O Processo de Alfabetização em alunos com Defasagem de Aprendizagem
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO
2- PROBLEMA
3- QUESTÕES NORTEADORAS
4- DEFINIÇÃO DOS TERMOS
5- REFERENCIAL TEÓRICO
6- METODOLOGIA
7- OBJETIVOS
8- CRONOGRAMA
9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo discutir um assunto que ocupa, hoje, o lugar central na discussão da educação escolar no mundo: a alfabetização. Seja porque o nível de letramento apresentado pela população não é considerado satisfatório para que uma sociedade continue a se desenvolver, seja porque ainda grande parte da população é analfabeta.
A literatura que será apresentada irá relatar sobre as várias tentativas de se processar a alfabetização, nos chamados Métodos Tradicionais de Ensino, quais foram suas vantagens e desvantagens.
Mostrará também alguns pensadores e teóricos como Emília Ferreiro, Piaget, Cagliari e Moll, que, através de seus trabalhos muito bem fundamentados, apresentam uma nova visão de como ver o mundo da criança dentro do contexto da alfabetização, repensando o papel do professor e do aluno no processo ensino/aprendizagem, buscando alternativas para um trabalho de qualidade.
Sabemos que a criança lê o mundo que a rodeia muito antes de sua entrada na escola. Entender o mundo das letras é, para a criança, a possibilidade de começar a decifrar alguns códigos do mundo adulto, bem como dar significados consistentes às inúmeras grafias com as quais ela se defronta todos os dias. Esse aspecto é percebido facilmente quando da escrita de histórias, livros diversos, notícias de jornais, receitas de cozinha, bilhetes, cartas, cartazes, propagandas, etc. Sem dúvida, é um processo muito rico e envolvente que pode ser explorado na escola.
Neste sentido, a criança não está sendo alfabetizada por alguém, mas está, sim, alfabetizando-se ao interagir com o meio e com as pessoas que a cercam.
Deve-se considerar a criança como um sujeito que está desenvolvendo um processo de construção de conhecimento referente ao sistema alfabético de escrita.
A alfabetização, numa perspectiva de transformação, é um processo interativo de construção que envolve o alfabetizando e o objeto de conhecimento, a língua escrita. Nesse processo, o sujeito vai formular e comprovar hipóteses, compreendendo como funciona o sistema de representação da língua.
2- PROBLEMA
O uso do método de silabação para o atendimento de crianças com déficit de aprendizagem na Fase III de aprendizagem.
3- QUESTÕES NORTEADORAS
– Quais as vantagens e desvantagens do método silábico?
– O que os autores em alfabetização discursam a respeito dos métodos tradicionais de alfabetização?
– Como favorecer uma aprendizagem a alunos com déficit de aprendizagem?
4- DEFINIÇÃO DOS TERMOS
Jaqueline Moll (1996) diz que a alfabetização é um processo mecânico, no qual ‘alfabetizar-se’ está vinculado a habilidades de codificação (ou representação escrita de fonemas em grafemas) e decodificação (ou representação oral de grafemas em fonemas). Ou seja, a representação da fala oral em escrita, e o inverso, a representação da fala escrita em oral. Tanto a leitura quanto a escrita são vistas como decifração de códigos.
As alfabetizações nos dias atuais persistem na repetição excessiva de exercícios visando à memorização de letras, sílabas para formação de palavras, frases e textos, e a assimilação da criança de que há uma ligação correspondente entre fala e a escrita.
Sabe-se que a alfabetização é muito mais que decodificação e codificação de códigos; a alfabetização é a relação entre aluno e seu conhecimento de mundo.
O processo de alfabetização se inicia muito antes da criança entrar na escola, pois antes disso ela já possui contato com seu meio social, que lhe permite adquirir conhecimentos como a própria linguagem verbal, entre outros.
Enfim, alfabetização é aprender a ler e escrever para fazer parte do meio social.
Com a necessidade de saber como se dá o processo de aprendizagem de leitura e escrita, surgiram os métodos de alfabetização, que impõem regras que devem ser seguidas pela criança a ser alfabetizada.
Os métodos de alfabetização evoluem fazendo o avanço do conhecimento de acordo com as necessidades sociais, pois com a evolução da sociedade, cada vez mais vai se exigindo um tipo de letrado diferente.
E com todas as evoluções surgiram vários métodos de alfabetização, como: o método tradicional que incorpora o método sintético e analítico e, por fim, o método construtivista.
Alguns desses métodos colocam em risco o processo e a capacidade de aprendizagem do aluno, por passar insegurança tanto para o aluno quanto para os professores. Por isso, se percebe que, apesar de ser muito usado e de uma certa forma ter alfabetizado milhões de pessoas, esses métodos de alfabetização consistem na memorização do que é ensinado, colocando em dúvida a qualidade do aprendizado do aluno.
5- REFERENCIAL TEÓRICO
Nos estudos pedagógicos, a metodologia do ensino ocupa um lugar muito importante e, em consequência disso, tem-se produzido uma vasta literatura a respeito. Talvez por isso mesmo, algumas pessoas tenham certa dificuldade de perceber o essencial em meio à complexidade dos detalhes.
O método tradicional volta-se exclusivamente para o processo de ensino. Nesse caso, a situação inicial do aprendiz é interpretada como um começo absoluto de tudo, o marco zero de uma caminhada, uma página em branco onde se vai começar a escrever sua vida escolar. No começo do ano, o professor programa o que vai ensinar, sem sequer conhecer seus alunos, porque o que vai ensinar é um começo absoluto que não precisa de pré-requisito, é um ponto de partida considerado ideal para todos os alunos, independentemente da maneira de ser e de saber de cada um.
Nesse quadro, os envolvidos acham que ninguém pode reclamar do professor, porque ele começou do começo e de maneira igual para todos, dando chances iguais para todos. Obviamente, isso é muito conveniente para quem ensina.
A técnica da silabação, na alfabetização, consiste na atividade do desmonta-e-monta da linguagem, em todos os seus níveis, de todas as formas possíveis. O método considera que a melhor maneira de ensinar alguém é desmontando e remontando, ou montando coisas novas a partir de pedaços. Nesse caso, parte-se sempre de um modelo exemplar ou uma palavra-chave. Depois, desmonta-se a palavra em pedaços, em seguida desmonta os pedaços em letras ou sons. Desse modo, CAGLIARI (1998) nos diz:
A alfabetização trabalhada no “método tradicional” tem como ponto de sustentação uma sistematização a priori e um material (cartilha) que desenvolve um método, seja ele global, silábico ou fonético. Esse processo é organizado por um adulto (professor), que geralmente utiliza uma linguagem padronizada e irreal. Esse fato, associado ao treino excessivo de ortografia e de gramática, leva a criança a acreditar que a linguagem da escola é diferente da linguagem cotidiana (p:43).
Para a visão tradicional, a aprendizagem é considerada como técnica, onde a criança aprende a técnica da cópia e do decifrado. Aprende a sonorizar texto e a copiar formas.
O uso das cartilhas, permitindo que os alunos simplesmente sigam exemplos clássicos exercidos, repitam famílias silábicas ou decorem a cartilha, pode trazer alguns perigos:
- O de que crianças com habilidade para decorar tornem-se “papagaios de repetição” e não interiorizem a aprendizagem;
- A falta de significação das palavras escritas também torna difícil sua interiorização.
Quando a cartilha insiste em um determinado tipo de exercício, os alunos acabam executando-o mecanicamente, sem atenção, sem interesse, sem terem o mínimo de desafio à sua capacidade.
Bruno Bettelheim e Karen Zelan, em “Psicanálise da Alfabetização”, fazem um estudo psicanalítico do ato de ler e aprender. De modo geral, eles não são contra o uso das cartilhas, mas sim questionam seu conteúdo, advertindo quanto ao vocabulário extremamente limitado e à simplicidade das proposições que não encorajam o investimento de energia mental na leitura.
A preocupação docente com os métodos de ensino na questão da alfabetização revela uma postura epistemológica que, segundo Paulo Freire, transforma a educação em um ato de depositar, no qual o educando é o depositário e os educadores o depositam.
Segundo Paulo Freire (1993), a narração, de que o educador é sujeito, conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração os transforma em “vasilhas”, em recipientes a serem enchidos pelo educador. Quanto mais vai enchendo os recipientes com seus depósitos, tanto melhor educador será. Quanto mais se deixem docilmente encher, tanto melhores educandos serão.
O método silábico enfatiza a aprendizagem de conhecimentos acabados, de saberes absolutos, transmitidos como tais, pelo possuidor dos mesmos, a alguém, neste caso, o aluno, que carece deles ou os desconhece. O mestre ou o professor ocupa o lugar de quem sabe, de guardador da verdade e de tudo o que merece ser aprendido.
A eficácia deste ensino é validada na medida em que estes conteúdos possam ser reproduzidos tal qual foram ensinados. O erro é, assim, um desvio do aceito ou do verdadeiro, uma resposta inapropriada que adia ou atrasa a resposta correta, tão desejada neste modelo de ensino.
Consciente de seu papel no processo de alfabetizar, o educador pode realizar um trabalho de ação pedagógica com enfoque no desenvolvimento e construção da linguagem. Ao deixar de lado uma metodologia imposta por uma cartilha e partindo da leitura de mundo das crianças, o educador passa a medir e participar no processo espontâneo de conceituação da língua escrita.
Cócco (1996), citando a afirmação de Paulo Freire:
O indivíduo humano (…) interage simultaneamente com o mundo real em que vive e com as formas de organização desse real dadas pela cultura. Essas formas culturalmente dadas serão, ao longo do processo de desenvolvimento, internalizadas pelo indivíduo e se constituirão no material simbólico que fará a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento (p.13).
O processo de ensino/aprendizagem da alfabetização deve ser organizado de modo que a leitura e a escrita sejam desenvolvidas numa linguagem real, natural, significativa e vivenciada. A assimilação do código lingüístico não será uma atividade de mãos e dedos, mas sim uma atividade de pensamento, uma forma complexa de construção de relações.
Diante de práticas pedagógicas observadas e destas considerações é que se desenvolve esta pesquisa sobre os desafios da alfabetização e suas implicações.
As dificuldades que se enfrenta hoje na alfabetização são agravadas tanto pelo passado (a herança do analfabetismo e das desigualdades), quanto pelo presente (a ampliação do conceito de alfabetização e das expectativas da sociedade em relação a seus resultados).
Para FERREIRO (1991),
Tradicionalmente, a alfabetização inicial é considerada em função da relação entre o método utilizado e o estado de “maturidade” ou de “prontidão” da criança. Os dois pólos do processo de aprendizagem (quem ensina e quem aprende) têm sido caracterizados sem que leve em conta o terceiro elemento da relação: a natureza do objeto de conhecimento envolvendo esta aprendizagem (p.9).
Neste sentido, percebe-se que a alfabetização inicial através de um único método pode não estar paralela com a prontidão da criança para a aprendizagem naquele momento. Sabe-se que a silabação deixa de relacionar a aprendizagem com o objeto do conhecimento, sendo movida apenas por atividades repetitivas e descontextualizadas. Escolher um único método para se trabalhar em turma de alfabetização inicial é, certamente, excluir o aluno que não consegue acompanhá-lo, pois este não interpreta toda a necessidade do aluno, principalmente dos que apresentam dificuldades de aprendizagem.
6- METODOLOGIA
Os integrantes da pesquisa a serem analisados serão alunos da Fase III, isto porque o trabalho de alfabetização nesta escola é sistematicamente realizado no ano de escolaridade anterior. Farão parte do estudo aqueles alunos que, embora estejam cursando a Fase III, ainda não se encontram alfabetizados e apresentam grandes dificuldades em acompanhar a turma de origem. O trabalho cuja participação direta como professora dessa turma acontecerá num período de três meses.
Serão observados alguns alunos da Fase III, que passarão, a partir do momento da pesquisa, a formar um grupo para acompanhamento do trabalho de alfabetização.
7- OBJETIVO
* Analisar a eficácia do método de silabação.
8- CRONOGRAMA
Revisão da Literatura
9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CÓCCO, Maria F. e HAILER, Marco Antônio. Didática da alfabetização: decifrar o mundo. Alfabetização e Socioconstrutivismo. São Paulo: Ed. FTD, 1996.
FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. Editora Cortez. São Paulo. 1991.
MOLL, Jaqueline. Alfabetização possível: reinventando o ensinar e o aprender. Porto Alegre: Ed. Mediação, 1996.
Autor: Marlene Aparecida Viana Abreu
Para entender melhor sobre os métodos de alfabetização, veja este artigo.
Explore materiais didáticos que podem auxiliar no processo de alfabetização.
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