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Projeto: Leitura e escrita na educação de jovens e adultos

Obtenha resultados extraordinários ao aprender com o nosso projeto de leitura e escrita na educação de jovens e adultos. Transforme suas habilidades de leitura e escrita e construa um futuro melhor para si mesmo e para o seu mundo!

Projeto: Leitura e escrita na educação de jovens e adultos

INTRODUÇÃO

A proposta pedagógica encerrada nesse projeto propõe uma ação integradora do aluno com a sociedade através da escrita e leitura, de forma que estes não vejam as mesmas apenas como códigos decodificados, e assim, buscar alternativas para trabalhar com os mesmos, de forma que estes sejam reconhecidos como sendo capazes de aprender, e que essa aprendizagem os levará a um desenvolvimento pessoal e a uma formação de uma imagem positiva de si mesmos, e assim sendo capazes de orientarem-se a partir desse pressuposto.

A escolha do assunto deu-se baseada na dificuldade que encontramos ao trabalhar a escrita e a leitura com os alunos adultos no Curso EJA – Educação de Jovens e Adultos, especialmente na 1ª etapa, que corresponde às séries iniciais. Nesse curso deparamo-nos com jovens e adultos que se encontram fora de sala de aula há vários anos e ainda, com mais incidência, alunos que nunca frequentaram uma sala de aula.

O nosso objetivo final é que os alunos concluam o curso capacitados, não apenas aptos a assinar seu nome e conhecendo algumas palavras de compleição simples. O objetivo é torná-los cidadãos capazes de ler e interpretar as matérias escritas que se apresentam nos veículos de comunicação, para que dessa forma possam se desenvolver. Nosso trabalho visa preparar o aluno para adquirir a tão necessária segurança de que precisa para dar continuidade ao trabalho por nós iniciado. O desenvolvimento da educação ética também está incluído no contexto do nosso trabalho, onde são feitas abordagens de princípios da conduta ética através de dinâmicas ou diálogos estabelecidos em sala de aula, cujo objetivo é valorizar e resgatar, no indivíduo, valores que entraram em decadência pela banalização da conduta ética do ser humano.

1- IDENTIFICAÇÃO

1.1- Nome:

1.2- Instituição:

1.3- Endereço:

1.4- Título do projeto: Leitura e Escrita na EJA

1.5- Orientador:


2- OBJETIVOS

2.1- Objetivo Geral

Levar o educador a compreender como o adulto vê a aprendizagem da expressão escrita e oral, e assim levando-o a desmistificar esse processo, fazendo com que o mesmo perceba que escrever não depende de dom de palavras, que essa é uma ideia errônea, pois é sabido que todos têm algo a dizer, que têm o que compartilhar, que precisam documentar o que vivem, o que querem refletir sobre as coisas da vida e sobre o próprio trabalho.

2.2 – Objetivos Específicos

  • Compreender o sentido nas mensagens orais e escritas de que é destinatário direto ou indireto: saber atribuir significado, começando a identificar elementos possivelmente relevantes segundo os propósitos e intenções do autor.
  • Distinguir os diferentes mecanismos que envolvem a escrita e leitura.
  • Levar o educando a compreender a importância de se aprender a arte da escrita e leitura, sendo capaz de levá-la para sua vivência diária.
  • Participar de diferentes situações de comunicação oral e escrita, acolhendo e considerando as opiniões adversas, valorização da leitura como fonte de fruição estética e entretenimento.


3- JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA

O Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos foi criado no mês de janeiro de 1999, com a finalidade de atender a um público que não pode ou não consegue se matricular nas escolas regulares, por se sentirem envergonhados e/ou incapazes de frequentar as referidas escolas, ou por não disporem de escolas em locais de fácil acesso.

Nas duas últimas décadas a pesquisa a respeito dos processos de aprendizagem da leitura e da escrita vem comprovando que a estratégia necessária para um indivíduo se alfabetizar não é memorização, mas a reflexão sobre a escrita. Essa constatação pôs em xeque uma antiga crença, na qual a escola apoiava suas práticas de ensino, e desencadeou uma revolução conceitual, uma mudança de paradigma. Estamos passando por esse momento, com as vantagens e prejuízos que caracterizam um período de transição, de transformação de ideias e práticas cristalizadas ao longo de muitos anos.

Qual o estudante inicial que não se sente coagido ao ser solicitado que se expresse através da escrita ou leitura? Nós professores presenciamos constantemente durante nosso trabalho em sala de aula. Os argumentos dizendo que não sabem escrever existem entre os alunos. Ficamos perplexos ao ouvir essas mensagens negativas, mas é a realidade. Sabemos que tal situação para ser resolvida depende de nosso esforço. Precisamos exercer um papel mediador, daí a necessidade de conhecermos os mecanismos, para a partir de então, tornar fácil escrever sem receio.

É de conhecimento de todos os educadores que a escola é o caminho certo quando se fala em processo ensino-aprendizagem, tendo em vista o compromisso que ele exerce perante a sociedade, por isso temos o compromisso de apresentar um plano que vá proporcionar aos educandos mais maturidade no exercício da escrita e leitura. Somente com análise profunda do problema que vamos ter bons resultados.

Estamos certos que com um trabalho bem elaborado iremos ter excelentes resultados. Estamos convictos que a pesquisa é o melhor caminho.


4- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1- Revisão da Literatura

1- “[…] a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis.” Luís Fernando Veríssimo – Escrito

2- “O professor deve ser um parceiro na aprendizagem de seus alunos, ser um bom mediador, se permitir aprender com os conhecimentos de seus alunos e pode refletir sobre a sua prática.” Professora Regina Galvani Cavalheiro-Programa de Formação de Professores Alfabetizadores

3- “Não tratando adequadamente a escrita e a fala na alfabetização, a escola encontrará dificuldades sérias para lidar com a leitura. Afinal a leitura, na sua função mais básica, nada mais é do que a realização do objetivo de quem escreve […]” Luis Carlos Cagliari Alfabetização e Línguística- p. 08

4- “Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.” Paulo Freire

4.2 – FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

O tema deste projeto de pesquisa é de grande importância à educação de jovens e adultos, para que tenham experiências significativas de aprendizagem por meio de um trabalho com a linguagem oral e escrita para construir em um dos espaços de ampliações das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelos adultos. É sabido que alunos iniciantes costumam escrever como falam e normalmente a fala não é correta, automaticamente escrevem errado também. Por isso se faz necessário que compreendamos como ocorre esse processo em nossos alunos, para então podermos trabalhar de forma que cada aluno desenvolva o gosto pela escrita e leitura.

De que forma o adulto vê o mundo e se integra a ele através da aprendizagem da leitura e escrita?

Como o educador precisa fazer o adulto pensar sobre a escrita e leitura?

Que atitudes podem ser tomadas para que ocorra vinculação imediata entre educando e a necessidade da escrita e leitura?


5- HIPÓTESES

As experiências com eventos de leitura e escrita contam muito mesmo para a formação de todos nós. Geralmente trabalhamos com alunos que tiveram muito pouco ou quase nenhum contato com a leitura e escrita desde a infância. O aprendizado desse aluno com certeza será mais difícil do que aquele que desde pequeno, por influência dos pais, tem contato com esses materiais. Assim, é importante que os pais trabalhem estes aspectos na vida da criança desde cedo, deixando materiais acessíveis, fazendo leituras de livros, gibis, enfim, todo material que faz com que a criança se integre no mundo da leitura e da escrita.

O adulto precisa compreender que a escrita e a leitura vão além da decifração e transcrição de letras e sons, são atividades orientadas pela busca do sentido e do significado. O sujeito está intimamente ligado ao objeto, procurando buscar coordenadas para a tomada de consciência deste processo. O letramento possibilita a inclusão no universo cultural. Por meio da cultura letrada, podemos nos comunicar e nos integrar com outras pessoas, podemos ter acesso a uma gama infinita de informações, temos a possibilidade de uma participação mais ativa no mundo do trabalho, da política.

Estar imerso em um ambiente letrado é fundamental, mas não parece ser suficiente, é preciso que o professor leve seus alunos a refletirem sobre a escrita, a estabelecerem relações entre diferentes tipos de textos e produzirem textos significativos, o mais próximos que for possível de seu uso social.

O professor de EJA pode utilizar-se de muitas situações como estas para contextualizar um ambiente de letramento nas atividades de alfabetização.

Por meio da leitura compartilhada, o professor pode aproximar seus alunos do mundo letrado, mesmo aqueles que ainda não lêem convencionalmente. Pela leitura, todos os envolvidos – professores e alunos – podem: ser estimulados a desejar fazer outras leituras; a imaginar as situações lidas, exercitando o imaginário; a se confrontar com outros pontos de vista diferentes dos seus; a estabelecer relações entre o que está sendo lido e o que está escrito; a compreender o sentido de comunicação da escrita.

No entanto, é muito difícil para um não leitor formar leitores. Só podemos formar leitores se oportunizarmos situações de leitura significativas na sala de aula. O mesmo ocorre com a escrita. O professor preocupado em inserir seus alunos no mundo letrado precisa antes de tudo ter uma relação positiva com a leitura e a escrita. É preciso que ele tenha uma relação de prazer com os textos e reconheça sua importância e suas diferentes funções: informar, refletir, comunicar, divertir. O professor torna-se então um modelo de leitor para o aluno. Por meio da leitura realizada pelo professor, o aluno pode observar procedimentos de um leitor eficiente, pode perceber a relação que existe entre o texto e o leitor.

Por meio da leitura e da escrita, o professor pode ampliar seu universo letrado, utilizando plenamente suas capacidades de uso da linguagem (oral e escrita) e de suas capacidades intelectuais e assim construir novas competências profissionais.

Ao professor cabe tomar algumas atitudes importantes para que haja vinculação imediata entre o aluno e a escrita/leitura. Atitudes como:

  • Respeitar a diversidade de expressões orais de seus alunos;
  • Saber ampliar suas diferentes formas de expressão, abrindo espaços cotidianamente para conversas e narrativas;
  • Saber proporcionar aos alunos reais situações comunicativas, incentivando-os a exporem suas dúvidas oralmente, a interferirem na fala dos outros fazendo contrapontos, a organizar debates e seminários, a promoverem saraus literários ou poéticos;
  • Saber ler para seus alunos;
  • Saber aproximar seus alunos de fontes de informação diversificadas e instigantes: livros, jornais, revistas, vídeos, cartazes;
  • Saber comunicar um comportamento leitor (comentar uma leitura que fez, indicar uma leitura a alguém, expressar o que sentiu numa determinada leitura, comparar diferentes autores, comparar diferentes fontes de informação etc.);
  • Saber selecionar textos para diferentes propósitos de leitura: ler para se divertir, ler para buscar informações, ler para apreciar;
  • Saber selecionar textos para diferentes faixas etárias e gostos de seus alunos;
  • Saber propor a leitura e escrita de diferentes tipos de textos: listas, receitas e textos instrucionais, formulários e questionários, anúncios, folhetos e cartazes, textos em versos, poemas, letras de músicas, bilhetes, cartas e ofícios, jornais, contos, crônicas, fábulas e anedotas, relatos, biografias, textos com informações históricas, textos com informações científicas;
  • Saber ser escriba para seus alunos;
  • Saber propor atividades diversificadas para os diferentes grupos de alunos com diferentes apropriações de escrita;

Muitas circunstâncias de uso da leitura e da escrita podem ser favorecidas no contexto da sala de aula. Formar usuários autônomos da leitura e da escrita é papel da escola. Para isso, é fundamental que ela tome para si esta tarefa, principalmente na Educação de Jovens e Adultos, que é constituída por um público que geralmente foi privado do acesso à cultura letrada. Favorecendo um contexto de letramento, o professor possibilita que os alunos ampliem seus conhecimentos, compreendam o mundo que os rodeia e sintam-se participantes dele.


6- DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS

O trabalho será desenvolvido com cinco alunos de uma turma de vinte e oito alunos, sendo três mulheres e dois homens. Estes apresentam uma dificuldade extrema em relação à escrita e leitura, daí a necessidade de trabalhar esses alunos de forma diferente e intensiva. Sabemos que numa concepção construtivista de educação, o professor não é, e nem tampouco pode ser, mero espectador da construção de conhecimentos de seus alunos. Cabe a ele o papel de organizar as situações de aprendizagens, as intervenções pedagógicas que auxiliem os alunos em suas próprias construções, que considere seus conhecimentos e os mecanismos envolvidos nessa construção, além das questões relacionadas à didática do objeto a ser ensinado e aprendido.

Assim, ao trabalhar com esses alunos, o método utilizado foi o método fonético, pois se utilizando deste instrumento torna-se mais fácil a compreensão da escrita inicial com os mesmos, por apresentarem um quadro de dificuldade de assimilação. Ao trabalhar o som das letras, eles passaram a perceber o significado de cada uma, deixando de querer “decorar” o formato das mesmas, passando a codificar e decodificar cada uma. E a partir de então formar e juntar sílabas passou a ser mais fácil. Na verdade, foi necessário remeter o aluno à práticas de sonoridade para assim ele perceber que a leitura nada mais é do que a realização do objetivo da escrita. Quem escreve, escreve para ser lido. A leitura é, pois, uma decifração e uma decodificação. O leitor deverá em primeiro lugar decifrar a escrita, depois entender a linguagem encontrada, em seguida decodificar todas as implicações que o texto tem e, finalmente, refletir sobre isso e formar o próprio conhecimento e opinião a respeito do que leu.

Por se tratar de alunos adultos, de certa forma apresentam um certo bloqueio, demonstrando também um certo medo em relação ao modo de aprendizagem. Se sentem à princípio, “encabulados” por terem de repetir sons de letras, mas ao perceberem que isto facilita a escrita e também a leitura, começam a derrubar essa barreira.


7- POPULAÇÃO E AMOSTRAGEM

Alunos da Escola Estadual 13 de Maio, cursantes da EJA – Educação de Jovens e Adultos – 1ª etapa.


8- METODOLOGIA

8.1- Instrumentos de Pesquisa

  • Pesquisa bibliográfica
  • Levantamento e seleção de bibliografia.
  • Leitura analítica.
  • Análise
  • Pesquisa descritiva
  • Entrevistas com professores, coordenadores e educandos.
  • Experimentação.

8.2- Procedimentos

Realizar-se-á no primeiro momento uma pesquisa bibliográfica para um melhor aprofundamento teórico sobre o tema. Este trabalho será desenvolvido através de pesquisas, leituras de livros que falam sobre a escrita e leitura e do relacionamento que ambas exercem em relação aos alunos iniciantes. Sabemos que há um conjunto muito amplo sobre o tema, estaremos analisando vários conceitos a fim de esclarecer de forma transparente para que todos possam entender ao ler a pesquisa.

Por meio da análise dos elementos que fazem parte do processo ensino-aprendizagem da expressão oral e escrita, destacá-los para termos uma visão maior podendo assim fazer um trabalho fundamentado em algo que realmente irá nos proporcionar mais clareza em nossos estudos.

Outro ponto fundamental que iremos nos preocupar é com a escrita inicial e isso estaremos fazendo, porque essa é nossa unidade principal de estudo.

Para análise, trabalharemos com cinco alunos da 1ª etapa do curso da EJA da Escola Estadual 13 de Maio, observando seus comportamentos diante da missão de se expressarem através da escrita e leitura.

Daremos ênfase à maneira que se colocam diante desse desafio para a partir de então, poder compreender como vêem e se portam diante do ato da escrita e leitura, para então podermos avaliar que instrumentos deveremos utilizar para se derrubar todas as mistificações que cercam o “aprender” a ler e escrever.

Já em um último estágio, buscaremos analisar e interpretar os dados coletados durante a pesquisa, visando uma reflexão ampla, seguida de conclusão sobre a problemática.

8.3 Análise de dados

Segue as questões apresentadas aos alunos que se encontram na fase inicial da leitura e escrita:

O que é ler para você?

E escrever?

Qual dificuldade você sente ao escrever e ao realizar a leitura da escrita? (escrita de letras e sílabas).

Você acha importante aprender a escrever e ler? Por quê?

Como adulto, qual sua maior dificuldade em relação a ser alfabetizado?

Segue as questões apresentadas a alguns professores alfabetizadores:

  • O que é alfabetizar pra você?
  • Qual a sua visão de um aluno adulto em relação à escrita e leitura?
  • Que métodos você utiliza para alfabetizar?
  • Como realmente realizar intervenções pedagógicas adequadas para que os alunos avancem em seus conhecimentos?
  • O que se deve levar em conta para que a aprendizagem realmente ocorra?
  • Você como educador acha que a ação educativa pode transformar as possibilidades de desempenho das pessoas?

8.4 Discussão dos resultados

Analisando as respostas obtidas, chega-se a uma conclusão, na verdade, não muito animadora e que com certeza servirá de “mola” para nos impulsionar em busca de soluções.

Vinte alunos responderam ao questionário, sendo que apenas 25% dos mesmos demonstraram estar cientes de seus papéis na sala de aula, ou seja, que é através da educação, segundo eles mesmos que tardia, é que poderão mudar o sentido de suas vidas. Pois é muito difícil viver em um mundo onde toda e qualquer informação se encontra através da escrita e ainda ter de se utilizar daquele velho ditado “Quem tem boca vai à Roma”. Houve uma grande porcentagem (50%) que ao responderem o questionário demonstraram um grande medo em estar novamente estudando. Alguns afirmaram que são motivos de chacotas entre os vizinhos e que isso trouxe um certo bloqueio, pois praticamente todos os dias são indagados se já aprenderam a ler e escrever. E os outros 25% afirmaram que apesar da dificuldade de se integrar numa sala de aula, muitas vezes deixando transparecer suas “ignorâncias”, sabem que precisam vencer essas barreiras, pois a vida sempre fora difícil para eles e que vindo à escola não só estão aprendendo a ler e escrever, mas estão se integrando a um mundo antes desconhecido, pois passam a conviver com pessoas diferentes e também a terem acesso a notícias de acontecimentos dantes nunca tido, pois na sala de aula há uma troca muito grande de informações.

Mas o que chamou mesmo a atenção foi o resultado obtido junto aos professores alfabetizadores (5 responderam ao questionário). Três destes afirmaram trabalhar com o método tradicional, através das famílias silábicas, memorização, etc. Onde por repetição/memorização é que são trabalhados os alunos iniciantes. Ainda para estes, a situação atual da educação pesa muito e os fazem acreditar que qualquer inovação só trará desgaste tanto para o aluno quanto e principalmente para o professor. Mesmo porque para estes professores, alunos na fase adulta apresentam grande dificuldade de aprendizagem, pois já vêm para a escola com a cabeça cheia de problemas, e isso é um fator, segundo eles, que dificulta muito o processo ensino-aprendizagem.

Já os outros dois professores entrevistados demonstraram uma preocupação muito grande com a alfabetização, principalmente a alfabetização de adultos. Estes ao se referirem ao analfabeto na sociedade letrada, isto é, a esse sujeito que vive no mundo urbano, escolarizado, industrializado e burocratizado e que não tem o domínio da palavra escrita, estão se referindo, na verdade, a um grupo social extremamente homogêneo. É um grupo composto, em sua maioria, por trabalhadores em ocupações pouco qualificadas e com uma história descontínua e mal-sucedida de passagem pela escola. Onde seus pais também eram trabalhadores em ocupações braçais não-qualificadas (principalmente lavoura) e com nível instrucional muito baixo (geralmente também analfabetos). A caracterização desse grupo cultural repete-se nas várias situações escolares que lidam com esse personagem que designamos genericamente como “analfabeto”: ele tem um lugar social específico, que vai combinar-se com a sua incapacidade de utilizar o sistema simbólico da escrita.

Com essa preocupação, esses professores demonstraram ter muito empenho e levarem muito a sério a qualificação profissional, colocando como ponto primordial que o educador deve estar sempre se atualizando, buscando novas alternativas para trabalhar com os diferentes tipos de alunos que a sociedade apresenta.

Essa análise nos faz perceber onde está a raiz de toda a problemática levantada, e infelizmente esta começa com a própria área educacional, seguindo uma ordem: escola, profissional e em última instância se encontra o aluno. Falta investimentos e professores qualificados, e com isso o aluno sofre os reflexos, pois além de apresentar muita dificuldade ainda não tem apoio qualificado.


9- Orçamento

Produtos e ServiçosValor
Serviços de impressão70,00
Xerox40,00
Encadernação20,00
Pesquisas na Internet80,00
Compra de materiais didáticos130,00
Serviços Diversos40,00
Total440,00


Conclusão

De tudo que a escola pode oferecer de bom aos alunos, a leitura é, sem dúvida, o melhor, a grande herança da educação. Este é o prolongamento da escola na vida, já que a maioria das pessoas, no seu dia-a-dia, lê muito mais do que escreve. Portanto, deveria se dar prioridade à leitura no ensino, sem desprezar evidentemente à escrita. É importante ensinar a leitura não apenas de frases ou textos, mas também de problemas de matemática, provas etc. Assim, devemos fazer com que o aluno compreenda a importância da escrita e leitura para o transcorrer de suas vidas. E desta forma fazer com que o educando adulto perceba que escrever e ler depende de empenho, dedicação, compromisso, compreendendo que o talento da escrita nasce na frequência com que ela é experimentada.

Alfabetizar grupos sociais que encaram a escrita como uma simples garantia de sobrevivência na sociedade é diferente de alfabetizar grupos sociais que acham que a escrita, além de necessária, é uma forma de expressão individual de arte, passatempo, etc.

Numa sociedade tão saturada de escrita como a grande cidade contemporânea, raramente encontramos pessoas completamente analfabetas. Obviamente que, como consumidor da palavra escrita, o analfabeto está em desvantagem em relação àqueles indivíduos que, tendo passado por um processo regular de escolarização, dominam a lógica do mundo letrado. Mas ele sabe coisas sobre esse mundo, tem consciência de que domina completamente o sistema de leitura e escrita e está, ativamente, buscando estratégias pessoais para lidar com os desafios que enfrenta nas esferas da vida que exigem competências letradas. Frequentemente esses indivíduos sabem escrever o próprio nome, muitas vezes reconhecem ou sabem escrever algumas letras, conhecem o formato de algumas palavras, conhecem os números. Alguns conhecem letra de forma, mas não letra cursiva, outros têm dificuldades de saber onde “termina uma palavra e começa outra”, outros, ainda, conhecem as letras, mas não sabem “juntá-las”. O rótulo “analfabeto” não identifica, pois, um estágio de alfabetização bem definido. Poderíamos trabalhar, na verdade, com a ideia de “graus de analfabetismo”: exposto de uma forma particular aos estímulos do mundo letrado, submetido ou não a algum tipo de treino escolar ou instrução por parte de pessoas mais escolarizadas, usando sua capacidade de reflexão sobre o contexto em que vive e sobre seu próprio conhecimento, cada indivíduo constitui uma combinação específica de capacidades, não havendo a formação de um grupo homogêneo quanto ao domínio do sistema de leitura e escrita.

A consideração do lugar social do analfabeto, juntamente com a ideia dos diferentes graus de analfabetismo, coloca a questão do analfabetismo no mundo letrado menos como um problema que diz respeito às relações entre culturas e modos de pensamento. Isto é, o analfabeto não é qualquer indivíduo tecnicamente definível como privado da capacidade de leitura e escrita e, portanto, necessitado de uma ação alfabetizadora que simplesmente lhe permita o acesso ao sistema simbólico da escrita. Ao contrário, a questão central parece ser o enfrentamento de um grupo cultural de origem iletrada (e rural, tradicional, sem qualificação profissional) com o modo de pensar dominante na sociedade letrada e urbana, escolarizada, industrializada, marcada pelo conhecimento científico e tecnológico.

Compreendendo todos os fatores que envolvem os chamados “analfabetos” ou “semianalfabetos”, apresenta-se esse projeto com a grande missão de mudar o quadro de desinteresse pela escrita e leitura por parte dos alunos e isso só conseguiremos compreendendo as verdadeiras razões desse “desinteresse” ou até mesmo “medo” apresentados pelos mesmos.


BIBLIOGRAFIA

CHERRY, Colin. A comunicação humana. São Paulo, Cultrix/EDUSP, 1971.

DIRINGER, David. A escrita, Verbo, 1968.

CAGLIARI, Luís Carlos. Leitura e Alfabetização. Cadernos de Estudos lingüísticos. Campinas, Unicamp/IEL, 1982.

SEBER, Maria da Glória. Construção da Inteligência pela Criança. 2ª ed. Scipione, 1991.

BARBOSA, José Juvêncio. A herança de um saber: a alfabetização. Catálogo da base de dados. Vol I, São Paulo, FDE.

CUNHA, Maria Isabel da. O bom professor e sua prática. 4ª ed. São Paulo, Papirus, 1994.

PELISSARI, Cristiane. Responsável pela Coletânea de Textos do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Mód. I. 2001.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

Autor: Gilda Antunes


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