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Psicomotricidade: O que é?

Descubra o que é Psicomotricidade e como ela pode melhorar o desenvolvimento cognitivo e motor de crianças e adolescentes. Aprenda sobre essa técnica e descubra como ela pode beneficiar seu filho!

Psicomotricidade: O que é?

Atribui-se à educação psicomotora uma formação de base, indispensável a toda criança (normal ou com problemas), que responde a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em conta as possibilidades da criança, e ajudar sua afetividade a se expandir e equilibrar-se através do intercâmbio com o ambiente humano.

Seriam tantos os conceitos ligados a esta área do conhecimento quantas são as correntes teórico-práticas existentes. Tais conceitos, contudo, deixam-se enfeixar pela ênfase dada ao corpo – lugar do ato voluntário ou, se quisermos, do agir intencional. É possível, através de uma ação educativa a partir dos movimentos espontâneos da criança e das atitudes corporais, favorecer o início da formação de sua imagem corporal, o núcleo da personalidade.

Segundo Le Boulch, a educação psicomotora é um meio prático de ajudar a criança a dispor de uma imagem do “corpo operatório”, a partir da qual poderá exercer sua disponibilidade. Esta conquista passa por vários estágios de equilíbrio, que correspondem aos estágios da evolução psicomotora.

Segundo Quirós, motricidade é a faculdade de realizar movimentos, e psicomotricidade, a educação de movimentos ou através de movimentos que procura melhor utilização das capacidades psíquicas.

Desta forma, podemos definir psicomotricidade como a educação do movimento com atuação sobre o intelecto, numa relação entre pensamento e ação, englobando funções neurofisiológicas e psíquicas.

Como o comportamento físico da criança expressa, uma a uma, suas dificuldades intelectuais e emocionais, pode-se dizer que a psicomotricidade é a ciência do corpo e da mente. Ao vermos o corpo em movimento, percebemos a ação dos braços, pernas e músculos gerada pela ação da mente. É necessário, portanto, educar o movimento pela mente.

A psicomotricidade integra várias técnicas com as quais se pode trabalhar o corpo (todas as suas partes), relacionando-o com afetividade, o pensamento e o nível de inteligência. Ela enfoca a unidade da educação dos movimentos, ao mesmo tempo que põe em jogo as funções intelectuais. As primeiras evidências de um desenvolvimento mental normal são manifestações puramente motoras.

A psicomotricidade vai permitir que se estabeleça a noção de vazio ou ocupado. São os gestos do corpo que vão levar o indivíduo à consciência de seus limites e possibilidades. A coordenação psicomotora é uma qualidade diretamente ligada à expressão do corpo, porque todo movimento tem uma conotação psicológica de sensações. Nos movimentos, serão expressos sentimentos de prazer, frustração, desagrado, euforia, como dimensão de um estado emocional, reconstruindo, assim, uma memória afetiva desde os gestos iniciais da criança.

O papel do professor

Cabe ao professor conhecer as etapas do desenvolvimento psicomotor da criança, características das faixas etárias, necessidades e interesses, para melhor planejar a ação docente. Por isso, é de fundamental importância o professor desenvolver atividades sabendo a que servem, e não aleatoriamente, arrolando-as como necessárias ao domínio do esquema corporal, como se esta expressão significasse apenas uma coisa.

O desenvolvimento psicomotor tanto de crianças normais quanto de crianças portadoras de distúrbios requer o auxílio constante do professor, através da estimulação em sala de aula e do encaminhamento, quando se fizer necessário.

O professor pode ajudar e muito, em todos os níveis, na estimulação do desenvolvimento cognitivo e para o desenvolvimento de aptidões e habilidades, na formação de atitudes através de uma relação afetiva saudável e estável (que crie uma atmosfera de segurança e bem-estar para a criança) e, sobretudo, respeitando e aceitando a criança do jeito que ela é.

A reeducação psicomotora é um processo, uma terapia programada que visa modificar o comportamento. Parte dessa atuação é privativa do técnico em psicomotricidade. No entanto, as atitudes do professor têm de estar relacionadas com a orientação específica do profissional habilitado. É preciso mais do que vontade e boas intenções: é necessário intervir de forma adequada, no momento oportuno, com técnicas apropriadas. Na área da educação, a psicomotricidade abrange um campo preventivo e ideal seria que todos os professores tivessem conhecimentos básicos do assunto. O educador tem que estar atento, para detectar quando o aluno tem dificuldade na aprendizagem e se está disperso para então estimulá-lo.

O professor antes de alfabetizar terá que mostrar à criança que ele precisa executar movimentos amplos, transportar objetos, exercitar movimentos de pinça com o polegar e o indicador. Ela necessita movimentar ao máximo os dedos, as articulações do braço, do pulso e das mãos, para perceber os tipos de pressão, de resistência, de temperatura e as formas dos objetos.

A ação educativa da escola consistirá em desenvolver a espontaneidade adaptada ao ambiente. Para isso, é necessário que o professor tenha conhecimento do ritmo de desenvolvimento da criança e crie as condições para o seu progresso. O que só é possível em um ambiente em que ela pode se beneficiar do contato com outras crianças de mesma idade, participando de atividades coletivas, alternadas com tarefas mais individuais.

O professor, ao transmitir atividades lúdicas às crianças, estará propiciando a mesma que ela crie uma personalidade e a maturação da imagem do corpo. Essas atividades, aliás, adquirem um valor catártico na medida em que permitem à criança a liberação de certas tensões.

Mediante uma atitude não diretiva, que garanta uma certa liberdade, o educador permite à criança realizar sua experiência do corpo, indispensável no desenvolvimento das funções mentais e sociais. Desenvolvendo-se nesse clima, a criança vai adquirindo pouco a pouco confiança em si mesma e melhor conhecimento de suas possibilidades e limites, condições necessárias para uma boa relação com o mundo.

Os intercâmbios orais suscitados pela ação representam uma verdadeira linguagem social, muito importante de ser desenvolvida na fase pré-escolar. Tendo em conta as condições práticas nas quais trabalha e o conhecimento que tem das crianças, o professor deve imaginar situações que possibilitem esses intercâmbios orais.

É preciso também que o professor ajude a criança a afirmar sua própria lateralidade, permitindo-lhe realizar livremente suas experiências motoras. Nas primeiras atividades gráficas, não exercer nenhuma pressão na criança no sentido de incitá-la a usar a mão direita, a fim de que a coordenação óculo-manual (aspecto particular do ajustamento motor global) corresponda, verdadeiramente, a uma auto-organização.

Na educação psicomotora, o professor deve ter como inicial ensinar a criança a ficar sentada, adquirir boa postura, ouvir. Só depois de atingir esse objetivo é que ela será capaz de receber ordens, concentrar-se, usar a memória, executar tarefas do começo ao fim. O progresso pode ser lento, mas como em todas as outras áreas, o grande e principal objetivo é o de não deixar lacunas entre as etapas. Uma estimulação mal orientada confunde ainda mais, daí a importância de o educador conhecer e perceber a graduação necessária das técnicas a serem utilizadas.

A educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de tudo uma experiência ativa de confrontação com o meio. A ajuda educativa proveniente dos pais e do meio escolar tem a finalidade não de ensinar a criança comportamentos motores, mas sim de permitir-lhe exercer sua função de ajustamento, individualmente ou com outras crianças.

Na pré-escola, o papel do professor não é alfabetizar, mas estimular funções psicomotoras necessárias ao aprendizado formal. Através do seu conhecimento e sensibilidade, ele pode dosar teoria e prática de maneira gradual, combinando os estímulos adequados para cada tipo de aluno.

Espaço temporal

Até os dois anos e meio, o espaço da criança é um espaço vivido dentro do qual ela se ajusta desenvolvendo seus movimentos coordenados em função de um objetivo a ser atingido. Entre os 3 e os 6 anos, a criança chega à representação dos elementos do espaço, descobrindo formas e dimensões. No final do período pré-escolar, a evolução da relação corpo-espaço resulta numa organização egocêntrica do universo. A criança descobriu sua dominância, verbalizou-a e chega assim a um corpo orientado que lhe servirá de padrão para situar os objetos colocados no espaço circundante. A orientação dos objetos faz-se, então, em função da posição atual do corpo da criança. Esta estabilização possibilita a interiorização, que é um trampolim indispensável sem o qual a estruturação do espaço não se pode efetuar.

  • Atividades de orientação espaço-temporal
  • Andar devagar até o fim da sala.
  • Andar depressa, voltando ao ponto de partida.
  • Andar devagar e depois correr uma mesma distância demarcada na quadra. Fazer os alunos perceberem o tempo despendido numa e na outra forma.
  • Bater bola e pular corda, devagar e depressa.
  • Correr, trepar, bater palmas, com ritmo, dentro de um espaço de tempo, em situações relacionadas com:
  • deslocamentos de materiais: cadeiras, bancos, mesas, bolas, etc.
  • lançamentos de bolas, pequenas e grandes, em caixas de diversos tamanhos, cesta de basquete ou círculos desenhados no chão;
  • saltos e transposição de obstáculos;
  • marchas em equilíbrio (em barras, bancos, linhas, etc.)

Percepção corporal

Consciência do próprio corpo, de suas partes, com movimentos corporais, das posturas e das atitudes. Habilidade de evocar e localizar as partes do corpo. Exemplo: localizar o ombro do coleguinha.

Não é simplesmente uma percepção, uma representação mental do nosso corpo, mas uma integração de vários gestalts, todos em contínua modificação. Formam o esquema corporal, além da noção do próprio corpo, a integração das noções de relação com o exterior em suas duas expressões de espaço e tempo, e a conexão com outras pessoas, através do contato corporal, da evolução do gesto e da linguagem.

É a comunicação consigo mesmo e com o meio. Uma boa formação corporal pressupõe boa evolução da motricidade, das percepções espaciais e temporais, bem como da afetividade.

A construção do esquema corporal (imagem, uso e controle do seu próprio corpo) se realiza normalmente de uma forma global no transcurso do desenvolvimento da criança, graças a seus movimentos, deslocamentos, ações, jogos, etc.

Atividades de percepção corporal

  • Pular com os pés juntos.
  • Pular alternando os pés.
  • Mover a cabeça.
  • Mostrar os olhos, nariz, testa, bochechas, boca, queixo.
  • Separar os braços, as pernas, os dedos.

Equilíbrio

É o cerebelo que ajusta permanentemente o tônus postural em combinação com o desenvolvimento do ato motor. Ele fixa estas reações sob forma de automatismos posturais inconscientes, tradução das experiências vividas individualmente. Estas atitudes de referência estabilizadas, verdadeiros esquemas posturais inconscientes, são no entanto constantemente adaptadas às condições atuais de desenvolvimento da ação, graças à atuação das reações de equilibração. O desempenho normal da função de equilibração pode ser perturbado por causas psicológicas. Todo medo ocasiona reações de enrijecimento que comprometem as reações reflexas de equilibração. Manutenção do corpo em uma mesma posição durante um tempo determinado. Pode ser estático ou dinâmico.

Exemplo: brinquedo de estátua, marcha nos calcanhares, permanência em pé, sentado ou deitado.

Os exercícios a seguir, graças a uma atitude compreensiva e de ajuda por parte do educador, devem levar a criança a adquirir confiança e segurança, essenciais ao desempenho eficaz dos mecanismos inconscientes.

  • Manter-se em equilíbrio sobre uma bola de tamanho grande;
  • Conservando a mesma postura;
  • Variando de postura;
  • Sobre dois pés ou apenas um.
  • Manter-se em equilíbrio sobre a metade de um tronco:
  • Apoiado na parte plana;
  • Apoiado na parte convexa;
  • Manter-se em equilíbrio sobre tijolos superpostos:
    • Manter-se em equilíbrio sobre o banco sueco invertido.
  • Manter-se em equilíbrio sobre um plano inclinado:
    • de frente para o vazio;
    • de costas para o vazio;

    Lateralidade

    Predominância do uso de todos os órgãos pares. Pode ser direita ou esquerda. Deve ser observado o pé, a mão e o olho. No primeiro ano de vida não há preferência por nenhum lado. No segundo ano de vida, ela continua usando ambas as mãos, mas gradativamente fixa a preferência por uma delas. Com dois anos completos, quase todas as crianças já definiram sua lateralidade, mesmo que depois apareçam breves períodos de uso da outra mão. Finalmente, com seis anos, está completa a definição. Também há uma nítida preferência por um dos olhos, por um dos pés, isto podendo ser no destro uma dominação dos três instintos.

    Exercícios de lateralidade

    • Com a mão dominante; pedir que a criança pegue um objeto qualquer. Observar a mão que ela irá usar.
    • Com o pé dominante; solicitar que a criança chute uma bola. Observar qual a lateralidade do pé usado.
    • Com o olho dominante; solicitar que a criança espie em um monóculo. Observar o olho dominante.
    • Andar pela sala jogando uma bola ou bexiga, de uma mão para a outra.
    • Colocar uma criança no centro. Pedir a outra criança que fique à direita dela; outra atrás; outra à frente e outra à esquerda. Batendo palmas, as crianças mudam de posição e dizem a sua nova posição.

    Ritmo

    Diz respeito à movimentação própria de cada um. Ritmo lento, moderado, acelerado, cadenciado. Noção de duração e sucessão, no diz respeito à percepção dos sons no tempo. A falta de habilidade rítmica pode causar uma leitura lenta, silabada, com pontuação e entonação inadequadas.

    Na parte gráfica, as dificuldades de ritmo contribuem para que a criança escreva duas ou mais palavras unidas, adicione letras nas palavras ou omita letras e sílabas.

    Exercícios de ritmo

    • Permanecer na ponta dos pés, enquanto se conta até dez.
    • Levantar e baixar na ponta dos pés.
    • Andar sobre linhas marcadas no chão: retas, quebradas, curvas, sinuosas, círculos, mistas.
    • Bater palmas no ritmo do professor (rápido, lento, forte, fraco).
    • Bater bola com a mão seguindo o ritmo marcado pelo professor.

    Coordenação óculo-manual

    O arremesso tem um interesse educativo considerável, sob o ponto de vista do desenvolvimento global da coordenação. O que vai nos interessar, principalmente no curso preparatório e no curso elementar, é o papel que esta atividade pode desempenhar na ligação entre o campo visual e a motricidade fina da mão e dos dedos: coordenação óculo-manual.

    O parentesco com o mecanismo que atuam no grafismo não pode escapar ao professor. Na mira, a operação que consiste em traçar uma linha de um ponto a outro envolve a entrada em jogo das regulações proprioceptivas ao nível dos membros superiores, de mesmo tipo das que atuam no exercício de mira que consiste em agarrar uma bola no espaço. Na coordenação entre espaço cinestésico e espaço visual, o arremessar e o apanhar são atividades maiores, de grande alcance educativo.

    Exercícios de coordenação óculo-manual

    • Os alunos trabalham em dupla e têm à sua disposição um aro para cada um e um quadrado de linóleo. Uma bola grande, uma bolinha leve e uma bola pesada para dois.
    • Posicionar os alunos dentro dos aros colocados no chão a pequena distância. Eles trocam passes com bolas, de todas as maneiras possíveis, sem deixá-las cair. Se, numa duração determinada, as bolas tiverem caído apenas 3 vezes, os alunos têm o direito de trabalhar em distâncias maiores.
    • Dois a dois, um ao lado do outro, caminhando ou correndo ao redor da quadra, as crianças devem passar a bola umas às outras. Efetuar o exercício primeiro em um sentido; a seguir, inverte-lo. Eles devem encontrar os diferentes modos de arremesso que já foram feitos sem sair do lugar.
    • Jogar a bola com uma das mãos; pegá-la de volta com a outra. Passá-la para a mão de arremesso e executar um circuito contínuo e regular.
    • Passes em toque de vôlei. Os alunos ficam frente a frente e passam a bola um ao outro sem controle, apenas por toque.

    Coordenação global (grossa)

    Realização de grandes movimentos com todo o corpo, envolvendo as grandes massas musculares, havendo harmonia nos deslocamentos. Não a precisão nos movimentos, embora seja importante a coordenação perfeita dos movimentos.

    Exemplo: marchar, batendo palmas, correr, saltar, etc.

    Coordenação fina

    É a capacidade para realizar movimentos específicos, usando os pequenos músculos, a fim de atingir a execução bem-sucedida da habilidade. Requer um ato de grande precisão no movimento. Movimentos manuais em que coordenação e a precisão são essenciais.

    Exemplo: tocar piano, escrever, modelagem com massinhas, recortar, colar, trabalhos com objetos pequenos como pinças, alicates de unha.

    Agilidade

    São todas as atividades que exigem movimentos rápidos e precisos.

    Exercícios de Agilidade

    • Fazer uma fila, colocar cones enfileirados e pedir que alunos corram em velocidade esquivando-se dos cones.
    • Aula de queimada.
    • Os alunos com bolas de plástico no meio da quadra, vão arremessar as bolas num aluno que estará no gol, este deverá livrar-se das bolas que serão arremessadas.

    Tonicidade

    É o ato de tonificar-se, fortalecer-se, robustecer. É a qualidade, estado ou condição de tônico. Consideramos que a tonicidade é a força muscular que o aluno/criança vai adquirindo devido a atividades realizadas no dia a dia.

    Para saber mais sobre a importância da educação infantil, você pode acessar este artigo.

    Além disso, é fundamental que as crianças tenham acesso a brinquedos pedagógicos que estimulem seu desenvolvimento. Você pode encontrar opções interessantes de brinquedos educativos que podem ajudar nesse processo.


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