Eduardo O C Chaves
Quando uma nova tecnologia é introduzida em um determinado contexto, ela é inicialmente utilizada para fazer a mesma coisa que se fazia sem ela – só que agora de uma forma um pouco mais eficiente ou aperfeiçoada. Assim é que, quando o cinema foi inventado, os primeiros filmes não passavam de peças de teatro representadas diante das câmeras. O “teleteatro” da televisão também não passava disso. Só com o passar do tempo é que se descobriu que o cinema e a televisão eram meios de comunicação muito diferentes do teatro – e muito mais potentes. As novelas de hoje não se comparam aos teleteatros dos anos cinquenta. O uso do videoteipe, as imagens em close, a mudança rápida de planos e de cenários, as belíssimas tomadas externas, as trilhas musicais e os efeitos sonoros, a possibilidade de um mesmo ator representar dois papéis em uma mesma cena, interagindo consigo mesmo, o uso de dublês, os efeitos especiais realistas, como os incêndios, as trombadas, as brigas, os tiros, os ferimentos – nada disso sequer parecia possível no início.
Quando se introduz a informática na educação, a tentação inicial é fazer, com o computador, algo semelhante ao que se fazia sem ele: ler um texto na tela, em vez de no livro, fazer exercícios simples de aritmética na tela, aguardando que o computador diga se o resultado está certo ou errado, em vez de fazê-los no caderno, aguardando que a professora diga se o resultado está certo, etc. Esses usos da informática na educação não são inovadores. São equivalentes aos teleteatros apresentados na televisão antigamente.
A informática está sendo usada de forma inovadora na educação quando ela nos permite fazer coisas que sem ela dificilmente conseguiríamos fazer.
Mas será que a informática realmente nos permite fazer coisas, na área da educação, que não éramos capazes de fazer antes?
Sem dúvida – e em áreas que nem ocorreriam a nós num primeiro momento.
Imaginemos uma aula de apreciação musical.
O professor pode querer explicar aos alunos como uma orquestra é organizada, qual o papel dos diferentes instrumentos, como o conjunto de tantos instrumentos diferentes pode produzir um som tão harmônico, tão bonito.
A resposta pode ser um CD-ROM que contenha um programa de computador que tem fotografias ou desenhos dos vários instrumentos, os diferentes sons de cada um deles, explicações sobre a história dos vários instrumentos e o papel que cada um desempenha na orquestra – os instrumentos de corda, os de sopro, os de percussão. O CD-ROM pode colocar na tela uma partitura que vai se alterando à medida que a música vai sendo tocada. E os alunos podem ouvir os mais diversos instrumentos, cada um tocando a sua parte da partitura, e, depois, verificar como soa a música quando todos os instrumentos tocam seus trechos juntos. Clips de vídeo de uma orquestra real tocando a partitura podem ser vistos, para fins de comparação.
Digamos que os alunos perguntem como se escreve uma partitura. O professor pode mostrar como se fazia antigamente – o compositor com o papel pautado tocando as notas no piano e as anotando na pauta. Ou pode acoplar um teclado eletrônico ao computador e carregar um programa que escreve a partitura na tela quando se toca uma melodia no teclado. Pode tocar a melodia em diferentes ritmos para que os alunos observem as mudanças sutis que ocorrem na partitura.
A seguir, o professor pode mostrar como um mesmo teclado consegue gerar os sons dos vários instrumentos, simulando-os. Depois pode mostrar como o teclado toca, automaticamente, vários ritmos e como esses ritmos podem ser alterados. E assim por diante.
É virtualmente impossível fazer tudo isso numa sala de aula sem a informática – usar a informática assim na educação é usá-la de forma inovadora.
Para cada matéria do currículo escolar é possível imaginar usos inovadores da informática. Basta começar a pensar, usar a imaginação e não ter medo de ser criativo.
A influência da internet nos hábitos da leitura pode ser um exemplo de como a tecnologia pode impactar a educação.
Explore opções de teclados eletrônicos que podem ser utilizados em aulas de música.
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