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Resumo do Livro: A Vida Digital

Explore como viver uma vida digital segura e produtiva com dicas e truques para aproveitar a tecnologia de forma equilibrada. Descubra as implicações da digitalização e como ela transforma nossa interação com a informação.

Resumo do Livro: A Vida Digital

RESUMO DO LIVRO – A VIDA DIGITAL


De Nicholas Negroponte

Na era da comunicação, a maior parte das informações chega até nós em forma de átomos: jornais, revistas, livros. Porém, muitas das informações que recebemos estão se digitalizando, passando a chegar até nós em forma de bits. Um bit não tem cor nem peso e é capaz de viajar à velocidade da luz. Ele é um estado: desligado ou ligado, preto ou branco, um ou zero. Uma fileira de bits é a representação binária de uma informação que circula no mundo digital. Tudo, até áudios e vídeos, foram reduzidos a sequências de “uns” e “zeros”.

Digitalizar um sinal é extrair amostras que, se colhidas a pequenos intervalos, podem ser utilizadas para produzir uma réplica perfeita daquele sinal. A digitalização tem muitos méritos. Um dos mais óbvios é a compressão de dados e correção de erros, o que é importante para a transmissão da informação por um canal ruidoso. Mas já se pode perceber que as consequências da vida digital são bem mais significativas. Na utilização de bits para descrição de sons e imagens, há a grande vantagem em usá-los na menor quantidade possível. A quantidade de bits empregados por segundo ou centímetro quadrado tem uma relação direta com a reprodução fiel da música ou da imagem. O número de bits por segundo que se pode transmitir através de qualquer canal define a sua largura de banda.

A largura de banda é a capacidade de transmitir informações por um determinado canal (essa transmissão pode ser por fibra ótica, que tem capacidade infinita; por fio de cobre, que é considerado um canal de baixa largura de banda; e por éter, ou ondas de rádio, que é considerado infinito por ser ar, puro ar). Não é só a largura de banda que importa, mas também a sua configuração. Esta pode ser por “estrelas”, em que as vias de transmissão de informação são desimpedidas do transmissor ao receptor, ou em “laços”, em que há uma via de transmissão de informação que sai do transmissor e ao longo da qual se encontram todos os receptores aos quais a informação se destina.

Duas consequências fundamentais e imediatas poderão ser observadas quando todos os meios de comunicação forem digitais: os bits combinam-se facilmente; e a mistura de áudio, vídeo e dados é chamada multimídia (não quer dizer nada além de bits misturados). A segunda consequência é que nasce um novo tipo de bit – o bit “cabeçalho” – que nos dá informação, seja sob forma de índice ou de descrição de dados, sobre as informações que os seguem. Estes bits não são visíveis nem audíveis, apenas informam a nós e ao computador sobre o sinal. Os bits possuem valores não apenas diferentes, mas valores que variam de acordo com quem os está usando e como.

A TV, assim como o jornal, é um exemplo de veículo no qual a inteligência da transmissão encontra-se no transmissor, o receptor apenas recebe o que é enviado. A TV propicia uma experiência sensorial mais rica, enquanto o jornal, por ser um veículo impresso, pode ser consumido de diferentes formas, por diferentes pessoas em diferentes momentos. Os bits são os mesmos, mas a experiência da leitura é diferente para cada pessoa.

A criação de computadores que filtrem e classifiquem a multimídia para nós fará com que tudo isso se torne diferente. Esses computadores funcionarão como editores pessoais de cada indivíduo que selecionarão somente as informações que se deseja receber.

O mundo digital é intrinsecamente maleável. Ele pode crescer e modificar-se de uma forma mais contínua e orgânica do que os antigos sistemas analógicos. Hoje ainda estamos presos a três padrões analógicos: o NTSC (National Television System Committee), o PAL (Phase Alternating Line) e o SECAM (Sequential Couleur Avec Mémoire), que foram estipulados por países norte-americanos, europeus e o Japão, respectivamente, cada um adotando o seu sistema. O resto do mundo teve que, querendo ou não, utilizar um desses três sistemas. Ser digital é ser independente de tais padrões confinantes.

Na época dos aparelhos analógicos, o trabalho de alocação do espectro da FCC (Federal Communication Commission) era muito mais fácil. Num mundo digital, porém, tais diferenças embaralham-se ou, em alguns casos, desaparecem: tudo são bits. Podem ser bits de rádio, de TV ou de comunicação naval, mas são sempre bits, sujeitos àquela mesma mistura e multiuso que define o que é multimídia. A missão da FCC é fazer com que serviços avançados de informação e entretenimento proliferem em benefício do interesse público.

No mundo digital, o benefício que a informação traz acaba por gerar inúmeras facilidades. É muito fácil copiar fielmente o conteúdo das informações veiculadas. O resultado é idêntico ao original. O tratamento hoje dispensado aos direitos autorais, e a atitude em relação a eles, varia radicalmente de um veículo para o outro. No mundo digital, não se trata apenas de ser mais fácil copiar e das cópias serem mais fiéis. Recortar bits é bem diferente de recortar átomos. Se você resume um material escrito, este resumo é propriedade intelectual sua. O direito autoral protege a expressão e a forma da ideia, e não a ideia em si. Em se tratando de bits, nos deparamos com um novo elenco de questões, e não apenas com os velhos problemas da pirataria. O meio já não é mais a mensagem.

Serviços de informação e entretenimento que saibam de fato tirar proveito da multimídia precisam ser desenvolvidos, necessitando de um período de gestação longo o bastante para acomodar sucessos e fracassos. A maior parte dos atuais aplicativos multimídia é algo anêmico, raramente constituindo mais do que um ou outro tipo de oportunismo. Hoje, a oferta de multimídia constitui-se sobretudo de produtos para o consumo, que alcançam a maioria dos americanos de cinco a dez anos, além de um número crescente de adultos. A longo prazo, a multimídia será predominantemente um fenômeno on-line.

De uma forma ou de outra, uma mudança editorial fundamental tem lugar, pois não se trata mais de uma escolha do tipo “ou-ou” entre profundidade e volume da informação. No mundo digital, o problema do volume versus profundidade desaparece, de modo que leitores e autores podem mover-se com mais liberdade entre o geral e o específico. Na verdade, a ideia de querer saber mais sobre um assunto é parte integrante da multimídia e está na base da hipermídia.

A hipermídia é um desenvolvimento do hipertexto, designando a narrativa com alto grau de interconexão: a informação vinculada. A expressão de uma ideia ou linha de pensamento pode incluir uma rede multidimensional de indicadores apontando para novas formulações ou argumentos, que podem ser evocados ou ignorados. Imaginando o texto como um complexo modelo molecular, podemos reordenar pedaços de informação, expandir frases e fornecer de imediato definições de palavras. A hipermídia é como uma coletânea de mensagens elásticas, que podem ser esticadas ou encolhidas de acordo com o leitor. As ideias podem ser abertas e analisadas com múltiplos níveis de detalhamento.

A interação está implícita em tudo quanto é multimídia. Produtos multimídia são tanto TVs interativas quanto computadores com recursos de vídeo. A multimídia vai se tornar mais parecida com um livro, algo que você poderá ter junto de você a qualquer hora e em qualquer lugar. E você poderá interagir com ela.

No mundo digital, o meio não é a mensagem: é uma das formas que ela assume. Uma mensagem pode apresentar vários formatos derivando automaticamente dos mesmos dados. Os mesmos bits poderão ser contemplados de diferentes perspectivas. Dependendo da forma que o receptor deseje receber a informação (áudio, vídeo), a atenção dele será concentrada na forma como a mensagem está sendo recebida. Se for por áudio, a atenção será dirigida para a audição, e se for em vídeo, a atenção será direcionada para a visão. Estas formas de recepção da mensagem acabam por alterar a percepção do receptor.

Os meios e mensagens da multimídia se tornarão uma mescla de conquistas técnicas e artísticas. E os produtos para o consumidor serão a força motriz dessa evolução.

A evolução da informática vem ocorrendo num ritmo tão acelerado que passamos a dispor de um poder de processamento a um preço baixo o bastante para podermos gastá-lo livremente no aperfeiçoamento da facilidade de interação entre o indivíduo e o seu computador.

Quando as pessoas falam da aparência do computador ou da impressão que eles causam, elas estão se referindo à interface gráfica do usuário.

A interface dos computadores pessoais tem sido tratada como um problema de desenho físico, quando trata-se na verdade da criação de uma personalidade, do design da inteligência e da construção de máquinas capazes de reconhecer a expressão humana. O desafio para a próxima década é fazer com que as máquinas reconheçam seus usuários, assim como os cães conseguem reconhecer seus donos, e saber o que eles querem dizer através da entonação da voz ou de expressões faciais. O segredo do projeto de uma interface é fazê-la desaparecer. As máquinas têm de adquirir uma tal inteligência que faça com que a interface desapareça.

A melhor interface seria aquela que dispusesse de canais diversos e correntes de comunicação, mediante os quais o usuário pudesse expressar sua intenção a partir de uma série de aparatos sensoriais diferentes: um canal de comunicação forneceria a informação faltante ao outro, complementando-o. A interface com desenho mais eficaz resulta da combinação das forças da riqueza sensorial e da inteligência da máquina.

Haverá pontos específicos no espaço e no tempo onde bits serão convertidos em átomos e vice-versa. Quer se trate de transmissão por cristal líquido ou da reverberação de um sintetizador de voz, a interface vai precisar ter um tamanho, uma forma, uma cor, um tom de voz e todo o restante da parafernália sensorial.

Com o desencadeamento da computação gráfica e da criação do sistema de janelas, a informática avançou para o que chamamos hoje em dia de realidade virtual (pleonasmo ou oxímoro?). A realidade virtual pode tornar o artificial tão realista quanto o real, ela nos permite vivenciar uma situação “virtual” com o nosso próprio corpo. A ideia da realidade virtual é nos proporcionar a sensação de “estar lá”. A medida de quão real essa experiência visual pode ser depende de dois fatores: a qualidade da imagem (número de linhas exibidas e a textura entre elas) e o tempo de resposta (velocidade com que as cenas são atualizadas).

A qualidade do monitor é algo que vai literalmente além do que o olho vê. É uma experiência visual que envolve outros sentidos. A sensação coletiva é, no seu todo, maior do que a soma de suas partes. Nós tendemos a julgar nossas experiências sensoriais como um todo, e não de acordo com as suas partes.

As interfaces também estão presentes na realidade virtual: a interação se dá através de um óculos que faz você “enxergar” o mundo. Nossas interfaces serão variadas daqui pra frente. A sua será diferente da minha, em função de nossas respectivas predileções no tocante à informação, de nossos hábitos de entretenimento e de nosso comportamento social, todos esses fatores extraídos da vasta paleta da vida digital.

Nós estamos passando para a era da pós-informação. Na era da informação, os meios de comunicação de massa tornaram-se simultaneamente maiores e menores. Novas formas de transmissão televisiva atingiram públicos maiores, ampliando ainda mais a difusão. Na era da pós-informação, o público que se tem é, com frequência, composto de uma única pessoa. Tudo é feito por encomenda, o que torna a informação extremamente personalizada. A individualização é a extrapolação do narrowcasting – parte-se de um grupo grande para um grupo pequeno, depois para um menor ainda, até chegar ao indivíduo.

A era da pós-informação tem a ver com o conhecimento paulatino: máquinas entendendo indivíduos com o mesmo grau de sutileza que esperamos de seres humanos.

A era da pós-informação nos trouxe uma quebra de barreiras e distâncias. Há tempos já é possível para uma pessoa que viva na América do Sul ter um conhecimento aprimorado da cultura e da história de países do Oriente, por exemplo, através das pesquisas na internet e trocas de e-mails com pessoas que vivam nesses países.

A vida digital ainda envolve muito pouca transmissão em tempo real. O futuro que nos espera, ou que já estamos começando a viver, nos traz surpresas. A informação não irá mais chegar até o receptor de forma assíncrona. Os aparelhos eletrônicos receberão as informações em forma de bits e selecionarão apenas a informação que julgar ser útil à pessoa que usa a máquina. Na mídia digital, será mais frequente o emprego do sistema pay-per-view, e isso não apenas na base do tudo ou nada, mas, antes, à maneira dos jornais e revistas, cujo custo poderá ser dividido entre leitor e anunciante. Em alguns casos, o consumidor poderá optar por receber o material sem anúncios, mas a um preço maior. Em outros casos, os anúncios serão tão personalizados que não se poderá distingui-los das notícias. Eles serão notícia para o indivíduo que o acessar.

Os modelos econômicos da mídia atual baseiam-se quase exclusivamente em empurrar a informação e o entretenimento para o público. A mídia de amanhã terá tanto ou mais a ver com o ato de escolher: você e eu acessaremos a rede e conferiremos o que há nela, da mesma forma como hoje fazemos numa biblioteca.

Os filmes e programas de televisão passarão a ser por encomenda. O vídeo por encomenda poderá dar vida nova aos documentários. Os filmes serão editados num instante, permitindo acessar as informações disponíveis e organizá-las de forma a otimizar o seu entendimento pelo consumidor.

Há hoje quatro caminhos para a informação chegar até o consumidor: o telefone, o cabo, o satélite e a radiodifusão. O caminho destas transmissões pode ser decidido em função da sua adequação a um determinado tipo de bit. De maneira gradual, mas inevitável, os bits irão migrar na hora certa para o canal mais adequado.

Nas próximas décadas, os bits que descreverem outros bits, os índices e os sumários vão proliferar na transmissão digital. Eles serão inseridos pelo homem com o auxílio das máquinas, e isso poderá ser feito quando do lançamento do produto (como as legendas e trailers de hoje) ou mais tarde (com adição de críticas ou comentários).

Esses mesmos bits cabeçalhos funcionarão muito bem para a publicidade também, e além disso oferecerão ferramentas para o indivíduo selecionar a informação desejada, e dotarão a rede de meios de despachar bits para quem quer que os queira, esteja onde estiver. As redes aprenderão o que é de fato uma rede. As atuais redes ainda são incipientes e deverão se aprimorar para serem redes de fato.

A Internet é interessante não apenas por ser uma vasta e onipresente rede global, mas também por ser um exemplo de algo que se desenvolveu sem a participação de um projetista de plantão e que manteve um formato muito parecido com aquele dos patos voando em formação: inexiste um comando e, até agora, todas as suas peças se ajustam de um modo admirável.

A vida digital já começou faz tempo e nós, seres humanos, que deveríamos usufruir dela, estamos acostumados com o trabalho braçal e nos esquecemos das vantagens que ela pode nos oferecer. Os átomos, que serviram para nossa educação, já se transformaram em bits, e cada vez mais nós temos oportunidades de evoluir junto com a informática. Ainda há pessoas que se negam a tirar proveito das maravilhas que este mundo digital nos fornece. Alta resolução de imagens, rápida transmissão e personalização de informação, os e-mails que nos proporcionam uma comunicação mais rápida, eficaz e barata, e as melhorias que tudo isso pode trazer para a nossa qualidade de vida.

O mundo em que vivemos está evoluindo de tal forma que em pouquíssimo tempo nós poderemos ter acesso somente àquilo que realmente desejarmos. A informação virá cada vez mais compactada e personalizada até nós.

As facilidades da tecnologia somente acontecem para o nosso bem, e por mais antiquados ou espertos que sejamos para não nos rendermos a ela, teremos que acabar nos adaptando.

Há meios e meios de viver uma vida digital: um é se rendendo, aprendendo a vivê-la por necessidade e o outro é seguir a correnteza, enfrentar seus desafios. O mercado de trabalho está cada vez mais exigente; as barreiras do mundo estão cada vez menores, e o volume de informações está cada vez maior. A informação já é tudo ao nosso redor.

A vida digital é a nossa vida, é o presente e é também o futuro, seja ele bom ou ruim. Tudo até agora tem indicado que será um futuro muito bom.

Especialmente porque, se pudermos obter mais informação em menos tempo, sobrará mais tempo para absorção de mais informações ou para outras formas de lazer, melhorando cada vez mais a nossa qualidade de vida.

Autor: Ana Carolina Martins

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