escolas essas que consideram o consciente, o estímulo, a estrutura, como a única causa e suficiente.
Na década de 30, ocorreu o último período, chamado de interação de ideias, porque vários cientistas abandonaram seus propósitos mergulhando nos conhecimentos de outros (Gonçalves, 2000, p.04). Nessa época, (1930) houve a guerra civil Espanhola, foi então que muitos intelectuais emigraram para a América do Sul, entre eles José Ortega y Gasset, que residiu em vários lugares na América. Trouxe consigo a renovação de conceitos e métodos intelectuais que foram consequência da Segunda Guerra Mundial. Nessa época, nos anos 40 e 45, psicanalistas europeus buscavam na América do Sul, divulgando na Argentina práticas e conhecimentos. Houve nos anos 70 e 80 repressões e intimidações na Argentina, milhares de pessoas desapareceram, principalmente os intelectuais que começaram com “psi”, psicólogo, Psicopedagogia; mesmo assim, os intelectuais levaram seus conhecimentos a vários lugares, e quem estava enclausurado refletiu, investigou e produziu escritos. Foram elaborados conceitos, diagnósticos, assistenciais e preventivos, individuais e grupais, além disso, elaborou-se um esquema evolutivo da aprendizagem, o processo diagnóstico, a matriz do pensamento diagnóstico individual, o quadro monográfico das dificuldades de aprendizagem e critérios de seleção de grupos de tratamento psicopedagógico. (GONÇALVES, 2000, p.03).
Segundo a autora, a Psicopedagogia tinha duas unidades de análise: o indivíduo e o grupo. Usavam essas análises para desencadear a industrialização; já no Brasil, estudavam os mecanismos de aprendizagem das comunidades carentes.
Na década de 1970, foi criado o Centro de Estudos Psicopedagógicos em Buenos Aires, organizando quatro departamentos: docência, assistência, investigação e publicações, e os mesmos desenvolveram distintos graus de desenvolvimento de disputamento que mais se desenvolveram depois a assistência, publicações e investigações.
Alguns cursos de psicopedagogia e operativos deram início nos anos 1982 ao Centro de Estudo Psicopedagógico do Rio de Janeiro – CEPERS, em 1988 o CEP em Curitiba, em 1992 o CEP em Salvador e, recentemente, foi criado o Centro de Estudos Psicopedagógicos em Belo Horizonte, MG. Segundo Pego (2004, p.12), a origem da Psicopedagogia mostra uma área de atuação integrativa, que abarca conhecimentos de diferentes áreas, com a finalidade de resolver problemas que atingem a aprendizagem. Ou seja, a psicopedagogia é um conhecimento que atua no processo de aprendizagem, tendo como sujeito de estudo o ser cognoscente, isto é, aquele que se direciona à realidade e dela retira o saber.
Em tempos primórdios, como nos ressalta (GONÇALVES, 2000, p.2), a psicopedagogia atuava para resolver problemas na dificuldade de aprendizagem e no fracasso escolar. Nessa virada de século, favorece ao educando apropriar-se de conhecimentos, exigindo uma nova postura na educação, a de que o ensinante conduza seu aprendente a uma construção do conhecimento que envolva uma série de atribuições, permitindo a exploração de suas habilidades, o que vai favorecer um aprimoramento em seu crescimento intelectual e nas suas aptidões.
Adentrando nesse vasto cenário de aprender a aprender, a criar e redirecionar é que então surge o psicopedagogo. Portanto, a psicopedagogia apresenta estrutura de novos territórios educativos, podendo elaborar novas ações e propostas no aqui/fazer, e isso pode acontecer através da transformação. Ou seja, as práticas pedagógicas devem ser adequadas para construir informações, conhecimentos, ser flexíveis e ter curiosidade nos processos de diferentes racionalidades, tecnologias e linguagens. Além disso, a psicopedagogia tem um vasto cabedal teórico e diferentes fatores para basear-se e explicar eventuais entraves no processo de aprendizagem; somente assim poderá investigar a origem dessa dificuldade e compreendê-la como a mesma processa, BEYER citando (Rubinstein, 1992, p.103).
Com a necessidade de mudanças no processo de ensino-aprendizagem, a educação transformou-o em um desafio global para todos os países do 1º, 2º e 3º mundo.
Através do acompanhamento da evolução tecnológica e com o intuito de preparar um novo cidadão, aquele que dê conta da realidade emergente, trouxe novamente à tona a reflexão sobre o sistema educativo e junto veio à responsabilidade de formar cidadãos que saibam enfrentar os desafios modernos. Nessa virada de século, é importante ressaltar que a educação exige uma nova postura, devido às mudanças e à qualidade que a escola oferece à comunidade.
Por não produzir resultados eficientes através das práticas pedagógicas, houve perdas qualitativas e graves prejuízos para o sistema educacional. Acredita-se que o trabalho do educador psicopedagogo na escola poderá caracterizar possibilidades de reflexões, observações e mudanças, que examinarão diferentes caminhos para produzir conhecimento sem que haja culpados pelo fracasso escolar. (…) (in. SARGO: 1994, p.100), pois o objetivo é de (…) restaurar a relação que fundamentará o relacionamento do ensinante/aprendiz na busca do conhecimento (…) (in: SARGO, 1994, p.101). O momento mais importante da formação escolar de uma pessoa, assim como a invenção da escrita, foi o momento mais importante da história da humanidade. Desde 1997, tramita no Congresso Federal um Projeto de Lei para regulamentar a profissão de psicopedagogo; com a contribuição de novos profissionais na educação, poderá mudar a realidade escolar.
Nesse século XXI, o psicopedagogo exerce um papel importante para a formação profissional e que alcançados ou projetados. É um profissional pós-graduado, multi-especialista em aprendizagem humana, que tem conhecimento de diversas áreas que o ajudam a intervir ou sanar possíveis dificuldades. Segundo Gonçalves (2000, p.02), o psicopedagogo está sempre em formação contínua, através de sessões de supervisão e em grupos de tratamento psicopedagógico.
No Brasil, a Associação Brasileira de Psicopedagogia é a categoria que luta e cuida dessa classe, continuando a revisar a teoria e a metodologia do conhecimento psicopedagógico. Para que o professor exerça essa profissão, o mesmo deve ter uma formação pessoal, ou seja, o profissional deve saber tomar decisões para desenvolver competências e habilidades voltadas para o profissionalismo e exercer conscientemente uma práxis que seja dinâmica, que tenha tensões, dilemas e desafios. Portanto, o Projeto de Lei elaborado define o perfil do psicopedagogo como um diagnosticador e responsável pela intervenção dos problemas de aprendizagem, tendo saber diversidade, ou seja, conhecer várias áreas do conhecimento humano. O psicopedagogo deve ter formação em vários cursos de especialização e em nível de pós-graduação.
É importante ressaltar que o psicopedagogo deve ter uma postura integrativa, levando em conta não só o distúrbio orgânico, mas também o afetivo e o emocional; os mesmos ajudam na cura do processo de dificuldade de aprendizagem.
Segundo Figueiral (2004, p.13):
(…) a interação psicopedagógica vem ocorrendo na assistência às pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem, através do diagnóstico e da terapêutica.
Nos ressaltos de Figueiral, a psicopedagogia está voltada para o desenvolvimento das funções cognitivas do aluno, ou seja, a psicopedagogia tem como meta desbloquear e canalizar o aluno para o aprendizado; isso só ocorre quando são detectadas possíveis perturbações no processo de aprendizagem. É nesse sentido que, aos poucos, a intervenção vai tratando de problemas da aprendizagem, como também tenta eliminar os transtornos instalados em um procedimento clínico.
Entretanto, essa transformação só ocorrerá quando o professor pedagogo e o psicopedagogo se tornarem ferramentas poderosas nesse projeto terapêutico, deixando de ser o difusor do conhecimento e vivendo o fazer pedagógico para estimular a aprendizagem. Quando a intervenção é feita em parceria entre pedagogo, psicopedagogo e os pais, possibilitam ao educando uma aprendizagem enriquecedora.
Para PAIN (1986, p.17), o psicopedagogo tem o papel de levar a equipe da instituição a observar o ambiente, para depois traçar diferentes caminhos, possibilidades e partir para a mudança.
Autora: Ana Maria Libardi
A importância dos contos de fadas para o processo de alfabetização é um tema que se relaciona diretamente com a Psicopedagogia, pois ambos abordam o desenvolvimento da criança e suas habilidades de aprendizagem.
Brinquedos educativos podem ser uma excelente ferramenta para auxiliar no desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças, complementando o trabalho do psicopedagogo.
Dicas de leitura e estratégias de aprendizagem são fundamentais para que o psicopedagogo possa orientar os educadores e os alunos em suas práticas educativas.