O Behaviorismo e a Psicologia da Forma Gestalt
O estudo do comportamento ou Behaviorismo é a designação das observações das reações visíveis do organismo, sem nenhuma consideração por fatores anímicos, ou seja, que pertencem à alma ou psicológico. Esta orientação psicológica foi encabeçada nos Estados Unidos por Mc Dougall, John B. Watson e Kantor, entre outros, e convencionou o estudo como psicologia objetiva. Nesta teoria, os pesquisadores chegaram à conclusão de que as únicas reações admissíveis como originais na criança recém-nascida seriam o medo, a cólera e o amor, sendo as demais frutos de condicionamento.
Segundo J. B. Watson, que lançou a corrente behaviorista entre 1910 e 1920, “é cientificamente observável a ação de um estímulo e a reação encontra seu protótipo no reflexo incondicionado e condicionado”. Esta afirmação está direcionada ao que o estudioso acreditava que certos estímulos levam o organismo a dar determinadas respostas devido ao ajuste ao meio do indivíduo, assim como à hereditariedade e à formação de hábitos deste mesmo sujeito. Sendo assim, aqueles que sucederam Watson nessas análises, como B.F. Skinner, influenciaram muitos psicólogos americanos e de outros países com o Behaviorismo radical. Essa corrente pretende ter como base a formulação do comportamento operante confrontado ao comportamento respondente, onde uma trabalha com a aprendizagem tendo uma relação entre ação e seu efeito e a outra equivale a interações estímulo-resposta (ambiente-sujeito) incondicionadas, nas quais certos eventos ambientais eliciam certas respostas do organismo que independem de aprendizagem.
A corrente Behaviorista foi muito utilizada na educação nas décadas de 60 e 70 no Brasil (ápices do controle militar sobre a sociedade) e até hoje prevalece em muitas instituições de ensino como forma de padronizar os elementos envolvidos no processo educativo. Encontra-se também na postura do professor em trabalhar a favor de certos estímulos considerados saudáveis para o aluno e a anulação de outros (reforçamento), prejudiciais à aquisição dos conhecimentos reproduzidos dentro do ambiente escolar. Devido ao desvio comportamental e os reflexos deste tipo de irregularidade para os demais, inclui-se no processo a extinção, procedimento no qual uma resposta deixa de ser reforçada de forma abrupta, e a punição, onde é reduzida a frequência de certas respostas, o que é bastante debatido por behavioristas quanto à validade deste recurso.
A Gestalt ou a psicologia da forma é um termo alemão da escola que enfatiza o conjunto, a organização, a estrutura e as propriedades do campo psicológico. Para Von Ehrenfels (1859-1932), seu criador, as qualidades formais não resultariam da soma ou reações dos elementos, mas sim da atividade do espírito que combinaria esses elementos. A partir de Ehrenfels seguiram Wertheimer, Koffka, Kohler e Lewin, os quais não adotaram a linha idealista do criador, embora tenham continuado admitindo o método dedutivo, a predominância do conjunto sobre as partes e uma forma de introspecção conhecida como fenomenologia.
O grande objetivo dos estudos pelos gestaltistas era a compreensão dos processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica, quando o estímulo físico é percebido pelo sujeito como uma forma diferente da que ele tem na realidade. Destacou-se como tema central desta teoria a percepção, onde os experimentos realizados levaram os teóricos a questionar o princípio implícito na teoria behaviorista, onde se afirma que há relação de causa e efeito entre o estímulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo, onde se encontra o processo de percepção. Concluiu-se que o que o indivíduo percebe e a forma como ele percebe são dados importantes para a compreensão do comportamento humano.
Na visão dos gestaltistas, o comportamento deve ser estudado nos seus aspectos mais globais, nos quais seriam levadas em consideração as condições que alterariam a percepção do estímulo. É por isso que a crítica da Gestalt está principalmente na abordagem do Behaviorismo em considerar o comportamento de forma isolada, pois deste modo, perderia o significado e o seu entendimento para o psicólogo. Justificavam esta postura baseando-se no isomorfismo, onde se conjeturava uma unidade no universo, onde a parte está sempre relacionada ao todo. Para exemplificar esta teoria, cita-se que ao visualizar a parte de um objeto, a tendência que ocorre é de restauração do equilíbrio da forma (um fechamento dos espaços vazios). Isso garante a visualização do objeto inteiro e o entendimento do que se está percebendo, fenômeno esse que é guiado pela busca de fechamento, simetria e regularidade dos pontos que compõem o objeto em questão.
A partir destas percepções, a Gestalt encontra condições para o estudo do comportamento humano, pois a maneira como o indivíduo percebe determinado estímulo desencadeia, a partir da teoria da boa-forma, o comportamento humano. Deste modo, o campo psicológico é entendido como um campo de força que nos instiga a procurar a boa-forma, garantindo a busca da melhor forma possível de resolução de situações que não estão muito bem estruturadas. Na aprendizagem, a Gestalt vê este mecanismo como reação entre o todo e a parte, onde o primeiro tem papel fundamental na compreensão do objeto percebido. A designação da compreensão imediata, enquanto entendimento interno, é insight. Mais tarde, a teoria de campo de Kurt Lewin trouxe a compreensão teórica que definiu a totalidade dos fatos que determinam o comportamento do indivíduo em um certo momento, o que chamou de espaço vital. O campo psicológico ficou sendo conhecido como espaço de vida considerado dinamicamente, onde se leva em conta indivíduo, meio e totalidade dos fatos coexistentes e mutuamente interdependentes.
Utilizadas por profissionais de vários campos, as correntes do Behaviorismo e a Gestalt são amplamente utilizadas com o intuito de entender o comportamento do indivíduo, assim como restaurar seu ponto de equilíbrio, facilitando o entendimento das mudanças de comportamento e as transformações que envolvem a aprendizagem, segundo o estímulo oportunizado. Para saber mais sobre como a psicologia pode ajudar na educação, veja a importância da educação na disseminação do conhecimento.
A Gestalt, entretanto, é convencionalmente utilizada por profissionais da área da Psicologia como um instrumento de análise do indivíduo e de suas percepções. O Behaviorismo é considerado uma corrente polêmica, contrastando com a teoria construtivista sócio-interacionista, de Piaget e outros teóricos da área da Pedagogia. Ocorre conflito uma vez que, utilizada como instrumento de condicionamento, esta corrente atrapalha o desenvolvimento social e cognitivo do indivíduo na sua totalidade humana. Em momentos históricos mais fechados, como em tempos de ditadura militar, foi indistintamente utilizado para controle social, onde comportamentos destoantes dos permitidos já se julgavam subversivos e, portanto, limitavam-se o alcance de pensamento e interatividade do sujeito com o seu meio vivido.
Autora: Jaqueline C. de Oliveira
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