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Atualizado em 09/08/2024

O valor essencial e as funções da família contemporânea

Este artigo explora a importância da família contemporânea, suas funções e como ela contribui para o bem-estar e a comunidade. Através de uma análise das dinâmicas familiares, discutimos o papel do amor, da educação e da estrutura familiar na sociedade atual.

O valor essencial e as funções da família contemporânea


JUSTIFICATIVA

A família sempre foi um assunto de extrema importância. Este estudo sobre a família traz à tona o valor do afeto, da intimidade e, sobretudo, do amor para um ser humano. Ninguém consegue viver só; a solidão não é benéfica para nenhum ser vivo.

As pessoas, na maioria das vezes, abordam questões familiares referindo-se às suas realidades mais próximas, ou seja, ao conhecimento de suas próprias famílias. Embora esta instituição apresente sempre aspectos positivos, como fonte de apoio e solidariedade, há em alguns grupos divergências entre seus membros que descentralizam a família. Como consequência, existem contatos de maior ênfase com pessoas fora do círculo familiar. As trocas afetivas e as comunicações sociais são realizadas, portanto, fora da família, compostas por vizinhos, amigos e até empregados. Infelizmente, o conteúdo afetivo se empobrece.

Mas a família, no geral, impera o sentimento de união e amor, resultando em uma fonte única de educação, reputação e conforto pessoal.


INTRODUÇÃO

O mundo em que vivemos hoje é de muita liberação, e com isso, os relacionamentos humanos se tornam cada dia mais difíceis. Baseado nesse sentido, muitas pessoas pensam que a família está se dirigindo à falência.

A escolha livre é primordial à dignidade, porém pode ser desnorteante se não for usada adequadamente. Em nossa cultura consumista e secular, isso é um perigo real, pois infelizmente nem todos conseguem um matrimônio harmonioso.

A liberdade responsável de constituir uma família é exercida ao se viver a vocação matrimonial. O casamento verdadeiro não é uma combinação para atingir fins específicos ou gratificação pessoal, mas sim uma realização necessária na vida de muitas pessoas, pois ninguém vive só.

A verdadeira comunhão em família deve ser procurada e aceita como uma bênção, acalentada e nutrida em si mesma.

O único lugar onde a doação verdadeira se torna possível é na família, pois essa relação nasce do verdadeiro casamento.


1. Família

A evolução da humanidade, assim como os estudos de várias culturas, demonstra e estuda a existência da família até hoje. Suas formas e suas transformações estão sempre modificando as concepções que têm o significado social dos laços estabelecidos entre os indivíduos desse grupo.

A família constitui a base da estrutura social, onde se originam as relações primárias de parentesco. O conceito de família iniciou-se há mais de 300 mil anos, no período Neolítico, quando o homem deixou de ser nômade e passou a cultivar a agricultura e a criar animais.

Os homens, neste período, faziam a maior parte dos trabalhos, preocupando-se com a sobrevivência de suas mulheres e filhos. Em consequência disso, ele passou a ser considerado o chefe da família. Assim nasceu a família patriarcal, comum nas primeiras civilizações.

Na cultura oriental, o pai tinha poder de vida ou morte sobre sua mulher e seus filhos, além de controlar os bens da família. Na sociedade ocidental, a família era um meio de transmitir a terra e outros bens de uma geração para outra.

A Revolução Industrial movimentou ainda mais o sistema doméstico, pois as famílias produziam seus alimentos e faziam a maior parte de suas roupas, móveis e utensílios.

Por muitos anos, e ainda hoje, a maioria das sociedades pratica uma forma de casamento denominada monogamia. A monogamia permite que uma pessoa tenha apenas um cônjuge de cada vez. No entanto, muitas outras culturas praticam a poligamia, que permite que uma pessoa tenha mais de um cônjuge ao mesmo tempo. Há dois tipos de poligamia: a poliandria, que permite que uma mulher tenha mais de um marido ao mesmo tempo, e a poliginia, que permite que um homem tenha mais de uma mulher ao mesmo tempo. Há ainda a grupal, que é a união marital de vários homens e várias mulheres, o mais raro de todos, encontrado entre os nativos das Ilhas Marquesas e os Roda, da Índia.

Apresentando-se tantos tipos de relações, são encontradas algumas espécies de família. Como, por exemplo, a família composta, ou seja, duas ou três famílias conjugadas, tendo como centro um homem ou uma mulher e seus cônjuges, como é o caso dos Bagandas, da África, e dos Tamala, de Madagascar.

Existe ainda a família conjugada-fraterna e a família fantasma. A família conjugada-fraterna refere-se a uma unidade composta de dois ou mais irmãos, suas respectivas esposas e seus filhos, onde o laço de união é consanguíneo. A família fantasma consiste em uma unidade familiar formada por uma mulher casada e seus filhos, onde o marido não desempenha o papel de pai, sendo apenas o genitor. A função de pater, pai social, cabe ao irmão mais velho da mulher, o fantasma.

Os padrões familiares de algumas sociedades ainda persistem na poligamia, como é o caso de algumas aldeias indígenas brasileiras e canadenses.

Desde a antiguidade até meados do século XX, os chineses veneravam seus ancestrais e tinham um grande sentimento de lealdade em relação ao clã paterno. A família era uma forte unidade patriarcal, na qual as mulheres tinham pouca liberdade. O pai decidia com quem seus filhos deviam casar-se. Em geral, a noiva ia morar na casa da família do noivo, sendo considerada uma estranha e frequentemente tratada de forma cruel pela família do noivo, pois vinha de um outro clã. O único modo de ela merecer respeito era ter muitos filhos e assim aumentar o clã de seu marido.

O sistema familiar dos árabes muçulmanos é extenso e patriarcal. Os vínculos familiares são extremamente fortes; assim, em geral, muitas famílias aparentadas vivem perto umas das outras. A cultura dos árabes muçulmanos permite a poliginia, mas poucos homens a praticam. As mulheres têm pouca liberdade; na casa, vivem em cômodos separados, destinados às mulheres. Se um marido se divorcia de sua mulher, ela volta para a casa de seus pais, mas os filhos do casal permanecem na casa do marido.

Atualmente, comenta-se sobre a família homossexual, quando duas pessoas do mesmo sexo vivem juntas, com crianças adotivas ou resultantes de uniões anteriores. Essa nova relação vem se tornando possível em países onde tal opção de vida deixou de ser obstáculo legal à convivência com crianças, como na América do Norte.

No Brasil, persistem os casamentos monogâmicos, a família elementar, simples e imediata. É uma unidade formada por um homem, sua esposa e seus filhos, que vivem juntos em uma união reconhecida pelos outros membros de sua sociedade.


2. Valores familiares

Nenhum ser vivo consegue viver sozinho, principalmente o homem, pois ele é um ser sociável que precisa amar e ser amado. Este é o motivo maior das pessoas que se unem em família.

Em uma sociedade como a nossa, onde o estresse assola a vida de trabalho, é imprescindível que o meio ambiente seja de paz e harmonia. Qual é o marido ou filho que chega em casa e não quer ter a refeição pronta, a roupa lavada e a atenção para si?

A família é valorizada a partir dos pontos de fraternidade, atenção, compreensão e amor.

O respeito mútuo entre seus membros faz com que cada um realize seus objetivos mais facilmente na vida. Geralmente, as pessoas que mais têm problemas psicológicos vêm de famílias mal estruturadas. Costuma-se até dizer que é uma pessoa mal amada.

A família que se diz normal tem em seus membros uma relação carinhosa e respeitável. E esses valores costumam perdurar por muitas gerações.

A relação familiar que não é prazerosa, na maioria das vezes, acaba se desmembrando. Os fatores mais comuns apontados para a separação do casal são: adultério, esterilidade, incapacidade sexual, repugnância, negligência com a família, maus-tratos, abandono, doenças, desinteresse, preguiça e morte.

As causas mais graves dessas dissoluções estão entre o adultério, maus-tratos e desinteresse. O adultério ocorre quando um dos cônjuges leva uma vida amorosa de fantasias. Já a agressividade de maus-tratos origina-se da falta de afeto, compreensão e impaciência que transcende o egoísmo do cônjuge.

O desinteresse parte de um casamento incapacitado de manifestações surpreendentes, onde a rotina e a preguiça colaboram para esse fim.

O divórcio, além de causar danos morais, também gera danos materiais, como a divisão de bens entre os cônjuges.

Infelizmente, esses fatos não só dividem famílias como destroem a vida emocional de cada membro, principalmente dos filhos. Os filhos, que são as pessoas inocentes, são os que mais sofrem, pois além de aliviar seu próprio sofrimento, têm que acalentar o sofrimento de um dos cônjuges.

A família é o lugar natural onde o amor, que é o valor essencial e a mais profunda exigência humana, se realiza e se expande: amor mútuo entre homem e mulher; amor de ambos pelos filhos, que são a síntese viva deles mesmos e a garantia de sua prolongação e sobrevivência no tempo; amor dos filhos aos pais e dos irmãos entre si. Quando a família falha nessa função, os reflexos dessa falência podem traumatizar profundamente seus membros e dar origem a desajustes psíquicos que repercutem em toda a sua vida, mesmo profissional e pública.

Muitas famílias podem receber ajuda para a resolução de seus problemas através de instituições de apoio ou psicólogos. Vários desses especialistas usam uma técnica chamada terapia familiar, onde se reúnem famílias para discutir e solucionar seus problemas em conjunto.

 


3. Funções da família

A família contemporânea não só aumenta seus valores como também suas funções. A relação baseada no amor não se limita facilmente aos papéis tradicionais claramente demarcados, cuja natureza, de qualquer maneira, se modificou à medida que se alteraram as funções da família.

A função emocional, que tem como base a complementariedade dos sexos, garante aos membros da família a saúde mental e a harmonia do lar, que gera o equilíbrio emocional.

Mas nem só de emoções vive a família. A educação, uma das funções principais da família, prolonga a precedente e proporciona à prole os meios necessários para participar da vida em grupo. A vida na sociedade requer um longo aprendizado, que só pode ser ministrado através de uma ação perseverante e carinhosa que desce aos mínimos detalhes. A tarefa maior é da mãe, embora o pai tenha sempre grande participação. Eles, nossos pais, nos ensinam a assumir com naturalidade inúmeros comportamentos e atitudes para enfrentar a vida social.

Contudo, a família ainda tem a função da procriação, que garante a permanência e a eventual expansão do grupo. Continuando assim a constituição da responsabilidade da família, embora alguns pais, cada vez mais, procurem assistência externa e não raro esperem que as escolas carreguem boa parte do ônus da socialização da criança e a prepare para papéis adultos.

A função econômica, pela qual a família procura os meios de sobrevivência e conforto, é a base material imprescindível ao desempenho das demais funções. Geralmente, se realiza pela divisão do trabalho entre marido e mulher. Assim sendo, o casal, trabalhando com fins monetários, alivia o orçamento do lar e aumenta o conforto da família.

A realização dessas funções traz a este grupo a realização profissional e pessoal da vida. Entretanto, não se encontram alguns desses fatores em famílias bem estruturadas.


4. A família brasileira contemporânea

A família brasileira, como em muitas outras, continua passando por transformações influenciadas por ideologias sociais. O meio econômico, a industrialização e a urbanização são as principais influências que realizam essas mudanças.

O Brasil mantém, desde a sua descoberta, um modelo clássico trazido pelos imigrantes da Europa. Por outro lado, no início da história brasileira, havia a população vinda da África, que era tratada como escrava. Estas se dividiam quando eram vendidas nas feiras para os grandes fazendeiros. Mas com tantos maltratos, começaram a haver modificações nas leis em relação a esses negros.

A Lei do Ventre Livre foi a primeira mudança no sentido do reconhecimento do direito da mãe negra ao seu filho, que não poderia ser negociado.

A partir dessas famílias, começou-se a amplificação da população brasileira, havendo assim a miscigenação.

A miscigenação deu-se entre imigrantes europeus, índios e negros libertos. Formava-se então o início da família brasileira. O respeito, a fidelidade no casamento e, principalmente, a educação eram e são valores primordiais nessas famílias. O divórcio, naquela época, era impensável, pois só a morte de um dos cônjuges fazia a separação.

Ainda há quem fale dessa época com saudades, referindo-se a uma vida familiar mais saudável e de membros mais responsáveis. Contudo, hoje em dia, há diferenças concretas entre as famílias. Existem várias classes sociais que fazem a divisão de cultura.

Infelizmente, o Estado impede o desenvolvimento da cultura de classes baixas. Há muitos filhos que deixam seus pais nas zonas rurais e partem para uma vida melhor na zona urbana.

Existem ainda muitas famílias nucleares em que o casal não é unido por laços legais, ou a mulher é quem chefia a família.

A classe média e a classe alta mantêm a forma patriarcal, onde as responsabilidades materiais do lar e da família são do esposo.

A família negra brasileira não apresenta hoje em dia características distintas das outras; elas, no geral, correspondem ao subproletariado urbano.

Pensamos então que a família brasileira cresce a cada ano e seu desenvolvimento tende a ser de forma expandida, pois a cultura brasileira se fortalece entre as demais culturas.


COMENTÁRIOS FINAIS

A família contemporânea mudou algumas normas que pareciam inquebráveis, como a família patriarcal, a escolha de cônjuge que os pais faziam para suas filhas e a divisão de tarefas. Estas são algumas das mudanças que se veem claramente nos lares de hoje.

Felizmente, a poliginia, mesmo em alguns países do continente africano, não tem força para permanecer, pois a fidelidade de um só cônjuge tem um grande valor no casamento, até mesmo para os filhos.

As relações dentro da família contemporânea foram inevitavelmente afetadas pelo papel e pelo status, que se modificam, das mulheres. Sua maior independência econômica e sua igualdade política e legal contribuíram para uma relativa igualdade dentro da família. O tradicional padrão patriarcal, muito lógico numa unidade de produção que exigia direção e liderança, dificilmente sobreviverá numa família que passou a desempenhar o papel importante como repositório de afetos. Ainda que perdure o valor essencial da família, que é o amor, a tradicional divisão do trabalho dentro do lar, que refletia o status superior do homem, também foi substancialmente alterada.

Embora ainda exista uma evidente divisão entre as tarefas dos homens e das mulheres, os primeiros frequentemente lavam pratos, trocam fraldas, manejam o aspirador de pó e fazem compras, embora seja provável que isso se verifique com mais frequência em certas fases do ciclo de vida familiar do que em outras. Não só o declínio verificado nos padrões tradicionais de autoridade, mas também as apagadas distinções entre as obrigações dos homens e das mulheres se refletem no cotidiano dos novos casais.

 


BIBLIOGRAFIA

1 – Aries, Philippe- HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA E DA FAMÍLIA – Zattar editores – Rio de Janeiro.

2 – Engels, Friedrich– A ORIGEM DA FAMÍLIA, DA PROPRIEDADE PRIVADA E DO ESTADO – editora Bertrand Brasil S.A Rio de Janeiro.

3 – Osorio, Luiz Carlos – A FAMÍLIA HOJE – Artes médicas -Porto Alegre. 1996

4 – Macfarlane, Alan – HISTÓRIA DO CASAMENTO E DO AMOR – Cia da letras São Paulo.

5 – ONU- ANO INTERNACIONAL DA FAMÍLIA DPI

6 – Prado, Danda O QUE É A FAMÍLIA – coleção primeiros passos editora brasiliense S.P.

7 – Poster, M – TEORIA CRÍTICA DA FAMÍLIA Zattar editores – R.J

BIBLIOGRAFIA ADICIONAL

1 – LAKATOS, Eva Maria. Instituição Família e Parentesco. ed. Atlas. Sociologia Geral. Págs. 169 a 177. São Paulo, 1990.

2 – Enciclopédia Mirador Internacional. Vol. 9. Família.

3 – CORREA, Avelino Antônio. Família, Leite e Afeto. ed. Ática. Educação Moral e Cívica, págs. 47 a 50. São Paulo, 1991.

4 – Enciclopédia Delta Universal, Vol. 6. Família.

5 – CHINOY, Ely. Funções Familiares e Estrutura da Família. ed. Cultrix. Sociedade – Uma Introdução à Sociologia, págs. 231 a 236. São Paulo, 1998.

6 – Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo – FENAME, Vol.3. Família.

7 – ARIÉS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2ª ed. editora LTC. , págs. 195 a 272. Rio de Janeiro, 1981.

8 – PRADO, Danda. A Família Brasileira Contemporânea, editora Brasiliense S. A. O que é a Família. Págs. 72 a 90. São Paulo.

Para mais informações sobre a importância da educação familiar, você pode conferir as contribuições da pesquisa psicogenética para a educação escolar.

Se você está em busca de recursos para atividades educativas, explore materiais educativos que podem enriquecer o aprendizado.

Além disso, para entender melhor as dinâmicas familiares, é interessante ler sobre evasão escolar: causas, consequências e como prevenir.

Por fim, para atividades práticas, você pode acessar atividades de inglês para séries iniciais do ensino fundamental.


Este texto foi publicado na categoria Maternidade e Desenvolvimento Infantil.

 About Pedagogia ao Pé da Letra

Sou pedagoga e professora pós-graduada em educação infantil, me interesso muito pela educação brasileira e principalmente pela qualidade de ensino. Primo muito pela educação infantil como a base de tudo.

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