A Síndrome de Asperger pode ser de ordem hereditária ou não. Há casos de crianças (que correspondem à grande maioria) que têm um pai, um tio ou a mãe com a Síndrome, enquanto em outros casos a criança nasceu com a S.A, mas não há ninguém na família que a tenha.
É considerada um grau do autismo; numa escala numérica de 1 a 10, o autismo estaria no grau 10 e a S.A (Síndrome de Asperger) no grau 4. As diferenças são maiores que as semelhanças, o que leva especialistas a discussões intermináveis sobre ser ou não um grau do autismo. Uma dessas diferenças é que a criança autista “vive em seu próprio mundo”, enquanto a criança com S.A “vive em nosso mundo, mas do seu próprio jeito”, desejando fazer parte da convivência social, mas não sabendo como agir diante das pessoas.
A cada 10.000 crianças, de 20 a 25 têm a Síndrome de Asperger (a maioria são meninos), sendo esse número maior que o caso de autistas, cuja incidência é de 4 casos a cada 10.000 crianças.
Uma das principais características é a não sociabilidade; sentem-se como um “estranho no ninho”. Por essa razão, não se comunicam diretamente com as pessoas, não mantêm contato visual e não gostam de contato físico. Em alguns casos, usam a comunicação verbal, mas como se estivessem falando ao vento ou encenando uma peça teatral.
Eles costumam ter obsessões por temas únicos; alguns por placas de trânsito, outros por mapas. Um garotinho avaliado por uma psicóloga tinha obsessão por cabelos. Cada vez que sua mãe pintava o cabelo, ele aceitava somente as pessoas que tivessem a mesma cor de cabelo da mãe. A ponto da professora pintar os cabelos de loiro e ele, como que instantaneamente, começar a se comunicar com ela, pois a cor do cabelo da professora estava igual ao da mãe.
O problema é identificado a partir dos 3 anos de idade, mas confirmado na idade escolar, por ter um baixo rendimento, não por ter um QI abaixo do normal. Geralmente, elas têm na média ou acima, mas pela desatenção, pela comunicação não verbal e pela anti-sociabilidade.
Não há como fazer uma avaliação precisa para detectar o grau do QI. São bons em algumas áreas, mas na linguagem verbal e no social são totalmente imaturos, não sabem como agir.
Por ser um caso complicado de ser avaliado, na maioria das vezes são diagnosticados como autistas, desordenados mentalmente ou até mesmo deficientes mentais, pois não se comunicam verbalmente, o que torna difícil a avaliação.
Órgão afetado
A parte afetada é o cérebro, mais precisamente o Sistema Nervoso Central. Abaixo do córtex, existe uma região constituída por núcleos de células cinzentas, chamada lobo límbico (do latim limbus, anel, círculo, em torno de). Ela forma uma espécie de borda ao redor do tronco encefálico, denominado Sistema Límbico. É ele quem comanda certos comportamentos necessários à sobrevivência de todos os mamíferos, permitindo que se desenvolvam funções afetivas, emoções e sentimentos como ira, medo, paixão e alegria.
A este respeito, é surpreendente que doenças nesses mecanismos reguladores conduzam a desordens comportamentais, que, embora não sejam necessariamente vistas como inclinações compulsivas, são, contudo, vistas como fortes desejos: bulimia, anorexia nervosa, febre do jogo, etc. Podemos assumir que o efeito aditivo de algumas drogas está relacionado com sua influência nos receptores localizados no sistema límbico.
O sistema límbico influencia também o sistema hormonal por intermédio da hipófise (glândula pituitária), uma pequena glândula unida à base do cérebro. Por último, o sistema límbico, em especial a zona relacionada com o hipocampo, tem um papel importante na memória.
A Síndrome e a vida estudantil
Geralmente, no ambiente familiar (com pais e irmãos), a criança com a Síndrome relaciona-se normalmente, mas na escola ou em outro ambiente que fuja da sua rotina, ela não se comunica e introverte-se.
Ela apresenta:
- Hiperatividade, agressividade, imaturidade, depressão e ansiedade.
- Distração, pois só se concentram naquilo que lhes interessa.
- São fisicamente desajeitadas e não têm coordenação motora fina, o que causa problemas de caligrafia e habilidades para desenhar.
- Não toleram seus erros e não têm estrutura emocional para enfrentar as exigências de uma sala de aula.
- Não entendem regras e limites.
- São egoístas e insensíveis para com os colegas.
- Têm um discurso bem desenvolvido, mas a comunicação é pobre (não têm amplo vocabulário), o que dificulta a alfabetização, pois não se comunicam com facilidade e não há como saber se o aluno está ou não alfabetizado.
- São seletivos e se recusam, na maioria das vezes, a aprender algo que não seja da área do seu interesse.
- São rotineiros e não gostam de surpresas ou mudanças.
- São inocentes e facilmente enganadas por não saberem o que é malícia e como se defender.
- Levando as coisas ao “pé da letra”, não entendem piadas, metáforas e explicações em tons irônicos, por não saberem abstrair.
- Têm excelente memória, por ser de natureza mecânica.
- Não têm senso crítico.
- A área lógica é bem desenvolvida.
- Se colocados diante de situações de escolha, não sabem como agir.
- São indiscretos e não sabem a hora de começar ou parar uma brincadeira ou uma conversa.
- Não entendem relações sociais e sentimentos.
Como professores devem agir
Crianças com S.A devem ser avaliadas por uma equipe psicopedagógica, mas não devem ser encaminhadas para escolas especiais. Elas podem frequentar salas de ensino regular, onde o professor deverá adequar conteúdos a elas e conscientizar outros professores, pais e alunos sobre o problema, pois é importante a participação de todos para criar um ambiente agradável para este aluno.
Em geral, as crianças com essa Síndrome são superprotegidas; exigem, mas não são exigidas. Isso é um erro que vem principalmente de dentro de casa. Elas devem ter obrigações e deveres como todas as outras crianças, dentro da rotina delas, para aprenderem que devem ter responsabilidades.
O professor deve, junto com a equipe avaliadora, montar um cronograma especial para esta criança.
Sugestões:
- Valorizar qualquer empenho cognitivo adequado.
- Oferecer ao educando músicas e dramatizações, já que não exigem comunicação direta.
- Incentivar um colega de sala para acompanhá-lo no recreio, nas brincadeiras e nas tarefas extra e interclasse, para que este possa ser a ponte entre a criança e a sociedade.
- Mesmo que ele não corresponda, falar diretamente com o aluno, enfatizando a importância de comunicar-se, colocando-o sempre na primeira carteira.
- Trabalhar atividades que envolvam a coordenação motora ampla.
- Incentivar conhecimentos através de livros, revistas e TV.
- Promover situações que propiciem sua independência e autonomia, solicitando a ajuda da família para incentivá-lo e reforçá-lo quando acontecer.
- Enfatizar aos poucos regras ao aluno.
- Estruturar rotinas dentro da sala de aula, tornando-a previsível e consciente para o aluno.
- Ajudá-lo a reconhecer seus estados emocionais e como reagir diante deles.
- Nunca colocá-los em esportes competitivos, pois sempre serão rejeitados pelos outros por não terem habilidades para esportes que envolvam coordenação espacial (futebol, voleibol, competição em equipes), mas em atividades que apenas melhorem sua capacidade física.
- Estar sempre relembrando matérias.
- Trabalhar sinalizações não verbais, para que ela possa comunicar-se de maneira que todos entendam.
- Estimular trabalhos manuais.
- Não admitir que outros colegas venham a caçoar da criança; para isso, conversar sempre com os outros alunos.
- Adaptar atividades com a área de interesse da criança; por exemplo, se o interesse dela é por carros, adaptar carros a atividades, mas forçar sempre para que elas também realizem as atividades que não envolvam o que lhes interessam.
- O professor deve ser calmo e previsível, pois deverá ensiná-las até mesmo coisas que aos outros parecem óbvias.
- Afastar o medo do desconhecido, explicando-lhes com antecedência fatos que venham a acontecer, até mesmo no caso de mudanças de escola ou de professor.
O professor pode ter um significado vital em ajudar a criança com S.A a aprender a negociar com o mundo ao seu redor, facilitando o sucesso acadêmico, mas também ajudando-a a sentir-se menos alienada de outros seres humanos e menos sobrecarregada pelo dia a dia.
Autor: Melissa Vieira Delazari Miranda
Para ajudar no desenvolvimento de crianças com Síndrome de Asperger, considere investir em brinquedos educativos que estimulem a coordenação motora e a interação social.
Bom Dia !
Sou Rosangela e estou ajudando a alfabetizar uma criança de 11 anos com sindrome de asperger.
Você teria alguma sugestão de atividades para alfabetização.
Obrigada
Rosangela
Muito enriquecedor esse post aprendi um pouco mais sobre a síndrome e assimilei tópico importantes para compreender melhor esse univero.
Parabéns!