Resumo do Livro: Homem, Comunicação e Cor
Descubra como os conceitos de homem, comunicação e cor se relacionam neste livro fascinante. Obtenha insights sobre sua identidade, cultura e formas de comunicação, e descubra como a cor pode afetar sua vida.
Está em evidência o homem e suas condições, diante dos comportamentos e critérios, influenciados pela mídia. “Os jovens se comportam e repetem os valores promovidos pelos veículos de comunicação”, e isso ocorre da pior forma possível, pois não há questionamento no que está sendo imposto.
A psicologia e sua influência, de forma consciente ou inconsciente, trabalhadas propositalmente ou não no cotidiano do público em geral. “O homem, com suas fragilidades quanto receptor, procura as influências (nem sempre benéficas) às quais está exposto”. Mostra que a mente humana é uma caixa de surpresas, pois nem mesmo nós conhecemos tantas ações e reações manifestadas na existência humana.
O subjetivismo como elemento na comunicação
Os comportamentos humanos, se observados com profundidade, adquirem espantosa subjetividade, cuja compreensão foge à lógica. Freud é quem melhor se prestou à explicação dessa natureza, pois observou profundamente as manifestações inconscientes, os simbolismos e as fantasias que mascaram o comportamento humano. Normalmente, não nos importamos, ou somente nos admiramos, quando tomamos conhecimento do súbito aumento nas vendas de um produto pelo efeito de determinada publicidade ou o sucesso comercial de um filme. Ao julgamento simples, diríamos que as pessoas gostaram ou se identificaram com a mensagem. Na verdade, o processo envolve um universo psicológico e subjetivo de realizações inconscientes. Dentro do conceito freudiano, as imagens e mensagens tornam-se símbolos ou representações indiretas e figuradas de uma ideia, desejo ou conflitos a serem resolvidos. As simbologias seriam a substituição do real desejado.
A mensagem pode adquirir um outro sentido, não desejado pelo emissor e isto, às vezes, não depende dele, mas das características inerentes ao ser humano e ao seu processo civilizatório. Em alguns casos, porém, o comunicador vai de encontro à simbologia popular que representa um elemento de tabu social e o faz com muito sucesso. Pois, caso contrário, quebrando o tabu, ele mesmo seria punido pelo ostracismo. Exemplo disto é o passarinho que se aninha docemente no suporte da cueca Zorba. Neste caso, o símbolo ajuda a liberar as asas da fantasia, a camuflagem desperta o carinho, simpatia, exime do sentimento de culpa. Nesta propaganda não existe o órgão genital masculino, mas existe um passarinho que o simboliza.
Id, ego, superego
Em 193, Freud dividiu teoricamente a psique humana em três porções: o inconsciente, o pré-consciente e o consciente. O ID, porção primitiva, é o reservatório da energia psíquica que se choca por pulsões contraditórias como o amor e ódio. É chamado de porão sujo da personalidade, pois abrange as mais diversas tendências humanas.
O ID age impulsionando o comportamento no sentido do imediatismo e, quando frustrado, redobra sua energia negativa, manifestada em agressividade. É responsável pelos atos impulsivos sobre os quais o indivíduo tem pouco ou nenhum controle. O EGO, razoavelmente consciente, que quando sadio possui lógica. É o executivo da personalidade, nossa máscara externa e pública que desenvolve um sistema de padrões para lidar com as exigências e sanções sociais. O EGO é a sede dos conflitos psicológicos, pois é o mediador entre as necessidades primitivas do ID (sexo, agressão, etc.) e as pressões moralizantes do SUPEREGO. O EGO deve satisfazer a necessidade do ID, mas levando em consideração a realidade externa repleta de convenções. De forma sintética, é assim que se constitui o indivíduo psíquico de acordo com a psicanálise; para Freud existem três instâncias:
ID
- Processo primário,
- Busca do prazer através de instintos, impulsos e que leva à condição do inconsciente (aquilo que você não controla).
EGO
- É o processo secundário, algo mais elaborado, contato com a realidade consciente.
SUPEREGO
- Instância controladora, pela internalização dos valores morais (figuras fraternais, religiosas que controlam seus impulsos).
É a psicanálise que traz a figura do inconsciente (criado por Freud) da dimensão da subjetividade humana, cada um é cada um por conta de algo interno (nascimento).
-> Defesas do EGO e os comportamentos cotidianos:
ID <–> SUPEREGO
As defesas do ego e os comportamentos cotidianos
Sob pressão excessiva dos impulsos e desejos inconscientes, como frustrações, inveja, ódio, sexo etc., o EGO adota medidas extremas para aliviar a tensão ou culpa, que são chamadas de mecanismos de defesa. São formas simbólicas e fantasiosas de resolver os conflitos psicológicos e reduzir a ansiedade. Na maioria das vezes, as defesas distorcem, negam e falsificam a realidade. O EGO inventa formas substitutivas de agir e pensar, desloca energia, transfere interesse de um objeto para outro a fim de satisfazer o ID frustrado e o SUPEREGO moralizador.
Identificação: Um desses mecanismos é a associação de uma representação mental com a realidade física; daquilo que está em mente, com aquilo que se encontra no mundo externo. É também um método pelo qual a pessoa recupera o objeto perdido através da fantasia. Este mecanismo é muito comum nas crianças, adolescentes e adultos inseguros e inferiorizados. Isto justifica o grande sucesso dos mitos infantis como Xuxa, Sandy e Junior e muitos outros; a estrutura final da personalidade representa a acumulação de numerosas identificações feitas em vários períodos da vida, embora o pai e mãe sejam as figuras de identificação mais importantes.
Racionalização: É talvez o mecanismo mais usado, pois serve para justificar e desculpar a impontualidade, as falhas, gafes, incompetência, preguiça e tudo aquilo que não aceitamos em nós mesmos; é a elaboração de desculpas para esconder o real motivo de um determinado comportamento. Exemplo: as pequenas mentiras de um aluno que sempre chega atrasado por conta de sua avó que faz vinte anos que está morrendo ou internada.
Negação: É uma defesa muito comum contra conflitos e situações com as quais não sabemos lidar ou não podemos encarar de frente, é uma tentativa do EGO de expulsar da consciência aquilo que causa dor ou angústia. Exemplo: o marido que se recusa a acreditar que seja traído pela mulher.
A formação reativa: Manifesta-se pelas formas extremas e exageradas de comportamentos não elásticos que indicam vigilância e protesto contra impulsos não aceitos socialmente. Exemplo: o machismo acentuado pode ser uma substituição, na consciência, de tendências homossexuais, assim como o moralismo crítico pode ser um disfarce para as perversões e a luxúria.
Projeção: É um mecanismo que deu origem aos chamados testes projetivos, pois os seres humanos têm a tendência de projetar suas necessidades, conflitos, ódios, em outras pessoas, situações e naquilo que veem, fazem, escrevem, pintam ou desenham. Exemplo: a mulher que vê em todo homem um conquistador, assediador de mulheres indefesas, pode estar querendo que isto aconteça com ela, projetando desta maneira seu desejo de ser amada e conquistada.
Compensação: É um mecanismo que tem por finalidade suprir as carências psicológicas ou deficiências que mortificam a pessoa; são as costumeiras terapias de supermercado, onde o sujeito compra tudo o que pode, e o que não pode, abarrotando o carrinho de futilidades por estar angustiado naquele dia, as compensações são modos individuais de terapia substitutiva.
Deslocamento: É uma reação de fuga frente a um perigo difícil de enfrentar, pelas suas consequências, e o emprego da mesma energia em outro objeto menos perigoso. Exemplo: o homem humilhado pelo patrão pode chegar em casa e bater na mulher ou o impotente sexual ao pintar ou desenhar quadros altamente eróticos, assim como extasia-se com filmes ou revistas pornográficas.
A fase oral e a mensagem erótica
No processo maturacional, a fase oral é de grande importância. A boca e os lábios são áreas de alimentação e erógenas, cujo prazer difuso estende-se da manifestação agressiva ao conhecer o mundo pela boca. O ser humano é completamente concreto nos primeiros anos de vida, a aquisição do pensamento abstrato só acontece após longo período de evolução mental. O desmame psicológico é tarefa árdua e, em alguns casos, nunca acontece totalmente; o ato oral passa a ser fonte de dor e desprazer que precisa ser compensada, pois está ligada a um fato psicológico, a boca e os lábios entram na esfera da simbologia psicológica e podem compensar frustrações quando a criança se sente só ou triste, como, por exemplo, pelo hábito de roer unhas ou chupar o dedo etc.
A fase oral e a eleição de Ilona Staller (Cicciolina)
A campanha política de Ilona Staller na Itália, em 1987, bem como a sua eleição para o Parlamento pelo Partido Radical Italiano, conseguiu vinte mil votos entre comunistas, fascistas, democrata-cristãos, ecologistas e jovens de um modo geral, como afirmou em entrevistas concedidas à televisão. Cicciolina é uma italiana de origem húngara, atriz de shows, vídeos e revistas pornográficas. Quando ela foi eleita, declarou que não tem a menor ideia do que fazer como legisladora, mas que adora fazer amor e as coisas do Kama Sutra, diz que vai batalhar pelo amor livre para todos e pela revogação de uma lei italiana que pune atos públicos considerados indecentes.
A fantasia erótica deve ter desempenhado importante papel na campanha eleitoral, mas é questionável se cada eleitor imaginava poder fazer sexo com seu símbolo.
Cada povo manifesta um certo grau de imaturidade e o faz de modo diferente, no sentido da dependência para com os governos, líderes ou pessoas que supõem poder resolver seus problemas. Homens sadios, sem complexos de inferioridade e conscientes de sua capacidade, não se sentem ameaçados com a presença ativa da mulher em sociedade. A questão se explica por analogia à criança que é humilhada e apanha dos pais e que irá mostrar sua força batendo em crianças menores na escola. Falamos até agora de desmame psicológico atribuindo à mulher grande parte da responsabilidade sobre a maturidade falida ou não dos povos, pois a verdade é que o relacionamento primário desta com os filhos de ambos os sexos resulta na personalidade e nas atitudes fundamentais frente aos problemas existenciais.
A fase anal e agressividade
A fase anal corresponde ao primeiro ano de vida e é marcada por acentuado prazer na região anal. A criança se compraz em examinar, tocar e experimentar as próprias fezes. Durante a fase anal, a criança ainda vive no universo egocêntrico do seu corpo, experienciando o mundo externo com dados sensitivos primários. Nas fases em que o corpo desempenha papel de intercâmbio entre o mundo físico e psicológico abstrato, o indivíduo extrai do corpo e das experiências a ele relacionadas alguns símbolos comuns, que se fundem em seu sistema significativo.
O Complexo de Édipo e o homossexualismo
A fase fálica descrita por Freud compreende, aproximadamente, a idade de 3 a 5 anos. As sensações corporais, anteriormente difusas, organizam-se em torno dos órgãos genitais. A manipulação do corpo não tem mais caráter exploratório, mas sim de satisfação. A atividade auto-erótica se transfere fantasiosamente para aquelas pessoas com as quais a criança mantém relação afetiva, no caso, os pais. Por razões biológicas, o interesse é pelo pai do sexo oposto. A partir do Complexo de Édipo surge a internalização das regras sociais e, consequentemente, a aquisição da cultura, se o pai original e a sociedade fornecerem segurança ao indivíduo. Caso contrário, sobrevivem à delinquência e à imoralidade no não cumprimento das leis. O homossexualismo é uma realidade muito antiga e constitui o objeto de interesse explorado em literatura, filmes e atualmente em propaganda, que os mais moralistas abominam, mas não deixam de olhar com entusiasmo.
Fase de latência e a postura diante da vida
A criança, por volta dos cinco ou seis anos, precisa resolver os conflitos ligados ao Complexo de Édipo. Às experiências concretas e as sensações primitivas devem dar lugar a formas mais abstratas e simbólicas, sublimadas no agir e pensar. Precisa transcender do físico ao psíquico, concorrendo para isto a melhor compreensão da linguagem e as novas formas de representar o mundo através de desenhos e imagens mentais. O início da aprendizagem da escrita e leitura leva a um mundo novo com o investimento das energias libidinais em atividades sociais construtivas.
A insegurança da criança provoca a necessidade de testar-se continuamente, em competições e em toscas tentativas de mostrar maturidade, inteligência e independência. Destas tentativas surge um indivíduo confiante, forte e decidido ou um derrotado, confuso, lamuriante, chorão e sem auto-estima. Se as iniciativas são castradas ou duramente criticadas, se não há o reconhecimento, desenvolvem-se as formas de auto-anulação. Este tipo de postura será a diretriz comportamental, no qual o sujeito repetirá as experiências infantis de obter atenção ou ser deixado em paz quando se anulava, obedecia, chorava e era submisso. Na vida adulta, inconscientemente busca o fracasso: ser incompetente, lamentando-se por ser azarado como forma de buscar o afago do passado. A severa crítica impede a produtividade e provoca a inibição da criatividade espontânea.
O narcisismo e a megalomania da época
O ser humano precisa cultivar alguns valores reais para se sentir bem consigo e em paz com os outros. Deve saber que constrói algo de valor com esforço e luta. Quando há segurança do que se sabe sobre “o que” e “porque” se faz alguma coisa, a tranquilidade do dever cumprido faz do sujeito um ser mais compreensivo e menos angustiado no sentido de provar seu valor, pois este é íntimo aos seus atos.
A megalomania ou delírio de grandeza por uma valorização exagerada e sem fundamentos sobre o próprio eu, e o egocentrismo impedem o sujeito de ver as razões dos outros, bem como a visão mais ampla dos fatos, fazendo com que ele se atenha fanaticamente no “eu acho”, “na minha opinião”, sem um poder analítico e dedutivo maior.
O subjetivismo na criatividade pessoal
O mundo psicológico e subjetivo, que liga o emissor e o receptor da mensagem, tem dois pólos que se atraem. Um deles é o público com suas tendências interpretativas e conflitos abordados até agora. O outro é o movimento da criação. O mais importante é levar em conta os seres humanos envolvidos e não os números estatísticos ou econômicos ou aparelhagens e máquinas. O que nem sempre tem sido possível, dado o fenômeno da explosão e abrangência das comunicações nos últimos anos e que não lhe deu tempo ainda para formar um corpo científico extraído de outras ciências mais antigas, para ajudar o ser humano e não destruí-lo.
A complexidade do receptor
O organismo é motivado por algum elemento que lhe diga respeito, anseia por harmonia e seleciona os aspectos do meio aos quais vai reagir. Salvo em circunstâncias anormais, o meio não pode forçar o indivíduo a se comportar de forma estranha à sua natureza. A luta de boxe não será vista por aquele que tem horror a este tipo de esporte. A pessoa que gosta de livros ou filmes históricos, vai lê-los e assisti-los indefinidamente, sem cansaço. Esta é a lei do equilíbrio entre o organismo e seu campo informativo. A experiência passada desempenha importante papel na percepção sem referencial anterior, o novo tem curta duração. Com base na totalidade holista do organismo que busca a harmonia e o equilíbrio ao redor de si, o cérebro humano tem um tempo definido para manter a atenção involuntária em dado estímulo. A atenção involuntária dura de zero a dez segundos, dependendo do estímulo, ela se prolonga ou desaparece.
As inibições no convívio social podem ser explicadas, se pensarmos no cérebro como possuidor de uma rede neuronal, cujas características bioquímicas são diferentes em funções.
Características das mensagens
As regras do organismo e as leis primordiais da clareza das mensagens devem estar em sintonia para que a comunicação aconteça. O processo perceptivo exige organização e regularidade das mensagens para que possa ocorrer sua compreensão. A percepção está relacionada com a aprendizagem e se baseia na compreensão das relações entre elementos contidos numa mensagem. O termo “mensagem”, no contexto, é mais abrangente que notícia oral ou escrita e substitui campo perceptual e problema.
Não existe uma palavra portuguesa que corresponda exatamente à alemã Gestalt; a mais usada tradução é forma, totalidade sensível ou jogo entre figura e fundo de um campo perceptivo, a compreensão dessa totalidade envolve os processos mentais superiores que relacionam e interligam os fatos.
Segundo a teoria da Gestalt, o ser humano tende naturalmente para a complementação e a organização das coisas incompletas, busca o equilíbrio das formas perfeitas. Uma melodia pode ser tocada em claves diferentes, com diferentes intensidades de sons, apesar disso, continua sendo a mesma melodia ou, pelo menos, o indivíduo tenta reconhecê-la.
Similaridade: é a semelhança de certos elementos no conjunto, favorecendo a compreensão do todo pela lógica e clareza que oferecem. Exemplo: num cartaz, a semelhança envolve a ligação entre o sentido do texto e a figura ou ilustração.
Proximidade: refere-se especialmente a blocos unidos de essencialidades a serem transmitidas; é aquilo que condiz com a cultura, idade, raça, costumes e interesses de cada um.
Continuidade: as coisas que têm continuidade apresentam uma sequência lógica. Exemplo: a pessoa portadora do RG 2706845 vai memorizar este número mais facilmente que a portadora do 25896600.
Fechamento: é o estalo ou heureca nos primeiros dez segundos de atenção sobre determinada informação.
- Instituição: FEMA
- Autor: Maria Marcos de Ramos Muza