fbpx Skip to main content

Atualizado em 10/08/2024

O que é sociologia: resenha completa e detalhada

Descubra tudo sobre sociologia com a nossa resenha. Saiba o que é sociologia, sua origem e como ela influencia a nossa sociedade. Acesse agora e comece a sua jornada de conhecimento!

INTRODUÇÃO

O autor Carlos Benedito Martins, em seu livro O Que é Sociologia, procura demonstrar de forma geral e objetiva o contexto histórico no qual se fez possível o surgimento, a formação e o desenvolvimento da sociologia.

Procura, em linhas gerais, demonstrar que a sociologia, como ciência tensa e contraditória, sempre deu margem para diversas interpretações. Para algumas pessoas, ela é uma poderosa arma a serviço da classe dominante; para outros, serve de embasamento teórico para os movimentos revolucionários, como, por exemplo, o marxismo.

O livro procura tratar a sociologia como sendo resultado da compreensão de situações sociais novas provocadas pela sociedade capitalista. Porém, adverte que a sociologia sempre foi algo maior que reflexões e teorias acerca da sociedade moderna. Esta ciência sempre teve aspirações e intenções práticas, desejando interferir nos rumos de nossa civilização.

A sociedade capitalista e os discrepantes interesses econômicos e políticos que a constituem sempre foram inspiração na formação do pensamento sociológico.

Portanto, o autor procura discutir e analisar até que ponto a sociologia se compromete nos embates de tal sociedade e em que medida seus conceitos e teorias são responsáveis por manter ou alterar as relações de poder e dominação existentes na sociedade.

O SURGIMENTO

A sociologia pode ser entendida como uma manifestação do pensamento moderno. O mundo social, que até então não havia sido incorporado à ciência, passa, com a evolução do pensamento científico, a ser enfocado e estudado pela sociologia.

O surgimento de tal ciência se dá em um contexto histórico específico, que coincide com o esfacelamento das bases da sociedade feudal e com o estabelecimento de uma nova ordem social, ou seja, a consolidação da sociedade capitalista. Nesse contexto, vários pensadores se empenham em compreender e analisar as novas situações vigentes em tal sociedade.

O século XVIII foi referência para a história do pensamento social e para o surgimento da sociologia.

Este século foi testemunha de uma dupla revolução, a industrial e a francesa, que consistem na instalação da sociedade capitalista. As revoluções constituem dois lados de um mesmo processo e possibilitam o surgimento da sociologia, embora essa palavra só venha a ser usada um século depois, em 1930.

A revolução industrial representou a vitória da indústria capitalista, que converteu grandes massas humanas em simples trabalhadores desprovidos de quaisquer privilégios.

Foram introduzidas novas formas de organizar as atividades sociais, houve um generalizado trauma sobre milhões de seres humanos que tiveram suas formas habituais de vida. Como exemplos das mudanças ocorridas, o autor cita a desaparição de pequenos proprietários rurais, dos artesãos independentes, a imposição de prolongadas horas de trabalho, etc.

O surgimento do proletariado foi, sem dúvida, um dos fatos de maior importância, principalmente o papel histórico que ele desempenharia na sociedade capitalista.

A sociedade se tornara em “problema” em “objeto” a ser investigado. Devido à profundidade das transformações, a sociedade se colocara num plano de análise. Os pensadores ingleses que testemunharam estas mudanças não eram especificamente sociólogos; eram, antes de tudo, homens liberais conservadores e socialistas.

Tal fato significa que os precursores da sociologia foram recrutados entre militantes políticos, entre indivíduos que participavam e se envolviam profundamente com os problemas da sociedade. Podem ser citados como tais pensadores Owen (1771-1858), William Thompson (1775-1833) e Jeremy Bentham (1748-1832).

A sociologia constitui, em certa medida, uma resposta intelectual às novas situações colocadas pela revolução industrial. É a formação de uma estrutura social muito específica – a sociedade capitalista – que impulsiona uma reflexão sobre a sociedade, sobre suas transformações, suas crises e seus antagonismos de classe.

O surgimento da sociologia, como se pode perceber, prende-se em parte aos abalos provocados pela revolução industrial, pelas novas condições de existência por ela criada.

Quanto à revolução francesa de 1789, seu objetivo não era simplesmente o de mudar a estrutura do Estado, mas abolir radicalmente as convenções e instituições tradicionais. Promoveu profundas inovações na política, na economia e na cultura, rompendo com costumes e hábitos arraigados na sociedade.

Durkheim, um dos fundadores da sociologia, afirmou certa vez que, a partir do momento em que “a tempestade revolucionária passou, constituiu-se como que por encanto a noção de ciência social”. Durkheim, ao discutir a formação da sociologia na França do século XIX, refere-se a Saint-Simon. Depois, o próprio Durkheim diz que essa ciência surge com interesses práticos e não como que por encanto “como antes afirmara”.

A recente ciência tinha como tarefa intelectual repensar o problema de ordem social, enfatizando a importância de instituições como a autoridade, a família e a hierarquia social, destacando sua importância teórica para o estudo da sociedade.

Para Comte, um dos fundadores da sociologia, esta deveria orientar-se no sentido de conhecer e estabelecer aquilo que ele denominava as leis imutáveis da vida social, abstendo-se de qualquer discussão sobre a realidade existente, deixando de abordar a questão da igualdade, da justiça e da liberdade.

A oficialização da sociologia foi, em grande parte, mérito do positivismo, e assim constituída, procurará construir uma teoria intelectual do novo regime. Esta sociologia de inspiração positivista procurará construir uma teoria social separada não apenas da filosofia negativa, mas também da economia política como base para o conhecimento da realidade social. Separando a filosofia e a economia política, isolando-as do estudo da sociedade, esta sociologia procura criar um objeto autônomo, “o social”, postulando uma independência dos fenômenos sociais em face dos econômicos.

A sociedade positivista não colocará em questão os fundamentos da sociedade capitalista e nem será nela que o proletariado encontrará sua expressão teórica e a orientação para suas lutas práticas.

É no pensamento socialista que, mais tarde, o proletariado buscará embasamento e respaldo para pôr em prática suas lutas na sociedade de classes. A partir desse momento, a sociologia vincula-se ao socialismo e a nova teoria crítica da sociedade passa a estar ao lado dos interesses da classe trabalhadora.

A sociologia sempre foi mais que uma mera tentativa de reflexão sobre a moderna sociedade. Suas explicações sempre contiveram intenções práticas, um desejo de interferir no rumo desta civilização, tanto para manter como para alterar os fundamentos da sociedade que a impulsionaram e a tornaram possível.

A FORMAÇÃO

No final do século passado, o matemático francês Henri Poincaré referiu-se à sociologia como sendo uma ciência de muitos métodos e poucos resultados. Ao que parece, nos dias de hoje, poucas pessoas colocam em dúvida os resultados alcançados pela sociologia.

A divisão causada pelos antagonismos de classe provoca o desentendimento comum por parte dos sociólogos quanto à sua ciência. A existência de interesses opostos na sociedade capitalista penetrou e invadiu a formação da sociologia. Diversos entendimentos sobre o objeto deram origem a diferentes tradições sociológicas.

O autor deixa bem claro que não se deve esquecer que a sociologia surgiu num momento de grande expansão do capitalismo.

Uma das tradições sociológicas que se comprometeu com a defesa da ordem instalada pelo capitalismo encontrou no pensamento conservador uma rica fonte de inspiração para formular seus principais conceitos explicativos da realidade.

O ponto de partida dos conservadores foi o impacto da Revolução Francesa, que julgavam ser um castigo divino à humanidade. Não cansavam de responsabilizar os iluministas e suas ideias como um dos elementos desencadeadores da revolução de 1789.

A revolução de 1789, era, na visão dos “profetas do passado”, o último elo dos acontecimentos nefastos iniciados com o Renascimento, a Reforma Protestante e a Era da Razão.

Ao fazer a crítica da modernidade, inaugurada por acontecimentos como a economia industrial, o urbanismo e a Revolução Francesa, os conservadores estavam tecendo uma nova teoria sobre a sociedade, cujas intenções centravam-se no estudo de instituições sociais como a família, a religião, o grupo social e a contribuição delas para a manutenção da ordem social.

Alguns teóricos positivistas como Saint-Simon, Auguste Comte e Émile Durkheim foram, em grande parte, influenciados pelas ideias conservadoras da “escola retrógrada”.

Esses autores se preocuparam em rever uma série de ideias dos conservadores, procurando dar a elas uma nova roupagem, para que pudessem defender os propósitos e interesses da classe dominante capitalista.

Encontramos nos trabalhos de Saint-Simon (1760-1825), como reconheceu Engels, os primeiros pensamentos socialistas, que seriam o germe de futuras ideias do socialismo.

Por outro lado, ele é tido como um dos precursores do positivismo. Durkheim afirmava e o considerava o iniciador do positivismo e o verdadeiro pai da sociologia, e não Comte, que geralmente tem merecido tal destaque. Durkheim o considerava o “mais eloquente dos profetas da burguesia”.

A ciência, para ele, poderia desempenhar a mesma função de conservação social que a religião tivera no período feudal. A ciência da sociedade era vital para o estabelecimento da nova ordem social. Várias de suas ideias foram retomadas por Auguste Comte (1798-1857).

Os principais estudos de Comte são acerca do estado de “anarquia” e de “desordem” de sua época histórica. A verdadeira sociologia (disciplina auxiliar da ciência), no seu entender, deveria proceder diante da realidade de forma “positiva”.

Em seus trabalhos, sociologia e positivismo aparecem intimamente ligados, uma vez que a criação desta ciência marcaria o triunfo final do positivismo no pensamento humano. O advento da sociologia representava para Comte o coroamento da evolução do conhecimento científico, constituído em várias áreas do saber.

A “física social”, ou seja, a sociologia, deveria utilizar em suas investigações os mesmos procedimentos das ciências naturais, tais como a observação, a experimentação e a comparação.

O positivismo procurou oferecer uma orientação geral para a formação da sociologia ao estabelecer que ela deveria basicamente proceder em suas pesquisas com o mesmo estado de espírito que dirigia a astronomia ou a física, rumo às suas descobertas. A sociologia deveria, tal como as demais ciências, dedicar-se à busca dos acontecimentos constantes e repetitivos da natureza.

Comte considerava como um dos pontos altos de sua sociologia a reconciliação entre “ordem” e “progresso”, pregando a necessidade mútua desses dois elementos para a nova sociedade. Também para Durkheim (1858-1917) a questão da ordem social seria uma preocupação constante.

Durkheim estabeleceu o objetivo de estudo da sociologia e indicou seu método de investigação. É através dele que a sociologia penetrou na universidade, conferindo a esta disciplina o reconhecimento acadêmico.

Sua obra foi elaborada num período de constantes crises econômicas, que causaram desemprego e miséria entre os trabalhadores, ocasionando o aguçamento das lutas de classes, com os operários passando a utilizar a greve como instrumento de luta e fundando os sindicatos. Não obstante esta situação de conflito, o início do século XX foi de grande progresso científico e econômico.

Durkheim acreditava que a raiz dos problemas de seu tempo não era de natureza econômica, assim como pensavam os socialistas, mas sim uma certa fragilidade da moral da época em orientar adequadamente o comportamento dos indivíduos. Tinha uma visão bastante otimista sobre o nascimento da sociedade industrial e via a divisão do trabalho como uma relação de cooperação e solidariedade entre os homens.

Para Durkheim, a anomia era uma demonstração contundente de que a sociedade encontrava-se socialmente debilitada, doente. As frequentes ondas de suicídios na nascente sociedade industrial foram analisadas por ele como um bom indício de que a sociedade encontrava-se incapaz de exercer controle sobre o comportamento de seus membros.

A sociologia deveria tornar-se uma disciplina independente, pois existia um conjunto de fenômenos na realidade que se distinguia daqueles estudados por outras ciências, não confundindo seu objeto com a Biologia ou a Psicologia. A sociologia deveria se ocupar, de acordo com ele, com os fatos sociais que se apresentam aos indivíduos como exteriores e coercitivos. O que ele desejava salientar com isso é que um indivíduo, ao nascer, já encontra pronta e constituída a sociedade. Assim, o direito, os costumes, as crenças religiosas e o sistema financeiro foram criados não por ele, mas pelas gerações passadas, sendo transmitidos às novas gerações através do processo de educação.

A função da sociologia era detectar e buscar soluções para os “problemas sociais”, restaurando a “normalidade social”, a “saúde” da sociedade e a manutenção da estrutura social.

Sendo a preocupação básica do positivismo a manutenção e preservação da ordem capitalista, é o pensamento socialista que procurará realizar uma crítica radical a esse tipo histórico de sociedade, colocando em evidência os seus antagonismos e contradições.

O aparecimento do proletariado como parte integrante de uma classe revolucionária na sociedade cria condições para o surgimento de uma nova teoria crítica da sociedade.

A formação teórica do socialismo marxista é composta por uma complexa operação intelectual, na qual são assimiladas de maneira crítica as três principais correntes do pensamento europeu do século passado, ou seja, o socialismo, a dialética e a economia política.

O socialismo pré-marxista, também denominado “socialismo utópico”, constituía, portanto, uma clara reação à nova realidade implantada pelo capitalismo, principalmente quanto às relações de exploração. Marx e Engels, ao tomarem contato com a literatura socialista da época, assinalaram as brilhantes ideias de seus antecessores. No entanto, não deixaram de elaborar algumas críticas a esse socialismo, a fim de dar-lhes maior consistência teórica e efetividade prática.

Esse tipo de socialismo possuía relação com o estágio de desenvolvimento do capitalismo da época, uma vez que as contradições entre burguesia e proletariado não estavam amadurecidas; era um socialismo apocalíptico.

Os “utópicos” atuavam como representantes dos interesses da humanidade, não reconhecendo em nenhuma classe social o instrumento para a concretização de suas ideias. Era necessária uma análise histórica da sociedade capitalista, esclarecendo suas leis de funcionamento e destacando os agentes capazes de transformá-la.

Ao tomarem contato com a dialética hegeliana, eles ressaltam seu caráter revolucionário, uma vez que o método de análise de Hegel sugeria que tudo o que existia, devido às suas contradições, tendia a extinguir-se. A crítica que eles faziam à dialética hegeliana se dirigia ao seu caráter idealista. O idealismo hegeliano postulava que o pensamento ou o espírito criava a realidade. Para ele, as ideias possuíam independência diante dos objetos da realidade, acreditando que os fenômenos existentes eram projeções do pensamento.

A teoria social que surgiu da inspiração marxista não se limitou a ligar política, filosofia e economia. Ela deu um passo a mais, ao estabelecer uma ligação entre teoria e prática, ciência e interesse de classe. O problema, na verdade, não era para ele uma simples questão teórica, distante da realidade, uma vez que é no terreno da prática que se deve demonstrar a verdade da teoria. O conhecimento da realidade social deve se converter em um instrumento político, capaz de orientar os grupos e as classes sociais para a transformação da sociedade.

Sem dúvida, foi o socialismo, principalmente o marxista, que despertou a vocação crítica da sociologia, unindo explicação e alteração da sociedade e ligando-a aos movimentos de transformação da ordem existente.

Ao contrário do positivismo, que procurou elaborar uma ciência social supostamente “neutra” e “imparcial”, Marx e vários de seus seguidores deixaram claro a íntima relação entre o conhecimento por eles produzido e os interesses da classe revolucionária existente na sociedade capitalista, o proletariado. Observava Marx, a esse respeito, que assim como os economistas clássicos eram os porta-vozes dos interesses da burguesia, os socialistas e os comunistas constituíam, por sua vez, os representantes da classe operária. Ao contrário da sociologia positivista, que via na crescente divisão do trabalho na sociedade moderna uma fonte de solidariedade entre os homens, Marx a apontava como uma das formas pelas quais se realizavam as relações de exploração, antagonismo e alienação.

Contrariamente à sociologia positivista, que concebia a sociedade como um fenômeno “mais importante” que os indivíduos que a integram, submetendo e dominando a sociedade, nessa perspectiva era concebida como obra e atividade do próprio homem. São os indivíduos que, vivendo e trabalhando, a modificam.

Mas acrescentavam que os indivíduos não a modificavam a seu bel-prazer, mas a partir de certas condições históricas existentes.

A sociologia encontrou na teoria social elaborada por Marx e Engels um rico legado de temas para posteriores pesquisas. Forneceram uma importante contribuição para a análise da ideologia, para a compreensão das relações entre as classes sociais, para o entendimento da natureza e das funções do Estado e para a questão da alienação. De considerável valor, deve ser destacado o legado que deixaram às ciências sociais, ou seja, a aplicação do materialismo dialético ao estudo dos fenômenos sociais.

A sociologia encontrou também, nessa vertente de pensamento, inspiração para se tornar um empreendimento crítico e militante, desmistificador da civilização burguesa, e também um compromisso com a construção de uma ordem social na qual fossem eliminadas as relações de exploração entre as classes.

Max Weber foi o responsável por conferir à sociologia a reputação científica (1864-1920). Estabeleceu uma clara distinção entre o conhecimento científico, fruto de cuidadosa investigação, e os julgamentos de valor sobre a realidade.

A busca de uma neutralidade científica levou Weber a estabelecer uma rigorosa fronteira entre o cientista, homem do saber, das análises frias e penetrantes, e o político, o homem de ação e de decisão comprometida com as questões práticas da vida. O que a ciência tem a oferecer a esse homem de ação, segundo Weber, é um entendimento claro de sua conduta, das motivações e das consequências de seus atos. No entanto, julgava ser o cientista também um cidadão, e poderia ele assumir posições apaixonadas em face dos problemas econômicos e políticos, mas jamais deveria defendê-los a partir de sua atividade profissional.

A ideia de uma ciência social neutra seria um argumento útil e fascinante para aqueles que viviam e iriam viver da sociologia como profissão.

A formação da sociologia desenvolvida por Weber é influenciada enormemente pelo contexto intelectual alemão de sua época. Incorporou em seus trabalhos algumas ideias de Kant, como a de que todo ser humano é dotado de capacidade e vontade para assumir uma posição consciente diante do mundo. Compartilhava com Nietzsche uma visão pessimista e melancólica dos tempos modernos. Com Sombart, possuía a preocupação de desvendar as origens do capitalismo. Em Heidelberg, em cuja universidade foi catedrático entre os anos de 1906 e 1910, entrou em contato com Troeltsch, estudioso da religião, que já havia evidenciado a ligação entre a teologia calvinista e a moral capitalista.

Weber recebia forte influência do pensamento marxista, mas para ele não possuía fundamento admitir o princípio de que a economia dominasse as demais esferas da realidade social.

A sociologia por ele desenvolvida considerava o indivíduo e a sua ação como ponto chave da investigação. Com isso, ele queria salientar que o verdadeiro ponto de partida da sociologia era a compreensão da ação dos indivíduos e não a análise das “instituições sociais” ou dos “grupos sociais”, tão enfatizadas pelo pensamento conservador.

Rejeitava a proposta do positivismo de transferir para a sociologia a metodologia de investigação utilizada pelas ciências naturais. Não havia, para ele, fundamento para esta proposta, uma vez que o sociólogo não trabalha sobre uma matéria inerte, como os cientistas naturais.

A obra de Weber representou uma inegável contribuição à pesquisa sociológica, abrangendo os mais variados temas, como o direito, a economia, a história, a religião, a política, a arte e a música. Seus trabalhos sobre a burocracia tornaram-no um dos grandes analistas desse fenômeno. Foi um dos precursores da pesquisa empírica na sociologia, efetuando investigações sobre os trabalhadores rurais alemães.

A análise da religião ocupou lugar central nas preocupações e nos trabalhos de Weber. Ao estudar os fenômenos da vida religiosa, desejava compreender a sua influência sobre a conduta econômica dos indivíduos. Com esse propósito, realizou investigações sobre as grandes religiões da Índia, da China, etc. O seu trabalho A ética protestante e o espírito do capitalismo, publicado em 1905, ficaria particularmente famoso nessa área de estudo.

Tinha ele a intenção de examinar as implicações das orientações religiosas na conduta econômica dos indivíduos, procurando avaliar a contribuição da ética protestante, especialmente a calvinista, na promoção do moderno sistema econômico.

O DESENVOLVIMENTO

O desenvolvimento desta ciência tem como pano de fundo a existência de uma burguesia que se distanciara de seu projeto de igualdade e fraternidade, e que, crescentemente, se comportava no plano político de forma menos liberal e mais conservadora, utilizando os seus aparatos repressivos e ideológicos para assegurar a sua dominação.

A profunda crise em que mergulhou a civilização capitalista em nosso tempo não poderia deixar de provocar sensíveis repercussões no pensamento sociológico contemporâneo.

As ciências sociais, de modo geral, passaram a ser utilizadas para produzir um conhecimento útil e necessário à dominação vigente.

A antropologia, a ciência econômica, a ciência política e também a sociologia, em boa medida, passaram a ser empregadas como técnica de manutenção das relações dominantes.

O sociólogo de nosso tempo passou a desenvolver o seu trabalho, via de regra, em complexas organizações privadas ou estatais que financiam suas atividades e estabelecem os objetivos e as finalidades da produção do conhecimento sociológico.

Torna-se para o sociólogo extremamente difícil produzir um conhecimento que possua uma autonomia crítica e uma criatividade intelectual.

Algumas tendências críticas da sociologia, principalmente as que receberam a influência do pensamento socialista, continuaram a orientar os objetivos e as pesquisas de diversos sociólogos.

Na verdade, a absorção do sociólogo moderno na luta pela manutenção das relações de dominação foi o que acarretou a burocratização e a domesticação do seu trabalho. Tal fato é um acontecimento recente, que pode ser datado a partir da Segunda Guerra Mundial.

Durante esse período, vários estudiosos buscaram formular e classificar os diferentes tipos de relações sociais que ocorrem em todas as sociedades, independente do tempo e lugar. Tais estudiosos, como Pareto, Von Wiese e Roos, proporcionaram a elaboração de vários conceitos fundamentais da sociologia.

As investigações de campo, realizadas nos EUA depois da Primeira Guerra Mundial, desenvolvidas principalmente pela Universidade de Chicago, possibilitaram grande avanço no levantamento de dados empíricos. Durante a década de 30, a história da sociologia americana se confunde com as atividades de pesquisa realizadas pelo Departamento de Sociologia daquela Universidade.

Os sociólogos de Chicago concentraram-se no estudo dos novos estilos de vida que surgem na corrida de uma urbanização.

Um trabalho que ficou muito conhecido na sociologia, The Polish Peasant in Europe and America, foi elaborado por um dos pesquisadores desta “Escola de Chicago”, William Thomas, com a co-autoria de Znaniecki.

Juntamente com Thomas, o pesquisador Robert Park foi outra peça fundamental no desenvolvimento da pesquisa de campo na sociologia. Foram responsáveis também pela formação de uma atuante geração de sociólogos.

Embora as três primeiras décadas desse século tenham sido um período de grande progresso para a afirmação e sistematização da sociologia, possuíam algumas limitações. As pesquisas realizadas segundo a orientação durkheimiana, sem dúvida ricas em material empírico e teoricamente sugestivas, relegaram decididamente a segundo plano as classes sociais como elemento explicativo dos fenômenos sociais.

O desenvolvimento da sociologia na segunda metade do nosso século foi profundamente afetado pela eclosão das duas guerras mundiais. Tal fato não poderia deixar de quebrar a continuidade dos trabalhos que vinham sendo efetuados, interrompendo drasticamente o intercâmbio de conhecimentos entre as nações.

A implantação de regimes totalitários em alguns países europeus gerou intolerância para com a liberdade de investigação e levou à perseguição de intelectuais e cientistas.


Este texto foi publicado na categoria Cultura e Expressão Artística.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

Escreva um comentário

Não se preocupe, seu email ficará sem sigilo.