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Atualizado em 09/08/2024

Estimulação e Desenvolvimento da Fala e Linguagem na Síndrome de Down

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A Síndrome de Down é causada por uma anomalia genética (trissomia do cromossomo 21). As crianças com Síndrome de Down têm um atraso no desenvolvimento global, que se manifesta também na aquisição da linguagem. O desenvolvimento da fala, bem como de todo o processo de comunicação, depende de vários fatores orgânicos, ambientais e psicológicos, que estão presentes desde os primeiros dias de vida.
O atraso na aquisição da fala e linguagem constitui um dos maiores problemas encontrados pelos pais de crianças com Síndrome de Down. A assistência de um profissional especializado nos problemas de comunicação (fonoaudiólogo) é muito importante para auxiliar a família a verificar as dificuldades da criança e orientar quanto à melhor forma de estimulá-la em casa. De fato, muitos pesquisadores observaram que os cuidados e a estimulação que a criança recebe no ambiente familiar são muito importantes no aprendizado da fala, pois na maior parte do seu tempo a criança está com a família.
Convém salientar que, mesmo com a ajuda de profissionais e estimulação no ambiente familiar, a criança com Síndrome de Down necessita de um período bastante prolongado para comunicar-se com um bom vocabulário e articulação adequada das palavras.

O início da comunicação
É importante saber que a comunicação não se faz só com palavras, mas também com gestos e expressões afetivas.
 A criança comunica-se com o mundo muito antes de falar. O recém-nascido produz vários sons diferentes que não são considerados como uma linguagem propriamente dita, mas que não deixam de ser formas de comunicação. Essa fase é denominada pré-linguística, ou seja, a fase que vem antes da aquisição da linguagem em si.

O choro é praticamente o único som que o bebê emite até aproximadamente um mês de idade, juntamente com bocejos, espirros, soluços e murmúrios. Geralmente, o choro tem características diferentes dos outros tipos de desconforto e com o tempo a mãe passa a perceber a diferença. É através do choro que a criança pode “dizer” o que está sentindo e essa é a forma de mostrar aos pais que alguma coisa não está bem.

Desde que o bebê nasce, necessita de pessoas ao seu lado para satisfazer suas necessidades físicas e psicológicas. Deve-se conversar muito com o bebê, chamá-lo sempre pelo seu nome e manter bastante contato corporal e visual. Pegue-o no colo, acaricie-o, beije-o, repita os sons que ele fizer, mantenha contato olho a olho.

O contato de olho e o sorriso também são formas de linguagem usadas pelo bebê. Durante as brincadeiras em que você mantém contato de olho e sorri para ele e ele sorri e olha para você, ele está se comunicando, e este pode ser considerado o primeiro passo no seu desenvolvimento.

À medida que a criança se desenvolve, ela começa a responder aos gestos e palavras da mãe e de outras pessoas. Ela pode pegar, mostrar e reagir aos objetos e pessoas. Dessa forma, a criança participa do ambiente antes de ter o domínio das palavras.
Balbucio
 Com aproximadamente um mês, o bebê passa a emitir alguns sons como, por exemplo, prolongar uma mesma vogal (aaaaaaaaa). Estes sons são notados geralmente em situações de bem-estar, quando a criança não está com fome, sono ou qualquer tipo de desconforto e parece estar brincando com sons.
Com o passar dos meses, o bebê começa a emitir uma variedade maior de sons, inclusive consoantes. Geralmente ele combina uma vogal com uma consoante e acaba produzindo uma sílaba repetidamente (dadadadada). Esse período é chamado balbucio e é uma fase importante no processo de desenvolvimento da linguagem da criança. Esta é a maneira de praticar o uso de seus lábios, língua e músculos envolvidos na produção da fala, preparando-se para realmente falar mais tarde.
Assim, quanto mais você conversar com seu bebê, sorrir para ele e prestar atenção no momento em que ele está vocalizando, provavelmente ele balbuciará mais.
Nessa fase, o bebê ainda não entende as palavras que ouve. Ele começa a prestar atenção e a interpretar os tons de voz e a intensidade. Ele começa a conhecer que você grita quando está nervosa e que usa uma voz calma e suave quando está alegre e calma. Ele repete, balbuciando, o tom da fala que ouve à sua volta.
O bebê com Síndrome de Down parece ser menos responsivo para as palavras ditas pela mãe, assim como para estimulações não-verbais, como sorrisos, caretas e gestos. Normalmente, eles sorriem e vocalizam menos do que os outros bebês. Apesar disso, você deve agir normalmente, conversando bastante com ele, respondendo aos sons que ele fizer como se fosse uma conversa em que cada um tem a sua vez, relacionando essa “conversa” à rotina do bebê (alimentação, banho, trocas de fralda, passeios).
Faça exercícios de estimulação auditiva, ou seja, incentive a criança a prestar atenção nos diferentes tipos de som. Chame sua atenção para os barulhos de casa, como: os do relógio, do telefone, de animais, do trânsito na rua, avião; faça na sua frente sons diferentes com chocalho, feijão dentro de uma lata, sino etc.
Quando o bebê estiver com aproximadamente dez meses, você pode começar a estimulá-lo a estalar a língua imitando o trote do cavalo, vibrar os lábios imitando o barulho do carro, jogar beijo fazendo bico com os lábios, assoprar penas, bolinhas de isopor, apito, corneta e, mais tarde, bexiga.
Gestos
Antes de o bebê começar a falar as primeiras palavras, ele usa bastante comunicação não-verbal para fazer com que outra pessoa entenda o que ele quer. Você poderá começar a interpretar a expressão de seu rosto, que pode mostrar surpresa, felicidade, curiosidade, tipos de choro (de fome, de medo etc). Depois, ele passa a utilizar alguns gestos específicos, tais como acenar para dizer “tchau”, apontar para dizer “olhe” ou “o que é aquilo”, estender os braços para dizer “me pegue no colo” etc. O uso desses gestos se desenvolverá lentamente, muitas vezes em consequência de imitação de ações dos adultos.
É bom lembrar que os gestos poderão ser usados pelos pais para ajudar a criança a entender e a usar a linguagem falada, ou seja, eles funcionam como um auxílio, um apoio e não como meio de substituir a fala.
Os gestos permitem que a criança se comunique antes de conseguir falar, mas você deve falar sempre. Ajude-a a tentar dar respostas verbais. Os gestos devem ser usados sempre acompanhados de fala e você pode começar a introduzi-los antes de um ano. Os primeiros gestos (sinais) podem ser relacionados às palavras que são mais significantes para uma criança pequena, tais como os membros da família, as coisas relacionadas ao dia-a-dia, como “comer”, “beber”, “dormir” etc.
As primeiras palavras
A partir de situações da fase pré-linguística, dos gestos, aos poucos a criança começa a entender o significado da fala.
Para aprender a falar, a criança tem que perceber todos os sons feitos pelos adultos e o significado de cada palavra. Assim, as palavras que ela ouve mais frequentemente serão as que ela entenderá primeiro. Estas palavras geralmente são nomes de pessoas, brinquedos e objetos que são importantes na sua vida diária.
Nessa fase onde a criança se comunica através de uma palavra, é importante lembrar que no início ela usa a palavra simplesmente para dar nome aos objetos, mas depois passa a usar palavras únicas, querendo transmitir o significado de toda uma sentença.
Nota-se diferença entre as crianças com relação ao número de palavras únicas que elas possuem e quanto ao período de tempo que elas levam para começar a juntar duas palavras.
Juntando duas palavras e formando sentenças
Depois que a criança passa pela fase de se comunicar através de uma única palavra, ela começa a juntar duas palavras. Por exemplo, sapato – nenê, mais – água, caiu – chão etc.; porém é difícil dizer a época em que isso vai ocorrer.
Após essa fase, que é variável de criança para criança, ela começa a usar sentenças maiores, usando três, quatro e mais palavras. É nessa fase que o domínio da linguagem vai se tornando mais difícil para a criança com Síndrome de Down. As dificuldades com a construção de sentenças e com uso de regras gramaticais vão aumentando. Geralmente, ela entende muitos tipos de sentenças interrogativas ou negativas, mas não consegue construí-las sozinha.
Ela compreende muito mais do que é capaz de produzir
Algumas pesquisas mostram que a criança pode falar mais fácil e claramente quando ela imita palavras que acabaram de ser ditas por outra pessoa, do que quando ela própria tem que lembrar as palavras para dizer o que quer. Por exemplo, a criança pode conhecer o nome de vários objetos e até ser capaz de dizê-los quando alguém pergunta, mas quando ela precisa se comunicar usando determinado nome dentro da frase, a dificuldade aparece.
É preciso considerar também que a criança apresenta problemas articulatórios, ou seja, falar corretamente palavras é uma dificuldade para a maioria das crianças com Síndrome de Down. Então, falar em sentenças, mesmo curtas, é mais difícil do que usar palavras soltas, já que seu problema articulatório aumenta quando está emitindo sentenças.
Por isso, é importante que você fale devagar, repita as palavras e frases que ela disser errado, para que ela ouça a pronúncia correta.
Depois, estimule a criança a repetir mais lenta e claramente essas palavras e frases, sem forçá-la, sem fazer disso uma tarefa cansativa.
Facilitando a comunicação
Você pode ajudar muito a criança usando o que chamamos de fala descritiva, ou seja, descrevendo o que a criança está fazendo ou olhando naquele momento. Dessa forma, a criança começa a compreender o significado da palavra mais facilmente, pois a situação de aprendizado é concreta e está relacionada a algo real. Faça com que a fala fique centralizada nela, isto é, fale sobre o que ela quer fazer ou está fazendo.
Durante todo o dia você tem muitas oportunidades para estimular a linguagem da criança, depois numa boneca, numa figura de revista, numa fotografia etc. É importante ensinar uma coisa de cada vez e só passar para a seguinte quando a criança já tiver aprendido o que foi ensinado. Nas refeições, ensine o nome dos alimentos, se são duros ou moles, se estão quentes ou frios. Quando estiver vestindo a criança, nomeie as roupas para ela. Por exemplo: “Agora vamos colocar a blusa vermelha”, diga se a roupa é para o frio ou para o calor. É importante ensinar esses conceitos para a criança o mais naturalmente possível, sem cobranças, sem obrigar a criança a repetir tudo o que está sendo falado. A hora do banho, da alimentação, do vestir-se, devem ser momentos agradáveis, tranquilos, de troca afetiva entre a mãe e a criança e não momentos de cobrança.
Para ensinar nomes de objetos, você pode pegar uma caixa grande e enchê-la de objetos comuns, como copo, chave, bola, carrinho etc. e ir aumentando o número de objetos à medida que a criança já conhece, sabe como usar cada um deles e tenta dizer o nome dos anteriores.
Uma atividade muito importante e que oferece muitas oportunidades para que a criança entenda e use linguagem é brincar com ela (de casinha, de carrinho etc), onde a linguagem usada é depois transferida para a vida diária. Você pode usar brinquedos ou os próprios objetos inquebráveis de sua casa e ir dividindo a brincadeira em partes: hora do banho, hora da refeição, hora da limpeza etc.
Procure usar uma linguagem simples, palavras fáceis e curtas no início, depois acrescente verbos (comer, dormir, lavar etc.), palavras mais longas, conceitos como dentro, fora, em cima/embaixo e palavras de uso cotidiano como oi, tchau, mais etc.
A aprendizagem fica facilitada e a criança é capaz de memorizar mais facilmente, quando ela pode ver o objeto ao qual está se referindo. Assim, se for ensinar “molhado”, coloque a mão da criança sobre um objeto molhado e um seco. Sempre que for ensinar adjetivos, ensine-os por contraste, assim: seco/molhado, alto/baixo, forte/fraco, gordo/magro. Não esqueça que a criança precisa ter tido muita experiência com o que está sendo ensinado, para depois ser incentivada a nomear.
Os pais poderão aproveitar as brincadeiras para falarem na primeira pessoa do singular, ou seja, usarem expressões como eu quero, eu comi, eu vou. Geralmente os pais, amigos e professores estão estimando o uso da terceira pessoa do singular ao falarem com a criança: você pode, Pedro comeu tudo, nenê vai e a criança responde “quer” em vez de “quero”, “comeu” em vez de “comi” e “vai” em vez de “vou”.
Mais importante do que a criança repetir palavras e saber nomear vários objetos, é conhecê-los bem, saber para que servem, observar as diferenças que existem entre um e outro. Isso só é conseguido quando a criança tem oportunidade de explorar os objetos, manuseá-los, aprendendo, assim, através de coisas reais e concretas. Por isso é bom levá-la à feira, ao supermercado, jardim zoológico, passeios etc, para que ela possa vivenciar cada uma dessas experiências.
Evite falar com a criança colocando as palavras no diminutivo. Isso prejudica a discriminação e piora a inteligibilidade. As palavras devem ser ditas inteiras à criança e não separadas em sílabas (como, por exemplo, ta-pe-te) achando que isso facilita a compreensão. Ao contrário, isso dificulta a aprendizagem.
É importante não corrigir a fala da criança e sim devolver o modelo correto. Por exemplo: se ela diz “qué chupa lalanza”, você não deve dizer “não é lalanza que se fala, é laranja”. Isso pode intimidar a criança e ela pode passar a não falar determinadas palavras. Então, responda assim: “Ah, você quer chupar laranja? Eu vou pegar a laranja”, para que ela perceba e escute a pronúncia correta da palavra, mesmo que não seja capaz de emitir corretamente. Os pais devem reforçar a criança quanto à pronúncia correta das palavras, quando ela já tem consciência dessa pronúncia.
Quando a criança emprega poucas palavras para expressar uma frase, como por exemplo: “água”, significando “eu quero água” ou “água caiu”, você pode expandir a fala dela de acordo com o significado daquele momento. Se perceber que ela está querendo água, diga “Você quer tomar água?”. Se ela derrubou a água: “A água caiu no chão?”. Fazendo isso você está permitindo que a criança perceba as formas mais complexas da linguagem. Depois, ela aprenderá a juntar outras palavras para formar a sentença.
Procure não subestimar ou valorizar demais a capacidade da criança, utilizando uma linguagem adequada ao seu nível de compreensão. Assim, você poderá lhe proporcionar melhores condições de aproveitar o que é ensinado. Evite completar a frase que a criança irá dizer, antes que ela tente colocar todo seu pensamento em palavras.
 Leia histórias infantis, para a criança aumentar seu vocabulário.
Procure ler à noite, antes que ela vá para a cama, pois se ela estiver interessada em outra atividade, a leitura não será estimulante.
Use sempre histórias simples, livros com ilustrações grandes e coloridas e texto pequeno em cada página. Fale sobre a gravura, mostre os detalhes enquanto lê, deixe-a identificar figuras de objetos e animais que ela conhece.
Cante músicas infantis para ela. Se possível, obtenha discos infantis, mas dê somente um de cada vez, para que ela se acostume e se familiarize bastante com cada um.
A discriminação auditiva dos sons da fala
Muitas crianças com Síndrome de Down apresentam trocas na fala, como: b por p, d por t, v por f, g por c. Como esses sons são parecidos, desde cedo é necessário um trabalho de discriminação auditiva. Os pais devem mostrar para a criança que esses sons são diferentes, falando-os em oposição em sílabas e início de palavras.
 Por exemplo: pato x bato, tia x dia, faca x vaca. É importante a criança discriminar e falar esses sons (b, d, g, v), pois mais tarde essas trocas na fala também aparecerão na escrita, dificultando a alfabetização.
É necessário lembrar que crianças com Síndrome de Down na mesma idade podem estar em níveis diferentes na aquisição da fala. A orientação do fonoaudiólogo é fundamental na escolha dos sons que deverão ser estimulados primeiro. Com esse auxílio, os pais não perderão tempo solicitando da criança sons muito difíceis, que ainda não podem ser emitidos por ela. Além disso, os pais também podem ser orientados quanto às variações aceitáveis, de acordo com o desenvolvimento da criança.
A importância da alimentação no desenvolvimento da fala
Os órgãos que usamos para comer são os mesmos que usamos para falar: lábios, língua, dentes, palato, etc. Por isso, a alimentação tem um papel importante no desenvolvimento da fala. Através dela podemos exercitar e estimular a musculatura da boca e da face, que participa da produção dos fonemas (sons) que vão formar as palavras.
Assim, desde quando o bebê suga o seio materno ou a mamadeira (com furo pequeno no bico ortodôntico) os músculos estão sendo exercitados para a fala. O bico ortodôntico é o ideal, pois permite que o aleitamento artificial (mamadeira) fique mais parecido com aleitamento natural (seio) em relação ao formato do bico e força de sucção (figura 1), ou seja, a força que o bebê precisa fazer para sugar o leite. Por isso, não deve-se aumentar o furo do bico para facilitar a sucção – o bebê precisa fazer força para exercitar a musculatura.
É necessário ter cuidado especial com a alimentação da criança, não somente com o aspecto nutritivo, como também com a consistência dos alimentos. Varie bastante a alimentação quanto à textura, sabor e temperatura. Quando chegar a época de introduzir a papinha (por volta dos seis meses) ao invés de bater os legumes no liquidificador, passe-os por uma peneira fina.
Antes de aparecerem os primeiros dentes, você já deve oferecer pedaços sólidos de alimentos à criança, como bolacha, pão, banana, queijo etc, e colocá-los na mão dela. Quando aparecerem os primeiros dentes, ao invés de dar frutas raspadas, como maçã, por exemplo, dê um pedaço grande da fruta à criança, incentivando-a a morder e mastigar.
Por volta de seis ou oito meses, a sopa deve perder seu aspecto líquido e conter pequenos pedaços de alimentos: a verdura (crua ou cozida) deve ser picada, as raízes e legumes ligeiramente amassados, a carne, desfiada ou moída, o ovo cozido em pequenos pedaços de alimentos do prato com as mãos, se ela assim o desejar.
Ao dar o alimento para a criança, use uma colher e pressione a ponta da língua para baixo e para trás (a colher deve entrar sempre de frente) e faça com que a criança tire o alimento da colher com o lábio superior. A criança deve ficar com a língua dentro da boca, quando a mãe ou ela própria colocar a colher (figura 2). É comum a criança jogar a cabeça para trás quando a mãe dá o alimento. Se isso acontecer, segure firmemente a cabeça da criança, colocando sua mão bem acima da nuca, impedindo o movimento.
A partir dos nove meses, você pode tentar introduzir o canudinho para tomar líquido no copo. Para facilitar, no início coloque pouco líquido, use canudo curto e vire um pouco o copo para o líquido sair mais facilmente. O uso do canudinho para a ingestão de líquido ou mesmo de alimentos mais pastosos (como gelatina, vitamina de frutas) é um bom exercício para a musculatura da boca e face.
Aos poucos, procure ir retirando a mamadeira e introduza o uso de copo. No início, a mãe deve ajudar a criança a usar o copo corretamente (não colocando o copo em cima da língua e sim sobre o lábio inferior) e com o tempo ir diminuindo essa ajuda (figura 3). Sempre que puder use canudo, mesmo que a criança saiba usar o copo.
Por volta de um ano a um ano e meio, deixe a criança usar a colher sozinha, ajudando-a apenas no movimento de pegar o alimento do prato e levá-lo à boca. Ela poderá derrubar os alimentos da colher, mas deixe-a tentar. Diminua a ajuda gradativamente. O prato da criança deve ser de material resistente, de borda alta e deve ficar bem seguro na mesa. Nessa fase, se oferecer chocolate, bala ou banana, deixe a própria criança tirar o papel dos doces e descascar a fruta.
Entretanto, não esqueça que as crianças com Síndrome de Down têm tendência a adquirir peso facilmente. Por isso, não se deve dar-lhes doces em excesso.
Com a primeira dentição completa por volta dos dois anos, a criança deverá comer alimentos mais duros como carne (bife) ou cenoura pouco cozida, para exercitar a mordida e a mastigação. Os pais poderão estimular a lateralização da mastigação, colocando pedaços de alimentos consistentes entre os dentes laterais e estimular a mastigação do lado direito e esquerdo, um de cada vez.
É importante que a criança não engula logo o alimento; brinque com ela de comer salgadinhos fazendo barulho como os dentes laterais por bastante tempo.
Em relação à deglutição, os pais podem ensinar a criança a fechar a boca quando engolir o alimento, sem projetar a língua para fora.
Para a refeição não se tornar cansativa, a mãe deverá incentivá-la a engolir com a boca fechada somente na primeira “colherada” ou “garfada”, depois deixá-la comer livremente. Você poderá no início de refeição espirrar água, suco ou refrigerante com uma bisnaga na boca da criança (com a língua dentro da boca e embaixo) e depois pedir para fechar a boca e engolir. As crianças gostam dessa “brincadeira” com a bisnaga, que propicia uma deglutição correta.
É importante para o desenvolvimento da fala e linguagem que a criança participe das refeições com a família. Assim, ela tem oportunidade de escutar o que está se conversando e até participar, quando já souber falar. Por isso, use uma linguagem clara e converse de assuntos que a criança conheça e se interesse.
As principais dificuldades da fala
Notou-se que em alguns aspectos do desenvolvimento da fala, a criança com Síndrome de Down é semelhante às outras crianças, atingindo seu potencial um pouco mais tarde.
Geralmente, o aparecimento da fala compreensível ocorre por volta dos dois anos. Por volta dos três anos, a criança começa a combinar as palavras para formar pequenas frases, e mais tarde é capaz de organizar essas frases em trechos maiores. Mesmo quando há um bom domínio da linguagem, ainda persistem dificuldades, quando é necessário um nível de abstração mais elevado do diálogo.
Crianças com Síndrome de Down têm um desenvolvimento variado e é grande a diferença em relação à linguagem. Geralmente esse desenvolvimento é lento.
Muitos processos complicados no cérebro estão envolvidos na habilidade para falar. Se o cérebro não trabalha corretamente, aprender a falar torna-se uma tarefa muito difícil.
Crianças com Síndrome de Down podem ter algumas características que as predispõem às dificuldades na fala:

■ Hipotonia: a flacidez dos músculos faz com que haja um desequilíbrio de força nos músculos da boca e face, ocasionando alterações na arcada dentária, projeção do maxilar inferior e posição inadequada da língua e lábios – com a boca aberta e a língua para fora. A criança respira pela boca, o que acaba alterando a forma do palato (céu da boca). Esses fatores, dentre outros, fazem com que os movimentos fiquem mal coordenados e a articulação dos fonemas fique imprecisa e prejudicada.

■ Suscetibilidade às infecções respiratórias: essas infecções levam a criança a respirar pela boca, aumentando a dificuldade para articular os sons.

■ Pouca memorização de sequência de movimentos: a dificuldade para aprender sequência de movimentos faz com que as crianças com Síndrome de Down pronunciem a mesma palavra de vários modos diferentes. Cada vez que dizem uma palavra é como se a estivesse falando pela primeira vez.

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Fonte: Construir e Incluir

http://construireincluir.blogspot.com

A importância da educação especial é fundamental para o desenvolvimento de crianças com Síndrome de Down.
A inclusão escolar de crianças com Síndrome de Down deve ser promovida para garantir um ambiente de aprendizado adequado.
Brinquedos e materiais para crianças autistas podem ser utilizados como ferramentas de estimulação.
A educação especial e a aprendizagem são essenciais para o desenvolvimento da fala e linguagem.

Este texto foi publicado na categoria Maternidade e Desenvolvimento Infantil.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

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