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Atualizado em 09/08/2024

Sexualidade na Sala de Aula

Aprenda a lidar com as questões de sexualidade na sala de aula. Descubra como discutir sobre sexo e relacionamentos de maneira apropriada e segura para seus alunos, com uma abordagem educacional moderna.

Sexualidade na Sala de Aula


Introdução

A Sexualidade Infantil:

Hoje em dia, as crianças, em sua maioria, já sabem que o nenê “sai da barriga da mãe”. Mas esta é a resposta mais simples e outras perguntas complementares ainda suscitam dúvidas e ansiedade no momento de serem respondidas, principalmente quando questionam “como o bebê entrou na barriga da mãe?”.

Além disso, comportamentos infantis que demonstram a sexualidade da criança são muitas vezes difíceis de serem trabalhados, tanto em casa como na escola. Brincadeiras de descoberta sexual, masturbação e atitudes que aparentam homossexualidade são alguns fatos comuns observados no cotidiano infantil e seguidamente são mal compreendidos ou mal conduzidos pelos adultos que lidam com as crianças. Portanto, faz-se necessário um maior entendimento teórico sobre sexualidade infantil para que haja menos inadequações no manejo destes comportamentos.

A sexualidade da criança começa no imaginário dos pais, antes mesmo do nascimento. Todos os pais têm expectativas em relação a seus filhos, conscientes ou inconscientes, e uma destas diz respeito à sexualidade da criança. Esta, ao nascer, pode corresponder à expectativa ou não e se desenvolverá conforme for a aceitação do sexo da criança pelos pais.

A partir do nascimento, podemos classificar a curiosidade sexual de forma genérica em:

1ª curiosidade sexual – auto-descobrimento do corpo

2ª curiosidade sexual – eliminação de excreções

3ª curiosidade sexual – diferenciação dos sexos

4ª curiosidade sexual – nascimento

5ª curiosidade sexual – puberdade

6ª curiosidade sexual – adolescência

Para responder aos questionamentos de ordem sexual das crianças, deve-se ter claro que “a criança que tem idade para perguntar, tem idade para ouvir a resposta”.

O tom de voz, o olhar e a postura de quem responde devem ser valorizados para que não sejam artificiais nem repressores.

Para satisfazer a curiosidade infantil, o adulto deve seguir os seguintes princípios:

  • saber porque e de onde vem a pergunta;
  • honestidade;
  • restringir-se à pergunta feita, sem se estender;
  • progredir com base no que a criança já conhece;
  • fornecer explicações em linguagem simples e familiar;
  • sempre que possível corresponder ao momento em que a criança solicita;
  • repetir, se necessário.

Em relação aos comportamentos sexuais observados em sala de aula, como beijos, exploração do corpo do colega e jogos sexuais, o educador pode pautar-se sobre os mesmos princípios que usa para outros comportamentos inadequados em aula, ou seja, demonstrar que entende a curiosidade, mas que a escola é um lugar onde deve-se respeitar a vontade dos outros e que estão lá para aprender, brincar, etc.

O educador não deve se omitir; ao contrário, deve orientar para brincadeiras e comportamentos adequados, mas sem passar valores morais reprovadores como se a curiosidade fosse algo negativo, “feio” ou pecaminoso.

Alguns profissionais, na tentativa de serem “modernos”, estimulam uma sexualidade precoce, incentivando danças de músicas atuais erotizadas, namoros entre os alunos, identificação com modelos da mídia, etc. As crianças e adolescentes procuram corresponder às expectativas dos adultos e acabam se expondo inadequadamente para sua faixa etária e assumindo rótulos distorcidos de seu gênero sexual, tais como: mulher se exibe e homem é machão. Estas questões deverão ser debatidas e esclarecidas na escola, mostrando que há uma diferença entre o real e o imaginário social, midiático, familiar e escolar, promovendo desta maneira uma consciência humanizadora e possível.

A sexualidade infantil é inerente a qualquer criança e sua demonstração será particular a cada uma, sendo que aos educadores cabe conhecê-la, respeitá-la e conduzi-la de forma adequada, sem estimulação nem repressão e tendo sempre em mente uma auto-reflexão de sua própria sexualidade.

A questão de convocar os pais para conversar sobre a sexualidade do aluno deverá ser investigada caso a caso: qual o propósito desta convocação? O que vou contribuir? O que espero dos pais? Por que isto me incomoda? Há sincera preocupação ou pré-conceito disfarçado? Por que acredito que ser heterossexual é o correto, aceitável? etc. Na dúvida, procurar algum profissional da escola para discutir o assunto antes de convocar os pais.

Lembre-se de que qualquer forma de discriminação é crime previsto na Constituição Federal.

Homossexualidade:

Eis um tema delicado, a ser cogitado com prudência, cautela e ampla reflexão, na atualidade de nossas experiências evolutivas.

A homossexualidade se define pela tendência da criatura ter preferência sexual para relacionar-se e conviver com uma outra criatura de seu mesmo sexo.

Esse impulso, na ciência do comportamento, ainda não encontra explicações razoáveis ou justas na área da psicologia, porque essa ciência ainda não está inteiramente realizada.

Neste sentido, a orientação da libido de uma pessoa em direção a um objeto do mesmo sexo, ou em direção a um objeto do sexo oposto, não tem diferença essencial qualitativa ou normativa; isto é, esta ou aquela orientação não é mais ou menos adequada, normal ou patológica do que outra.

Escreve Freud (1905) nos Três Ensaios sobre a Sexualidade: “O afeto de uma criança por seus pais é sem dúvida o traço infantil mais importante que, depois de revivido na puberdade, indica o caminho para sua escolha de um objeto sexual, mas não é o único. Outros pontos de partida com a mesma origem primitiva possibilitam ao homem desenvolver mais de uma linha sexual, baseada não menos em sua infância, mas também no ambiente, nas relações, na história individual, etc., estabelecendo condições muito variadas para sua escolha de objeto sexual.” (…) “As inumeráveis peculiaridades da vida erótica dos seres humanos, assim como o caráter compulsivo do processo de apaixonar-se, são inteiramente ininteligíveis, salvo pela referência à infância e como efeitos residuais da infância.”

É interessante assinalar que a homossexualidade, tanto quanto a heterossexualidade, são comportamentos e, enquanto tais, não significam necessariamente identidades.

Freud tinha uma noção clara dessa questão e, não obstante as dificuldades e os aspectos, patológicos ou não, relacionados com os comportamentos sexuais, jamais considerou a homossexualidade como algo patológico em si. Pelo contrário, o que com ele a psicanálise desenvolveu, independente das várias escolas de pensamento analítico, foi uma visão que procurou, como em qualquer outro comportamento humano, relacionar sua raiz à origem corporal e material da mente, ou seja, ao mundo da infância.

Assim, no seu ensaio “Sobre a Psicogênese de um Caso de Homossexualismo Feminino” (1920), Freud escreve: “Não compete à psicanálise solucionar o problema do homossexualismo. Ela deve contentar-se com revelar os mecanismos psíquicos que culminaram na determinação da escolha de objeto, e remontar os caminhos que levam deles até as disposições instintuais.” Portanto, a Psicanálise contribui para o indivíduo redefinir sua vida, sua autoestima, seu posicionamento no mundo mental e adaptação ao mundo social.

Se a raiz é infantil, quando se trata de um adulto, ou mesmo de uma criança ou adolescente, a árvore já nasceu, cresceu e sua folhagem abre-se para algo que ainda não se fez. Tudo que é vivo é inconcluso, imperfeito, não terminado, incluindo o modo de comportar-se, não sendo possível uma intervenção, quer seja analítica, escolar ou moral, nos restando compreensão e empatia. Caso estes sentimentos não apareçam, provavelmente a relação, quer seja com o aluno x educador ou analista x paciente, será truncada, e provavelmente não haverá crescimento humano.

É útil considerarmos a sutil diferença de tratarmos qualquer pessoa por sua orientação sexual e transformá-la na identidade do sujeito: ele é gay, ela é lésbica, etc. Criamos um estigma de identidade, assim “(…) um adjetivo pode se tornar um nome e o possuidor de uma pulsão homossexual é então chamado um homossexual. Aquilo que era apenas uma pulsão dentre outras foi transformado, pela magia das palavras, em uma identidade, um estado, um distúrbio, uma doença, uma perversão.

Não existe nada que possa “explicar” a homossexualidade e, portanto, não pode existir teoria unitária quanto à etiologia, a dinâmica ou tratamento.

Há homossexualidades e suas etiologias, suas dinâmicas e suas aparências são tão variadas quanto aquelas da heterossexualidade.

Aqui podemos ressaltar as contribuições de Bion (1980) quando enfatiza a relação entre capacidade de sonhar, capacidade para pensar e o mundo bruto das sensações e das emoções que poderão ou não estar comprometidas. Cabe ao educador explorar estas áreas através dos conteúdos pedagógicos. A capacidade de pensar é determinante para o aprendizado, sendo o resultado das transformações possíveis entre experiência corporal/sexualidade, criação e experiência estética.

Bibliografia:

SUPLICY, Marta. Conversando sobre Sexo – Ed. Vozes

BÖCK, Vivien Rose. Professor e Psicologia Aplicada na Escola – Ed. Kinder


MARINA S. RODRIGUES ALMEIDA É PSICÓLOGA, PEDAGOGA E PSICOPEDAGOGA

Autor: Marina S. R. Almeida

A psicologia da educação na filosofia

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Este texto foi publicado na categoria Educação Inclusiva e Especial.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

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