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Atualizado em 10/08/2024

Separação Conjugal e o Estresse em Crianças na Relação Pais e Filhos

Descubra como a separação conjugal e o estresse afetam a relação entre pais e filhos. Compreenda o que você pode fazer para ajudar seus filhos a lidarem com essa situação difícil.

O ambiente social no qual os indivíduos convivem é repleto de ocasiões que conduzem a um estado de tensão, ansiedade e medo. O estresse não é um mal que atinge só os adultos; ele também afeta as crianças. Quando mais cedo for detectada uma situação de estresse em crianças, mais facilmente essa superação ocorrerá.

Escolheu-se trabalhar com o tema Estresse em Crianças na relação pais-filhos após a Separação Conjugal por ser uma questão social e um tema de grande importância para a sociedade. O estresse é uma reação natural do organismo diante de um estímulo ou situação especial de tensão ou de intensa emoção, que pode ocorrer em qualquer pessoa, independente de idade, raça, sexo e situação socioeconômica (LIPP, 1991). As circunstâncias que enfrentam no cotidiano podem se configurar em agentes estressores externos. Já os estressores internos se caracterizam pelas dificuldades emocionais do indivíduo.

De acordo com a pesquisa feita em (2007) pelo IBGE, em (89%) dos divórcios, a responsabilidade pela guarda dos filhos ficou com a mulher. O pai, de modo geral, fica com os filhos nos finais de semana. Sendo assim, muitas mulheres sentem-se sobrecarregadas, visto que a divisão de papéis não sucede na prática, colaborando para que elas se vejam sozinhas nas funções diárias.

A importância da família para o desenvolvimento da criança é essencial, mesmo que os pais estejam separados. Pensar na educação dos filhos e oferecer proteção e carinho é de suma importância para a criança. Para mais informações sobre a importância da educação, consulte a importância da educação sexual na infância.

A pesquisa pode ser importante tanto no nível social quanto institucional, como base dos estudos referentes ao tema que envolve estresse e separação conjugal, mostrando a necessidade da população estar ciente sobre o bom relacionamento que as crianças precisam com os pais após a separação, o que será de grande importância para seu desenvolvimento futuro. Portanto, seria necessário que os pais pensassem em uma divisão igualitária de papéis (Dantas, Jablonski e Féres-Carneiro, 2004). É preciso o envolvimento de ambos os pais, pensando em condições de um bom convívio para que exista uma relação positiva após o divórcio, permitindo que as crianças tenham um crescimento saudável.

Após desenvolver um trabalho sobre o Nível de Estresse em Crianças que foram Abandonadas e que estão Institucionalizadas, considerou-se a possibilidade de continuar a pesquisa na área, pois apresentou-se como um assunto de grande importância. E houve interesse em pesquisar sobre separação conjugal por ser um fator que atinge as crianças, notando que hoje no Brasil pesquisas mostram índices elevados de divórcios.

Introdução

O estresse é uma reação natural do organismo diante de um estímulo ou situação especial de tensão ou de intensa emoção, que pode ocorrer em qualquer pessoa, independente de idade, raça, sexo e situação socioeconômica (Lipp, 1991).

Segundo Carroles (1995, apud FALCONE, 1997 p. 97), “o estresse constitui, antes de tudo, um fenômeno ou uma reação emocional natural, biologicamente adaptativa e fundamental para a sobrevivência dos organismos”. Ao longo de seu desenvolvimento, as crianças são submetidas a várias mudanças, conduzindo a um estado de tensão, insegurança, medo, abandono, entre outras, que estabelecem adaptação física e psicológica.

Lipp (1991) considera que a criança estressada será muito provavelmente um adulto estressado, tornando-se muito importante tratar o estresse na infância ou na adolescência, não somente a fim de preservar a saúde e o bem-estar nessa fase especial da vida, mas também para garantir uma sociedade com adultos mais capazes e bem ajustados. Assim como os adultos, as crianças também necessitam de um pouco de estresse para ter maior produtividade, mas não podem passar do nível adequado. A criança precisa aprender a lidar com as tensões e se tornar apta para fugir de situações que importem ameaça ao seu bem-estar.

Segundo Lipp e Romano (1987), são considerados como possíveis efeitos psicológicos do estresse infantil a ansiedade, o terror noturno, os pesadelos, as dificuldades de relação interpessoal, a introversão repentina, o desânimo, a insegurança, a agressividade, o choro excessivo, a angústia, a depressão, a hipersensibilidade, a birra e o medo excessivo. As reações físicas observadas com maior frequência são dores na região abdominal, diarreia, tique nervoso, dor de cabeça, náusea, dificuldade para respirar, enurese noturna, gagueira, tensão muscular, bruxismo, distúrbios do apetite e hiperatividade.

No caso de estresse infantil, Lipp (1999) considera que as maiores fontes de estresse são família, escola e relacionamentos interpessoais. Segundo a autora, a família oferece proteção e carinho, e o estresse gerado pelo mundo externo ou mesmo pelas dificuldades emocionais do ser humano são reduzidos quando uma família existe. Os membros de uma família que entendem e aceitam uns aos outros tornam-se a maior fonte de alívio para o estresse.

O divórcio legaliza um estado de discórdia entre o casal, leva a uma liberação do clima de disputa e cria novas estruturas de convívio (Schabbel, 2005). Existe muita frustração, pois é o fim de uma escolha de um sonho de um final feliz. Quando há filhos, a questão pode se complicar; já não se trata apenas do fim de uma relação a dois que fracassou, mas também do início da relação de pais divorciados (Grzybowskie Wagner, 2010).

O divórcio deixou de ser um fenômeno de exceção para tornar-se quase um acontecimento do cotidiano das famílias. Desde sua aprovação no Brasil, em 1977, o número de divórcios tem aumentado gradativamente, e cada vez mais casais buscam essa alternativa para solucionar a insatisfação conjugal (Grzbowski, 2007).

Segundo o IBGE, em 2007, embora tenham sido realizados 916.006 casamentos no Brasil, 2,9% a mais do que em 2006 (889.828), o número de dissoluções (soma dos divórcios diretos sem recurso e separações) chegou a 231.329, ou seja, para cada quatro casamentos, foi registrada uma dissolução. O aumento do número de divórcios pode ser explicado não só pela mudança de comportamento na sociedade brasileira, mas também pela criação da Lei 11.441, de 04 de janeiro de 2007, que desburocratizou os procedimentos de separações e de divórcios consensuais, permitindo aos cônjuges realizarem a dissolução do casamento através de escritura pública, em qualquer tabelionato do país. Ainda de acordo com o estudo, no ano passado, em 89% dos divórcios, a responsabilidade pela guarda dos filhos ficou com a mulher.

Os efeitos psicológicos de um divórcio costumam se exacerbar em decorrência de graves efeitos de ordem econômica, especialmente no caso das mulheres. Essas não costumam ter um poder aquisitivo, mas ainda retêm a custódia dos filhos, com custos adicionais (BEE, 1996).

Além de ficarem com a guarda dos filhos, acabam arcando com os cuidados infantis, a educação e os afazeres domésticos. Diante dessa circunstância, muitas mulheres sentem-se sobrecarregadas, visto que as divisões igualitárias dos papéis não acontecem na prática, contribuindo para que elas se vejam sozinhas nas funções diárias com a criança (Dantas, Jablonski e Féres-Carneiro, 2004).

A separação de um casal, quando mal conduzida, pode desajustar toda a família e extinguir relacionamentos futuros. Quando um dos pais não aceita a separação e não consegue desvincular-se do relacionamento, o filho fica no meio de uma briga indeterminada, causando muito estresse para essa criança, que muitas vezes se sente o pivô da separação. Diante da separação, os filhos têm que enfrentar o medo de também serem separados: perder o contato com uma das figuras parentais (Souza e Ramires, 2006, p. 199). A criança, frente a este fato, pode vir a ficar muito ansiosa, e se não tiver ajuda de alguém, pode ficar muito estressada e perder a vontade de fazer algumas coisas que antes eram prazerosas para ela.

“Quem se separa é o par amoroso, o casal conjugal. O casal parental continuará para sempre com as funções de cuidar, de proteger e de prover as necessidades materiais e afetivas dos filhos… Costumo afirmar que o pior conflito que os filhos podem vivenciar, na situação da separação dos pais, é o conflito de lealdade exclusiva, quando exigida por um ou por ambos os pais.” (Féres-Carneiro, 1998, p. 387).

Embora os pais estejam passando por um momento difícil, é preciso definir os papéis que cada um terá após a separação. Precisam tomar consciência da necessidade de ajuda e compreensão que os filhos precisam nesse momento, para que as brigas do casal não influenciem no relacionamento e não venham a prejudicar o desenvolvimento de seus filhos.

Segundo Teyber (1995), numa visão retrospectiva de sua infância, a maioria dos adultos filhos de divorciados relata o período inicial da separação dos seus pais como o mais estressante de sua vida; não entenderam o que estava acontecendo e ficaram assustados e surpresos com a notícia.

Considerando o sofrimento da criança após a separação conjugal, essa situação provoca ansiedade decorrente da ameaça que sente ao seu próprio lar e, por muitas vezes, a percepção distorcida de que é o culpado pela separação. Esse sentimento pode acarretar um nível elevado de estresse. O convívio com pais estressados aumenta a possibilidade de os filhos também serem estressados. Quando a criança vive em um ambiente cheio de brigas, isso também pode conduzir a um quadro de estresse infantil (Robles e Moretto, 2009).

De acordo com Souza (2000), as particularidades da experiência infantil identificadas descortinam a necessidade de se desenvolver uma “cultura do divórcio”, permitindo à sociedade como um todo e, particularmente, aos equipamentos de socialização das crianças, como as escolas, creches e outros, compreenderem o estresse e as mudanças de vida pelas quais elas estão passando.

A sociedade deve trabalhar em conjunto com seus profissionais da saúde para identificar os sintomas de estresse que possam estar afetando as crianças em sua maneira de demonstrar seus sentimentos, atitudes diferenciadas que a criança esteja tendo, buscando tratar o estresse para que as crianças possam ter um desenvolvimento saudável e adequado.

O objetivo dessa pesquisa é avaliar a ocorrência e o nível de estresse em crianças que tiveram seus pais separados e como é a relação pai e filho após a separação conjugal. Especificamente, pretende-se avaliar o nível de estresse das crianças após a separação, identificar os motivos de estresse vividos pela criança e a interação dessas crianças com os pais após a separação.

Método

PARTICIPANTES

Serão avaliadas 50 crianças entre 7 e 14 anos de ambos os sexos, que estudam em uma escola na cidade de São Paulo e que vivenciaram a separação conjugal de seus pais.

MATERIAL

Pretende-se utilizar o teste ESI (Escala de Estresse Infantil) (LUCARELLI e LIPP, 2005) em todas as crianças e adolescentes.

Segundo as autoras (LUCARELLI e LIPP, 2005), esse teste visa avaliar o estresse infantil em crianças de 6 a 14 anos de ambos os sexos nessas quatro dimensões: 1) Física: refere-se às respostas do estresse associadas à dimensão física experimentada pela criança quando esta está sob o efeito do estresse; 2) Psicológica: observa-se a existência de respostas psicológicas comuns que podem ser experimentadas pela criança quando esta está sob o efeito de estresse; 3) Psicológica com Componentes Depressivos: refere-se a conteúdos ligados à dimensão psicológica associada a um componente depressivo; e 4) Psicofisiológica: refere-se às reações físicas do estresse, tendo em comum aspectos psicofisiológicos.

O instrumento é composto por 35 itens aos quais os sujeitos respondem, utilizando uma escala Likert de cinco pontos, referentes ao nível de estresse experimentado pelo indivíduo. A apuração dos resultados é feita através da contagem dos pontos atribuídos à escala Likert, sendo que cada quarto de círculo equivale a um ponto.

Também será utilizado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

PROCEDIMENTO

Primeiramente, será feito contato com o diretor da escola, explicando o objetivo da pesquisa e disponibilizando-se aos pesquisadores os esclarecimentos de dúvidas. Será explicado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Será pedida a permissão para os professores, para usar um horário da sua aula, para a explicação da pesquisa e, se estes aceitarem, também será preciso um horário da aula disponível para a aplicação do teste ESI.

Serão convidados voluntariamente os alunos que quiserem participar da pesquisa; esses também que quiserem participar da pesquisa levarão para os pais o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Será combinado data e horário para a realização e entrega da pesquisa. Sendo combinado e aceito o Termo de Consentimento, começará a aplicação da pesquisa. Será feita a aplicação do teste ESI nas crianças e adolescentes; após a aplicação, será feita a tabulação dos resultados e sua análise.

Aurora: Keila de Oliveira Paulin


Este texto foi publicado na categoria Saúde Mental e Psicológica.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

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