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Atualizado em 02/08/2023

Educação para sociedades sustentáveis: Reflexões e práticas

Aprenda sobre educar para sociedades sustentáveis e como fazer a diferença no mundo de hoje. Compartilhe suas reflexões e experiências com outras pessoas e contribua para a criação de um futuro melhor. Venha fazer parte desta jornada de educação para um planeta melhor!

As mudanças propostas pela ONU nas últimas décadas podem ser consideradas verdadeiras revoluções no modo de pensar e agir da sociedade, e não é à toa que muitas delas, apesar de hoje serem consideradas urgentes, demorarão a se concretizar.
 Em todos os documentos oficiais – em especial a partir do final da década de 1960 -, a Educação tem recebido papel de destaque como uma das principais forças de transformação rumo à construção da chamada “sociedade sustentável”.
Apesar disso, as mudanças nessa área têm sido poucas, tímidas e insuficientes.
Da mesma forma que criar modelos alternativos de economia tem sido um dos grandes desafios na busca por um mundo melhor e mais equitativo, a concepção e instalação de novos modelos de Educação parecem possuir o mesmo nível de complexidade.
Apesar de lentas, a Educação tem passado por mudanças significativas de escopo e metodologias, partindo de uma visão elitista e  utilitarista – em especial nos séculos 17 e 18 – para uma contemporânea mais abrangente, na qual o acesso universal à Educação visa garantir a redução das desigualdades, o desenvolvimento sustentável, a paz e a democracia; proposta conhecida como “Educação para todos (EPT)1”.
As metas da UNESCO nesse documento são vitais e, apesar de o Brasil já possuir a esmagadora maioria dos jovens matriculados no Ensino Fundamental I e II, não houve o mesmo progresso com relação à qualidade do ensino. A qualidade não acompanhou a quantidade. Sendo assim, hoje temos nossos jovens na escola recebendo um ensino deficitário, o que é comprovado todos os anos pelos principais índices oficiais.
O Relatório de Monitoramento de Educação para Todos de 20102, mostra que o índice de repetência no Ensino Fundamental brasileiro (18,7%) é o mais elevado na América Latina e fica muito acima da média mundial (2,9%). Além disso, 13,8% dos brasileiros largam os estudos já no primeiro ano no ensino básico.
Em um curso que recentemente tive o privilégio de participar na UMAPAZ, Angélica Berenice de Almeida, uma das professoras e organizadoras, afirmou que “todos temos a tendência de repetir os modelos com os quais fomos educados”. Considerando que a maioria das pessoas tem recebido uma formação de baixíssima qualidade, que futuros educadores podemos esperar para formar nossos filhos e netos em direção à uma sociedade mais sustentável?
Novos olhares
Tenho tido contato nos últimos anos com diferentes professores de diferentes disciplinas, em especial em São Paulo e na Amazônia Mato-Grossense. As queixas sobre nosso sistema de ensino atual são recorrentes e têm geralmente relação com a estrutura da escola, salário e grau de interesse dos alunos, que reflete claramente a desconexão entre a escola e o mundo real. Tais queixas, entretanto, raramente geram mobilização ou ação e a consequência disso é a perpetuação de um sistema ineficiente, desumano e impessoal.
Para além dos problemas estruturais e financeiros, é urgente a necessidade de se repensar o currículo do ensino básico, criando-se estratégias efetivas de ensino  e preparando nossos educadores para que trabalhem de forma integrada e articulada, valorizando a complexidade encontrada no mundo real.
A nova versão do zero draft para a Rio+20 (The future we want5) destaca em um de seus artigos (101) relacionado à Educação exatamente isso:
We agree to promote education for sustainable development beyond the end of the United Nations Decade of Education for Sustainable Development in 2014, to educate a new generation of students in the values, key disciplines and holistic, cross-disciplinary approaches essential to promoting sustainable development.
Vale lembrar que essas mudanças (que não são poucas ou simples)  dependem tanto de vontade política quanto da vontade dos professores e da comunidade onde vivem.
Apesar de todas as incertezas e resistências, sou otimista, e acredito que estamos, sim, passando por um período de reavaliação rumo às mudanças necessárias na Educação para sociedades sustentáveis. Poder viver e participar ativamente desse momento de reflexão e reconstrução é um privilégio e um dever de todos nós. Um dos bons exemplos disso é a forma democrática e dialógica com que as decisões para o novo Plano Decenal de Educação do Estado de Minhas Gerais (PDEEMG)3 têm sido tomadas. Aconselho a leitura da apresentação.
Educar para decidir melhor
No último sábado (14-04), durante o lançamento de um livro sobre educação e comunicação na escola, ouvi Gilberto Dimenstein afirmar que “uma coisa que todos fazemos durante toda a vida é tomar decisões”.
Decisões (conscientes), grosso modo, são tomadas pela mobilização de diferentes habilidades (como observação, comparação, análise, dedução, etc.) em conjunto com a seleção de diferentes informações e experiências. Acredito que a escola seja o primeiro e um dos principais ambientes formais onde tais processos deveriam ser desenvolvidos e aprimorados para a vida.
Como será que a escola tem contribuído para que as pessoas tomem decisões melhores, mais conscientes e pautadas no bem-estar comum e do planeta, característica vital em uma sociedade sustentável?
Para essa reflexão em específico, sugiro a leitura do livro “Nudge: o empurrão para a escolha certa 4”, que coloca um contraponto interessante ao poder da Educação.
Para finalizar, gostaria de compartilhar uma frase que ouvi recentemente no I Fórum de Educação para a Sustentabilidade dita pelo Professor Ladislaw Dowbor, que na minha opinião resume de forma primorosa o papel contemporâneo da Educação:
“A Educação deve ser uma forma de introdução ao mundo em constante transformação”.

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